O neuroblastoma é um tumor que costuma afetar principalmente as crianças até 15 anos de idade. O tumor é sólido e se desenvolve no abdômen, tórax ou na pélvis, apesar de ser originado nas glândulas suprarrenais. Esse tipo de câncer afeta mais de 7 entre 100 crianças com até 15 anos.
Em crianças com menos de um ano, esse é o tumor mais comum, visto que quase 97% dos neuroblastomas ocorrem por serem malignidades embrionárias do sistema nervoso.
Como a doença é rara em crianças com mais de 15 anos, quando descoberta, na maioria das vezes, ela já sofreu metástase para outros órgãos, ossos e medulas do corpo. Quase 70% das crianças são diagnosticadas com neuroblastoma até os 5 anos de idade, pois, em grande parte dos casos, o tumor já está presente desde o nascimento.
Não é possível afirmar a causa inicial da mutação genética em que ocorre o neuroblastoma. Contudo, é sabido que essa mutação permite que as células se multipliquem e cresçam cada vez mais, ficando fora do controle, ocasionando o tumor.
No caso do neuroblastoma, o câncer se inicia nos neuroblastos, células imaturas que fazem parte do desenvolvimento do feto. Essas células se transformam em células nervosas, fibrosas e naquelas que compõem as glândulas suprarrenais. Quando a criança nasce, na maioria dos casos, os neuroblastos estão maduros, mas uma parte deles pode ser encontrada nos recém-nascidos. Em grande parte desses acontecimentos, os neuroblastos amadurecem ou desaparecem, mas, em outros, ele vira um tumor o neuroblastoma.
Como não há causa específica, é difícil determinar algum fator de risco. Mas é possível afirmar que quando há histórico familiar da doença, o risco de desenvolver neuroblastoma se torna maior.
Há ainda outros fatores que podem fazer com que entendamos mais a doença. Nos Estados Unidos, são diagnosticados 650 casos de neuroblastoma por ano. Nos países desenvolvidos e que possuem alta renda, como os da Europa e América do Norte, há maior incidência de ocorrências do que em países subdesenvolvidos.
Crianças são as mais afetadas com a doença, cerca de 83%. Sendo 55% das crianças entre 1 e 5 anos de idade e 40% em crianças com mais de 5 anos de idade. Os meninos tem uma pequena incidência maior de neuroblastoma que as meninas. A relação se dá em 1,2 meninos para cada 1 menina.
A taxa de sobrevida de crianças de 5 anos aumentou de 24% (1960-1963) para 55% (1985-1994). Isso se deve a uma melhor detecção de tumores em pacientes lactentes.
Os sintomas costumam variar de acordo com a parte do corpo que foi afetada com a doença.
Os principais sintomas são inchaço e perda de peso pela falta de alimentação da criança. Geralmente o inchaço ocorre na barriga e no abdômen, mas pode espalhar para as pernas e para os testículos.
Problemas urinários e intestinais podem ocorrer se a pressão do tumor afetar a urina ou o intestino por conta da pressão no abdômen.
Quando o tumor está no tórax, o inchaço pode subir para o rosto, pescoço, braço e também na parte superior do tórax. Tontura, dores de cabeça e dúvidas quanto à consciência podem surgir. Tosse e dificuldade ao respirar podem ocorrer por conta da pressão que acontece na garganta e traquéia.
A mesma pressão que ocorre no tórax, pode também pressionar alguns nervos e causar a dilatação ou a queda da pálpebra.
Seis em cada dez casos de neuroblastoma já tiveram disseminação do tumor para outros órgãos quando foram diagnosticados.
Se o tumor for disseminado para os gânglios linfáticos, o inchaço pode ocorrer. Os linfonodos podem ser sentidos como nódulos no pescoço, na axila, na virilha e em cima da clavícula.
Na maioria dos casos, o neuroblastoma atinge os ossos, causando dores na criança, e, em alguns deles, até andar se torna um problema. Fraqueza, dormência ou a paralisia nos membros superiores ou inferiores podem ocorrer se o tumor pressionar a medula. Se isso acontecer, a produção de glóbulos brancos, plaquetas e células vermelhas pode ser diminuída, e sintomas como sangramento de pequenos cortes, irritabilidade, arranhões, fraqueza e cansaço podem ocorrer.
Esse é um dos poucos tumores em crianças capazes de liberar hormônios. Eles podem causar problemas em órgãos e tecidos em que a doença não tenha relação. Isso é conhecido como síndromes paraneoplásicas e suas características são:
Os médicos especialistas para tratar o neuroblastoma são:
O mais indicado a se fazer é que, assim que os sintomas surgirem, os pais procurem o médico para que ele possa analisar as mudanças no corpo eno comportamento, além dos hábitos.
Para que o diagnóstico seja feito de forma mais rápida, os pais podem notar alguns sintomas que vem acontecendo recorrentemente, como, por exemplo, se houve mudanças na rotina da criança.
Para que o médico consiga dar o diagnóstico, ele precisa realizar exames, como:
Os estágios da doença são capazes de descrever o tipo de câncer, onde ele está localizado, se afeta ou não outros órgãos e o aspecto que possui. É fundamental ter essa informação sobre os estágios, assim o médico consegue diagnosticar a doença e indicar o tratamento.
O resultado é dado por meio de exames, sejam eles de imagem, físicos ou biópsia do tumor e seus tecidos.
Os estágios do neuroblastoma são feitos pelo INSS (Sistema de Estadiamento Internacional para Neuroblastoma). Assim, os estágios são caracterizados em:
É o menor estágio da doença e o tumor está no mesmo lugar em que foi originado. O câncer é visível e retirado por cirurgia, e os gânglios linfáticos que estão no tumor podem ou não conter células de neuroblastoma. Os linfonodos presentes fora do tumor não são afetados com a doença.
O tumor também está no mesmo lugar em que foi originado, mas por não ser totalmente visível, pode não ser removido totalmente na cirurgia. Os gânglios linfáticos que estão no tumor podem ou não conter células de neuroblastoma, mas os linfonodos presentes fora do tumor não são afetados com a doença.
O tumor está localizado em um lado do corpo e pode ou não ser totalmente removido durante a cirurgia. Os gânglios linfáticos fora das proximidades do tumor contêm células de neuroblastoma, mas o câncer não foi espalhado para outros gânglios linfáticos que estão posicionados mais longe.
O tumor não é espalhado para os outros órgãos, mas pode ocorrer:
O tumor foi espalhado para outros órgãos, ossos, linfonodos distantes, para pele e também para medula óssea, mas mesmo assim ainda não é caracterizada para estar no estágio 4S.
As crianças nesse estágio tem menos de 1 ano de idade. O tumor se encontra em apenas um dos lados, mas pode ter se espalhado para os linfonodos desse mesmo lado. O câncer pode ter se espalhado para a pele, medula óssea e para o fígado. Apesar disso, menos de 10% das células que compõem a medula são cancerígenas.
Apesar de não fazer parte dos estágios da doença, o termo é utilizado para caracterizar a volta da doença, que pode ocorrer no mesmo lugar em que se iniciou ou em qualquer outra parte do corpo humano.
O INSS para grupo de risco é parecido com o INSS, mas não usa os resultados da cirurgia para definir o estágio da doença, mas sim o resultado de exames de imagens, biópsias e outros.
O INRGSS (Sistema Internacional de Estadiamento do Neuroblastoma para Grupos de Risco) utiliza IDRFs (Fatores de Risco Definidos por Imagem) para descobrir o quão complexo pode se tornar a retirada do tumor. Isso inclui o crescimento do tumor nas proximidades de um órgão vital ou em torno de vasos sanguíneos importantes.
Os neuroblastomas podem ser caracterizados em 4 estágios pelo INGRSS:
Um tumor que se espalhou para outros órgãos, com exceção dos tumores em estágio MS.
Câncer metástico em crianças com menos de 1 ano e meio de idade. A disseminação pode ser feita para a pele, fígado e/ou medula óssea. Menos de 10% das células da medula podem ser cancerígenas e a cintilografia com MIBG (uma forma de diagnóstico de neuroblastomas e doenças cardíacas) não mostra o espalhamento da doença para a medula óssea e/ou ossos.
O câncer não cresceu no local originado e as estruturas vitais não são envolvidas pela lista de fatores de risco definida por imagem. O tumor está em somente um local, como o tórax, abdômen ou pescoço.
O câncer não cresceu longe de onde foi originado, mas tem pelo menos um fator de risco que pôde ser definido pelo exame de imagem.
Esses marcadores são caracterizados por identificar se o prognóstico da criança para a cura da doença é melhor, ou não, do que seria previsto somente pelos primeiros estágios citados no começo do tópico. Existem alguns fatores que podem influenciar esses prognósticos, como:
É caracterizado em como as células do tumor são vistas pelo microscópio. O câncer, que pode ser visualizado com aparência de tecidos e células, possui um prognóstico melhor e uma histologia favorável. Já os tumores que são anômalas tendem a ter um prognóstico pior.
As crianças entre um ano e um ano e meio possuem mais chances de serem curadas do que crianças mais velhas.
O MYCN é um oncogene (gene relacionado com o surgimento de tumores) que ajuda na regularização do crescimento das células. Se houver alterações nesse oncogene, as células podem se multiplicar e dividir rapidamente, iguais as células cancerosas. As crianças com neuroblastoma com essa característica podem ter um diagnóstico pior do que as outras crianças.
A quantidade de DNA em cada célula pode ser chamado de índice de ploidia e pode ser medido por testes de laboratório especiais, como citometria de imagem ou citometria de fluxo. As células com maiores quantidades de DNA são denominadas hiperdiploides. Já as que possuem células normais são as diploides. Crianças que possuem hiperdiploides podem ser associadas a novos estágios da doença, respondendo melhor ao tratamento e o prognóstico é melhor do que as células diploides.
Ainda há outros tipos de marcadores, que não são usados para determinar os grupos de risco, mas podem influenciar na decisão de como tratar o neuroblastoma. Eles podem ser conhecidos como:
As mudanças ocorrem pois o cromossomo 1 e 11 sofrem alterações, tornando o prognóstico pior, e isso acontece por conta de que, nessas partes perdidas de cromossomo, poderiam haver a supressão dos tumores. Uma parte do cromossomo 17 está relacionada a um pior prognóstico, provavelmente isso acontece porque existe um oncogene nele.
Esses receptores são substâncias que ficam sobre a superfície das células nervosas e em algumas células do neuroblastoma. Geralmente, as células reconhecem as neurotrofinas (substância química que ajuda as células nervosas a amadurecerem). Os neuroblastomas com mais de um tipo de receptor de neurotrofinas, especialmente o receptor do fator de crescimento do nervo, denominado TRkA, podem ter um melhor prognóstico.
Os níveis de sangue de algumas substâncias podem ser utilizados para prever o prognóstico. Crianças com alto nível de ferritina possivelmente tem um pior prognóstico. A enolase específica é produzida por alguns tipos de células normais, como células de neuroblastoma. O aumento dos níveis dessas substâncias está relacionado a um prognóstico pior em crianças. Uma substância na superfície de determinadas células nervosas, conhecidas como gangliósido GD2, está geralmente aumentada no sangue de crianças com neuroblastoma. O GD2 pode ser importante também no tratamento da doença.
Sim. Porém, para que a cura seja completa, o paciente precisará estar em constante tratamento até a doença ser extirpada por completo.
Existem alguns tipos de tratamento que podem ser feitos. O médico especialista analisará qual é o mais indicado para você e para o seu estágio da doença. Os mais usados pelos especialistas são:
É a alternativa indicada para que as células do câncer sejam eliminadas através de medicamentos..
Quando a radiação é utilizada para matar as células de câncer.
Em alguns casos, somente a retirada do órgão ou de alguma parte específica do corpo pode ser a solução para que a criança viva saudável.
Quando medicamentos são indicados para atingir diretamente as células do neuroblastoma.
Um transplante de células pode ser realizado onde as células-tronco são recolhidas, congeladas e armazenadas antes da quimioterapia, e são devolvidas de volta para o paciente após o tratamento.
Alguns efeitos colaterais podem surgir mesmo após anos de tratamento. Alterações na função dos rins e do coração podem surgir, assim como problemas de fertilidade e de audição.
Existem três principais complicações que podem ocorrer em pacientes com neuroblastoma:
Os pacientes que sobrevivem após muito tempo de tratamento dois a cada três -, sofrem efeitos causados por ele. Um dos maiores sintomas é a perda auditiva, alteração na tireoide, dificuldades de aprendizagem, redução no crescimento e maior risco de cânceres secundários.
Pacientes que convivem com o problema terão que estar em tratamento constante, até que haja a cura da doença. Alguns dos pacientes estarão em quimioterapia, outros em radioterapia, isso depende de acordo com o estágio da doença de cada paciente.
Não há formas de prevenir a doença, visto que é um tumor e que, em muitos casos, o bebê já nasce com a doença.
É preciso ficar atento, pois mesmo após o tratamento e a cura da doença, ela pode voltar a ocorrer tempos depois.
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Referências
http://www.itaci.org.br/neuroblastoma.asphttp://www.oncoguia.org.br/conteudo/sinais-e-sintomas-do-neuroblastoma/4320/628/http://www.cancer.org/cancer/neuroblastoma/http://www.macmillan.org.uk/cancerinformation/cancertypes/childrenscancers/typesofchildrenscancers/neuroblastoma.aspxhttps://en.wikipedia.org/wiki/Neuroblastomahttp://www.nhs.uk/conditions/neuroblastoma/Pages/Introduction.aspxhttps://www.cancer.gov/types/neuroblastoma/patient/neuroblastoma-treatment-pdqhttp://www.cancer.net/cancer-types/neuroblastoma-childhood/staginghttp://www.alert-online.com/br/medical-guide/neuroblastomahttp://www.oncoguia.org.br/conteudo/perguntas-para-o-medico-sobre-o-neuroblastoma/4321/628/http://www.oncoguia.org.br/conteudo/causas-do-neuroblastoma/4319/628/http://www.mayoclinic.org/search/search-results?q=neuroblastomahttp://www.oncoguia.org.br/conteudo/estadiamento-do-neuroblastoma/4325/629/
Rafaela Sarturi Sitiniki
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