Seja por conta própria ou por indicação, o simples ato de tomar remédios sem recomendação médica pode ser mais prejudicial à saúde do que se imagina. Isso porque os perigos da automedicação vão além do agravamento da doença e o uso inadequado de medicamentos pode causar até mesmo a morte.

É bastante comum ter em casa um estoque de comprimidos e pílulas para amenizar sintomas diversos. Porém, o alívio dos sintomas após a automedicação nem sempre significa que houve um tratamento adequado e muito menos que o problema foi resolvido, pois a prática pode estar mascarando problemas mais sérios.

Entenda como o uso indevido de medicamentos pode afetar a saúde e saiba como se proteger dos perigos da automedicação!

Índice – neste artigo você encontrará as seguintes informações:

  1. O que é automedicação?
  2. O que é o uso indiscriminado de medicamentos?
  3. Automedicação no Brasil
  4. Tipos de uso irracional de medicamentos
  5. Causas da automedicação
  6. Como funciona a venda de medicamentos?
  7. Por que ler a bula?
  8. Remédios mais utilizados na automedicação
  9. Consequências: quais os principais riscos da automedicação?
  10. Hipocondria e o vício em remédios
  11. Automedicação e Ministério da Saúde

O que é automedicação?

A automedicação se caracteriza pela prática de tomar remédios, sem a avaliação prévia de um profissional de saúde. Nessas situações, a pessoa tende a medicar-se por conta própria ou por indicação de amigos, familiares e conhecidos. Tal hábito geralmente está relacionado à intenção do paciente em aliviar algum sintoma.

O que é o uso indiscriminado de medicamentos?

Apesar de possuir relação com a automedicação, o uso indiscriminado de medicamentos se refere a um conceito diferente. Essa prática diz respeito ao consumo excessivo e frequente de remédios, inclusive quando há prescrição médica. Nesses casos, é bastante comum que o paciente não respeite a dosagem recomendada, bem como os intervalos de uso.

Automedicação no Brasil

O Brasil é recordista mundial em automedicação. De acordo com pesquisa de 2016 feita pelo Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), 89% dos brasileiros se medicam por conta própria. Além do uso inadequado, muitos têm o hábito de aumentar as dosagens para obter alívio mais acelerado. Outro dado relevante mostra que 40% da população faz o autodiagnóstico por meio da internet.

Surpreendentemente, a edição anterior da mesma pesquisa, realizada em 2014, também apontou que quanto maior o grau de escolaridade, maior é a prática da automedicação pelos brasileiros. Já em relação ao gênero, os dados são bastante próximos: 76,7% dos homens e 75,1% das mulheres têm o hábito de se automedicar.


Uma das alternativas para auxiliar no combate ao uso indevido de medicamentos seria promover a venda fracionada. Isso favoreceria o acesso aos remédios, aumentaria as chances de adesão ao tratamento e, ainda mais importante, evitaria o desperdício. Atualmente, tal proposta está em análise no senado, por meio do projeto de lei nº 98/2017.

Casos de intoxicação

Em relação à intoxicação por uso de medicamentos, os números também podem ser bastante assustadores. De acordo com o Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas, cerca de 30 mil casos de internação são registrados por ano no Brasil, sendo as crianças as maiores vítimas – menores de 5 anos de idade representam uma parcela de aproximadamente 35% dessa estatística.

Tipos de uso irracional de medicamentos

A automedicação é apenas um dos tipos de uso irracional de medicamentos. Dentre as outras formas estão a prescrição em desacordo com as normas clínicas e o uso incorreto, como:

  • Polimedicação, que é o uso abusivo de medicamentos;
  • Via de administração inadequada (injetável ao invés de oral);
  • Uso do medicamento como forma exclusiva de cura para doenças (medicalização);
  • Uso inadequado de antimicrobianos, tanto em doses incorretas quanto em infecções não-bacterianas.

Causas da automedicação

A principal causa da automedicação talvez esteja relacionada a um aspecto cultural, em que tomar remédio por conta própria, sem a necessidade de ir até o médico, alivia a dor de imediato. No entanto, outras causas podem contribuir para essa prática:

  • Precariedade do sistema de saúde;
  • Dificuldade para marcar consultas médicas;
  • Variedade de produtos fabricados pela indústria farmacêutica;
  • Venda livre de medicamentos;
  • Livre acesso à informações sobre doenças por meio da internet.

Como funciona a venda de medicamentos?

Alguns tipos de medicamentos, mais especificamente os não tarjados, não exigem a prescrição médica, sendo comercializados livremente. Esses remédios são caracterizados pela baixa toxicidade e comumente são representados por substâncias que tratam sintomas de resfriados, azia, má digestão e dor de cabeça.

No caso de medicamentos tarjados, a prescrição é indispensável, uma vez que esses remédios apresentam possíveis efeitos colaterais graves. Além disso, alguns deles, como os antibióticos, obrigam a retenção da receita.

Vale destacar que os remédios de tarja preta e vermelha são os mais perigosos quando o assunto é intoxicação.

Por que ler a bula?

Quase metade dos brasileiros não têm o hábito de ler a bula e, quando leem, muitos não entendem o que as informações querem dizer. Isso pode ser um problema, especialmente em casos de automedicação.

É na bula que estão contidas as informações relevantes a respeito do medicamento: indicação, posologia, reações, precauções e interações medicamentosas. Por meio dela, o paciente tem acesso à todas as possibilidades de ocorrência do medicamento, podendo assim evitar possíveis complicações.

Para facilitar o acesso à informação, a Anvisa disponibiliza diversas bulas por meio de um bulário eletrônico. Além disso, na página de cada medicamento dentro do Consulta Remédios, a bula pode ser encontrada de maneira organizada e de fácil compreensão.

Em caso de qualquer dúvida, consulte um farmacêutico, lembrando que a presença desse profissional é obrigatória em qualquer farmácia.

Remédios mais utilizados na automedicação

Os líderes no ranking da automedicação são os anti-inflamatórios e analgésicos, especialmente aqueles que aliviam dores de cabeça e coluna. Na lista também estão remédios para combater sintomas da má digestão, gripes e resfriados.

Leia mais: O que Neosoro pode causar na gravidez?

Consequências: quais os principais riscos da automedicação?

Não é somente o fato de tomar o remédio sem recomendação médica que pode trazer riscos à saúde. Doses em excesso, administração inadequada e uso para fins não indicados também trazem consequências perigosas.

O principal problema está no fato da automedicação contribuir para a dificuldade e atraso no diagnóstico de determinadas doenças, agravando o problema.

Outros riscos relacionados são:

Interação medicamentosa

A combinação de medicamentos pode anular ou potencializar o efeito do outro. Por esse motivo, é tão importante ler as informações contidas no campo “interação medicamentosa”, presente na bula do remédio.

Resistência de microrganismos

O uso abusivo de antibióticos pode aumentar a resistência de microrganismos, comprometendo a eficácia do tratamento. Por esse motivo, hoje a venda desse tipo de medicamento só é permitida com a retenção da receita.

Intoxicação

Os analgésicos, anti-inflamatórios e antitérmicos são os maiores causadores de intoxicação pelo uso de medicamentos. O problema pode surgir quando há uma superdosagem na ingestão do remédio, resultando em reações alérgicas. Em quadros graves de intoxicação, pode haver a morte do paciente.

Nos casos de intoxicação infantil por uso de medicamentos, os riscos são ainda maiores em crianças com menos de seis anos de idade. O acúmulo da substância no organismo pode comprometer o funcionamento dos órgãos e gerar outras sequelas.

Dependência

O alívio imediato da dor após o uso de alguns medicamentos pode tornar-se um vício, fazendo com que o paciente não viva mais sem o remédio. O problema está no fato de que a ingestão recorrente pode fazer com que a substância não tenha mais efeito no organismo ao longo do tempo. Além disso, o abuso de medicamentos pode gerar complicações mais sérias à saúde.

Hipocondria e o vício em remédios

Pessoas viciadas em remédios e que apresentam preocupação excessiva relacionada à problemas de saúde podem ser hipocondríacas. Porém, somente o hábito de tomar medicamentos constantemente não caracteriza a hipocondria. O sintoma mais comum desse transtorno psicológico é o medo intenso e prolongado de possuir uma doença grave.

Portanto, é importante buscar ajuda médica em qualquer sinal de obsessão, seja relacionada à doenças ou ao uso de remédios.

Automedicação e Ministério da Saúde

A fim de incentivar a administração correta de remédios de acordo com as normas do SUS, o Ministério da Saúde instituiu o Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos (CNPURM).

Segundo a Organização Mundial da Saúde, o conceito de uso racional refere-se a “quando os pacientes recebem os medicamentos apropriados à sua condição clínica, em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período de tempo adequado e ao menor custo possível para eles e sua comunidade.”


O uso indevido de medicamentos, até mesmo os de venda livre, pode trazer consequências ao organismo. Por isso, consultar um profissional de saúde e ler a bula é sempre a melhor opção em qualquer sinal de problema.

Compartilhe os riscos da automedicação para que essa prática seja cada vez menos comum!


Minuto Saudável: Somos um time de especialistas em conteúdo para marketing digital, dispostos a falar sobre saúde, beleza e bem-estar de maneira clara e responsável.