Evitar a prematuridade é um dos principais cuidados do período pré-natal. Quando o colo do útero não oferece a sustentação necessária, poderá ser indicado o uso de um pessário na gravidez.
Ainda pouco conhecido, o pessário cervical é um instrumento maleável, geralmente de silicone ou vinil, desenvolvido para criar um suporte mecânico para órgãos da pélvis, como bexiga, reto ou útero.
Na gravidez, o pessário pode ser recomendado para impedir que a pressão exercida pelo bebê abra o colo do útero, provocando o nascimento da criança antes do tempo previsto.
O pessário é uma intervenção mecânica, ou seja, não envolve o uso de elementos químicos ou biológicos. Ainda assim, dependendo do caso, o dispositivo poderá ser associado à progesterona, uma intervenção bioquímica que também ajuda a prevenir o parto prematuro.
Criados no final do século XVI por Ambrose Paré, os pessários foram amplamente utilizados no tratamento de incontinência urinária e prolapso uterino, mas até recentemente sua eficácia na prevenção da prematuridade ainda era questionada.
Estudos mais recentes indicam que o pessário foi mais eficiente que o tratamento hormonal, reduzindo a chance de parto prematuro de 13,9% para 9,9%. Com isso, o dispositivo passou a ser visto como uma alternativa para evitar outros métodos, como os tratamentos bioquímicos e as pequenas cirurgias.
Para entender melhor como funciona e em quais casos o pessário cervical é indicado, confira o nosso artigo completo.
Índice — Neste artigo, você irá encontrar:
O colo uterino é o responsável por sustentar o bebê dentro do útero durante toda a gestação. No entanto, o acompanhamento pré-natal pode identificar sinais de que o colo pode falhar ou deixar de cumprir a sua função, condição que pode ter causas diversas.
O pessário, portanto, funciona como uma sustentação artificial, auxiliando a musculatura do colo do útero no cumprimento do seu papel. A utilização desse instrumento deve ser indicado por um(a) médico(a), sendo recomendado principalmente nos seguintes casos:
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O pessário pode ser uma ótima alternativa na prevenção do parto prematuro
Ainda que à primeira vista pareça ser um procedimento incômodo ou doloroso, o pessário tem surgido como uma alternativa menos invasiva, com efeitos colaterais reduzidos e mais facilmente controláveis.
Desde que sua eficácia passou a ser comprovada, o pessário se tornou a principal alternativa para a cerclagem cervical, um procedimento invasivo, que consiste em uma pequena cirurgia na qual o colo do útero é suturado.
Além de demandar o uso de anestesia epidural, a cerclagem cervical é um processo cujos efeitos colaterais podem ser bastante sérios e, em casos mais raros, pode causar danos irreversíveis. O pessário, por outro lado, pode ter reações adversas, mas estas tendem a ser mais leves.
A fácil aplicação do pessário é uma das suas maiores vantagens. Embora exija uma certa experiência para garantir sua eficácia, a manipulação do dispositivo poderá é realizada por médicos ou enfermeiros, e não demanda o uso de procedimentos complexos.
Indicado para os casos em que a pessoa não pode se submeter a processos cirúrgicos, o pessário também é apropriado quando se quer evitar o uso de anestésicos, sobretudo em gestantes.
Não. Se devidamente aplicado, o pessário não deve ser sentido ou causar desconforto para a pessoa gestante.
Sentir um pouco o pessário ou ter um certo desconforto pode ser normal, principalmente durante a adaptação. Se essas sensações forem mais expressivas ou se a pessoa gestante sentir dor, pode ser sinal de que o dispositivo não é o adequado para o corpo ou que não foi devidamente ajustado.
Também é possível que o modelo, formato ou tamanho sejam inadequados. Nesses casos, um(a) ginecologista ou obstetra deverá ser consultado(a) para investigar o que está causando as sensações indesejadas. Quando necessário, um novo modelo poderá ser recomendado.
Nas relações sexuais, alguns pessários podem passar despercebidos, enquanto outros poderão ser sentidos, inclusive pelo(a) parceiro(a). Tudo vai depender do tamanho e do formato, lembrando que alguns modelos podem impedir a penetração.
Geralmente, o exame do colo do útero é realizado por meio um ultrassom transvaginal, que irá indicar o tamanho do canal. É a partir dessas informações que serão definidos tamanho e modelo do pessário que será utilizado.
O pessário, então, é inserido e movido para o interior do canal vaginal, onde ficará assentado atrás do osso púbico. Esse processo dura em média 30 segundos e, embora algum incômodo possa ser relatado, não é normal sentir dor.
Após a aplicação, o profissional de saúde pode pedir que a pessoa caminhe pelo ambiente por 15 ou 20 minutos. Esse procedimento visa verificar se o pessário não saiu do lugar com a movimentação do corpo, além de garantir que o dispositivo não afetou a passagem de urina.
Se confirmado que o pessário foi devidamente aplicado, a pessoa poderá ir para casa. Caso contrário, será necessário repetir o procedimento. Os exames rotineiros do pré-natal poderão incluir o acompanhamento do pessário.
Por serem feitos com materiais bastante resistentes, os pessários costumam ter uma grande durabilidade.
Em média, eles têm uma validade de dois anos (a partir da data de fabricação), mas modelos, marcas, cuidados e higiene podem alterar a durabilidade do dispositivo.
No caso das gestantes, o pessário costuma ser aplicado entre a 16ª e a 20ª semana, podendo ser utilizado até a 37ª semana, se houver indicação médica.
Lembre-se de manter acompanhamento médico para garantir a eficácia do pessário
Quando mal aplicado, o pessário pode não funcionar como previsto, portanto é muito importante que o dispositivo seja colocado por um profissional de saúde em uma clínica ginecológica.
O pessário pode estimular a produção de secreção vaginal, fazendo com que ele saia da posição ideal. Nesses casos, será necessário remover o dispositivo e reaplicá-lo. Além disso, deve-se fazer uma reavaliação periódica dos tecidos e do muco da região íntima.
Um dos receios de gestantes é a expulsão do pessário ao realizar atividades físicas ou cotidianas, o que não é normal e não deve acontecer. A expulsão do pessário geralmente é um indicativo de sua má aplicação, podendo revelar também que o modelo ou tamanho do dispositivo são inadequados.
Além disso, o pessário deve ser removido para a higienização, o que deve acontecer a cada 15 ou 30 dias. O objeto deve ser lavado com água e sabão neutro, procedimento que ajuda a evitar o desenvolvimento de infecções e outras condições que surgem como resposta ao uso contínuo do dispositivo.
Em alguns casos, o pessário pode ser removido e inserido pelo(a) paciente, mas isso deve ser conversado com o(a) ginecologista, sobretudo nos casos em que o pessário está sendo usado para evitar o parto prematuro.
Se comparado aos tratamentos cirúrgicos e bioquímicos, os pessários apresentam menos efeitos colaterais. Como explicamos anteriormente, o instrumento pode causar lesões ou alterações íntimas quando o modelo escolhido não é o adequado.
Também podem ser observadas alterações na secreção vaginal, que pode vir rosada quando houver algum tipo de sangramento. Corrimento esbranquiçado, sem cor ou cheiro desagradável, pode ser comum, principalmente com pessários do tipo anel.
Um(a) ginecologista deverá ser consultado caso se observe qualquer dos seguintes sintomas:
Não esqueça que a gestação deve ser acompanhada por um especialista. Diante de qualquer dúvida ou caso apresente algum sintoma citado no artigo, procure a ajuda de um profissional de saúde.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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