A vasectomia é um procedimento que envolve a realização de uma pequena cirurgia para esterilização do sexo masculino, ou seja, é uma operação indicada para pessoas que definitivamente não desejam ter filhos. Este é um dos métodos contraceptivos mais seguros e tem ganho ainda mais adeptos nos últimos anos.
Um levantamento apontou que a procura pelo procedimento subiu mais de 40% no período de 2011 a 2018, números que têm crescido novamente, como no estado do Paraná que, em 2022, registrou o maior número de esterilizações (femininas e masculinas) desde 2007. A tendência, inclusive, tem se mostrado internacional.
Apesar de simples e segura, a vasectomia ainda é envolta por dúvidas, mitos e tabus que dificultam o acesso ao conhecimento. Portanto, continue lendo o nosso artigo para saber mais sobre esse tipo de cirurgia!
Índice — Neste artigo, você encontrará as seguintes informações:
A vasectomia é um procedimento cirúrgico simples e semi-permanente de esterilização. Em alguns casos, a reversão pode ser possível, mas, mesmo assim, a cirurgia é considerada um método contraceptivo permanente, uma vez que o canal que conecta os testículos à uretra é cortado, impedindo que os espermatozoides se juntem ao sêmen.
Dessa forma, a ejaculação é estéril, ou seja, sem a presença de gametas masculinos (espermatozoides), o que torna praticamente impossível uma fecundação por métodos reprodutivos naturais.
A vasectomia não impede que o homem ejacule ou tenha ereções — portanto, não afeta o desempenho sexual, um dos principais tabus que envolvem o procedimento. Existem muitos relatos e falsos relatos que ajudam a lançar dúvidas sobre o processo, mas pesquisas demonstram que, entre os diversos métodos, a vasectomia é um dos que apresentam menos efeitos colaterais.
Há alguns anos, dizia-se que o procedimento era irreversível. Com tecnologias atuais, que podem incluir até mesmo cirurgias robóticas, a maioria dos casos — cerca de 90% deles — pode ser revertido. Ainda assim, o procedimento é tratado como permanente devido à impossibilidade de prever se será reversível ou não.
Leia também: Métodos contraceptivos: conheça os principais e as vantagens
A vasectomia pode ser realizada pelo urologista e é um procedimento simples e rápido.
O sêmen é composto por três componentes. Um líquido que é secretado pela próstata (um órgão que fica abaixo da bexiga, próximo ao final do reto), outro líquido secretado pela vesícula ou glândula seminal (que se localiza atrás da próstata) e finalmente por espermatozoides, produzidos pelos testículos.
Os líquidos que vêm da vesícula seminal e da próstata servem para proteger os espermatozoides durante sua viagem pelo sistema reprodutor feminino, que é hostil às células reprodutoras masculinas por conta de sua acidez (pH).
O processo começa nos testículos, que levam os espermatozoides até a próstata pelo ducto deferente, um canal que liga os dois órgãos. Lá, a mistura com o resto dos líquidos acontece.
A vasectomia é o procedimento de corte do ducto deferente, cirurgia considerada levemente invasiva, realizada por meio de um corte pequeno na pele do testículo, por onde o vaso é puxado e cortado. As pontas do vaso podem ser amarradas, cauterizadas ou passar por outros procedimentos para que não se unam espontaneamente.
O processo é repetido no outro testículo e, então, o corte é fechado. A cirurgia é feita com anestesia local ou sedação, e não há necessidade de deixar o paciente inconsciente. Geralmente, o(a) paciente recebe alta e pode ir para casa no mesmo dia.
Com o corte feito e com o canal interrompido, os espermatozoides não conseguem seguir o caminho até a próstata. Os demais líquidos do sêmen, no entanto, são estéreis e continuam sendo normalmente expelidos.
Mesmo após o ducto deferente ser cortado, os testículos continuam produzindo espermatozoides. Com o tempo, eles se acumulam no ducto cortado, onde acabam morrendo e sendo eliminados pelo organismo, processo que é imperceptível, não causando dor ou incômodo para o(a) paciente.
Legalmente, no Brasil, a cirurgia de esterilização voluntária, seja para homens ou mulheres (laqueadura), agora pode ser realizada por quem tem mais de 21 anos ou tem pelo menos dois filhos vivos, além dos casos em que há risco à vida ou à saúde da gestante ou do bebê (lei número 9263/96).
Também existe a necessidade de haver pelo menos 60 dias entre a manifestação do desejo de realizar a vasectomia e a execução do procedimento, medida que busca evitar a esterilização precoce e o arrependimento.
Leia também: Novas regras para laqueadura e vasectomia: saiba o que muda
Depende, pois é preciso considerar a rotina do(a) paciente e os tipos de atividades que pratica.
Entretanto, algumas atividades podem exigir um pouco mais de cuidado. De modo geral, recomenda-se repouso por pelo menos 48 horas antes de fazer esforços leves ou retomar normalmente a rotina de trabalho. Se precisar fazer mais força, recomenda-se esperar em torno de 5 dias.
A recuperação da cirurgia pode ser dolorida. A bolsa escrotal pode apresentar dor e inchaço devido ao corte, mas esses sintomas devem passar em aproximadamente 7 dias. Em caso de inchaço, recomenda-se a aplicação de gelo na região escrotal por um período de 8 a 12 horas após a operação.
Recomenda-se esperar pelo menos 7 dias antes de praticar relações sexuais, pois este é o tempo médio para que o ducto deferente cicatrize.
É importante lembrar que, mesmo após a cirurgia, espermatozoides antigos podem estar armazenados na vesícula seminal ou na próstata. Por isso, o mais adequado é esperar ao menos 30 dias para não ter risco de gravidez ou fazer uso de outros contraceptivos até que o(a) urologista determine a eficácia do procedimento realizado.
Para garantir que a capacidade reprodutiva da pessoa foi realmente interrompida, o profissional de saúde deve pedir exames como o espermograma, capaz de identificar a presença ou ausência de gametas no esperma.
Existem diversas vantagens no procedimento da vasectomia. Algumas delas são:
A principal vantagem da vasectomia é a elevada segurança. As chances de gravidez após uma vasectomia são praticamente nulas. Enquanto o preservativo tem 98% de eficácia, a vasectomia alcança 99,86% de eficácia no primeiro ano.
Ainda que 1,86% de diferença não pareça muito, o importante é olhar o quanto sobra. Com a camisinha, existem 2% de chance de gravidez. Com a vasectomia essa chance cai para apenas 0,14%. As chances são mais do que 10 vezes menores. E isso é em relação ao primeiro ano após a cirurgia. Quanto mais tempo passa, mais segura ela fica.
Contudo, é importante destacar que eventualmente a vasectomia pode falhar, ocorrendo uma gravidez. Ainda que a probabilidade seja bastante baixa, esses casos raros são possíveis e o paciente precisa estar ciente disso.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) entende que o planejamento familiar é um direito humano. A maioria dos métodos contraceptivos, no entanto, apresentam efeitos colaterais indesejáveis, como os anticoncepcionais, por exemplo.
Por isso, a vasectomia tem sido procurada por pessoas que já definiram seu desejo de não ter (mais) filhos e que procuram métodos seguros para garantir a realização dessa decisão.
O procedimento tem suas desvantagens. Algumas delas são:
Apesar de a irreversibilidade da vasectomia não ser mais uma realidade como no passado, ainda existem casos em que ela não pode ser realizada. Além disso, o procedimento de reversão é difícil, caro e não é ofertado pelo SUS, diferente da vasectomia em si, que pode ser realizado por meio do sistema público.
Diferente do preservativo, a vasectomia não oferece proteção contra ISTs. O método é eficaz para impedir a gravidez e apenas para isso. Portanto, mesmo que você tenha feito uma vasectomia, o uso de preservativos continua sendo recomendado como principal forma de evitar infecções como AIDS, gonorreia e outros.
Leia também: IST: tipos, sintomas, exames, prevenção, tem cura?
Complicações são raras na vasectomia, não ultrapassando 3% de todos os casos cirúrgicos. Ainda assim, como cada corpo é único, algumas pessoas poderão sentir sintomas inesperados, geralmente associadas ao corte e não ao procedimento como um todo.
A literatura médica aponta os seguintes sinais como possíveis complicações da vasectomia:
A operação pode ser realizada, por meio do SUS, gratuitamente. Em clínicas particulares, o preço pode variar conforme a região e a clínica escolhida. Em média, o procedimento costuma custar entre R$ 1.000 e R$ 3.000.
Não. O único efeito da cirurgia é a infertilidade. Quando o procedimento é realizado adequadamente, por um bom profissional, não existe o risco de impotência.
Leia também: Disfunção erétil: o que é, sintomas, causas, remédios e mais
Não. Os hormônios produzidos pelos testículos vão para a corrente sanguínea diretamente por meio vasos sanguíneos do órgão e não dependem do ducto deferente para isso.
Estudos apontam que não, a vasectomia não aumenta o risco de câncer. No entanto, caso receba o diagnóstico de alguma condição que afete o sistema reprodutor, converse com seu(a) urologista para saber se existe a possibilidade de haver alguma interação com a vasectomia.
Não. A maioria da composição do sêmen vem da próstata e da vesícula seminal. Existe a possibilidade de a textura do sêmen estar levemente diferente, um pouco mais líquida, mas a diferença é pequena.
A vasectomia é um método contraceptivo e de controle familiar simples, seguro e com baixas probabilidades de complicações. Embora esteja envolta por diversos mitos e tabus, a cirurgia de esterilização masculina tem sido cada vez mais procurada no Brasil.
Para saber mais sobre saúde, procedimentos, exames e medicamentos, continue acompanhando os artigos do Minuto Saudável e siga nossos perfis nas redes sociais.
Rafaela Sarturi Sitiniki
Compartilhe
Somos uma empresa do grupo Consulta Remédios. No Minuto Saudável você encontra tudo sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e muito mais. Tenha acesso a informações claras e confiáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.