Após o nascimento de um bebê, a maior preocupação da família e também da equipe médica é garantir que ele esteja saudável e que terá condições para se desenvolver normalmente. Dessa forma, as primeiras 24 horas são cruciais para o recém-nascido, que é observado a todo momento e examinado para assegurar que tudo está bem.
Durante esse período, algumas crianças podem apresentar alterações que são consideradas comuns, por atingir a maior parte dos recém-nascidos, ou outras que são um pouco mais preocupantes e exigem tratamento.
Neste texto, iremos abordar uma dessas alterações, a Icterícia neonatal, que embora seja comum, pode comprometer a saúde do bebê.
Índice — neste artigo você vai encontrar:
A Icterícia Neonatal, também conhecida como amarelão, é um problema que faz com que as mucosas, olhos e pele dos recém-nascidos fiquem com a coloração amarelada. Em geral, a condição é considerada comum e na maioria dos casos não é grave.
O “amarelão” ocorre em função do aumento da taxa de bilirrubina na corrente sanguínea. Essa substância é encontrada na bile e permanece no organismo até ser eliminada na urina (por isso a coloração amarela da urina).
A icterícia costuma surgir após as primeiras 24 horas de vida do bebê e desaparece entre a primeira e a segunda semana após o nascimento. Entre os principais motivos para isso está a própria imaturidade do organismo do bebê. Mas, conforme os dias passam, a maioria dos quadros se resolve espontaneamente, sem necessidade de tratamento.
Porém, em alguns casos, pode se agravar e provocar complicações, por isso, o acompanhamento pediátrico é indispensável.
Quando especialistas julgam que o quadro é perigoso ou não vai passar sozinho, os tratamentos mais indicados costumam ser a fototerapia (expor a criança a luzes especiais), e a exsanguineotransfusão (em casos mais severos de icterícia).
A bilirrubina é produzida pelo organismo que tem cor amarelada, podendo levar à pigmentação da pele, olhos e mucosas (a chamada icterícia). A substância se forma em função da destruição dos glóbulos vermelhos, também chamadas de hemácias, que são células sanguíneas responsáveis pelo transporte de oxigênio para o organismo.
Um dos fatores que faz a icterícia neonatal ser comum é o tempo de vida das células. Em uma pessoa adulta, costuma ser de 120 dias, já nos recém-nascidos, o tempo varia entre 77 a 98 dias.
Como a bilirrubina é resultado da destruição das células, quanto mais rapidamente elas morrem, maior a concentração da substância no organismo.
Outro agravante é que para a substância ser metabolizada e eliminada, é necessário que ela passe por um longo percurso, mas que pode apresentar falhas (o que é muito normal em recém-nascidos). Assim, provoca-se o acúmulo de bilirrubina na corrente sanguínea do bebê.
A bilirrubina influencia diretamente no surgimento da icterícia neonatal, pois quando ela está em excesso no organismo do recém-nascido, acaba depositando-se na pele da criança.
Em geral, isso ocorre devido a algo interferir no processo de metabolização da substância, fazendo com que se torne inadequado ou incompleto.
De modo geral, a principal causa de icterícia neonatal é o acúmulo de bilirrubina na corrente sanguínea, caracterizando um quadro de hiperbilirrubinemia.
Esse acúmulo pode ocorrer de duas formas: pela produção excessiva da substância ou pela incapacidade de eliminação da mesma.
Dessa forma, alguns tratamentos podem ser iniciados para que o bebê tenha o nível adequado de bilirrubina na circulação sanguínea, que é entre 0,2mL a 1,1mL.
Esse resultado é a soma dos dois tipos de bilirrubina que estão no organismo da criança, a bilirrubina direta (também chamada de conjugada) e a indireta (não conjugada), ou seja, a que foi metabolizada pelo fígado e a que não foi.
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O recém-nascido pode ter icterícia neonatal devido a uma série de motivos, como doenças hereditárias, dificuldades na metabolização de diferentes substâncias, infecções, entre outros.
No entanto, há alguns fatores que influenciam e aumentam as chances do bebê desenvolver icterícia, eles são:
Um bebê é considerado prematuro quando seu nascimento ocorre antes do período normal de gestação, que é 37 semanas.
Nesse caso, é esperado que o recém-nascido apresente a doença, pois o fígado (assim como outros órgãos) não está desenvolvido o suficiente para conseguir metabolizar a bilirrubina.
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A incompatibilidade sanguínea ocorre quando o feto é portador do agente RH (positivo) enquanto a mãe é RH negativo.
Isso faz com que, durante a gestação, o organismo da mãe produza anticorpos para destruir o agente RH nas hemácias do bebê, pois ele entende que o RH é um invasor.
Para converter a hemoglobina presente nas hemácias que foram destruídas, a bilirrubina é produzida em grande quantidade, causando o “amarelão”.
Quando há incompatibilidade sanguínea na primeira gestação, os anticorpos produzidos contra o agente RH permanecem na corrente sanguínea, prontos para combater o “invasor”novamente.
Por isso, em caso de uma segunda gestação (que o feto possui RH diferente da mãe), o bebê tem maiores chances de desenvolver icterícia neonatal.
Filhos de mães que têm diabetes ou o desenvolvem durante a gestação (se não for controlada) apresentam maiores riscos de ter icterícia neonatal.
Acredita-se que as altas taxas de glicemia durante a gestação desencadeiam alterações na produção de hemácias, ou seja, há um aumento da produção células vermelhas pelo bebê.
Após o nascimento, o organismo começa a destruir esse excedente, fazendo com que seja liberada mais bilirrubina.
Embora ainda não se saiba a razão específica, a amamentação pode causar icterícia ou prolongar a duração da doença no bebê.
Especialistas acreditam que possa ser devido a propriedades químicas do leite ou pela falta de leite fornecido pela mãe ao bebê.
Por isso, é necessário observar o recém-nascido e as respostas fisiológicas que ele dá após ser amamentado.
Se sua pele e mucosas começarem a amarelar ou suas fezes ficarem esbranquiçadas ou amareladas demais, ele deve ser levado ao(à) pediatra o mais rápido possível.
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O diagnóstico da icterícia neonatal ocorre por meio da realização de exames físicos, pesquisas e exames laboratoriais que identificam a taxa de bilirrubina presente no sangue do bebê e a possível origem da doença.
Dentre esses modos de diagnósticos os mais comuns são:
A icterícia neonatal é preocupante quando ela não é considerada fisiológica, ou seja, devido a outras doenças ou anomalias. Entenda melhor as diferenças:
Para ser considerada fisiológica, a doença deve surgir entre 48 a 73 horas após o nascimento, ou seja, a partir do 3º dia de vida da criança e não deve durar mais de 2 semanas.
Quando a icterícia é tida como fisiológica, os riscos à saúde do bebê são menores, pois o quadro é reversível.
Provavelmente a doença foi desencadeada em razão de irregularidades na circulação hepática (fígado), que acabam provocando alteração na produção ou eliminação da bilirrubina.
A icterícia patológica surge nas primeiras 24 horas de vida do bebê e o nível de bilirrubina no sangue costuma a se elevar de maneira muito rápida.
Diferente da icterícia fisiológica, a patológica não desaparece em algumas semanas, sendo necessário além dos tratamentos comuns como a fototerapia e a exsanguineotransfusão, outros que consigam inibir a origem da icterícia.
Se não for diagnosticada e tratada a tempo, a icterícia neonatal patológica pode evoluir e prejudicar o desenvolvimento da criança.
A complicação mais severa que ocorre em virtude da icterícia por questões patológicas é a kernicterus.
O quadro é caracterizado pelo nível de bilirrubina na corrente sanguínea acima dos 25mg/dL (miligramas por decilitro) e o aparecimento de sintomas como sonolência, falta de apetite e baixa tonificação do tecido muscular do bebê.
Além desses sintomas, outros podem surgir ao longo dos meses se a taxa de bilirrubina não diminuir, como:
Caso o diagnóstico não seja realizado, a kernicterus pode fazer com que o bebê não consiga engatinhar, sentar e futuramente andar de maneira adequada. A criança também pode apresentar dificuldades de audição, visão e sofrer atraso mental.
Dessa forma, é de extrema importância levar o recém-nascido ao pediatra para que o diagnóstico seja feito e consequentemente o tratamento iniciado, pois esse é único meio de evitar o quadro de kernicterus.
Em geral, quando a icterícia é classificada como fisiológica, espera-se que ela desapareça com o passar dos dias, sem a necessidade de tratamentos especializados, pois trata-se de uma adaptação do organismo da criança.
No entanto, quando o caso é mais grave sendo caracterizado como patológico, tratamentos como a fototerapia e exsanguineotransfusão podem ser prescritos.
Eles funcionam da seguinte forma:
A fototerapia é uma forma de tratamento que consiste em expor o bebê às luzes especiais que atingem a estrutura do pigmento (bilirrubina). Isso para que ela seja destruída e o bebê consiga eliminá-la através da urina.
Para realizar a fototerapia, é colocada uma venda sob os olhos do bebê para que as luzes não danifiquem sua visão, em seguida, ele é colocado em um berço, debaixo de lâmpadas que estão entre 30cm e 50cm de sua pele. Ali, permanece pelo tempo definido pelo(a) pediatra.
Em geral, o tratamento fototerápico é prescrito por alguns dias, no entanto, tudo irá depender do quão alto estão os níveis de bilirrubina no organismo da criança.
A exsanguineotransfusão é um procedimento médico que consiste na substituição do sangue do bebê por outro que seja compatível com seu organismo.
Para que o tratamento seja eficiente, sangue que será utilizado deve ser constituído de glóbulos vermelhos colhidos a menos de 7 dias e o plasma que o constitui deve estar congelado.
É possível garantir que sangue está nessas condições por meio de exame laboratorial (hematócrito) que assegura a quantidade de glóbulos vermelhos presentes, o resultado deve ser de 45% à 50% para que a transfusão ocorra.
Todo o procedimento deve ser feito em um centro médico especializado para evitar complicações.
Sim, a icterícia neonatal pode ser evitada, principalmente durante os cuidados realizados no pré-natal.
Durante esse período de acompanhamento, diversos exames e tratamentos podem ser feitos com objetivo de assegurar o desenvolvimento do bebê na gestação e também para diminuir as chances da criança de ter icterícia.
Como, por exemplo, a aplicação de uma vacina especial (imunoglobulina anti-RH) para mães que apresentaram incompatibilidade sanguínea com o bebê.
Ela impede que os anticorpos presentes no organismo da mulher combatam o agente RH presente no feto. Em geral, é necessário uma dose na 28º semana de gestação e outra até 72 horas após o nascimento da criança.
Ademais, seguir as recomendações pediátricas após o nascimento do bebê, em relação à amamentação, banhos de sol, vacinas, entre outros é essencial para que o recém-nascido não apresente a doença (pelo menos não de maneira grave).
O cuidado com a saúde é importante em todas as fases da vida, em especial nos primeiros meses, já que os recém-nascidos são frágeis e necessitam de cuidados para que possam se desenvolver de maneira adequada e saudável.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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