Muitas pessoas já ouviram das avós que andar com os pés descalços ou molhá-los na água gelada durante as temperaturas mais baixas causa infecção urinária.
Para esclarecer direitinho, a redação do Minuto Saudável foi atrás de respostas sobre essa história.
Afinal de contas, tem alguma relação entre frio e infecções urinárias? Se você se interessou pelo assunto, confira o texto abaixo.
Índice — neste artigo você vai encontrar:
Para ajudar a gente nesse texto, conversamos com o doutor Dr. Daniel Boczar, clínico geral do Hospital Anchieta em Brasília.
Ele explica que a infecção urinária pode acontecer em qualquer parte do sistema urinário: a bexiga, os rins e a uretra (por onde passa a urina quando ela é eliminada).
Uma das principais causadoras desse quadro é a bactéria Escherichia coli — que está naturalmente presente no trato intestinal e, em condições normais, não causa danos à saúde. Porém, quando se prolifera excessivamente ou migra para o canal urinário, pode desencadear as infecções intestinal e urinária, respectivamente.
Como qualquer outra condição que acomete o nosso corpo, as infecções urinárias também têm sintomas. Entre eles estão:
Ainda é possível que a pessoa tenha enjoos, vômitos, sensação de mal-estar e febre. Mas esses sinais aparecem com mais frequência quando a infecção já atinge os rins.
A infecção do trato urinário (ITU), ou apenas infecção urinária, é causada majoritariamente por bactérias que invadem o sistema urinário — e não é difícil conhecer alguém que já sofreu com ela, pois a ITU é uma das infecções bacterianas mais comuns nos seres humanos.
As mulheres são as mais acometidas pelo quadro — a própria anatomia favorece a migração de microrganismo infecciosos para o canal urinário devido à proximidade dele com a ânus, como aponta o médico Daniel Boczar. Além disso, alguns outros fatores podem contribuir para que isso aconteça.
Entre eles, ter diabetes, imunodeficiência ou fazer uso de alguns medicamentos que podem baixar as defesas do corpo, por exemplo. Além disso, problemas renais (como pedra nos rins) ou na próstata também são fatores que elevam as chances da ITU.
Mas mesmo quem não tem nenhum fator de risco pode sofrer com o quadro. Nesses casos, é sobretudo a higienização incorreta da região íntima que favorece a ocorrência.
E, quando o inverno chega, algumas pessoas têm a impressão que junto dele vem o incômodo da infecção urinária. Diretamente, não há nenhuma relação entre o frio e o surgimento de uma infecção do trato urinário, mas pode haver uma boa resposta para isso — tem a ver com os hábitos que mudam nas épocas frias.
Não há comprovações científicas que exista relação entre passar frio e uma infecção no trato urinário. O que acontece, na verdade, é que alguns hábitos que as pessoas adotam durante o inverno favorecem o surgimento dela.
Uma das medidas que ajuda a reduzir os riscos de uma ITU é ingerir bastante água. Isso, porque quanto mais líquidos forem ingeridos, mais urina será formada e a pessoa irá mais vezes ao banheiro — o que contribui para limpeza do canal por onde sai o xixi (chamado de uretra).
Ou seja, urinar ajuda a eliminar algumas bactérias que possam estar na uretra, o que reduz os riscos de elas se instalarem e desenvolvem uma quadro infeccioso.
Mas o que tudo isso tem a ver com o frio? De acordo com Daniel Boczar, médico do Hospital Anchieta em Brasília, durante o frio é comum que as pessoas bebam menos água, o que acaba diminuindo as idas ao banheiro.
Assim, quanto menos líquidos, menos urina e, por consequência, menos limpeza da uretra. O resultado é que há mais chances de surgirem sintomas decorrentes de uma ITU.
Não há comprovação científica de que andar com os pés descalços ou molhá-los com água gelada possa influenciar no aparecimento das infecções no sistema urinário. O que acontece, muitas vezes, é que algumas pessoas podem ter vontade de urinar ao passar por essas experiências.
O clínico geral Daniel Boczar explica que isso ocorre porque a bexiga responde a estímulos externos por um mecanismo de reflexo. Então a água causa a vontade de ir no banheiro instantaneamente — como a urgência urinária é um dos sintomas da infecção urinária, os quadros podem ser confundidos.
Mas vale reforçar, então, que ao molhar os pés ou pisar sem calçados no chão frio não causa a ITU — aquela vontade de urinar que acontece é apenas um reflexo.
Antes de tudo, é legal dizer que isso acontece com todas as pessoas e é super normal. Esse aumento da vontade de fazer xixi durante as temperaturas mais baixas é chamado de diurese do frio.
A condição acontece basicamente por causa de 2 fatores. O primeiro deles é bem simples de entender: no verão, os líquidos são eliminados por meio da urina e do suor.
Mas, no inverno, o corpo transpira menos. Por isso, os líquidos são eliminados majoritariamente pela urina, o que consequente acaba aumentando o volume dela.
A outra razão para a diurese do frio é que, quando o nosso corpo é exposto ao frio, os vasos sanguíneos se contraem a fim de manterem a maior quantidade possível de sangue em volta de órgãos vitais.
Ao acontecer essa contração, o coração bombeia o sangue com mais força, fazendo a pressão arterial aumentar. Ao perceber esse aumento da pressão sanguínea, os rins começam a eliminar os líquidos que não são mais necessários, com o objetivo de equilibrar o organismo.
E é principalmente por isso que acontece a diurese do frio.
A resposta para essa pergunta é simples: anatomia. As mulheres têm a uretra mais próxima do ânus, o que favorece a migração de microrganismo para ela. Além disso, como a uretra é mais curta do que a dos homens, quando as bactérias chegam ao canal urinário, o caminho até a bexiga é bem menor — o que explica quadros mais frequentes nelas.
Essa é uma das razões da importância de higienizar corretamente a vulva após urinar.
A maneira correta é passar o papel higiênico começando de frente para trás, ou seja, da uretra para o ânus. Isso evita que as bactérias presentes na região sejam arrastadas para a entrada da uretra.
Também é importante reforçar que algumas condições podem favorecer as infecções no sistema urinário. No caso das mulheres, a gestação e a menopausa são as principais.
O clínico geral Daniel Boczar ainda dá algumas dicas de como essas infecções do trato urinário podem ser evitadas.
A primeira delas é super clichê, mas continua sendo válida: beber muita água ao longo do dia é fundamental. Isso, porque beber bastante água provoca mais idas ao banheiro, o que faz uma limpeza da uretra.
Fazer xixi depois da relação sexual com penetração também é indicado para as mulheres. Assim, as bactérias que foram levadas ao trato urinário durante o ato sexual têm maiores chances de serem eliminadas.
Outra sugestão do médico é não ficar segurando a urina por muito tempo. Deu vontade de ir no banheiro? Então faça isso o quanto antes.
O médico também dá mais uma dica: trocar os absorventes internos (conhecidos como O.B) com frequência. Não se esqueça que o sangue acumulado no algodão é o ambiente perfeito para a proliferação de bactérias.
Ao trocar os absorventes íntimos, evita-se infecções tanto na uretra quanto no canal vaginal.
E por último, mas não menos importante, o clínico geral reforça que a melhor forma de sanar dúvidas ou fazer diagnósticos corretos é procurando auxílio médico.
As infecções do trato urinário estão mais relacionadas como a falta de consumir água em quantidade suficiente do que as temperaturas baixas.
Para evitá-las, o recomendado é ingerir bastante água ao longo do dia e ir ao banheiro sempre que tiver vontade, não deixando a urina acumular na bexiga.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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