Remédios

Siglas dos medicamentos: o que significam e por que existem?

Publicado em: 01/08/2019Última atualização: 28/10/2019
Publicado em: 01/08/2019Última atualização: 28/10/2019
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Ler a bula é sempre importante para a obtenção de informações sobre algum medicamento. Nela, constam os modos de uso, posologia (dosagem), contraindicações, mecanismos de ação da substância e uma série de outras informações. 

Muitas são rapidamente esclarecidas na bula, mas é bastante comum encontrar algumas siglas nas caixinhas ou embalagens dos medicamentos que parecem não fazer muito sentido. 

Algumas bem comuns são AP, CR, LP, SL, SR ou XR.

Na verdade, essas são nomenclaturas que auxiliam na especificação do medicamento e são, sim, bastante informativas. Muitas delas orientam sobre a liberação — ou seja, início de ação — do remédio.

O tempo e mecanismo de liberação interfere na ação, pois os efeitos podem ser mais ou menos duradouros, imediatos ou retardados, em picos ou estabilizados.

Quando não há nenhuma sigla na bula e embalagem do remédio, significa que não houve modificação em sua formulação ou mecanismo de liberação (assim, chama-se de liberação convencional). 

Portanto, abaixo há a explicação de algumas das principais siglas relacionadas à liberação e ação dos princípios ativos, para auxiliar na compreensão da ação medicamentosa: 

Por que os remédios são classificados por liberação?

Para que os medicamentos possam agir corretamente, tratando as doenças, disfunções ou qualquer outro objetivo, é preciso que sejam adequadamente absorvidos. 

Quando não há nenhuma alteração na formulação ou substância que modifique a liberação do princípio ativo, o medicamento faz parte do grupo de liberação convencional. Mas caso haja mudanças, chama-se de liberação modificada.

Muitas vezes, um medicamento precisa agir somente no intestino, mas para chegar até lá, irá passar pelo estômago, onde ocorre a ação do ácido estomacal, podendo digeri-lo.

Nesses casos, é preciso que o remédio tenha componentes que impeçam a degradação e liberação do princípio ativo antes do local ideal. 

A mesma coisa acontece com alguns remédios que precisam agir por bastante tempo, ou seja, terem efeito prolongado. Por exemplo, medicamentos para hipertensão ou diabetes.

Assim, são empregados componentes que afetam ou modificam a forma de liberação do medicamento. 

O objetivo das modificações de liberação podem, ainda, visar menores efeitos colaterais, diminuir a frequência de uso por dia ou até a dosagem. 

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Quais as formas de liberação modificada? 

Visando melhorar cada vez mais a ação medicamentosa, a indústria investe em componentes que modificam a ação de liberação do princípio ativo, o que pode trazer melhores resultados aos tratamentos. 

As formas de liberação modificada podem retardar a liberação ou prolongá-la. Isso se aplica às diversas apresentações medicamentosas, como comprimidos, colírios, adesivos transdérmicos ou supositórios. 

Liberação prolongada 

Estes medicamentos agem de forma controlada, sendo que o princípio ativo é liberado em quantidades, duração e local de alcance específicos. 

São comuns para aqueles tratamentos que precisam manter o medicamento em quantidades reguladas no sangue, possibilitando que haja redução das doses diárias, por exemplo.

Segundo a ANVISA, medicamentos de liberação prolongada permitem pelo menos uma redução no uso ou dose quando comparada à versão imediata

Liberação retardada 

A liberação retardada é proporcionada, em geral, por medicamentos orais com revestimento entérico. Isso significa que o comprimido ou drágea passa intacto pelo estômago, sendo liberado somente no trato intestinal. 

Liberação direcionada 

A ação direcionada se refere aos medicamentos que precisam agir em locais determinados do organismo. 

Ação repetida ou dupla 

Há, ainda, medicamentos que têm liberação imediata e retardada, agindo em dois momentos após a ingestão.

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Quais as siglas relacionadas à liberação e o que elas significam?

Para saber a liberação do medicamento, basta identificar a sigla que sucede o nome do remédio. As mais comuns são:

  • AP — Ação Prolongada: age por mais tempo no organismo em comparação com os de curta duração (por exemplo, Winter AP — descongestionante);
  • CD Controlled Diffusion: tem controle da liberação do princípio ativo, garantindo que as taxas do medicamento fiquem disponíveis por mais tempo (por exemplo, Angipress CD — anti-hipertensivo — ou Lamitor CD — antiepilético);
  • CLR — Crono-Liberação Regulada: a liberação é feita de forma lenta, gradual e progressiva, evitando picos do medicamento e estendendo a sua ação (por exemplo, Biofenac CLR — anti-inflamatório);
  • CR Controlled Release: medicamentos de liberação controlada fazem com que a ação seja prolongada (por exemplo, Tegretol CR — anticonvulsivante);
  • DEPOT — Ação Prolongada: o medicamento pode ficar depositado ou armazenado em locais do organismo, sendo lentamente liberado (por exemplo, Flufenan Depot — antiepilético — ou Suprefact Depot — tratamento para câncer);
  • DI — Desintegração Instantânea: o medicamento é rapidamente desintegrado e liberado (por exemplo, Biofenac DI — analgésico);
  • DL — Desagregação Lenta: o medicamento é liberado mais lentamente, fazendo com que os efeitos sejam prolongados (por exemplo, Dramin B6 DL — antiemético);
  • LA Long Acting ou Ação Longa: o medicamento tem a ação prolongada (por exemplo, Rebaten LA — anti-hipertensivo);
  • LP — Liberação Prolongada: a substância é gradualmente liberada, fazendo com sua ação seja prolongada pelo retardo na liberação (por exemplo, Biofenac LP — anti-inflamatório);
  • OROS Osmotic Release Oral System: o Sistema Oral de Liberação Osmótica promove a liberação prolongada da substância (por exemplo, Adalat OROS — anti-hipertensivo);
  • Plus: designa medicamentos com uma dosagem mais forte ou que possuem outros componentes adicionados (por exemplo, Pericard PLUS — anti-hipertensivo);
  • Retard — Ação retardada: são medicamentos de ação retardada, que após liberados tem ação prolongada (por exemplo, Arflex Retard — analgésico e anti-inflamatório);
  • SR Sustained Release: são medicamentos que liberação sustentada ou prolongada, com um mecanismo específico de ação rápida e prolongada (por exemplo, Cardizem CR — anti-hipertensivo);
  • TTS Transdermal Therapeutic System: o sistema terapêutico transdérmico facilita a passagem das substâncias pelas camadas da pele, chegando à corrente sanguínea (por exemplo, Estragest TTS — reposição hormonal);
  • UD — Dose Única: medicamentos que necessitam de uma única dosagem (por exemplo, Por exemplo, Klaricid UD — antibiótico);
  • XR ou XL eXtended Release: são medicamentos de liberação estendida que permanecem agindo por mais tempo (por exemplo, Efexor XR ou Zetron XL — ambos antidepressivos);

Outras siglas de medicamentos

Há, ainda, outras siglas que podem aparecer nas embalagens de medicamentos, mas não estão relacionadas com a liberação do princípio ativo. Entre as mais comuns:

  • HFA — Hidrofluoralcano: substância usada em dispositivos inaladores pressurizados (por exemplo, Clenil HFA — anti-inflamatório e antiasmático);
  • OD — Orodispersíveis: medicamentos que possuem rápida dissolução na língua (por exemplo, Zomig OD — tratamento para enxaqueca);
  • ODTOrally Disintegrating Tablet ou Orally Dissolving Tablet: são comprimidos de desintegração oral ou degradados na boca (por exemplo, Razapina ODT — antidepressivo);
  • BDBis in die: expressão em latim que significa "2 vezes por dia" (por exemplo, Velamox BD — antibiótico);
  • SL — Sublingual: são medicamentos colocados embaixo da língua, que promovem a ação a partir da boca (por exemplo, Feldene SL — anti-inflamatório);
  • RCReduced Concentration: medicamentos com a concentração reduzida (por exemplo, Lumigan RC — solução oftalmológica);
  • HCT — Hidroclorotiazida: substância com ação diurética (por exemplo, Atacand HCT — anti-hipertensivo);
  • DC: medicamentos indicados para Dor de Cabeça, apesar de pode haver outras indicações (por exemplo, Tylenol DC — antitérmico e analgésico);
  • D: apresentação em comprimidos dispersíveis, ou seja, de rápida desintegração (por exemplo, Cataflam D — anti-inflamatório e analgésico)

Dar atenção à bula e às informações contidas nas embalagens dos medicamentos pode auxiliar a compreender como as substâncias agem no organismo.

As siglas ou demais elementos que podem aparecer são bastante importantes, podendo indicar diversas ações, como a forma de liberação e ação.

Para saber mais dicas e curiosidades sobre remédios e saúde, acompanhe o Minuto Saudável!

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Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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