Hemograma Completo: para que serve e valores de referência
Os exames ajudam a avaliar a saúde e são uma importante ferramenta para o diagnóstico de algumas alterações e doenças. O hemograma, por exemplo, é um bom exemplo disso.
Ele pode ser usado para detectar algumas condições específicas, como anemia, mas também ser um indicativo de outros quadros, que são confirmados com exames complementares.
Conheça mais sobre o hemograma e quais as suas indicações:
Índice — neste artigo você vai encontrar:
- O que é hemograma completo?
- Como é feito o hemograma?
- Quando o hemograma deve ser feito?
- Gestantes podem fazer o hemograma?
- Como se preparar e quais os cuidados após um hemograma?
- Resultados alterados do hemograma completo: o que podem indicar?
- Quais os valores de referência do hemograma completo?
- Riscos do hemograma
- Preço: quanto custa o hemograma completo?
O que é hemograma completo?
O hemograma completo é um tipo de exame de sangue feito para medir a saúde geral do organismo. É muito usado para diagnosticar distúrbios como anemia, doenças autoimunes e leucemia. O exame consiste na medição dos níveis de glóbulos vermelhos (hemácias), brancos (leucócitos) e plaquetas.
Trata-se de um dos tipos de exame de sangue mais pedidos pelos médicos nos exames de rotina. Isso porque ele avalia a saúde de um modo geral, calculando a quantidade e forma dos três tipos de células básicas presentes no sangue.
Os valores referência para o hemograma foram estabelecidos na década de 1960, baseados nos valores presentes em 95% da população mundial sadia. Entretanto, cerca de 5% das pessoas sem problemas de saúde podem ter níveis que destoam da referência.
Assim, variações pequenas, para mais ou para menos, não significam exatamente a presença de alguma doença. Assim, os resultados sempre devem ser avaliados por especialistas, levando em consideração o quadro clínico geral.
Quais são as células básicas presentes no sangue?
As células analisadas pelo hemograma são as três principais presentes no sangue, são elas:
- Hemácias: glóbulos vermelhos, responsáveis pelo transporte de oxigênio pelo organismo;
- Leucócitos: glóbulos brancos, responsáveis pelo sistema de defesa do organismo, auxiliam no combate a infecções;
- Plaquetas: fragmentos de células que são produzidos na medula óssea, responsáveis pela coagulação do sangue.
Como é feito o hemograma?
O exame de hemograma é feito em um hospital ou laboratório por profissionais de enfermagem. Sua realização se assemelha a qualquer outro tipo de exame de sangue.
Geralmente, a pessoa fica sentada e o garrote (elástico) é preso em seu braço para interromper o fluxo sanguíneo. Assim, as veias ficam mais largas e aparentes, o que facilita a coleta. É feita a assepsia (limpeza que elimina possíveis microrganismos) da área do braço a ser perfurada e uma agulha perfura a veia do(a) paciente.
O sangue é coletado na seringa ou tubo. Depois, o elástico é removido e uma gaze é pressionada para impedir o sangramento. Assim que a gaze for retirada, é colocada uma bandagem.
Quando o hemograma deve ser feito?
Geralmente o hemograma é pedido como um exame de rotina para verificar a saúde geral do organismo. Ele pode ser feito como parte do acompanhamento médico, a cada 6 meses ou conforme orientação médica.
Entretanto, também pode ser solicitado para diagnosticar alguma condição específica, como asma. Ou, ainda, é útil para avaliar as causas de alguns sintomas. Por exemplo, é comum que pacientes apresentem cansaço extremo quando estão com quadros de anemia. Dessa forma, o hemograma auxilia a confirmar ou descartar possíveis alterações.
Além disso, o exame também pode ser feito para verificar se o corpo está reagindo bem a um tratamento medicamentoso ou de radiação, se os valores de células estão normais, antes de uma cirurgia ou para analisar a quantidade de sangue perdida em uma hemorragia.
Gestantes podem fazer o hemograma?
Sim! Não existe qualquer contraindicação para esse exame, pois é feito somente com a coleta do sangue. Portanto, qualquer um pode fazê-lo, inclusive gestantes.
Como se preparar e quais os cuidados após um hemograma?
De forma geral, recomenda-se que a última refeição seja feita entre 8 e 12 horas antes do hemograma. Além disso, pode ser ideal evitar exercícios físicos intesos e bebidas alcoólicas nas 48 horas antes do exame.
Alguns exames que envolvem uso de iodo ou contraste podem afetar o resultado, mas é comum que o próprio laboratório dê orientações quanto a isso.
Resultados alterados do hemograma completo: o que podem indicar?
O hemograma completo sempre vem com uma tabela de referência dada pelo próprio laboratório. Isso é importante, pois os valores podem variar. No entanto, identificar alguma alteração não significa que há algo errado.
Por ser um exame complexo, com várias avaliações, os resultados não podem ser analisados isoladamente. Ou seja, cada valor precisa ser considerado em relação aos demais resultados, bem como o quadro clínico de cada paciente.
O exame é realizado em três etapas, chamadas eritrograma, leucograma e plaquetas. Tais etapas analisam as seguintes características:
- Contagem de Leucócitos: neutrófilos, linfócitos, monócitos e basófilos;
- Contagem de Hemácias;
- Hemoglobina;
- Hematócrito;
- VGM (Volume Corpuscular Médio);
- HGM (Hemoglobina Corpuscular Média);
- Concentração de CHCM (concentração de hemoglobina corpuscular média);
- RDW;
- Contagem de Plaquetas;
- MPV.
Eritrograma
É a primeira etapa de análise do exame, nela são analisados os valores dos glóbulos vermelhos.
Hemácias
Os valores baixos de hemácia podem indicar casos de anemia normocítica, um tipo que apresenta hemácias de tamanho normal com pouca produção celular.
Entre as possíveis causas estão:
- Traumatismo;
- Deficiências enzimáticas;
- Deficiência nutricional
- Lesões da medula óssea;
- Doenças inflamatórias crônicas.
Já valores altos são denominados eritrocitose e podem significar policitemia, o oposto da anemia. Nesse caso, a espessura do sangue pode aumentar, reduzindo a velocidade da circulação. Entre as possíveis causas estão:
- Policitemia vera;
- Perda de água;
- Tumores produtores de eritropoietina.
Hemoglobina
A hemoglobina é uma proteína presente nas hemácias, responsável por pigmentar o sangue e transportar o oxigênio pelo corpo. Quando seus valores estão baixos, as causas podem ser:
- Cirrose;
- Leucemia;
- Insuficiência renal;
- Porfiria;
- Hemorragia;
- Deficiência de ferro e vitaminas;
- Uso de alguns medicamentos, como para o tratamento de AIDS e câncer
Os valores altos podem ser causados por condições como:
- Desidratação;
- Enfisema pulmonar;
- Policitemia;
- Tumor nos rins;
- Uso de tabaco;
- Uso de anabolizantes.
Hematócrito
O Hematócrito representa a porcentagem de sangue ocupada pelas hemácias, por exemplo, caso apareça como 40%, significa que 40% do sangue do paciente é composto de hemácias.
Quando os Hematócrito está baixo, geralmente é um indicativo de alteração na quantidade de hemácias ou hemoglobina. Entre as possíveis causas estão:
- Anemia;
- Hemorragia;
- Leucemia;
- Desnutrição;
- Carência de vitamina B12, ferro ou ácido fólico.
Valores altos indicam o aumento da quantidade de hemácias e hemoglobina no sangue. Em geral, esse quadro pode estar relacionado à desidratação, mas também pode incluir:
- Doenças pulmonares;
- Doenças cardíacas congênitas;
- Policitemia;
- Baixa concentração de oxigênio no sangue.
VCM
Auxilia na análise do tamanho das hemácias e possibilita o diagnóstico de anemia.
O VCM alto é indicativo de que as hemácias estão maiores do que o normal (hemácias macrocíticas). Nesses casos, as causas podem ser:
- Anemia megaloblástica;
- Anemia perniciosa;
- Consumo exagerado de álcool;
- Síndromes mielodisplásicas;
- Hipotiroidismo;
- Hemorragias.
Já os valores baixos de VCM indicam que as hemácias apresentam um tamanho menor do que o normal (hemácias microcíticas). Entre as possíveis causas estão:
- Anemia por falta de ferro;
- Uremia;
- Infecções crônicas;
- Talassemia menor.
HCM
Valores elevados de HCM indicam que a hemoglobina está mais elevado dentro das hemácias, fazendo com que ela fiquem mais escuras (quadro chamado de hipercromia). Entre as possíveis causas estão:
- Doença hepática crônica;
- Deficiência de ácido fólico.
- Consumo exagerado de álcool;
- Deficiência de vitamina B12;
- Mielodisplasia;
- Esferocitose;
- Hipotireoidismo.
Já quando o HCM está baixo, indica-se que há menos hemoglobina dentro das hemácias, de forma que elas ficam mais claras (quadro chamado de hipocromia). Entre as possíveis causas estão:
- Artrite reumatoide;
- Anemia ferropriva;
- Anemia falciforme;
- Anemia sideroblástica;
- Talassemia.
CHCM
O CHCM é a concentração média da hemoglobina nas hemácias. Nos resultados, pode aparecer como hipocrômica, indicando pouca hemoglobina nas hemácias, sendo que as possíveis causas incluem:
- Anemias;
- Cirrose;
- Leucemia;;
- Insuficiência renal;
- Hipotireoidismo;
- Distúrbios na coagulação do sangue;
- Uso de alguns medicamentos, como para tratamento da AIDS.
Quando o CHCM está elevado, denomina-se hipercrômica, indicando níveis de hemoglobina além do normal. Os possíveis casos mais comuns incluem:
- Consumo exagerado de álcool;
- Alterações na tireoide.
RDW
O RDW é um índice que avalia a diferença de tamanho entre as hemácias. Quando elevado pode significar problema na morfologia dessas células.
Seu valor elevado pode aparecer, por exemplo, por carência de ferro, pois a falta desse elemento impede a formação da hemoglobina de forma normal, reduzindo o tamanho da hemácia.
Já quando os resultados são baixos, as possíveis causas podem ser algum doença crônica, como doenças do fígado ou problemas renais.
Leucograma
A segunda etapa de análise do exame representam os valores de glóbulos brancos.
Leucócitos
Os valores altos de leucócitos são denominados leucocitose e representam, geralmente, uma infecção. Níveis extremamente altos podem indicar uma leucemia e, nesses casos, os valores chegam a ultrapassar 50 mil cel/mm3.
Já valores baixos, quadro chamado de leucopenia, pode indicar depressão da medula óssea, causada por uma infecção viral ou reações tóxicas.
Divididos em cinco tipos no hemograma, os valores dos leucócitos auxiliam a compreender e diagnosticar doenças infecciosas e hematológicas. Seus tipos são:
- Basófilos: encontrado somente até 1% em pacientes considerados saudáveis, acima desse valor pode indicar processos alérgicos;
- Eosinófilos: quando seus valores estão elevados, indica casos de processos alérgicos ou parasitose;
- Neutrófilos: mais encontrada em adultos, seu valor alto pode indicar infecções bacterianas ou virais;
- Linfócitos: predominante em crianças, quando é presente, em alto nível, em adultos, pode indicar infecções virais ou, em casos mais raros, leucemia. Essa célula pode ser afetada pelo vírus HIV, por esse motivo a AIDS causa imunossupressão (enfraquecimento do sistema imunológico);
- Monócitos: seus valores altos indicam infecções virais, porém seu nível pode aumentar após quimioterapias.
Leia mais: Eosinófilos altos: o que significa?
Plaquetas
As plaquetas, como previamente explicado, são fragmentos de células responsáveis pela coagulação do sangue. Quando um tecido é lesado, as plaquetas são encaminhadas para o lugar da lesão, agrupando-se como uma forma de tampão, que permite que o ferimento estanque sem perder muito sangue.
Valores de plaqueta muito abaixo dos normais, denominado trombocitopenia, podem representar risco de morte, já que o paciente fica suscetível a sangramentos espontâneos. Seus valores altos são chamados de trombocitose.
Os valores considerados normais variam entre 150 a 450 mil por microlitro, porém com valores próximos a 50 mil, o organismo não apresenta dificuldades em iniciar a coagulação.
Quais os valores de referência do hemograma completo?
Os valores referência de cada célula analisada pode variar de laboratório para laboratório, apesar serem valores próximos. Geralmente aparecerá, no resultado, os valores que foram considerados normais, junto aos valores destinados ao paciente.
Entretanto, pode-se tomar como base os seguintes valores de:
Eritrócitos, hemoglobina e hematócrito
Os valores referência geralmente são:
Eritrócitos (milhões/mm³) | Hemoglobina (g/100mL) | Hematócrito (%) | |
Recém nascidos | 4 – 5,6 | 13,5 – 19,6 | 44 – 62 |
Crianças (3 meses) | 4,5 – 4,7 | 9,5 – 12,5 | 32 – 44 |
Crianças (1 ano) | 4 – 4,7 | 11 – 13 | 36 – 44 |
Crianças (10 a 12 anos) | 4,5 – 4,7 | 11,5 – 14,8 | 37 – 44 |
Mulheres (gestantes) | 3,9 – 5,6 | 11,5 – 16 | 34 – 47 |
Mulheres | 4 – 5,6 | 12 – 16,5 | 35 – 47 |
Homens | 4,5 – 6,5 | 13,5 – 18 | 40 – 54 |
Volume corpuscular médio (VCM), hemoglobina corpuscular média (HCM) e concentração da hemoglobina corpuscular (CHbCM)
Os valores em geral são:
Idade | VCM (µ³) | HbCM (pg) | CHbCM (%) |
Crianças (3 meses) | 83 – 110 | 24 – 34 | 27 – 34 |
Crianças (1 ano) | 77 – 101 | 23 – 31 | 28 – 33 |
Crianças (10 a 12 anos) | 77 – 95 | 24 – 30 | 30 – 33 |
Mulheres | 81 – 101 | 27 – 34 | 31,5 – 36 |
Homens | 82 – 101 | 27 – 34 | 31,5 – 36 |
Plaquetas
Em média, a referência das plaquetas é de:
150.000 a 400.000 (µl) |
Série branca ou leucócitos
A série branca, ou também leucócitos, tem os seguintes valores de referência:
Leucócitos total | 4.000mm³ – 10.000mm³ |
Eosinófilos | 1% – 5% |
Basófilos | 0% – 2% |
Linfócitos | 20% – 40% |
Monócitos | 2% – 10% |
Neutrófilos | 45% -75% |
Riscos do hemograma
Os riscos de um exame de hemograma completo são quase inexistentes e extremamente raros. Em pessoas saudáveis, pode ficar um hematoma na região onde o sangue foi coletado e, em alguns casos, a veia também pode ficar inchada. Para reduzir o inchaço, basta fazer compressas geladas várias vezes ao dia.
Caso o paciente utilize medicamentos anticoagulantes ou tenha problemas de coagulação, pode ocorrer sangramento contínuo após a coleta. Nesses casos, o profissional da saúde deve ser avisado antes do exame.
Preço: quanto custa o hemograma completo?
O exame de hemograma completo pode ser feito em clínicas particulares ou pelo SUS. No primeiro caso, o exame particular fica na faixa de R$40 a R$70, podendo variar conforme a região e laboratório. Pacientes podem fazer o exame por meio de programas de preço popular, que dão descontos que podem chegar à metade do valor.
Planos de saúde costumam cobrir o exame, mas ele também pode ser feito pelo SUS, gratuitamente. Neste último caso, é necessários ter uma requisição de um médico ou médica do SUS.
O hemograma completo é um exame de sangue, mais comumente pedido como exame de rotina, que analisa a saúde do paciente de forma geral.
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