A doação e o transplante de órgãos são considerados um direito da sociedade brasileira, uma vez que podem salvar vidas e melhorar a qualidade de vida de pessoas em situações de extrema vulnerabilidade à saúde. A doação de órgãos é um ato altruísta e individual que tem o potencial de proporcionar uma nova chance de vida ao destinatário.
A Coordenação-Geral do Sistema Nacional de Transplantes (CGSNT), é uma entidade vinculada ao Ministério da Saúde que atua como coordenador ético do sistema de doação e transplante de órgãos e tecidos no país.
Já o Sistema Nacional de Transplantes (SNT), sob sua supervisão, busca garantir controle e vigilância a todos esses princípios.
Nesse cenário, o Brasil se destaca como o segundo maior protagonista mundial no campo dos transplantes. Porém, mesmo com esse status, há mais de 65 mil indivíduos que permanecem na fila aguardando por um órgão, conforme dados oficiais do Ministério da Saúde.
Anualmente, entre 8.000 a 9.000 transplantes de órgãos são realizados no país, contudo, durante a pandemia do covid-19, o número de pessoas que necessitavam de transplantes aumentou consideravelmente e a disponibilidade de doadores diminuiu.
Essa situação ressalta a importância de educar a sociedade sobre a doação de órgãos, desmistificando mitos e incentivando a participação ativa neste ato generoso.
Acompanhe o artigo para saber como funciona a doação e quais órgãos podem ser doados.
Índice:
As pessoas que aguardam um órgão muitas vezes enfrentam condições de saúde críticas, como doenças terminais ou disfunções orgânicas severas.
A necessidade do transplante é frequentemente a última esperança para esses pacientes, e encontrar um doador compatível geralmente é uma questão de vida ou morte.
Quando um paciente é diagnosticado com morte encefálica, significa que há uma perda irreversível de atividade cerebral. Nesse estágio, embora o coração possa continuar batendo, a capacidade de manter funções vitais autônomas é perdida.
Se, por exemplo, o coração parar de bater, a situação se torna ainda mais crítica.
Isso ocorre porque, mesmo que o corpo não possa mais sustentar suas próprias funções vitais, os órgãos ainda podem estar em boas condições.
Após ter entendimento completo sobre a situação do paciente, se dá início a um conjunto de protocolos.
Quando é identificada a oportunidade, a família é abordada sobre a possibilidade de doação dos órgãos do seu ente querido. Esse momento é emocionalmente por conta da perda, mas também enfrentando a decisão de permitir que os órgãos do ente querido sejam doados para salvar vidas de outras pessoas.
Durante a conversa, será explicado todo o processo de doação, esclarecendo dúvidas e fornecendo informações sobre o impacto positivo que a doação poderia ter em outras vidas.
A família tem a opção de consentir ou recusar a doação dos órgãos.
Se a família concordar com a doação, o processo de preparação para o transplante começa. Uma equipe de médicos-cirurgiões e profissionais de saúde é montada para realizar a remoção dos órgãos.
A remoção é feita de maneira meticulosa para garantir a qualidade e a viabilidade dos órgãos. Ao mesmo tempo, medidas são tomadas para manter o corpo do doador estável durante esse processo.
A compatibilidade entre doador e receptor é o fator mais importante no processo de transplante de órgãos e tecidos.
A busca por um doador compatível é muitas vezes uma corrida contra o tempo, uma vez que exames detalhados, pacientes em condições críticas e a existência de listas de espera são elementos que definem a urgência e a complexidade desse processo.
Aspectos como o tipo sanguíneo, características genéticas e a compatibilidade imunológica são cuidadosamente avaliados para minimizar o risco de rejeição do órgão e aumentar as chances de uma adaptação bem-sucedida.
Os exames realizados para avaliar a compatibilidade entre doador e receptor são minuciosos, abrangendo de tipos sanguíneos, características genéticas, compatibilidade imunológica (para reduzir o risco de rejeição do órgão).
Esses exames muitas vezes envolvem testes laboratoriais sofisticados e avaliações médicas aprofundadas.
Devido à demanda constante por órgãos e ao número limitado de doadores disponíveis, pessoas são colocados nessa lista com base em critérios médicos, gravidade da condição e outros fatores.
A disponibilidade de órgãos e a compatibilidade são determinantes essenciais para a ordem em que os pacientes na lista receberão os transplantes.
A cirurgia exige a coordenação de uma equipe médica experiente, composta por cirurgiões, anestesistas, enfermeiros e outros profissionais de saúde, tudo para garantir uma operação bem-sucedida.
Após a realização da cirurgia de retirada de órgãos e tecidos, é feita a reconstituição do corpo do doador para preservar a aparência física e permitir que os entes queridos se despedem de uma maneira mais reconhecível possível.
Geralmente, os profissionais de saúde trabalham para garantir que o corpo do doador seja apresentado de maneira respeitosa e familiar.
A corrida contra o tempo é uma característica proeminente do processo de transplante, pois os pacientes que estão esperando por um órgão muitas vezes estão em cidades ou até mesmo em estados diferentes.
Junto disso, a logística de locomoção de órgãos e tecidos se torna uma parte essencial do processo de transplante, com opções como carros e helicópteros.
De acordo com informações do Ministério da Saúde, em determinados estados do Brasil, cerca de 60% dos procedimentos de transplantes demandam logística de transporte aéreo, seja por meio de aviação comercial ou militar.
Essa estatística ressalta a importância crucial da mobilização aérea para viabilizar a transferência eficiente e rápida de órgãos e tecidos entre diferentes regiões do país.
A sensibilidade de certos órgãos requer uma atenção especial ao tempo, temperatura e condições de transporte, visando preservar a qualidade dos órgãos e melhorar as chances de sucesso nos transplantes.
Os profissionais de saúde têm que trabalhar rapidamente para encontrar um doador compatível, realizar exames detalhados e preparar o paciente para a cirurgia de transplante. Qualquer atraso pode ter implicações graves para a vida do receptor.
Provavelmente a etapa mais delicada de todo processo é a conexão precisa dos vasos sanguíneos, tecidos e outras estruturas do órgão transplantado ao corpo do receptor. Essa interligação é minuciosa para garantir que o órgão seja aceito pelo sistema imunológico do receptor.
O processo de implantação pode variar de acordo com o tipo de órgão e a complexidade da cirurgia, mas geralmente segue algumas etapas fundamentais: Os cirurgiões suturam cuidadosamente as artérias e veias do órgão ao sistema vascular do destinatário.
Após a conexão, o órgão transplantado é monitorado para verificar sua função inicial.
A recuperação de um destinatário após um transplante é um processo complexo que envolve cuidados médicos especializados, monitoramento contínuo e adaptação do paciente ao novo órgão.
Sendo uma fase crítica, durante a qual o corpo do receptor se ajusta ao órgão e os cuidados médicos visam prevenir a rejeição do órgão e garantir o sucesso a longo prazo do procedimento.
Para evitar que o sistema imunológico do destinatário rejeite o novo órgão, são prescritos medicamentos imunossupressores. Esses medicamentos suprimem a resposta imunológica do corpo, permitindo que o órgão seja aceito.
Depois de realizar a cirurgia e todos os inúmeros cuidados, surge uma nova questão de extrema importância: a possibilidade de rejeição do órgão transplantado.
A rejeição acontece quando o sistema imunológico do receptor percebe o órgão ou tecido transplantado como uma ameaça estranha e desencadeia uma resposta imune para combatê-lo.
Esse processo de rejeição pode ocorrer devido a diferenças genéticas entre o doador e o receptor, levando o sistema imunológico a identificar as células do órgão transplantado como "estranhas" e, consequentemente, atacá-las.
Existem vários tipos de rejeição, incluindo a rejeição hiperaguda (que ocorre minutos após o transplante), a rejeição aguda (que ocorre dias a semanas após o transplante) e a rejeição crônica (que se desenvolve ao longo do tempo).
Para evitar ou minimizar a rejeição, os pacientes submetidos a transplantes recebem terapia medicamentosa imunossupressora. Esses medicamentos suprimem o sistema imunológico do receptor para prevenir ou reduzir a resposta imune contra o órgão transplantado.
A morte cerebral é a perda irreversível de todas as funções cerebrais, incluindo a capacidade de pensar, sentir e controlar funções corporais. O cérebro não apresenta atividade elétrica, e a manutenção do corpo é possível apenas por meio de máquinas.
É frequentemente causada por lesões cerebrais traumáticas, derrame, aneurisma ou outras condições que afetam gravemente o cérebro.
Os órgãos e tecidos que podem ser transplantados após morte cerebral:
O transplante após o coração parar ocorre quando a parada cardíaca irreversível é confirmada, mas outros órgãos ainda podem ser utilizados.
Os órgãos e tecidos possíveis de serem doados são :
O usos das válvulas cardíacas geralmente são usadas em bebês e crianças com malformação cardíaca congênita, bem como em adultos com problemas valvulares. Já a pele normalmente é doada para enxertos em indivíduos com queimaduras graves ou outras lesões na pele.
Embora os avanços na medicina tenham permitido a realização de transplantes de uma ampla gama de órgãos e tecidos, o cérebro é o único órgão que não é possível ser transportado.
Para ser um doador vivo, é necessário ser maior de idade e estar em plenas capacidades jurídicas. A possibilidade de doar órgãos a familiares diretos também é uma opção. No caso de destinatário não aparentado, é preciso de autorização judicial prévia.
Isso assegura que a doação seja voluntária e isenta de pressões externas, protegendo os direitos e interesses de ambas as partes envolvidas.
Os órgãos que podem ser doados são: um dos rins, parte dos pulmões, parte do fígado e uma fração da medula óssea.
Será realizado uma série de avaliações para garantir que a doação seja segura tanto para o doador quanto para o receptor, minimizando riscos e maximizando o potencial de sucesso da cirurgia.
No Brasil, a Organização de Procura de Órgãos (OPO) é responsável por coordenar a identificação, captação e distribuição de órgãos para transplantes. Essas equipes são essenciais para garantir que os órgãos doados sejam alocados de maneira justa para os pacientes que estão na fila de espera por um transplante.
Os transplantes são realizados exclusivamente em instituições de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso significa que não existe a opção de realizar transplantes por meio de convênios médicos privados.
Essa abordagem tende que o acesso aos transplantes seja igualitário e baseado nas necessidades médicas, e não na capacidade de pagamento.
A autorização para a doação de órgãos é concedida pelos familiares do potencial doador. No Brasil, os parentes de primeiro grau (pais e filhos) e parentes de segundo grau (avós, netos, irmãos e cônjuge) têm a prerrogativa de decidir sobre a doação, caso o indivíduo não tenha expressado sua vontade em vida.
É importante a família saber sobre a intenção de ser doador. Essa conversa ajuda a garantir que a vontade do doador seja conhecida e respeitada em casos de falecimento.
Normalmente, os pacientes que necessitam de um órgão transplantado precisam morar perto de centros especializados em transplantes. Isso ocorre porque o processo de transplante exige cuidados médicos intensivos e acompanhamento contínuo antes e após a cirurgia.
Os principais centros de transplantes no Brasil estão localizados em hospitais de referência nas principais cidades do país, como São Paulo, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba e Fortaleza.
Leia mais: Carteirinha de doador de órgãos: o que é, como e onde fazer?
A doação de órgãos é um processo altamente cuidadoso e existem critérios para proteger tanto os doadores quanto os destinatários, bem como para manter a integridade do processo de doação e transplante de órgãos.
Aqui estão alguns desses critérios que excluem certos indivíduos do processo de doação:
Pessoas com doenças infecciosas incuráveis, como algumas infecções virais crônicas, podem não ser elegíveis para doação de órgãos. Isso ocorre porque essas doenças podem ser transmitidas aos receptores do órgão, o que poderia colocar em risco a saúde dos receptores.
Indivíduos com câncer generalizado, onde a doença se espalhou por todo o corpo, normalmente são excluídos do processo de doação de órgãos, pois há o risco das células cancerígenas serem transmitidas juntamente com o órgão transplantado, comprometendo a saúde do receptor.
Leia mais: Câncer: causas, sintomas, exames, tratamento, tem cura?
Pessoas com doenças que afetaram significativamente o estado e a função dos órgãos não são consideradas doadoras ideais. A viabilidade e a qualidade do órgão a ser transplantado são fatores cruciais para o sucesso do transplante.
A doação de órgãos é um ato voluntário e altruísta que envolve decisões de grande impacto. Sem os familiares ou consentimento, pessoas com identidade desconhecida não são consideradas elegíveis para a doação de órgãos.
Isso visa proteger os direitos dos doadores e garantir que decisões importantes sejam tomadas de maneira consciente e informada.
Para garantir o consentimento adequado e ético, menores de 21 anos sem a autorização dos responsáveis. A exclusão de pessoas com identidade desconhecida ou menores de 21 anos do processo de doação de órgãos é uma medida cuidadosamente concebida para garantir a ética, transparência e a proteção dos direitos individuais.
A idade e a identidade de uma pessoa têm um impacto significativo na capacidade de compreender plenamente as implicações de uma decisão como a doação de órgãos.
O procedimento é a esperança para pessoas em circunstâncias de saúde extremamente frágeis. E o transplante não é apenas um tratamento, mas sim a possibilidade de uma vida plena e ativa.
Cada cirurgia de transplante é, essencialmente, a oportunidade de um recomeço, uma chance. A decisão do doador ou dos entes queridos, pode beneficiar não apenas uma, mas várias pessoas que aguardam por uma oportunidade de melhorar suas vidas.
É importante que a família esteja ciente da decisão de se tornar um doador. Essa discussão não apenas estabelece um vínculo de compreensão mas também de assegurar que a vontade da pessoa seja respeitada e efetivada no momento apropriado.
Para estimular a conscientização sobre a importância da doação de órgãos no dia 27 de setembro, o Brasil celebra o Dia Nacional da Doação de Órgãos, buscando informar a população sobre como se tornar um doador, quais são os procedimentos envolvidos e os benefícios que essa atitude pode trazer para quem necessita de um transplante.
A Lei nº 9.434/2007, regida pelo Decreto nº 9.175/2017, oferece uma base legal sólida que ampara os procedimentos, garantindo a segurança, a ética e a transparência em todo o processo.
Essa regulamentação proporciona uma estrutura para lidar com a doação de órgãos, promovendo assim uma sociedade mais solidária e comprometida com a saúde e bem-estar coletivos.
A carteirinha de doador de órgãos representa uma maneira palpável de expressar, enquanto estamos vivos, a intenção de destinar nossos órgãos ou tecidos para a realização de transplantes após o nosso falecimento.
Vários sites disponibilizam a opção de adquirir a carteirinha de maneira prática e rápida, permitindo que as pessoas formalizem sua decisão de doar de forma conveniente.
A praticidade é uma parte fundamental desse processo, uma vez que se busca remover barreiras e simplificar o ato de expressar essa escolha tão valiosa.
Ter a iniciativa de obter uma carteirinha ou conversar com os familiares sobre os desejos pessoais, demonstra o comprometimento com a solidariedade, o bem-estar coletivo e serve como exemplo inspirador para outros.
Acesse o site e as redes sociais do Minuto Saudável para mais informações relacionadas à saúde, remédios, exercícios físicos, cuidados preventivos e muito mais.
Kayo Vinicius Ferreira Forte
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