O que é biópsia?

A biópsia é um exame feito em material vivo, retirado do corpo do paciente e analisado em laboratório. Costuma ser usado para identificar alterações celulares e no tecido, complementando exames de imagem e bioquímicos.

Oferece uma imagem precisa do material analisado, que pode ser pele, saliva, mucosa, pedaços de órgãos ou até mesmo órgãos inteiros.

Este é um exame preciso e que verifica a integridade de células. Pode indicar cânceres, infecções e outras condições, dando detalhes sobre diversas particularidades da doença, como o estágio do câncer, sua agressividade, ou, no caso de infecções, que tipo de bactéria está causando a doença.

A biópsia não é um exame exclusivo do câncer, então, se o seu médico pedir uma, pergunte para ele o motivo. Ele saberá responder suas dúvidas e explicar seu caso específico.

Índice – neste artigo você encontrará as seguintes informações:

  1. O que é biópsia?
  2. Pra que serve a biópsia?
  3. Como é feita a biópsia?
  4. Tipos
  5. Quais as biópsias mais frequentes?
  6. Quando a biópsia deve ser feita?
  7. Contraindicações
  8. Efeitos adversos
  9. Cuidados pré-exame e pós-exame
  10. Como interpretar os resultados?
  11. O que pode afetar os resultados?
  12. Riscos
  13. Preço
  14. Perguntas frequentes

Pra que serve a biópsia?

A biópsia é um exame detalhado e preciso. Diversas doenças não podem ser diagnosticadas apenas pelos exames de imagem e de sangue, e algumas até podem ser identificadas, mas a certeza de o que os resultados representam só surge quando existe a biópsia.

O exame analisa a aparência das células e dos tecidos, podendo descrever a extensão de uma lesão celular, alterações nas células e a malignidade de um possível câncer.

Além disso, é capaz de diferenciar condições que são muito parecidas ao excluir as que não modificam células (ou as que modificam, caso as células estejam normais), entre outras coisas.


Algumas das doenças que este exame pode identificar são:

Câncer

Todo câncer é uma alteração no tecido celular e só pode ser devidamente identificado através de biópsia, que analisa de perto o estado das células.

Um exame de imagem, como uma ultrassonografia ou uma ressonância magnética, pode identificar um tumor ou crescimento irregular, mas apenas a biópsia pode dizer se este tumor é benigno ou maligno.

Infecções

Diversos tipos de infecção podem ser encontrados através deste tipo de exame. Por exemplo, bactérias como a H. pylori podem ser diagnosticadas através da biópsia endoscópica. A bactéria pode ser observada diretamente neste método de exame.

A infecção pelo vírus do papiloma humano, o HPV, é diagnosticada através da biópsia uterina, que examina as células do útero em busca do vírus.

Doenças autoimunes

Doenças autoimunes podem ser diagnosticadas por biópsia. Por exemplo, a hepatite autoimune causa cirrose, mas não deixa nas células os sinais comuns ao consumo de álcool e outras causas comuns da cirrose. Esta falta de sinais, junto de outros sintomas, indica uma doença autoimune.

Como é feita a biópsia?

A biópsia sempre é um procedimento cirúrgico, dependendo do tipo, mais ou menos invasivo. Raramente é necessária a internação. Para a realização, é preciso que haja a retirada do material a ser analisado. Cada tipo de material possui um tipo de biópsia diferente, que muda de acordo com a maneira que é coletado.

Adquirido o material, ele é colocado em formol e levado para laboratório para análise. Algumas técnicas podem levar até um mês inteiro enquanto outras precisam de apenas alguns dias para dar resultado.

O patologista faz o exame. O tecido é mergulhado em parafina para que possa ser cortado em finas fatias microscópicas em que se adiciona corante. Estas fatias são colocadas em placas de vidro que são observadas no microscópio em busca de alterações em relação à células normais daquele tecido.

A partir desta observação no microscópio, é possível que o patologista enxergue alterações celulares, bactérias, sinais de que bactérias estiveram ali, além de poder adicionar materiais químicos para que reações específicas aconteçam, identificando compostos que não estariam ali a não ser que alguma condição específica estivesse presente.

O próprio cirurgião pode realizar uma biópsia na mesa de cirurgia, conseguindo assim uma aproximação do resultado, mas o diagnóstico definitivo só é adquirido depois de alguns dias, quando testes mais específicos são feitos.

Tipos

Existem diversos tipos de biópsia, cada um variando na maneira de extração e no tipo de células que são retirados para o exame. Os tipos são:

Biópsia externa

Geralmente realizada na pele ou na mucosa, a biópsia externa é superficial. Cânceres de pele costumam ser diagnosticados através deste tipo de exame, que corta um pequeno pedaço do tecido sob suspeita.

Biópsia interna

Este tipo de biópsia remove tecidos dos órgãos internos. Para a realização deste tipo de exame, pode-se realizar incisões, punção às cegas (frequentemente usando tato), guiadas por imagem (ultrassonografia) ou por endoscopia.

Biópsia extemporânea ou perioperatória

Este tipo de biópsia é realizada durante uma cirurgia. Pode ser feita enquanto se remove um tumor sob suspeita de ser câncer, por exemplo, ou de um câncer que ainda não foi completamente identificado. Também serve para, por exemplo, identificação de infecções.

Biópsia incisional

Uma biópsia incisional remove apenas parte da lesão. Pode ser feita em cânceres de pele ou em tumores internos cuja remoção completa possa ser arriscada. Nestes casos, um tumor benigno que não apresenta crescimento acelerado não precisa ser removido, mas um maligno pode valer o risco da remoção. Apenas após a autópsia é que se terá certeza.

Biópsia excisional

Uma biópsia excisional é feita em todos os casos de remoção cirúrgica de tumores e cânceres, seja de pele ou de qualquer órgão. A lesão completa é removida para o exame.

No caso de câncer, uma margem de segurança é removida junto do tumor, para garantir que nenhum pedacinho tenha ficado para trás, causando o retorno da doença.

Biópsia por aspiração

Biópsias por aspiração utilizam agulha e seringa para retirar parte do tecido para o exame. É possível que seja realizada através do tato ou de ultrassonografia para a identificação da região a ser examinada. Este tipo de biópsia se divide em dois tipos:

Punção e aspiração com agulha fina (PAAF)

Esta punção retira células e líquidos de tumores, com frequência de glândulas como a tireoide ou a mama. Este exame é rápido e não é muito doloroso, podendo ser realizado sem anestesia. Uma agulha fina é inserida no tecido que se deseja examinar e o conteúdo é aspirado para uma seringa.

A desvantagem deste tipo de biópsia é que por ser uma agulha fina, pouco material pode ser recolhido e a precisão é baixa.

Punção e aspiração com agulha grossa (PAAG)

Diferente da anterior, este tipo de punção utiliza uma agulha mais grossa, capaz de remover pedaços de mais de 1 cm. É usada anestesia local para a inserção da agulha e de três a seis amostras glandulares são retiradas para precisão do diagnóstico.

Uma pistola automática própria para o exame pode ser utilizada.

Biópsia de congelação

Este tipo de exame busca um diagnóstico rápido, a fim de preservar características das células através do congelamento.

O tecido escolhido é congelado e extraído durante a cirurgia, no próprio centro cirúrgico, então levado para o laboratório patológico para a realização da coloração e corte em fatias para o exame, que trará um resultado rápido para que seja tomada a decisão de remoção ou não do órgão afetado.

Costuma-se adicionar margem de segurança quando o objetivo é simplesmente a remoção de um possível tumor e não uma decisão rápida.

Depois de descongelado, o tecido é analisado novamente para confirmar resultados.

Quais as biópsias mais frequentes?

Algumas biópsias são mais famosas e frequentes do que outras, então vale aprender um pouquinho sobre elas. São as seguintes:

Biópsia de próstata

A biópsia da próstata consiste na extração de um pedaço do órgão para a realização dos exames, frequentemente em busca de evidências de câncer de próstata, mas podendo envolver diversas outras condições.

Biópsia de mama

Em busca de diagnóstico do câncer de mama, uma biópsia pode ser realizada através da extração de um pedaço ou de todo o tumor.

Biópsia de medula óssea

A medula óssea é um líquido gelatinoso que fica dentro dos ossos. É nela que são produzidas as células sanguíneas (hemácias), plaquetas e glóbulos brancos (parte do sistema imunológico). Este exame pode identificar anemias, linfomas, mielomas e encontrar metástases de câncer.

Biópsia endoscópica

A biópsia endoscópica é realizada através de endoscopia, um exame onde uma câmera é inserida através de um tubo pela garganta do paciente, buscando visualização do esôfago e estômago, além do duodeno, a primeira porção do intestino delgado.

Este tipo de biópsia serve para encontrar, por exemplo, a bactéria H. pylori, que pode ser causadora de câncer estomacal.

Biópsia do colo do útero

A biópsia do colo do útero costuma ser realizada através de curetagem. É uma raspagem do útero, visando remover tecido para que este possa ser examinado no microscópio. Serve para diagnóstico de tumores ou da infecção por HPV.

Biópsia de pele

Um pedaço da pele pode ser raspado para uma biópsia em busca de identificar infecções e tumores na pele, dando precisão ao diagnóstico da possível doença.

Quando a biópsia deve ser feita?

A biópsia não é indicada apenas quando existe suspeita de câncer. Diversas outras doenças podem ser diagnosticadas por ela. A biópsia é indicada quando existe suspeita de alterações celulares, que pode ser causada por, além de tumores, bactérias e outros tipos de infecção ou doenças.

Cirrose e hepatites B e C podem ser diagnosticadas através deste exame, além de problemas renais, infecções uterinas e estomacais, entre outras.

Além disso, a biópsia pode ser usada para identificação de dermatites e para diagnóstico diferencial, que busca identificar uma doença quando existem duas suspeitas com sintomas parecidos.

Contraindicações

Existem alguns casos em que a biópsia não deve ser feita ou não é recomendada. São eles:

Diabetes descontrolada

Pacientes cuja diabetes não é controlada não podem realizar procedimentos cirúrgicos, o que impede a realização da biópsia.

Isso acontece porque, quando a condição não é controlada, problemas de circulação causados pela diabetes podem limitar a regeneração e cicatrização do paciente, deixando-o suscetível à infecções e necrose da região afetada pela cirurgia.

Diagnóstico clínico definitivo

Por ser um procedimento invasivo, a biópsia é evitada quando possível. Se existe certeza de qual é o diagnóstico sem a realização do exame, não se deve fazê-lo pois é desnecessário.

Falta de biossegurança

A biossegurança são os procedimentos que garantem a segurança do paciente e daqueles que realizam o exame, além do cuidado com o material coletado. Quando não é possível alcançar estes critérios, a biópsia não é recomendada.

Efeitos adversos

Pode-se esperar alguns efeitos adversos da biópsia já que ela é uma cirurgia. São eles:

Dor

Em alguns casos, o local de onde o tecido é retirado pode apresentar dor que varia em sua intensidade. Repouso pode ser necessário, assim como medicamentos para a dor nos casos mais graves.

Cirurgias mais invasivas possuem maior tendência de ter dor como resultado após a extração do tecido.

Sangramento

Pode haver sangramento no local da extração. Ele deve acabar rápido, mas se isso não acontecer, um médico deve ser consultado.

Inflamação

Uma inflamação é possível na região onde foi realizada a extração do tecido e isso pode ser sinal de um início de infecção. Caso haja vermelhidão persistente, consulte seu médico.

Infecção

Infecções são comuns em cortes abertos que não são bem cuidados, tanto pelo paciente quanto pela equipe médica. Se houver sintomas de infecção, é importante contatar um médico para evitar que ela evolua ou se espalhe.

Cicatriz

Dependendo de onde e de que tamanho foi o corte, pode haver tecido cicatricial após uma cirurgia de biópsia.

Cuidados pré-exame e pós-exame

Tudo depende do tipo de biópsia que será realizada, já que o que define as preparações é a anestesia.

Anestesia local

Nos casos em que a anestesia é local, é provável que nenhuma preparação precise ser feita. O médico irá perguntar sobre alergias, histórico familiar e procurar por infecções de pele para garantir que nenhum microrganismo indesejado seja levado para dentro do corpo com a agulha, mas no geral, o procedimento é rápido e tranquilo.

É importante não forçar a região afetada pela inserção da agulha ou pela raspagem de material e manter o local limpo.

O jejum antes do procedimento pode ser solicitado pelo médico.

Sedação

A sedação é a alteração da consciência para que um procedimento médico seja realizado. Ela é diferente da anestesia geral, apesar de alguém anestesiado estar também sedado.

Sedação pode variar de intensidade, sendo leve ou profunda. Para a biópsia, a sedação pode ser usada para remoção de tecido. Alguns anestesistas podem preferir a realização da anestesia geral. O tipo de extração também pode exigir este tipo de sedação, por exemplo uma cirurgia de cavidade aberta.

Quando o procedimento é mais invasivo e precisa de sedação, alguns cuidados devem ser tomados. São eles:

  • Informe seu médico de alergias;
  • Faça jejum nas horas anteriores ao procedimento (de acordo com instruções do médico);
  • Evite medicamentos que afinam o sangue (como aspirina);
  • Siga as instruções do médico.

Cuidados pós-biópsia

Após a biópsia, é necessário haver cuidados com a cicatrização. O local da incisão deve ser limpo diariamente até que a cicatrização esteja completa. Alguns casos podem requerer a utilização de antibióticos para evitar infecções.

Como interpretar os resultados?

Os laudos de biópsia podem ser extensos e complicados. Muitas informações podem estar presentes nestes resultados, palavras técnicas do meio médico podem ser utilizadas e o mais indicado para a interpretação destes exames é que seu médico os veja e lhe explique.

Além de ter as informações patológicas, ele também conhece seu caso e pode aplicar os resultados às suas particularidades. Entre as informações contidas no laudo costumam estar:

Informações clínicas

As informações clínicas são o histórico e informações do paciente. O médico, ao pedir a biópsia, envia também informações relevantes para o diagnóstico como idade, sexo, doenças que o paciente possui e histórico familiar. Estes detalhes podem fazer diferença no resultado.

Descrição macroscópica da amostra

A descrição da amostra é feita pelo patologista, que irá descrever o material recebido. O tamanho do tecido removido, aparência, tipo de extração, consistência, coloração e outras informações que variam dependendo do tipo da amostra.

Por exemplo, um tumor inteiro removido de um pulmão irá ter em sua descrição as dimensões do tumor, enquanto uma amostra líquida poderá ter em sua descrição apenas a cor e quantidade de material.

Descrição microscópica da amostra

Na descrição microscópica as células visualizadas no microscópio são descritas. O quão diferenciadas das células saudáveis elas estão é um dos critérios para diagnóstico. Outras descrições como a extensão da lesão, disposição das células lesionadas e infiltrações, caso existam, também são realizadas.

Caso haja outros estudos, eles podem ter uma seção própria ou ser descritos na microscopia.

Diagnóstico

A parte mais relevante é o diagnóstico do patologista. Caso o diagnóstico seja de câncer, esta seção irá descrever o grau, estágio, tipo exato de câncer e outras informações que possam ser relevantes para seu médico, para que ele possa dar o tratamento adequado.

Comentários do patologista

O médico patologista pode deixar comentários no laudo, explicitando preocupações ou dando recomendações de outros exames que possam ser necessários ou indicados.

O que pode afetar os resultados?

Não existem alimentos ou comportamentos que se pode ter antes de uma biópsia que irão influenciar muito o resultado. As células costumam ser analisadas e dificilmente alguma coisa que se ingira ou um esforço irão causar grande alteração celular em algumas horas, então não existe muita necessidade de cuidados como estes.

O que mais afeta resultados, entretanto, é o tamanho da amostra e a coleta. O lugar de onde a amostra da biópsia é coletado também influencia seu resultado, assim como a quantidade de material recolhido. Quanto maior a área, mais preciso pode ser o exame.

Além disso, o patologista precisa estar bastante atento durante a análise, já que irá verificar diversas células e sua aparência, o que pode ser cansativo e trabalhoso.

Riscos

Como qualquer processo cirúrgico, a biópsia possui riscos. Seguir as instruções do médico e informar tudo o que for necessário — como alergias e histórico familiar — a ele e ao anestesiologista reduz grandemente os riscos, entre os quais estão:

Sangramentos

Dependendo do tipo de exame, hemorragias podem ser um risco. É mais comum em biópsias de cavidade aberta e de próstata, apesar de ser possível na grande maioria. Mesmo assim, não é uma complicação frequente.

Infecções

Os materiais usados para biópsias devem ser esterilizados antes do procedimento, por isso infecções são raras, mas é uma possibilidade.

Reações alérgicas

Alergia à anestesia é uma possibilidade rara, mas o anestesiologista deve estar preparado para lidar com a situação.

Preço

O preço de uma biópsia é extremamente variável. Isso acontece porque dependendo das suspeitas, mais ou menos recursos podem ser necessários para o exame. Além disso, biópsias em órgãos diferentes possuem preços diferentes. Uma biópsia de mama fica em torno de R$ 900, enquanto uma de próstata pode alcançar os R$ 1.500.

Entretanto, este exame é disponibilizado pelo Sistema Único de Saúde (SUS) gratuitamente, exigindo apenas um laudo e encaminhamento médico.

Perguntas frequentes

Biópsia só serve para câncer?

Não! A biópsia pode ser usada para diversos diagnósticos, buscando encontrar lesões e alterações celulares, além da presença de bactérias.

Dói?

Depende do tipo de biópsia. A maior parte dos tipos é um bocado invasiva, portanto a sedação costuma ser utilizada, podendo variar de anestesia local para geral de caso para caso.

A PAAF nem sempre utiliza anestesia local já que a agulha é bem fina e às vezes a anestesia pode ser mais dolorosa, mas normalmente o máximo de dor que se sente é proveniente da anestesia, que não é muito intensa.


A biópsia é um exame essencial para encontrar alterações celulares, especialmente aquelas causadas por câncer, mas o exame não se limita a isso. Compartilhe este texto com seus amigos para que eles aprendam um pouco mais sobre biópsia!


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