A curetagem é um procedimento ginecológico indicado em casos de abortamento espontâneo incompleto ou retido e na detecção de alguns tipos de doenças.
Apesar de se tratar de um procedimento invasivo e delicado, há casos em que a curetagem é o único método efetivo de tratamento e diagnóstico, ajudando assim a prevenir complicações maiores de saúde.
Como forma de esclarecer como o procedimento é realizado e os cuidados necessários para sua recuperação, o Minuto Saudável reuniu algumas informações a fim de sanar algumas de suas dúvidas. Boa leitura!
Índice – Neste artigo, você vai encontrar:
A curetagem é um procedimento médico feito para limpeza do útero dividido em dois tipos: a curetagem endocervical, onde o acesso se dá somente ao canal endocervical, e a curetagem uterina.
No tipo endocervical, o procedimento visa o diagnóstico de doenças a partir da coleta de tecido uterino endocervical para análise laboratorial e fim de descartar doenças como pólipos e lesões de canal cervical.
Já a curetagem uterina é um procedimento aplicado em casos de aborto espontâneo incompleto ou retido para retirada de placenta retida após o parto natural. Além disso, o procedimento também pode ser indicado para descartar doenças endometriais, como pólipos, hiperplasias de endométrio e carcinoma de endométrio.
O médico responsável pela condução é o(a) ginecologista, que fará essa raspagem dos tecidos e resíduos do útero por meio do canal vaginal. Apesar de não ser um procedimento complicado, o método é invasivo.
Por isso, estar com a vagina dilatada é importante para facilitar o procedimento. Contudo, caso não haja dilatação natural, o(a) médico(a) pode induzi-la por meio do uso de medicamentos. Essa dilatação é importante para que se consiga acessar o útero através do canal vaginal com maior facilidade.
O tempo desse procedimento pode variar de 15 a 30 minutos, mas em casos mais complicados, pode demandar mais tempo. Além disso, para que não cause dor, a curetagem deve ser feita sempre sob anestesia, podendo ser geral, raquianestesia ou peridural.
Por outro lado, na área da dermatologia, a curetagem tem também a mesma finalidade de tratamento por raspagem. Porém, aplica-se em casos de lesões cancerígenas na pele.
A curetagem ginecológica é feita por especialistas da área de ginecologia e obstetrícia. Basicamente, ela consiste na raspagem da parte interna do útero com um instrumento cirúrgico semelhante a uma colher, que se chama cureta.
O procedimento demanda anestesia para evitar que a paciente sinta dor, portanto, deve ser realizada em um hospital e por um(a) médico(a).
Quando a curetagem é realizada para diagnóstico, o material é recolhido e enviado para análise através de biópsia. Para essa limpeza, o(a) médico(a) acessa a cavidade uterina por meio do canal vaginal, que precisa estar dilatado.
Contudo, quando a dilatação, quando não acontece de forma espontânea, precisa ser induzida. Para isso, pode-se optar pelo uso de medicamentos.
O processo de curetagem é comumente realizado após abortos, porém pode ser realizado em outros casos.
A principal recomendação da curetagem é para o esvaziamento uterino em casos de abortos retidos ou incompletos, ou para limpeza do útero após o parto. No entanto, até mesmo nesses casos, o procedimento pode ser substituído por outros como o esvaziamento uterino a vácuo.
Por ser mais invasivo, a curetagem não é a primeira recomendação quando o objetivo é fazer um diagnóstico, mas em alguns casos pode ser necessário para descartar possíveis patologias.
As primeiras recomendações da curetagem, portanto, incluem as seguintes situações:
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Em casos específicos, há um risco maior de não se fazer a curetagem. Não é o caso da curetagem por diagnóstico e sim no procedimento como finalidade de tratamento.
Após um aborto, por exemplo, é necessário que o útero esteja limpo para evitar complicações, como o aborto séptico, um tipo de infecção que pode causar problemas como febre, frequência cardíaca acelerada, risco de perda do útero e choque séptico e óbito.
Esse tipo de complicação não é muito comum em um aborto espontâneo, sendo mais frequente em casos de aborto induzido. Contudo, é um risco possível e, por isso, é preciso que tratamentos sejam feitos para essa limpeza do útero.
É o mesmo caso quando a curetagem é feita para retirada da placenta retida.
Após a realização do procedimento, é necessário que se permaneça no hospital por algumas horas em observação. Contudo, a liberação da paciente pode ser feita em cerca de 6 horas após a realização da curetagem.
Em casa, o repouso deve continuar. Além disso, é importante que a alimentação no dia do procedimento seja leve e que não sejam realizadas atividades que exijam grande esforço físico.
O tempo necessário de repouso em casa pode variar de 1 a 3 dias, quando não há nenhuma complicação. Esperado esse período, as atividades diárias podem ser retomadas caso haja liberação do(a) médico(a).
Contudo, vale lembrar que esse tempo de repouso é relativo e, em alguns casos, o tempo de descanso poderá ser maior. O(a) médico(a) que realizou o procedimento será o responsável por fazer essa avaliação.
O recomendado é evitar relações sexuais por até duas semanas após o procedimento. Esse tempo permite que o útero esteja totalmente recuperado, evitando riscos e complicações, como dor na região ou possíveis infecções.
Contudo, esse tempo também pode mudar de acordo com o motivo da realização da curetagem.
Depende. O tempo para que o útero esteja totalmente recuperado pode variar de acordo com a causa da realização da curetagem. Em casos de abortos em gestações mais avançadas, o tempo de recuperação pode ser semelhante ao que se leva em um parto, uma média de 40 dias.
Nesses casos, há maior tempo para a involução uterina ao volume normal, fechamento de colo e retomada às condições pré-gravídicas. Em gestações mais iniciais, o tempo pode ser menor, em torno de 2 semanas, até que o sangramento cesse e o colo volte a ficar impérvido, ou seja, inacessível.
Em curetagem para diagnóstico, o tempo de recuperação pode ser rápido,, já que a coleta de tecido uterino causa um dano menor quando comparado à curetagem para limpeza do útero.
A anestesia para a realização da curetagem é obrigatória para que não ocasione dor, mas o tipo aplicado no procedimento pode variar de acordo com cada paciente, pois o(a) médico(a) considera o estado emocional e físico da paciente. Por isso, pode ser usada anestesia geral, peridural ou raquidiana.
Na anestesia geral, a paciente fica inconsciente e acorda somente quando a curetagem está finalizada. Por outro lado, a peridural e raquidiana são anestesias regionais que podem contar com sedação.
Já a raquidiana é aplicada com o uso de uma agulha inserida na região das costas, na coluna espinhal. O anestésico, que é aplicado dentro do líquido espinhal, causa relaxamento muscular e uma dormência temporária e, por isso, é muito usado em cesáreas.
No caso da anestesia peridural, mais comum em partos normais, o anestésico é injetado através de um cateter colocado na região peridural, ou seja, ao redor do canal espinhal. Assim, durante o procedimento, é possível administrar constantemente o anestésico no organismo, enquanto na anestesia raquidiana é necessária somente uma única aplicação.
Um pequeno sangramento persistente por alguns dias após o procedimento é considerado normal.
Não é anormal o sangramento contido em alguns dias após a curetagem. Dependendo da razão do procedimento, esse sintoma pode durar três dias ou até mesmo duas semanas.
Contudo, mesmo sendo um sangramento leve e sem outros sintomas, é importante que o(a) médico(a) que realizou a curetagem seja informado(a).
É esperado que esse sangramento vá diminuindo com o passar dos dias, até que pare totalmente. Portanto, caso seja intenso, apresente cheiro forte ou alterado, for coagulado e a paciente apresente outros sintomas, como cólica e febre, por exemplo, é indispensável a procura de um(a) médico(a) ginecologista para investigar a causa.
Nesses casos, este(a) profissional pode solicitar outros exames locais para entender a causa do sangramento e iniciar um tratamento adequado.
Normalmente, a recuperação de uma curetagem é considerada simples, exigindo apenas repouso e alguns pequenos cuidados para que seja possível prevenir complicações e desconforto na região íntima.
De modo geral, nos primeiros dias não é recomendado que se faça esforços físicos e o afastamento do trabalho, da prática de exercícios físicos ou de tarefas domésticas. Portanto, o ideal é que se utilize esse tempo para descansar o máximo possível.
Já no caso da curetagem pós abortamento de uma gestação mais avançada, por exemplo, o tempo de repouso pode ser maior se comparado aos cuidados necessários após o parto.
Outros cuidados incluem:
Assim como são necessários cuidados para o bem-estar físico, também pode ser aconselhado também um acompanhamento psicológico, para que se possa recuperar-se mentalmente da perda.
O procedimento em si não dói, pois deve obrigatoriamente ser feito sob anestesia. Durante a recuperação, é possível que a paciente sinta cólicas semelhantes às que podem ocorrer no período menstrual. Essas cólicas são um tipo de cãibra que ocorrem pela contração intensa do útero no procedimento.
Contudo, a dor não deve ser constante ou tornar-se intensa ao longo da recuperação e, caso seja, a paciente deve procurar um(a) médico(a).
Para melhorar esse desconforto, o(a) médico(a) pode sugerir o uso de analgésicos e compressa de água quente.
A menstruação depois de uma curetagem pode apresentar algumas variações, como um próprio atraso no ciclo. Além disso, podem haver cólicas mais dolorosas do que o normal.
A presença de coágulos no sangue menstrual também pode ocorrer, mas não significa um novo aborto ou restos do abortamento ainda presentes no útero. Esses coágulos são tecidos que revestem o útero que podem ter ficado ainda do mês anterior.
Apesar de ser um procedimento relativamente simples e com complicações consideradas raras, as chances de riscos existem. Os principais são lesões, perfuração uterina, infecções e hemorragia.
Algumas dessas complicações estão relacionadas às técnicas do profissional e não ao procedimento diretamente, então, com uma equipe médica capacitada os riscos são muito baixos.
Por isso, é necessário que a paciente fique durante algumas horas no hospital em observação. Caso ocorra sinal de dores ou sangramento intenso, é possível ter acesso ao tratamento com urgência.
Após a curetagem, alguns sintomas são considerados comuns, como pequenos sangramentos e cólicas leves. Outros sinais podem indicar uma complicação mais grave e indicam que é necessário ajuda médica, tais como:
O atraso no ciclo menstrual não é considerado um sintoma preocupante, pois o útero demora um tempo para recuperar-se da curetagem e isso afeta o ciclo menstrual, causando um atraso em determinados casos.
A curetagem sem intercorrências não é um procedimento que afeta a fertilidade, mesmo em casos de abortamento. No entanto, para tentar uma nova gestação, é preciso que se espere um período que pode variar de 3 a 6 meses.
Se o aborto ocorrido for de uma gestação inicial, é recomendado que se aguarde no mínimo 3 meses para começar a planejar uma nova gestação.
Em gestações que estavam mais avançadas, o tempo mínimo de espera é de 6 meses. Esse intervalo é necessário até mesmo para que a gravidez não seja de risco, pois o útero precisa estar recuperado.
Assim, é possível ter alguns ciclos menstruais e haver tempo para que o endométrio não esteja tão fino, o que aumenta o risco de um aborto espontâneo.
Esse tempo também é necessário para descartar sinéquias, que são aderências dentro do útero que podem surgir após o procedimento e que dificultariam uma nova gestação.
O valor de uma curetagem nos serviços particulares de saúde varia de acordo com o plano e a região do país em que a pessoa reside. No entanto, para quem precisa realizar o procedimento e não tem acesso a uma clínica particular, é possível recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita após uma avaliação médica.
É possível realizar a curetagem de forma segura, eficaz e com uma boa recuperação. Seguir as orientações do(a) ginecologista e ter esse acompanhamento médico após o procedimento também é primordial para evitar complicações.
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Dra. Fernanda Torras
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