A vasectomia tem sido uma opção cada vez mais comum — entre 2011 e 2017, houve um aumento de cerca de 42% na quantidade de cirurgias realizadas, considerando o SUS e a rede privada.
O aumento expressivo tem suas vantagens: um procedimento simples e rápido para resolver de vez as preocupações com a gravidez indesejada. E, melhor, seguro e sem contraindicações.
Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:
- O que é a vasectomia?
- Cirurgia de vasectomia: como funciona?
- O que acontece com os espermatozoides?
- Quem pode fazer a vasectomia?
- Pós-operatório: qual o tempo de recuperação da cirurgia?
- Quanto tempo após a vasectomia pode ter relação?
- Vantagens da vasectomia
- Desvantagens da vasectomia
- Vasectomia pelo SUS
- Riscos da vasectomia
- Preço: quanto custa uma vasectomia?
- Qual a eficácia da vasectomia?
- Vasectomia é reversível?
- Vasectomia pode falhar?
- Perguntas frequentes
O que é a vasectomia?
A vasectomia é um procedimento cirúrgico simples e semi-permanente de esterilização. Em alguns casos existe reversão, mas por segurança, a cirurgia é considerada um método contraceptivo permanente que corta o canal que conecta os testículos com a uretra, impedindo assim que os espermatozoides se juntem ao sêmen.
Dessa forma, não é possível que ocorra a gravidez mesmo sem outros métodos contraceptivos.
A vasectomia não impede que o homem ejacule ou tenha ereções — portanto, não afeta o desempenho sexual. Ela simplesmente inviabiliza o transporte de espermatozoides. Também por isso é importante apontar que, apesar de extremamente eficaz para evitar a gravidez, a vasectomia não impede a transmissão de infecções sexualmente transmissíveis (IST).
Até alguns anos atrás, dizia-se que o procedimento era irreversível. Com tecnologias atuais, a maioria dos casos — cerca de 90% deles — pode ser revertido. Entretanto, como em alguns isso não é possível, o mais inteligente é tratar o procedimento como permanente.
Isso é pertinente, inclusive, pois o religamento do canal pode ser caro e trabalhoso, além de exigir nova cirurgia.
Cirurgia de vasectomia: como funciona?
A vasectomia pode ser realizada pelo urologista e é um procedimento simples e rápido.
O sêmen é composto por três componentes. Um líquido que é secretado pela próstata (um órgão que fica abaixo da bexiga, próximo ao final do reto), um outro líquido secretado pela glândula seminal (que se localiza atrás da próstata) e finalmente por espermatozoides, produzidos pelos testículos.
Os líquidos que vêm da glândula seminal e da próstata servem para proteger os espermatozoides durante sua viagem pelo sistema reprodutor feminino, que é hostil às células reprodutoras masculinas por conta de sua acidez (pH).
O processo começa nos testículos, que levam os espermatozoides até a próstata pelo ducto deferente, um canal que liga os dois órgãos. Lá a mistura com o resto dos líquidos acontece.
A vasectomia é o procedimento de corte do ducto deferente. A cirurgia é levemente invasiva. Um corte pequeno é feito na pele do testículo, por onde o vaso é puxado e cortado. As pontas do vaso podem ser amarradas, cauterizadas ou outros procedimentos podem ser realizados para evitar que elas se unam espontaneamente.
O processo é repetido no outro testículo e então o corte é fechado. A cirurgia é feita com anestesia local ou sedação e não há necessidade de deixar o paciente inconsciente.
Com o corte feito, os espermatozoides não conseguem seguir o caminho até a próstata, mas o resto dos líquidos do sêmen consegue seguir o caminho pela uretra.
O que acontece com os espermatozoides?
Mesmo depois de o ducto deferente ser cortado, os testículos continuam produzindo espermatozoides. Eles se acumulam dentro do ducto cortado e a pressão faz com que a produção pare.
Depois disso, os espermatozoides são destruídos pelo sistema imunológico e reabsorvidos.
Quem pode fazer a vasectomia?
Legalmente, no Brasil, a cirurgia de esterilização voluntária, seja para homens ou mulheres (laqueadura), só pode ser realizada por quem tem mais de 25 anos ou já tem pelo menos dois filhos vivos, ou quando há risco à vida ou à saúde da mulher ou do bebê (lei número 9263/96).
Legalmente também existe a necessidade de haver pelo menos 60 dias entre a manifestação do desejo de realizar a vasectomia e o procedimento, buscando o evitar a esterilização precoce e o arrependimento
Quanto a contraindicações, elas não existem. A vasectomia é um procedimento simples e pouco invasivo. Seu único efeito é a criação de uma barreira física para os espermatozoides, portanto não há nenhuma situação em que ela é especificamente contraindicada.
Pós-operatório: qual o tempo de recuperação da cirurgia?
Depende de qual é a sua intenção. É possível que o homem volte para o trabalho no mesmo dia já que a cirurgia é extremamente simples e pouco invasiva. Entretanto, algumas atividades podem exigir um pouco mais de repouso e as recomendações médicas são outras.
Mas a recomendação geral é que se você precisa fazer esforços leves ou ir para o trabalho, é bom esperar ao menos 48 horas. Se precisar fazer força, recomenda-se esperar em torno de 5 dias.
A recuperação da cirurgia pode ser dolorida. A bolsa escrotal pode apresentar dor e inchaço devido ao corte, mas esses sintomas devem passar em aproximadamente 7 dias. Recomenda-se repouso e seguir as instruções do médico.
Quanto tempo após a vasectomia pode ter relação?
Recomenda-se esperar 7 dias — tempo médio para que o ducto deferente cicatrize e não haja problemas de pressão após a cirurgia. Mas, espermatozoides antigos podem estar armazenados na vesícula seminal ou na próstata, por isso o mais adequado é esperar ao menos 30 dias para não ter risco de gravidez.
Mesmo depois da operação, esta reserva continua lá e precisa ser eliminada para garantir os efeitos da cirurgia. Em geral, depois de alguns dias ou de 8 a 10 ejaculações, essa reserva acaba e não é mais reposta, já que o vaso está cortado.
O indicado é esperar pelo resultado do exame de esperma, que é feito alguns dias depois da cirurgia, para analisar a eficácia do procedimento.
Vantagens da vasectomia
Existem diversas vantagens no procedimento da vasectomia. Algumas delas são:
Segurança
A principal vantagem da vasectomia é a elevada segurança. As chances de gravidez após uma vasectomia são praticamente nulas. Enquanto o preservativo tem 98% de eficácia, a vasectomia alcança 99,86% de eficácia no primeiro ano.
Ainda que 1,86% de diferença não pareça muito, o importante é olhar o quanto sobra. Com a camisinha, existe 2% de chance de gravidez. Com a vasectomia essa chance cai para apenas 0,14%. As chances são mais do que 10 vezes menores. E isso é em relação ao primeiro ano após a cirurgia. Quanto mais tempo passa, mais segura ela fica.
Tranquilidade
A vasectomia dá tranquilidade àqueles que a fazem. Filhos são uma grande responsabilidade. Sendo que o procedimento é seguro e considerado um dos melhores métodos de evitar a gravidez, fazendo com que erros no uso de outros métodos de contracepção deixem de ser uma preocupação.
Desvantagens da vasectomia
O procedimento tem suas desvantagens. Algumas delas são:
Irreversibilidade
Apesar de a irreversibilidade da vasectomia não ser mais uma realidade como no passado, ainda existem casos em que ela não pode ser realizada. Além disso, o procedimento de reversão é difícil, caro e não é ofertado pelo SUS, diferente da vasectomia em si. Portanto, é importante ter certeza de que você realmente quer fazer o procedimento.
Não protege contra infecções sexualmente transmissíveis (IST)
Diferente da camisinha, a vasectomia não é capaz de oferecer proteção contra infecções transmitidas pelo sexo (IST). O método é eficaz para impedir a gravidez e apenas para isso. Portanto, mesmo que você tenha feito uma vasectomia, ao ter relações sexuais com alguém que você não conhece bem, é importante usar o preservativo.
Vasectomia pelo SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente a vasectomia. Mas você deve lembrar das condições para o procedimento. É necessário ter pelo menos 25 anos ou dois filhos vivos.
Além disso, é necessário esperar 60 dias entre expressar o desejo de fazer a cirurgia e realmente realizá-la, para que você tenha tempo para pensar nisso e ter certeza de que não se arrependerá.
Riscos da vasectomia
A vasectomia é um procedimento extremamente seguro. Os principais riscos associados são infecções devido ao corte, sangramento, inflamações no ducto deferente devido à pressão do acúmulo de espermatozoides, e hematomas na pele.
Entretanto, esses três efeitos são extremamente raros e temporários, sendo que a dor na recuperação é o principal fator relacionado aos riscos:
Síndrome da dor pós-vasectomia
A síndrome da dor pós-vasectomia pode afetar de 5% a 33% dos homens que fazem a operação. A dor mais fraca e com curta duração é mais comum enquanto uma dor intensa e que pode durar mais de três meses é muito rara.
Ela é causada pelo acúmulo de espermatozóides e pela pressão testicular. As opções de tratamento para a síndrome são:
Reversão da vasectomia
A reversão faz com que os espermatozóides voltem a passar.
Vasectomia aberta
A vasectomia aberta não cauteriza nem fecha o ducto deferente, permitindo que os espermatozóides saiam e sejam absorvidos pelo tecido.
Denervação
A denervação é um procedimento que remove os nervos da região afetada pela dor da síndrome pós-vasectomia. O procedimento é invasivo, mas seus resultados são satisfatórios e nas poucas vezes que não elimina a dor, a reduz consideravelmente.
Preço: quanto custa uma vasectomia?
A operação, em clínicas particulares, pode custar em torno de R$ 3000,00. Entretanto, é um procedimento disponibilizado pelo SUS de graça.
Qual a eficácia da vasectomia?
A vasectomia é considerada o método mais seguro de contracepção. Apenas 1 a cada 1000 mulheres engravida em uma relação com um homem operado, e isso costuma acontecer por causa da reserva de espermatozoides, que se esvai em alguns dias, ou por conta da extremamente rara falha tardia.
A falha tardia pode acontecer muito tempo depois da vasectomia, quando o ducto deferente se recanaliza sozinho. Isso é muito raro pois os procedimentos normalmente impedem isso ao cauterizar os vasos ou posicionando-os de maneira que a recanalização espontânea seja impossível.
Vasectomia é reversível?
Em alguns casos, sim. Mas por garantia, é bom tratar a vasectomia como um procedimento permanente. Nem sempre o religamento do ducto deferente é o bastante para reaver a fertilidade e, mesmo após a reversão, a gravidez pode ser difícil.
Isso acontece porque, após o procedimento, o corpo do homem pode começar a produzir anticorpos que atacam os espermatozoides. Isso porque a produção espermatozoides não para, mas eles não são eliminados pela ejaculação e o corpo precisa destruí-los quando se acumulam. Assim, a fertilidade é reduzida após uma vasectomia mesmo que ela seja revertida.
A taxa de infertilidade fica maior conforme tempo passa desde a cirurgia. 3 anos após a vasectomia, a taxa de gravidez fica em torno de 76% enquanto após 15 anos alcança apenas 30%.
Além disso, por conta da pressão elevada no duto, é possível que, depois de alguns anos, haja fibrose, que é uma cicatrização da região. Isso faz com que, mesmo depois do vaso ser religado, os espermatozoides não consigam passar.
Nesse caso uma outra cirurgia pode ser feita para remover o pedaço do ducto deferente que ficava conectado ao testículo, ligando a outra parte direto ao epidídimo, o tubo que originalmente conectava o testículo ao vaso. O problema é que essa cirurgia é muito mais complexa, difícil e cara do que a simples reconexão dos vasos.
Por isso, especialmente depois de alguns anos de cirurgia, pode ser muito difícil realizar a reversão.
Vasectomia pode falhar?
Sim, mas é muito raro. A vasectomia é o mais efetivo método contraceptivo, com quase 100% de eficácia. Os pouquíssimos casos em que existem falhas são por causa de uma reconexão natural do ducto deferente, o que pode acontecer caso o cirurgião não tome precauções contra isso, ou nos casos em que o período de 30 dias sem sexo desprotegido após a cirurgia não é respeitado.
Entretanto é frequente que as precauções sejam tomadas com a utilização da cauterização do ducto, por exemplo. Portanto é um método bem confiável.
Mas é importante levar em conta que, nos primeiros dias após a cirurgia, pode haver espermatozoides que já passaram pela zona de corte, portanto é necessário esperar um tempo antes de fazer sexo sem proteção.
Perguntas frequentes
A vasectomia deixa impotente?
Não! O único efeito da cirurgia é a infertilidade. Caso o procedimento seja realizado adequadamente, por um bom profissional, não existe o risco de impotência.
Quanto tempo depois da vasectomia posso ter relação?
É possível voltar a ter relações sexuais em torno de 7 dias depois da cirurgia. Entretanto, para evitar uma possível gravidez, espere 30 dias após a operação antes de transar sem utilizar outros métodos contraceptivos.
O ducto deferente, assim como a próstata e a vesícula seminal, podem ter espermatozoides que chegaram até lá antes da cirurgia. Esses espermatozoides não serão repostos nos próximos dias, mas irão para as próximas ejaculações.
Normalmente eles levam 30 dias ou em torno de 10 ejaculações para serem completamente eliminados.
Recomenda-se aguardar pela contagem dos espermatozoides, que deve ser feita algum tempo depois da vasectomia. Assim você pode ter certeza de que não há riscos de gravidez.
A vasectomia prejudica a carga hormonal?
Não! Os hormônios produzidos pelos testículos vão para a corrente sanguínea diretamente pelos vasos sanguíneos do órgão e não dependem do ducto deferente para isso.
Vasectomia causa câncer de próstata ou de testículos?
Estudos apontam que não, a vasectomia não aumenta o risco de câncer.
A vasectomia impede a ejaculação?
Não. A maior parte da composição do sêmen vem da próstata e da vesícula seminal. Existe a possibilidade de a textura do sêmen estar levemente diferente, um pouco mais líquido, mas a diferença é pequena.
Você aprendeu que a vasectomia é extremamente simples e o mais eficaz método anticoncepcional, além de ser permanente e em grande parte das vezes irreversível. Compartilhe este texto com seus amigos para que eles aprendam um pouco sobre este procedimento!
Fontes consultadas
- A incidência de dor testicular crônica pós-vasectomia e o papel da retirada dos nervos (desnervação) do cordão espermático em seu tratamento – BJU International
- Denervação Testicular Microcirúrgica no Tratamento da Dor Testicular Crônica – Clinic
- LEI Nº 9.263, de 12 de janeiro de 1996 – Congresso Nacional