Saúde

O que é Filariose, tipos, tratamento, prevenção, tem cura?

Publicado em: 15/11/2017Última atualização: 02/07/2019
Publicado em: 15/11/2017Última atualização: 02/07/2019
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O que é filariose?

A filariose é uma doença parasitária que se caracteriza pelo alojamento de parasitas no sistema linfático, gerando um inchaço extremo dos membros. É causada por vermes conhecidos como filárias, que são transmitidos através da picada de mosquitos.

Popularmente conhecida como elefantíase, a filariose linfática em um estágio avançado resulta no engrossamento de pele, alta concentração de melanina e aumento excessivo do membro afetado, semelhante a uma pata de elefante.

Isto não significa que todos os portadores da filariose irão desenvolver elefantíase. De fato, menos da metade dos casos apresentam elefantíase depois de 10 a 15 anos da infecção inicial.

Não se trata de uma doença nova: a filariose foi a primeira doença comprovadamente de origem entomológica (transmitida por insetos) e existem materiais que fazem alusão a sua existência desde a Grécia Antiga.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) possui como meta chegar próximo da eliminação mundial da filariose até o ano de 2020.

Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:

  1. O que é filariose?
  2. Sistema linfático
  3. Tipos
  4. Causas
  5. Transmissão
  6. Grupos de risco
  7. Sintomas
  8. Diagnóstico
  9. Filariose tem cura?
  10. Tratamento
  11. Medicamentos
  12. Convivendo 
  13. Prognóstico
  14. Complicações
  15. Prevenção
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Sistema linfático

O sistema linfático é a rede responsável por transportar a linfa dos tecidos para o sistema circulatório. É extremamente importante para o sistema imunológico, visto que colabora com o transporte de glóbulos brancos, que atuam na proteção contra bactérias e vírus.

A linfa é um líquido esbranquiçado transportado pelos vasos linfáticos, com composição semelhante ao sangue, mas sem os glóbulos vermelhos. Seu conteúdo deriva, em sua maioria, do fígado e intestino. Representa aproximadamente 15% do peso corporal e é considerada um dos líquidos nobres do corpo.

Quando a linfa se acumulada nos tecidos moles do corpo, ocorre um inchaço denominado linfedema. Ele pode aparecer em diversas áreas do corpo, como braço, perna, bolsa escrotal, mamas ou vulva.

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Tipos

Existem três tipos de filariose, classificados de acordo com o local de infecção. São eles:

Filariose Linfática

A filariose linfática é a mais conhecida dentre os tipos de filariose, sendo diversas vezes chamada de elefantíase. Os vermes responsáveis por essa variação são Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori. Os parasitas se alojam nos vasos linfáticos e causam linfedema.

Filariose subcutânea

Nesse tipo, os vermes se alojam na camada subcutânea da gordura corporal. Os parasitas responsáveis pela filariose subcutânea são os popularmente conhecidos como “verme da Guiné” e “Larva do olho”.

Filariose da cavidade serosa

Esta filariose é causada pelos microorganismos Mansonella perstans e Mansonella ozzadi, que ocupam a cavidade serosa do abdômen.

Causas

O principal causador desta doença no Brasil, assim como na África, é o verme Wuchereria bancrofti. Outros agentes patogênicos são o Brugia timori e Brugia malayi, que estão presentes no Sudeste Asiático, Indonésia, Filipinas e sul da índia

A filária Wuchereria bancrofti vive a maior parte de sua vida em seres humanos, o único hospedeiro definitivo desta espécie. Os vermes se alojam no sistema linfático e se enrolam em forma de novelo, atrapalhando assim a circulação da linfa.

Vale lembrar que a filariose não é uma doença que se transmite de um ser humano ao outro. Para ocorrer a infecção, é necessário que um hospedeiro intermediário (mosquito ou mosca) seja infectado e então passe o verme adiante.

A reprodução destes vermes ocorre sexualmente, cerca de oito meses depois de entrarem no organismo humano. Da reprodução se originam filhotes, denominados microfilárias, que trafegam pelo sangue e se deslocam para os principais órgãos.

Filariose no Brasil

A filariose se propaga principalmente por países quentes e úmidos (tropicais e subtropicais), mas não esteve sempre presente no Brasil. Acredita-se que a doença tenha sido introduzida ao país através da importação de escravos africanos.

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Transmissão

O método de transmissão da filariose é a picada de insetos conhecidos como hospedeiros intermediários ou vetores, que podem transmitir a larva da filariose para o corpo humano. No Brasil, os vetores mais conhecidos e de alta proliferação são as espécies Culex (pernilongo), Chrysomya (mosca varejeira) e algumas espécies de Anopheles.

Apesar de o macho e a fêmea contraírem as larvas filárias, apenas a fêmea consegue transmiti-la para as pessoas. Cerca de oito meses depois da infecção inicial no ser humano, as filárias começam a se reproduzir, tornando o indivíduo um hospedeiro definitivo.

Durante o dia, os parasitas se alojam no pulmão e durante a noite circulam pelo sistema linfático e circulatório. Não se sabe ao certo o motivo deste padrão, mas especialistas acreditam que deve-se ao fato do principal transmissor da doença, o pernilongo, possuir hábitos majoritariamente noturnos.

Ciclo das filárias

Ao picar um hospedeiro portador das microfilárias, o vetor ingere as larvas. Quando entram no organismo do mosquito, as larvas se direcionam para a parede de seu estômago e depois invadem seu tórax.

Quando se estabelecem nos músculos torácicos, as filárias passam por transformações morfológicas até se tornarem insustentáveis para o mosquito. Então, elas saem do tórax e perfuram os lábios do vetor, atraídas pelo calor da pele humana sendo picada.

Uma vez que o vetor cria a lesão na pele humana e a filária entra pelo orifício, finaliza-se o processo de implementação do parasita.

Ao entrar no corpo humano, os vermes penetram nos vasos linfáticos e migram para os locais de permanência definitiva. Leva cerca de um ano até as filárias virarem adultas e se reproduzirem.

Grupos de risco

A filariose é relatada principalmente em regiões tropicais e subtropicais, atingindo sempre as áreas mais periféricas.

No Brasil, o maior risco se encontra nos estados de Pará, Amazonas, Pernambuco e alguns casos em Santa Catarina. Isto não significa que pessoas fora das maiores zonas de risco estão imunes, mas sim que estão menos propensas a serem picadas por algum inseto que esteja infectado pela filariose.

Descuidos com a higiene pessoal também propiciam a proliferação dos vermes.

Sintomas

Logo no início, a filariose pode ser uma doença silenciosa (assintomática). Porém, depois da morte do primeiro verme adulto, os sintomas comumente relatados são:

  • Febre;
  • Dor de cabeça;
  • Calafrio;
  • Náusea;
  • Sensibilidade dolorosa e vermelhidão ao longo do vaso linfático;
  • Lesões genitais;
  • Inchaço do membro;
  • Fotofobia (sensibilidade ou aversão à luz);
  • Linfadenite (infecção nos linfonodos);
  • Microfilaremia (microfilárias no sangue).

A prevenção é essencial, já que muitas vezes a doença é assintomática, ou seja, não manifesta sintomas até estar em um estágio avançado.

Como é feito o diagnóstico da filariose?

O diagnóstico da filariose é complexo e precisa ser realizado por profissionais competentes, como clínico geral e infectologista. Normalmente, o médico pode solicitar exames de sangue, biópsia dos tecidos afetados, ultrassom ou sorologia por ELISA. Entenda:

Exame de sangue

Para averiguar a presença de microfilárias no sangue, o exame deve ser realizado entre às 23h e 01h, devido ao comportamento ativo que elas possuem no período noturno.

Biópsia

A biópsia consiste na coleta de tecidos afetados, como os linfonodos. A amostra é armazenada e analisada em comparação com um tecido saudável. Dessa forma, o especialista vai detectar se existe uma infecção por filárias.

Ultrassom

O Brasil foi pioneiro a utilizar o ultrassom para diagnosticar a filariose. Segundo estudiosos, os pesquisadores conseguiram identificar vermes adultos e vivos nos vasos linfáticos da bolsa escrotal.

Sorologia por ELISA

O objetivo da sorologia por ELISA é buscar os anticorpos naturais que o corpo produz para barrar a ação dos parasitas.

Como o sistema linfático tem um importante papel no sistema imunológico, é possível avaliar os anticorpos e sua reações as filárias.

O benefício da sorologia é que pode ser realizado em qualquer horário, diferente do exame de sangue.

Filariose tem cura?

Sim e não, depende do tipo de filariose. Quando linfática, a filariose é uma parasitose incurável. Contudo, os outros tipos (filariose subcutância ou de cavidade serosa) podem ser curados.

Qual o tratamento para filariose?

Se descoberta no início, a filariose é tratada principalmente por medicamentos, e o tratamento pode levar até dez anos.

Quando se trata de filariose linfática, ainda não há cura. No entanto, é preciso iniciar o tratamento o mais rápido possível, a fim de interromper a ação dos vermes e prevenir que as deformidades se agravem.

Os medicamentos matam as microfilárias dentro de pouco tempo. Já os vermes adultos, por serem mais resistentes, levam mais tempo para morrer. Em alguns casos, quando o tratamento medicamentoso não é eficaz, indica-se a remoção cirúrgica dos vermes.

Muitas pesquisas ainda estão sendo feitas sobre como curar a filariose. Recentemente, dois cientistas alemães descobriram uma enzima que interrompe a vida do verme, mas ainda estão estudando sobre a possibilidade da produção de remédios com a enzima.

Medicamentos para filariose

Os medicamentos comumente indicados para filariose são:

Atenção!

NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.

Convivendo

Conviver com a filariose não é fácil, especialmente quando ela evoluir para elefantíase.

Em seu estágio mais avançado, tarefas que antes pareciam ser de fácil resolução se tornam um problema para os afetados pela doença.

Os membros exageradamente grandes pesam e doem, o que atrapalha a locomoção. Além dos fatores físicos que precisam de cuidados especiais, existe também o preconceito social, fazendo com que o portador se torne recluso.

Manter o local afetado bem higienizado é fundamental, assim as chances do estágio da doença avançar são reduzidas.

Quando bem higienizados, os membros afetados pela filariose não costumam progredir para a elefantíase, visto que a filariose, em si, não é sua única causa.

Prognóstico

O prognóstico é favorável quando se descobre a doença ainda no seu estágio de microfilárias.

Sintomas como febre, calafrios e náuseas são os primeiros a aparecerem, pois se dão logo após a morte do primeiro verme adulto.

Se o diagnóstico de filariose linfática só for conclusivo após a forma aguda da doença, então o indivíduo terá um prognóstico negativo, precisando conviver com a doença até o fim da vida.

Complicações

Se não iniciado o tratamento rapidamente, as complicações mais frequentes são:

Hidrocele

Esta complicação ocorre quando a linfa é incapaz de circular devidamente. O fluído seroso que deveria difundir-se acaba acumulando nos testículos.

Hipertrofia

Em seu estágio avançado, a filariose acarreta no crescimento exagerado do membro afetado. É nesta fase que a doença fica caracterizada como elefantíase.

Linfoscroto

Pode aparecer varizes linfáticas no escroto, desencadeadas pela não circulação da linfa.

Hematoquilúria

Quando um vaso linfático possui mais vermes do que é capaz de suportar, ele se rompe. Junto com o rompimento, ocorre também a ruptura de vasos sanguíneos, e os fluidos dos vasos linfáticos e sanguíneos entram no sistema excretor urinário.

Quilúria

O mesmo processo que ocorre na hematoquilúria, se repete na quilúria. Entretanto com dois adicionais: incluso ao fluídos linfáticos se esvai também gordura, e o sangue é encontrado em menor quantidade.

Pneumopatia eosinofílica

Os vermes da filariose podem se acumular nos tecidos pulmonares, e se proliferam no órgão.

Perturbações tróficas

Anormalidades no membro afetado, como aumento de espessura, perda da elasticidade, queda de pelos, entre outros,são decorrentes da baixa circulação dos líquidos corporais para a parte infectada.

Como prevenir filariose?

O primeiro passo para a prevenção é o tratamento das pessoas infectadas. Assim, são eliminadas as microfilárias presentes no organismo e que poderiam ser transmitidas para os insetos.

A OMS recomenda, ainda, o tratamento profilático com Dietilcarbamazina para as regiões endêmicas, como em Recife e Pernambuco, uma vez ao ano.

Depois de passarem pelo processo de limpeza das microfilárias, o indivíduo pode se curar totalmente da doença, mas se torna mais suscetível à ela. Para evitar o episódio de se repetir, é necessário se prevenir. Algumas dicas são:

Elimine o vetor

Uma boa maneira de não adquirir a doença é evitar a exposição ao mosquito transmissor. Se não for possível resguardar-se totalmente desses insetos, use prevenções como:

Evite locais endêmicos

Local endêmico é a região onde existe o alto risco de contrair uma doença infecciosa. No caso da filariose no Brasil, os principais locais são os estados do Pará, Amazonas, Pernambuco e Santa Catarina. No exterior, temos a Índia, África e alguns locais da Ásia.

Se for necessário uma estadia prolongada nestes locais, não se esqueça de usar repelente.

Não moro em local endêmico e não pretendo viajar, estou seguro?

Infelizmente, ninguém está livre de contrair filariose, apenas possui menor propensão. Alguém da sua vizinhança, ou até mesmo um familiar, pode viajar e trazer os parasitas no corpo. Isso desencadearia o processo de proliferação do verme e os indivíduos da região passariam a ser suscetíveis.


A filariose é uma doença séria que afeta a saúde física e psicológica do indivíduo. Caso esteja com algum sintoma acima ou more em local endêmico, vá ao médico o quanto antes.

Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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