A infância é uma etapa importante, pois o que ocorre nesse período tem reflexos por toda a vida. Por isso, dar atenção ao bem-estar emocional, afetivo, psicossocial e cognitivo é de extrema importância para que as crianças tenham uma vida saudável e um desenvolvimento adequado, sendo a terapia na infância um caminho para tal.
Muitas vezes, buscar ajuda especializada é considerável para que isso ocorra, então, os responsáveis devem entender mais sobre a importância da terapia na infância.
A infância é uma fase da vida em que são feitas muitas descobertas e que serve de base para as fases seguintes do desenvolvimento de uma pessoa. O aprendizado é constante, mas a forma de compreender e elaborar as situações ainda está cerebralmente se aprimorando.
Assim, qualquer problema que possa surgir nesse processo tem o potencial de afetar significativamente o desenvolvimento da criança. Isso pode se manifestar na forma de padrões de pensamento, distorções de percepção, dificuldade de lidar com as emoções e mudanças bruscas de comportamento.
A terapia na infância tem como objetivo prevenir e intervir no surgimento desses padrões prejudiciais por meio dos cuidados com a saúde mental da criança, permitindo uma expressão saudável de seus sentimentos, pensamentos, sua criatividade, entre outras.
Frequentemente, os responsáveis não sabem direito quando devem levar a criança à psicoterapia. Existem vários motivos para isso: desde o tabu em relação à terapia até uma falta de percepção em relação à necessidade da terapia por parte da criança.
Leia também: Saúde mental das crianças: como cuidar e quando buscar ajuda? | MS (minutosaudavel.com.br)
Em geral, alguns sinais de que a criança pode estar precisando de cuidados terapêuticos são:
É válido lembrar que o fato de uma criança estar precisando de terapia não necessariamente indica uma falha do pai e/ou mãe na criação. Às vezes, os problemas que podem surgir estão fora das áreas de competência dos responsáveis e não é vergonha nenhuma assumir que o filho está precisando de uma ajuda profissional, já que por não estar incluído no contexto, pode visualizar a situação de uma maneira diferente e ainda propõe estratégias que auxiliaram a minimizar a demanda trazida pela família.
Entender isso é imprescindível para um bom tratamento, pois abre o diálogo, fazendo com que a relação entre terapeuta, pais e mães seja mais harmoniosa, permitindo uma grande colaboração entre as partes, o que traz melhores resultados.
Frequentemente, a criança apresenta uma queda no desempenho escolar não por problemas de aprendizagem propriamente ditos, mas por questões emocionais. Crianças que se veem em uma situação de muito estresse, como um evento traumático, podem ter dificuldade em aprender.
Nesse sentido, a terapia ajuda bastante a criança a lidar com as próprias emoções, desenvolvendo habilidades de regulação emocional, proporcionando um espaço para a expressão das emoções e o aprendizado de um melhor manejo das mesmas, que por ventura possam estar atrapalhando o aprendizado.
Há casos, também, em que o desempenho escolar sofre uma queda por problemas cognitivos. Quando isso ocorre, a psicoterapia infantil também mostra-se uma ferramenta útil, pois tem como objetivo investigar as capacidades cognitivas e a maneira como a criança aprende, propondo assim estratégias e atividades para auxiliá-la no contexto educativo.
Crianças sentem tudo com muita intensidade e, muitas vezes, não sabem expressar suas emoções adequadamente.
Os pais e mães, numa tentativa de ensinar a criança que certas emoções não são socialmente aceitas ou não devem ser expressas de maneira exagerada, acabam por censurar a criança, causando prejuízos ao desenvolvimento afetivo.
A regulação emocional é uma habilidade que todas as pessoas devem aprender para conviver bem em sociedade. Sentir-se triste ou irritado(a) é normal e isso deve ser ensinado às crianças.
Não se trata de um “não sentir” as emoções negativas, mas sim aprender a expressá-las de maneiras saudáveis, que não prejudiquem suas relações.
Com frequência, adultos preferem dizer “pare de chorar” em vez de ensinar que é normal se sentir triste, também que existem momentos nos quais chorar é adequado e momentos em que pode-se reagir de outra forma além do choro. Dessa forma, a criança aprende a “calar” as emoções ao invés de expressá-las equilibradamente.
Toda emoção “calada” acaba se acumulando com o tempo e a tendência é que a criança tenha “explosões” de choro ou de raiva, por exemplo. Por isso, ensiná-la a lidar com as suas emoções — e não simplesmente reprimi-las — é de extrema importância para uma vida emocional equilibrada.
Na terapia infantil, isso é trabalhado com muito cuidado, para que ela seja capaz de expressar suas frustrações, anseios, medos, tristezas e até mesmo a raiva, de modo a aprender a habilidade da regulação emocional.
Neste sentido, a terapia infantil auxilia também na elaboração de experiências traumáticas, o que ajuda a prevenir transtornos mentais relacionados à presença de traumas, como transtorno de estresse pós-traumático, transtorno dissociativo de identidade, transtornos de personalidade, depressão, ansiedade, entre outros.
A terapia infantil, diferentemente da terapia em família, é feita só com a criança, mas pode-se solicitar e/ou permitir a presença dos pais durante os atendimentos, caso seja necessário para a evolução positiva do quadro. No entanto, nas primeiras sessões, é pedido que os responsáveis compareçam para contar detalhes sobre ela: sua história de vida, a queixa que os levou a procurar terapia etc.
São investigadas questões como planejamento familiar, gravidez, primeiros anos de vida, marcos no desenvolvimento da criança, entre outros. O (a) terapeuta também deve saber se existe alguma situação desencadeadora de alterações comportamentais, como situações traumáticas, ou se há queda no desempenho escolar e no aprendizado em geral.
Após essas primeiras sessões, denominadas de “entrevista com os pais”, é que a criança começa o processo terapêutico de fato, mas desta vez na maioria das vezes somente ela e o (a) terapeuta.
Ocasionalmente, pai e mãe podem ser chamados para um feedback a respeito da evolução do tratamento ou para receber orientações a respeito dos comportamentos em casa, na escola, entre outros. No entanto, na maior parte das sessões, o diálogo é somente com a criança.
Diferentemente da terapia com adultos,que tem como foco a palavra do cliente, a terapia infantil é feita por meio de atividades lúdicas e estruturadas de acordo com a faixa etária e necessidade da demanda.
É por meio de jogos, brincadeiras e expressões criativas como desenhos, pinturas, entre outros, que é possível acessar a psique da criança, tendo em vista que muitas vezes o vocabulário infantil é limitado para expressar aquilo que a criança sente ou pensa.
No brincar, ela reproduz as situações que vive e seus sentimentos, inclusive aqueles que ainda não consegue colocar em palavras. Por isso, a brincadeira acaba revelando muito mais do que a simples fala. Ou seja, o brincar é uma ferramenta muito importante para a criança elaborar o mundo em que vive e se desenvolver de forma positiva.
É importante ressaltar que não existe um número exato de sessões para a terapia infantil, tudo depende do desenvolvimento da criança.
Em geral, os primeiros resultados já são vistos após algumas sessões, desde que todos os envolvidos estejam colaborando, ou seja, caso a família não colabore com as orientações do (a) terapeuta, por exemplo, os resultados podem demorar mais para aparecer.
Ludoterapia e psicoterapia infantil são diferentes. A ludoterapia é uma técnica que consiste em uma terapia por meio de brincadeiras e atividades lúdicas e, de fato, é a técnica mais usada na psicoterapia infantil.
Por outro lado, psicoterapia infantil é um termo guarda-chuva para designar qualquer atendimento terapêutico que seja feito com crianças, mas que não necessariamente se utiliza da ludoterapia.
Embora a ludoterapia seja a técnica mais usada na psicoterapia infantil, nem sempre ela é a escolhida em toda sessão. Isso ocorre especialmente em casos de crianças mais velhas e capazes de se expressar bem por meio da palavra.
Não existe uma idade mínima para iniciar a terapia infantil. No entanto, antes dos 3 anos, a criança pode não conseguir fazer a terapia sem os pais, pois é uma idade de extrema dependência.
Crianças menores de 3 anos de idade podem ser atendidas, mas geralmente é uma terapia na qual os pais participam, não necessariamente seguindo as características da psicoterapia infantil descritas neste artigo, podendo também ter um caráter de estimulação infantil.
A terapia na infância pode ser transformadora, ajudando no bom desenvolvimento da criança. Isso inclui aspectos sociais, emocionais e cognitivos.
Quer saber mais sobre saúde das crianças e como proporcionar uma formação integral dos pequenos? Acompanhe o Minuto Saudável!
Me. Ana Claudia Blanchet
Compartilhe
Somos uma empresa do grupo Consulta Remédios. No Minuto Saudável você encontra tudo sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e muito mais. Tenha acesso a informações claras e confiáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.