A raiva é uma infecção viral aguda que é transmitida para seres humanos a partir da mordida, lambida ou ferida causada por animais infectados. O vírus causador da doença acomete o sistema nervoso central do hospedeiro, ocasionando uma encefalite (inflamação no cérebro que causa inchaço no mesmo) que geralmente evolui rapidamente.
Por ser transmitida de animais para seres humanos é considerada uma zoonose, em casos raros o vírus pode ser transmitido entre homens, através de transplante de órgãos onde o doador foi/está infectado.
A doença é considerada fatal pois seu índice de letalidade é de aproximadamente 100%. A infecção através de animais domésticos é controlada em várias partes do mundo, porém animais silvestres também podem transmitir o vírus. Pode atingir qualquer país, salvo áreas nas quais a doença é considerada erradicada, como na Antártida, Japão, Reino Unido e outras ilhas.
Até 2006 somente 6 casos de cura em humanos foram registrados, dentre eles, 5 haviam recebido tratamento vacinal pré e pós exposição ao vírus e somente 1 não recebeu o mesmo tratamento.
Recentemente, no Brasil, novos casos de raiva humana foram registrados. No Estado do Pará, até o início do mês de junho, foram notificados 14 casos de suspeita de raiva, onde sete foram confirmados em laboratórios. Uma criança de 10 anos morreu com suspeita da doença no dia primeiro deste mês. Entre os casos confirmados, seis pacientes morreram e um está internado em estado grave.Em 2017, a raiva também provocou outros casos na região norte do país. Após serem mordidas por um morcego hematófago, duas crianças morreram por causa da raiva e outra, sobrevivente, permaneceu com sequelas.Diante desses novos casos, a Secretaria do Estado de Saúde Pública (Sespa) fez um alerta para a doença e pediu que a identificação precoce de possíveis pacientes sejam intensificados.Continue a leitura para descobrir como reconhecer os sintomas e se prevenir dessa doença.Índice — neste artigo você irá encontrar as seguintes informações:Causada pelo vírus do gênero Lyssavirus, da família Rhabdoviridae, é transmitida pela saliva infectada de animais. Esse vírus é atraído pelas células do sistema nervoso periférico após ser absorvido pela pele, a partir de então o parasita começa a se movimentar lentamente nos nervos, cerca de 12 milímetros por dia, em direção ao sistema nervoso central.
Pode ser transmitida por animais domésticos, apesar de esses casos já serem considerados controlados, silvestres, e em raros casos, entre humanos, através de doação de órgãos com doador infectado.
O vírus é transmitido por mordidas, lambidas ou machucados causados por mamíferos contaminados. Contato com a pele do animal não oferece riscos. Na maioria dos casos a contaminação ocorre por cães ou morcegos.
Pode ser transmitido entre seres humanos, através de doação de órgão com doador infectado, porém são casos isolados e mal documentados. O mais comum é a transmissão por animais domésticos e selvagens.
Animais domésticos tem o período de transmissão de 2 a 3 dias antes do surgimento dos sintomas clínicos. E a morte dos mesmos pode acontecer entre 5 e 7 dias após a manifestação sintomática.
A doença é mais comum em indivíduos que têm grande contato com animais, como profissionais da área. Outros fatores de risco da raiva são:
O tempo de incubação do vírus da raiva é variado, pode ser de 10 dias a até 7 anos, porém, geralmente seu tempo médio é de 12 semanas. Alguns dos sintomas podem ser parecidos nos humanos e nos animais.
Os sintomas iniciais da raiva podem ser comparados ao de uma gripe, como febre, fraqueza muscular, mal-estar e dor cabeça.
Outros sintomas que a doença pode causar são:
Com o avanço da doença também é comum que o indivíduo desenvolva a raiva furiosa, uma fase da raiva na qual o paciente pode ficar hiperativo e apresentar comportamento anormal. Nessa fase os sintomas comuns são:
A última fase da raiva, chamada de raiva paralítica, geralmente leva o paciente ao coma e óbito. Nessa fase o indivíduo fica lentamente paralisado e eventualmente entra em coma, o que o leva diretamente ao falecimento.
Quando o vírus atinge um animal carnívoro, mais comumente ele apresenta raiva furiosa, tornando-se agressivo. Já quando atinge animais herbívoros, o mais comum é apresentar a raiva paralítica, deixando-o paralisado.
Porém, independente da forma manifestada da doença, todos os animais sofrem os mesmos sintomas:
Nos cachorros o latido fica parecido a um uivo rouco, e os morcegos, com a mudança de hábitos, podem ser vistos durante o dia, em locais não habituais.
Caso tenha tenha sido mordido por algum animal, deve-se sempre procurar um médico. Com base nas lesões e em como ocorreu a mordida, o paciente juntamente com o médico decidirão se o tratamento para prevenir a raiva é adequado.
Um teste isolado não é suficiente para confirmar a doença em humanos, são necessários diversos testes que são feitos com amostras de saliva, fluido espinhal, plasma e pele. Um teste comum, feito inicialmente, é o imunofluorescência, onde o médico ou enfermeiro examinará o paciente e observará a mordida.
Outro teste que pode ser utilizado para o diagnóstico é feito usando um pedaço de pele do pescoço, esse mesmo teste também pode ser utilizado para diagnosticar a doença em animais. Demais testes como procurar pelo vírus na saliva ou no fluido espinhal, não são tão sensíveis e podem precisar ser repetidos.
Punções na lombar também podem ser administradas para buscar sinais de infecção no fluido espinhal.
Não existem testes que detectem a raiva em seus estágios iniciais.
Geralmente essa doença leva o paciente ao óbito, poucos casos de cura foram registrados até hoje. Porém existem as exceções, alguns casos de cura envolvem pacientes que tomaram a vacina contra a raiva e outros são pacientes que passaram por um tratamento chamado Protocolo de Milwaukee, esse tratamento consiste em conduzir o paciente a um coma induzido para tratar a doença, assim o corpo concentraria toda a energia a eliminar o vírus. Até 2008, esse protocolo havia sido aplicado em 16 indivíduos, porém somente teve sucesso em 2.
Após ser mordido e procurar a ajuda de um profissional, se houver risco de raiva o paciente receberá uma série de vacinas preventivas, para que a infecção não se espalhe, administradas em 5 doses durante 14 dias. Também pode receber uma vacina denominado imunoglobulina humana para raiva, que deve ser administrada no dia da mordida.
Mordidas na cabeça ou pescoço são consideradas mais graves pois estão mais próximas ao cérebro, mãos e pés também são regiões perigosas por serem áreas com muita inervação, facilitando a chegada do vírus aos nervos periféricos.
De acordo com o Ministério da Saúde, a profilaxia dessa doença pode ser resumida neste quadro:
Condições do animal agressor | Cão ou gato sem suspeita de raiva no momento da agressão | Cão ou gato clinicamente suspeito de raiva no momento da agressão | Cão ou gato raivoso; Animais silvestres; Animais domésticos |
Tipos de exposição | |||
Contato direto | Lavar com água e sabão, não tratar | Lavar com água e sabão, não tratar | Lavar com água e sabão, não tratar |
Acidentes leves: ferimentos superficiais, pouco extensos, geralmente únicos, em tronco e membros (exceto mãos e polpas digitais e planta dos pés); podem acontecer em decorrência de mordeduras causadas por unha ou dente, lambedura de pele com lesões superficiais. | Lavar com água e sabão, observar o animal durante 10 dias após a exposição, se o animal permanecer sadio no período de observação, encerrar o caso. Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, administrar cinco doses de vacina (dias 0,3,7,14 e 28). | Lavar com água e sabão, iniciar o esquema com duas doses, uma no dia 0 e outra no dia 3, observar o animal durante 10 dias após a exposição. Se a suspeita de raiva for descartada após o 10º dia de observação, suspender o esquema e encerrar o caso. Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso, complementar o esquema até cinco doses. Aplicar uma dose entre o 7º e o 10º dia e uma dose nos dias 14 e 28. | Lavar com água e sabão. Iniciar imediatamente o esquema com cinco doses de vacina administradas no dias 0, 3, 7, 14 e 28. |
Acidentes graves: ferimentos na cabeça, pescoço, mão, polpa digital e/ou planta do pé, ferimentos profundos, múltiplos ou extensos, em qualquer região do corpo, lambedura de mucosas, de pele onde já existe lesões grave, ferimento profundo causado por unha de animal. | Lavar com água e sabão, observar durante 10 dias após a exposição, iniciar esquema com duas doses, uma no dia 0 e outra no dia 3. Se o animal permanecer sadio no período de observação, encerrar o caso. Se o animal morrer, desaparecer ou se tornar raivoso dar continuidade ao esquema, administrando o soro e completando o esquema até cinco doses. Aplicar uma dose entre o 7º e o 10º dia e uma dose nos dias 14 e 28. | Lavar com água e sabão, iniciar o esquema com soro e cinco doses de vacina nos dias 0, 3, 7, 14 e 28. Observar o animal durante 10 dias após a exposição, se a suspeita de raiva for descartada após o 10º dia de observação, suspender o esquema e encerrar o caso. | Lavar com água e sabão. Iniciar imediatamente o esquema com soro e cinco doses administradas nos dias 0, 3, 7, 14 e 28. |
Após o aparecimento dos sintomas da raiva não existem tratamentos efetivos conhecidos para a doença, somente existem formas de prevenção como foi citado acima.
Sempre que for mordido ou machuco por um animal, mesmo estando vacinado contra a raiva, deve-se:
Siga sempre a recomendação médica a risca e limpe a ferida constantemente.
Para indivíduos que perderam um ente querido para a doença, pode-se procurar grupos de apoio para pessoas que estão passando pelo luto ou aconselhamento com médicos psicólogos.
Em alguns casos, o paciente pode desenvolver reações alérgicas à vacina para prevenção. Não tratar a doença pode levar o indivíduo a óbito.
Existem algumas formas de se prevenir da raiva, como as vacinas antirrábicas. Outras formas de prevenir a doença são:
A vacinação para a prevenção da raiva é somente indicada para indivíduos com alto risco de contaminação, como:
Referências
http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/oministerio/principal/secretarias/svs/raivahttp://www.saude.sp.gov.br/institutopasteur/paginasinternas/oqueeraiva/oqueeraivahttp://www.brasil.gov.br/saude/2014/10/conhecaosprincipaissintomasdaraivahttps://www.cdc.gov/rabies/
Rafaela Sarturi Sitiniki
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