As fórmulas infantis, quando prescritas por pediatras, têm importante papel na alimentação dos bebês. No entanto, um estudo divulgado pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) em fevereiro de 2022 expõe os riscos que a publicidade de fórmulas infantis pode oferecer ao aleitamento materno.
A organização defende que muitas dessas peças de marketing divulgam informações falsas e fazem promessas que esse tipo de alimento não pode oferecer se comparado ao leite materno.
A conclusão do estudo é de que a publicidade desse tipo de produto (considerada antiética pelo documento) influencia fortemente na decisão dos pais sobre alimentação do bebê. Promoções, distribuição, brindes e informações que violam o Código Internacional de Comercialização de Substitutos do Leite Materno são os principais alvos da entidade.
Ainda segundo a Unicef, esse tipo de ação prejudica todos os esforços feitos até hoje para a conscientização do aleitamento materno, portanto, é preciso que a legislação seja mais rígida para esse tipo de violação e investimentos para que a informação correta chegue aos pais.
Para entender um pouco mais sobre a importância do aleitamento materno e para os riscos de se oferecer fórmulas infantis antes do tempo recomendado, continue acompanhando o artigo!
Índice – Neste artigo você vai encontrar:
- O que são e tipos de fórmulas infantis?
- Quando as fórmulas infantis são recomendadas?
- Importância e benefícios do aleitamento materno
- Como funciona a doação de leite materno?
O que são e tipos de fórmulas infantis?
As fórmulas infantis são, dependendo da necessidade, substitutos ou complementos da alimentação de bebês e crianças. São à base de leite de vaca e podem ser encontradas tanto na versão em pó solúvel, quanto líquido. O produto tem como principal objetivo oferecer à criança nutrientes muito parecidos aos que se encontram no leite materno.
Contudo, esse tipo de produto não se iguala ao leite da mãe e pode ser, até mesmo, nocivo para a saúde dos bebês e crianças quando usado de forma indiscriminada e sem prescrição.
Vale lembrar que as fórmulas infantis devem ser prescritas por um (a) médico (a) pediatra e utilizadas apenas pelo tempo recomendado pelo (a) profissional. Portanto, é errado inserir esse tipo de alimento na rotina do bebê e da criança sem receber orientação médica antes, pois existem fórmulas específicas para cada necessidade e idade.
Entre essas fórmulas estão as chamadas de partida, de seguimento e para prematuros. A seguir, você confere algumas informações sobre cada uma e em que momento da vida do bebê e da criança são recomendadas:
Para prematuros
Esse tipo de fórmula leva em consideração a condição do bebê e os nutrientes que ele precisa ingerir caso a mãe não possa amamentar. Ela possui ingredientes que ajudam na digestão do bebê e levam proteínas, gorduras e ácidos graxos.
Nesse caso, o recomendado é que, caso o bebê não possa receber o leite da mãe, ele receba o leite de uma doadora e que a fórmula também entre como complemento, visto que esse tipo de produto não supre totalmente as necessidades nutricionais diárias.
De partida
As fórmulas infantis de partida também são recomendadas para bebês que não podem ser amamentados pela mãe. Seu uso deve ser feito até os 6 meses de vida e, logo após isso, caso a mãe continue inapta para amamentar, outro tipo de fórmula deve ser introduzido, a de seguimento.
Essa versão possui boa concentração de proteínas e é enriquecido com óleos vegetais para ajudar na digestão.
Aqui também há a recomendação da introdução de leite materno de uma doadora se for possível, pois como vimos acima, a fórmula não supre completamente as necessidades nutricionais.
De seguimento
A fórmula de seguimento é desenvolvida especificamente para crianças com mais de 6 meses de vida. Possui maior concentração de ferro, nutriente importante para o bom crescimento e desenvolvimento da criança, e aminoácidos. A concentração de proteínas é praticamente a mesma da versão de partida.
Vale ressaltar que esse tipo de fórmula deve ser um complemento, e não a única fonte de alimento do bebê, visto que o recomendado é que o aleitamento materno se estenda até os 2 anos de idade caso a mãe esteja apta. Portanto, dê preferência em amamentar e utilize a fórmula infantil como uma opção apenas.
Leia também: Como armazenar o leite materno para o bebê e para doação
Quando as fórmulas infantis são recomendadas?
Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), as fórmulas infantis são recomendadas quando a criança não pode ser amamentada pela mãe por conta de alguma condição de saúde, como infecção por HIV, e pelo uso de alguns medicamentos, como quimioterápicos, ou drogas ilícitas.
Portanto, oferecer fórmulas infantis a crianças sem nenhuma restrição alimentar e que a mãe não possui qualquer impeditivo não é recomendado antes dos 6 meses de vida. Após esse período, é necessário introduzir alimentos a fim de complementar o aleitamento.
Além disso, não é qualquer fórmula infantil que deve ser oferecida. É preciso levar em consideração a idade da criança, portanto, consulte seu (a) pediatra antes de comprar e oferecer ao bebê.
Nesse período, é essencial que o leite materno seja a única alimentação de bebês com mães sem complicações e não alérgicos, pois as fórmulas infantis podem contribuir para o surgimento de condições como alergias e sobrepeso, por exemplo.
Importância e benefícios do aleitamento materno
É cientificamente comprovado que o aleitamento materno traz inúmeros benefícios não apenas ao bebê, mas para a mãe também. Entre os principais estão:
Bebê
- Fortalece do sistema imunológico, pois ajuda na produção de anticorpos;
- Reduz as chances de mortalidade;
- Previne diarreia, condição perigosa para bebês, pois causa desidratação;
- Diminui os riscos de desenvolvimento de infecções respiratórias, alergias, diabetes, colesterol alto e hipertensão (pressão alta);
- Contribui para o bom desenvolvimento do bebê.
Mãe
- Ajuda a fortalecer o vínculo entre mãe e filho;
- Diminui o risco de desenvolvimento de câncer de mama;
- Contribui para a recuperação do pós-parto;
- Diminui o risco de contrações uterinas e, consequentemente, de hemorragias.
Além desses benefícios, não podemos deixar de citar que o leite materno, considerado “a primeira vacina do bebê”, é o alimento mais seguro e de fácil digestão para o bebê.
Portanto, é o único e mais recomendado alimento até 6 meses de vida e alimento fundamental para crianças com até 2 anos de idade.
Como funciona a doação de leite materno?
Como vimos acima, é possível ofertar a bebês que não podem ser amamentados pela mãe leite materno de doadoras. Essa prática é super recomendada e faz toda a diferença no desenvolvimento do bebê.
Existem bancos de leite humano espalhados por todo o país que coletam, armazenam e destinam o leite para hospitais, clínicas, entre outros.
Contudo, para doar leite materno, é necessário estar em boas condições de saúde e não utilizar medicamentos que possam interferir na qualidade do leite.
Para saber qual é o banco de leite materno mais próximo à você, ligue para o 136, telefone do Disque Saúde.
O aleitamento materno é, definitivamente, a melhor forma de prevenir doenças e de contribuir para o bom desenvolvimento do bebê. Por outro lado, as fórmulas infantis são importantes para casos específicos, mas mesmo assim não quer dizer que devem ser a única fonte de alimentação dos bebês, e é aí que entra a importância da doação para bancos de leite materno.
Gostou do conteúdo? Para mais informações sobre gestação, continue acompanhando o site e as redes sociais do Minuto Saudável.
Referências:
- Banco de leite humano — Ministério da Saúde ;
- Aleitamento Materno — Unicef;
- A importância da amamentação até os 6 meses — Saúde Brasil;
- Benefícios e importância do aleitamento materno — UFMG;
- A importância do aleitamento materno — Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP);
- Fórmulas Infantis — UFCSPA;
- Sinal de alerta para a alimentação infantil — Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz);
- Leite materno ou fórmula? — Unimed;
- Fórmulas Infantis — Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP);
- Perguntas e respostas: fórmulas infantis — Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa);
- Examining the impact of formula milk market on infant feeding decisions and practices — Unicef.