Gravidez

Depressão pós-parto: o que é, como acontece e o que fazer?

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 12/07/2022Última atualização: 12/07/2022
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 12/07/2022Última atualização: 12/07/2022
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A gravidez traz uma série de mudanças no corpo e na vida da mulher, isso tudo somado às variações hormonais impacta diretamente na saúde mental, o que é normal. No entanto, é importante saber reconhecer alguns sinais de alerta, quando é preciso buscar ajuda e os sintomas podem indicar uma depressão pós-parto.

Pensando nisso, o Minuto Saudável entrevistou nosso psiquiatra parceiro, o Dr. Emerson Barbosa, para esclarecer as principais dúvidas sobre a condição, suas causas e tratamento. Então, confira a seguir! 

O que é depressão pós-parto? 

“O nome mais utilizado hoje em dia é depressão com início no periparto, pois cerca de 50% dos casos começa antes do nascimento do bebê. Além disso, para ser considerada uma depressão pós-parto/periparto, os sintomas devem ter início em até 4 semanas após o parto”, explica o médico.

A doença é muito comum no Brasil e, segundo um levantamento da Fundação Oswaldo Cruz (FioCruz), mais de 25% das gestantes apresentam sintomas de depressão pós-parto.

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O que causa a depressão pós-parto?

“Dos transtornos de humor, a depressão pós-parto ou periparto é a condição médica que melhor se conhece os fatores etiológicos (as causas), pois sabemos que condições psicossociais (como suporte familiar) influenciam de maneira importante, além de mudanças hormonais (redução do hormônio alopregnanolona). Mesmo assim, não podemos apontar uma ou duas causas por se tratar de um transtorno complexo de múltiplos fatores”. 

Para identificar as possíveis causas do quadro, é importante entender, portanto, o contexto de cada paciente, o que vai permitir também avaliar os sintomas e qual a melhor opção de tratamento. 

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Quais sintomas a mãe apresenta?

Na verdade, a depressão (peri) pós-parto é um especificador do transtorno depressivo maior e apresenta os mesmo sintomas do quadro, com a diferença de que se inicia durante a gravidez ou até 4 semanas após o parto e inclui especificidades em relação ao bebê, por exemplo:

  • Tristeza e melancolia intensa;
  • Perda de interesse em atividades que gosta e nas atividades básicas do dia a dia;
  • Problemas com o sono (dormir muito mais que o habitual ou ter problemas como insônia);
  • Ansiedade, inquietação, sentimentos de desespero e dificuldade de concentração;
  • Desconexão com o bebê;
  • Pensamentos suicidas e/ou vontade de fazer mal para si ou para o bebê;
  • Alucinação ou delírio; entre outros.

Além disso, a presença de sintomas psicóticos deve ser considerada um fator de gravidade, pois pode colocar a vida da mãe e/ou do bebê em risco.

Como tratar uma mãe com depressão pós-parto?

Durante os períodos da gestação e da amamentação há uma série de restrições quanto ao uso de medicamentos e com os antidepressivos não é diferente. Isso porque muitos deles representam potencial risco ao desenvolvimento do bebê.

“Nos Estados Unidos, já está aprovado desde 2019 um tratamento hospitalar específico para depressão pós-parto: a brexanolona, que atua como um equivalente e faz a reposição do hormônio alopregnanolona”. Contudo, o medicamento ainda não está disponível, nem aprovado no Brasil.

Assim, “outras opções são os antidepressivos, antipsicóticos e estabilizadores de humor usados no tratamento das depressões uni e bipolares além de métodos não-farmacológicos, como a estimulação magnética transcraniana (EMTr), eletroconvulsoterapia e a psicoterapia”, destaca Barbosa.

Vale destacar que é possível encontrar profissionais da saúde mental na rede privada (por planos de saúde ou atendimento particular) e também fazer o tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS), tanto ao longo do pré-natal, quanto durante o acompanhamento ao longo do puerpério. 

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Quanto tempo após o parto a mãe pode apresentar depressão?

Até 4 semanas após o nascimento do bebê é considerada depressão pós-parto. Após esse período, os sintomas são classificados como de outros tipos de depressão e também precisam de tratamento específico.

depressão pós-parto acontece até 4 semanas após o nascimento do bebê

Leia também: Tipos de depressão: diferenças dos sintomas e manifestações | MS 

Tem algum fator de risco que contribui para o surgimento?

“Ter apresentado episódio depressivo uni ou bipolar anteriormente ou ter familiares portadores de transtorno bipolar são fatores de risco bem conhecidos que aumentam a chance de acontecer depressão pós-parto. Além disso, gestantes que tiveram sintomas de humor e ansiedade durante a gravidez e baby blues também têm um risco maior de ter depressão pós-parto”.

Acontece apenas na primeira gestação?

“O risco é maior em mulheres que estão gestando pela primeira vez”, explica o psiquiatra, mas todas as mulheres (mesmo as que já possuem filhos) estão suscetíveis ao desenvolvimento do quadro. 

Tem como prevenir a depressão pós-parto?

Não parecem haver fatores protetores modificáveis para este transtorno, portanto não é possível atuar na prevenção de maneira assertiva. Mesmo assim, hábitos e um contexto familiar saudáveis podem ajudar ao longo da gestação, como:

  • Pré-natal adequado, com suporte profissional;
  • Apoio familiar e vínculos que fortaleçam a questão socioemocional;
  • Alimentação equilibrada com nutrição adequada para mãe e bebê;
  • Não ingerir bebidas alcoólicas, drogas ou mesmo medicamentos sem recomendação médica;
  • Praticar atividade física leve regularmente;
  • Fazer psicoterapia, se possível.

_________________________

Quanto antes a mãe procurar acompanhamento com psicólogo (a) e psiquiatra para tratar a depressão pós-parto, mais cedo poderá iniciar o tratamento e ter mais qualidade de vida para aproveitar a maternidade. 

Por isso, se você se identificou com o conteúdo do artigo, busque suporte profissional e cuide da sua saúde! Siga acompanhando o Minuto Saudável para ler mais sobre saúde e bem-estar.  

Fontes consultadas: 

  • Dr. Emerson Barbosa: Graduado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná. Especialista em Sexualidade Humana e em Estimulação Magnética Transcraniana, ambas pela Universidade de São Paulo (USP). Especialista em Terapia Cognitivo Comportamental pelo Instituto Paranaense de Terapia Cognitiva (IPTC). Diretor clínico do Instituto de Psiquiatria do Paraná (IPP);
  • Depressão pós-parto acomete mais de 25% das mães no Brasil — Fundação Oswaldo Cruz;
  • Depressão pós-parto — Ministério da Saúde.
Imagem do profissional Emerson Barbosa
Este artigo foi escrito por:

Dr. Emerson Barbosa

CRM/PR: 25901CompletarLeia mais artigos de Dr. Emerson
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