Gravidez

Curetagem: o que é e quando fazer a raspagem uterina?

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 02/08/2019Última atualização: 11/01/2023
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 02/08/2019Última atualização: 11/01/2023
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A curetagem é um procedimento ginecológico indicado em casos de abortamento espontâneo incompleto ou retido e na detecção de alguns tipos de doenças.

Apesar de se tratar de um procedimento invasivo e delicado, há casos em que a curetagem é o único método efetivo de tratamento e diagnóstico, ajudando assim a prevenir complicações maiores de saúde.

Como forma de esclarecer como o procedimento é realizado e os cuidados necessários para sua recuperação, o Minuto Saudável reuniu algumas informações a fim de sanar algumas de suas dúvidas. Boa leitura!

Índice – Neste artigo, você vai encontrar:

  1. O que é a curetagem uterina?
  2. Como é feita a curetagem?
  3. Quando é necessário fazer?
  4. Quanto tempo de repouso após curetagem?
  5. Quantos dias após a curetagem pode ter relação sexual?
  6. Em quanto tempo o útero se recupera totalmente?
  7. Qual o tipo de anestesia usado para curetagem?
  8. Por quanto tempo pode ter sangramento após curetagem?
  9. Cuidados necessários após a curetagem
  10. Curetagem dói?
  11. Como é a primeira menstruação depois da curetagem?
  12. A curetagem é um procedimento perigoso?
  13. Quais os sintomas após curetagem?
  14. A curetagem afeta a fertilidade?
  15. Quanto custa uma curetagem? Tem no SUS?

O que é a curetagem uterina?

A curetagem é um procedimento médico feito para limpeza do útero dividido em dois tipos: a curetagem endocervical, onde o acesso se dá somente ao canal endocervical, e a curetagem uterina.

No tipo endocervical, o procedimento visa o diagnóstico de doenças a partir da coleta de tecido uterino endocervical para análise laboratorial e fim de descartar doenças como pólipos e lesões de canal cervical.

Já a curetagem uterina é um procedimento aplicado em casos de aborto espontâneo incompleto ou retido para retirada de placenta retida após o parto natural. Além disso, o procedimento também pode ser indicado para descartar doenças endometriais, como pólipos, hiperplasias de endométrio e carcinoma de endométrio.

O médico responsável pela condução é o(a) ginecologista, que fará essa raspagem dos tecidos e resíduos do útero por meio do canal vaginal. Apesar de não ser um procedimento complicado, o método é invasivo.

Por isso, estar com a vagina dilatada é importante para facilitar o procedimento. Contudo, caso não haja dilatação natural, o(a) médico(a) pode induzi-la por meio do uso de medicamentos. Essa dilatação é importante para que se consiga acessar o útero através do canal vaginal com maior facilidade.

O tempo desse procedimento pode variar de 15 a 30 minutos, mas em casos mais complicados, pode demandar mais tempo. Além disso, para que não cause dor, a curetagem deve ser feita sempre sob anestesia, podendo ser geral, raquianestesia ou peridural.

Por outro lado, na área da dermatologia, a curetagem tem também a mesma finalidade de tratamento por raspagem. Porém, aplica-se em casos de lesões cancerígenas na pele.

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Como é feita a curetagem?

A curetagem ginecológica é feita por especialistas da área de ginecologia e obstetrícia. Basicamente, ela consiste na raspagem da parte interna do útero com um instrumento cirúrgico semelhante a uma colher, que se chama cureta.

O procedimento demanda  anestesia para evitar que a paciente sinta dor, portanto, deve ser realizada em um hospital e por um(a) médico(a). 

Quando a curetagem é realizada para diagnóstico, o material é recolhido e enviado para análise através de biópsia. Para essa limpeza, o(a) médico(a) acessa a cavidade uterina por meio do canal vaginal, que precisa estar dilatado. 

Contudo, quando a dilatação, quando não acontece de forma espontânea, precisa ser induzida. Para isso, pode-se optar pelo uso de medicamentos.

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Quando é necessário fazer?

O processo de curetagem é comumente realizado após abortos, porém pode ser realizado em outros casos.

A principal recomendação da curetagem é para o esvaziamento uterino em casos de abortos retidos ou incompletos, ou para limpeza do útero após o parto. No entanto, até mesmo nesses casos, o procedimento pode ser substituído por outros como o esvaziamento uterino a vácuo.

Por ser mais invasivo, a curetagem não é a primeira recomendação quando o objetivo é fazer um diagnóstico, mas em alguns casos pode ser necessário para descartar possíveis patologias.

As primeiras recomendações da curetagem, portanto, incluem as seguintes situações:

  • Raspagem dos restos ovulares quando há aborto, especialmente quando os restos se encontram por mais de 4 semanas no interior do útero;
  • Retirada de restos placentários em parto normal, quando houver suspeita de retenção de restos placentários;
  • Investigação de hipertrofia endometrial;
  • Retirada de tumores benignos (pólipos uterinos);
  • Remoção de ovo sem embrião (gestações anembrionadas);
  • Diagnóstico de câncer de endométrio.

Leia mais: Infecção urinária pode levar ao aborto

Qual o risco de não fazer curetagem?

Em casos específicos, há um risco maior de não se fazer a curetagem. Não é o caso da curetagem por diagnóstico e sim no procedimento como finalidade de tratamento.

Após um aborto, por exemplo, é necessário que o útero esteja limpo para evitar complicações, como o aborto séptico, um tipo de infecção que pode causar problemas como febre, frequência cardíaca acelerada, risco de perda do útero e choque séptico e óbito.

Esse tipo de complicação não é muito comum em um aborto espontâneo, sendo mais frequente em casos de aborto induzido. Contudo, é um risco possível e, por isso, é preciso que tratamentos sejam feitos para essa limpeza do útero.

É o mesmo caso quando a curetagem é feita para retirada da placenta retida.

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Quanto tempo de repouso após curetagem?

Após a realização do procedimento, é necessário que se permaneça no hospital por algumas horas em observação. Contudo, a liberação da paciente pode ser feita em cerca de 6 horas após a realização da curetagem.

Em casa, o repouso deve continuar. Além disso, é importante que a alimentação no dia do procedimento seja leve e que não sejam realizadas atividades que exijam grande esforço físico.

O tempo necessário de repouso em casa pode variar de 1 a 3 dias, quando não há nenhuma complicação. Esperado esse período, as atividades diárias podem ser retomadas caso haja liberação do(a) médico(a).

Contudo, vale lembrar que esse tempo de repouso é relativo e, em alguns casos, o tempo de descanso poderá ser maior. O(a) médico(a) que realizou o procedimento será o responsável por fazer essa avaliação.

Quantos dias após a curetagem pode ter relação sexual?

O recomendado é evitar relações sexuais por até duas semanas após o procedimento. Esse tempo permite que o útero esteja totalmente recuperado, evitando riscos e complicações, como dor na região ou possíveis infecções. 

Contudo, esse tempo também pode mudar de acordo com o motivo da realização da curetagem.

Em quanto tempo o útero se recupera totalmente?

Depende. O tempo para que o útero esteja totalmente recuperado pode variar de acordo com a causa da realização da curetagem. Em casos de abortos em gestações mais avançadas, o tempo de recuperação pode ser semelhante ao que se leva em um parto, uma média de 40 dias.

Nesses casos, há maior tempo para a involução uterina ao volume normal, fechamento de colo e retomada às condições pré-gravídicas. Em gestações mais iniciais, o tempo pode ser menor, em torno de 2 semanas, até que o sangramento cesse e o colo volte a ficar impérvido, ou seja, inacessível.

Em curetagem para diagnóstico, o tempo de recuperação pode ser rápido,, já que a coleta de tecido uterino causa um dano menor quando comparado à curetagem para limpeza do útero.

Qual o tipo de anestesia usado para curetagem?

A anestesia para a realização da curetagem é obrigatória para que não ocasione dor, mas o tipo aplicado no procedimento pode variar de acordo com cada paciente, pois o(a) médico(a) considera o estado emocional e físico da paciente. Por isso, pode ser usada anestesia geral, peridural ou raquidiana.

Na anestesia geral, a paciente fica inconsciente e  acorda somente quando a curetagem está finalizada. Por outro lado, a peridural e raquidiana são anestesias regionais que podem contar com sedação.  

Já a raquidiana é aplicada com o uso de uma agulha inserida na região das costas, na coluna espinhal. O anestésico, que é aplicado dentro do líquido espinhal, causa relaxamento muscular e uma dormência temporária e, por isso, é muito usado em cesáreas. 

No caso da anestesia peridural, mais comum em partos normais, o anestésico é injetado através de um cateter colocado na região peridural, ou seja, ao redor do canal espinhal. Assim, durante o procedimento, é possível administrar constantemente o anestésico no organismo, enquanto na anestesia raquidiana é necessária somente uma única aplicação.

Por quanto tempo pode ter sangramento após curetagem?

Um pequeno sangramento persistente por alguns dias após o procedimento é considerado normal.

Não é anormal o sangramento contido em alguns dias após a curetagem. Dependendo da razão do procedimento, esse sintoma pode durar três dias ou até mesmo duas semanas. 

Contudo, mesmo sendo um sangramento leve e sem outros sintomas, é importante que o(a) médico(a) que realizou a curetagem seja informado(a).

É esperado que esse sangramento vá diminuindo com o passar dos dias, até que pare totalmente. Portanto, caso seja intenso, apresente cheiro forte ou alterado, for coagulado e a paciente apresente outros sintomas, como cólica e febre, por exemplo, é indispensável a procura de um(a) médico(a) ginecologista para investigar a causa.

Nesses casos, este(a) profissional pode solicitar outros exames locais para entender a causa do sangramento e iniciar um tratamento adequado.

Cuidados necessários após a curetagem

Normalmente, a recuperação de uma curetagem é considerada simples, exigindo apenas repouso e alguns pequenos cuidados para que seja possível prevenir complicações e desconforto na região íntima.

De modo geral, nos primeiros dias não é recomendado que se faça esforços físicos e o afastamento do trabalho, da prática de exercícios físicos ou de tarefas domésticas. Portanto, o ideal é que se utilize esse tempo para descansar o máximo possível.

Já no caso da curetagem pós abortamento de uma gestação mais avançada, por exemplo, o tempo de repouso pode ser maior se comparado aos cuidados necessários após o parto.

Outros cuidados incluem:

  • Evitar relações sexuais durante duas semanas, especialmente em curetagem em gestação inicial;
  • Em abortos tardios ou com presença de infecção, pode ser necessário um tempo de internação maior e uso de medicamentos antibióticos;
  • Evitar banhos de imersão até que o próximo ciclo menstrual seja completado, optando apenas pelo banho em duchas;
  • Não usar ducha íntima para higiene vaginal;
  • Não utilizar absorventes íntimos no primeiro mês após a realização da curetagem.

Assim como são necessários cuidados para o bem-estar físico, também pode ser aconselhado também um acompanhamento psicológico, para que se possa recuperar-se mentalmente da perda.

Curetagem dói?

O procedimento em si não dói, pois deve obrigatoriamente ser feito sob anestesia. Durante a recuperação, é possível que a paciente sinta cólicas semelhantes às que podem ocorrer no período menstrual. Essas cólicas são um tipo de cãibra que ocorrem pela contração intensa do útero no procedimento.

Contudo, a dor não deve ser constante ou tornar-se intensa ao longo da recuperação e, caso seja, a paciente deve procurar um(a) médico(a).

Para melhorar esse desconforto, o(a) médico(a) pode sugerir o uso de analgésicos e compressa de água quente.

Como é a primeira menstruação depois da curetagem?

menstruação depois de uma curetagem pode apresentar algumas variações, como um próprio atraso no ciclo. Além disso, podem haver cólicas mais dolorosas do que o normal.

A presença de coágulos no sangue menstrual também pode ocorrer, mas não significa um novo aborto ou restos do abortamento ainda presentes no útero. Esses coágulos são tecidos que revestem o útero que podem ter ficado ainda do mês anterior.

A curetagem é um procedimento perigoso?

Apesar de ser um procedimento relativamente simples e com complicações consideradas raras, as chances de riscos existem. Os principais são lesões, perfuração uterina, infecções e hemorragia. 

Algumas dessas complicações estão relacionadas às técnicas do profissional e não ao procedimento diretamente, então, com uma equipe médica capacitada os riscos são muito baixos.

Por isso, é necessário que a paciente fique durante algumas horas no hospital em observação. Caso ocorra sinal de dores ou sangramento intenso, é possível ter acesso ao tratamento com urgência.

Quais os sintomas após curetagem?

Após a curetagem, alguns sintomas são considerados comuns, como pequenos sangramentos e cólicas leves. Outros sinais podem indicar uma complicação mais grave e indicam que é necessário ajuda médica, tais como:

  • Sangramento intenso, que exige troca de absorvente a todo momento;
  • Dores fortes que não melhoram nem mesmo com a administração de medicamentos analgésicos e uso de bolsa térmica;
  • Febre;
  • Corrimento vaginal com odor ruim.

O atraso no ciclo menstrual não é considerado um sintoma preocupante, pois o útero demora um tempo para recuperar-se da curetagem e isso afeta o ciclo menstrual, causando um atraso em determinados casos.

A curetagem afeta a fertilidade?

A curetagem sem intercorrências não é um procedimento que afeta a fertilidade, mesmo em casos de abortamento. No entanto, para tentar uma nova gestação, é preciso que se espere um período que pode variar de 3 a 6 meses.

Se o aborto ocorrido for de uma gestação inicial, é recomendado que se aguarde no mínimo 3 meses para começar a planejar uma nova gestação.

Em gestações que estavam mais avançadas, o tempo mínimo de espera é de 6 meses. Esse intervalo é necessário até mesmo para que a gravidez não seja de risco, pois o útero precisa estar recuperado.

Assim, é possível ter alguns ciclos menstruais e haver tempo para que o endométrio não esteja tão fino, o que aumenta o risco de um aborto espontâneo.

Esse tempo também é necessário para descartar sinéquias, que são aderências dentro do útero que podem surgir após o procedimento e que dificultariam uma nova gestação.

Quanto custa uma curetagem? Tem no SUS?

O valor de uma curetagem nos serviços particulares de saúde varia de acordo com o plano e a região do país em que a pessoa reside. No entanto, para quem precisa realizar o procedimento e não tem acesso a uma clínica particular, é possível recorrer ao Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita após uma avaliação médica.


É possível realizar a curetagem de forma segura, eficaz e com uma boa recuperação. Seguir as orientações do(a) ginecologista e ter esse acompanhamento médico após o procedimento também é primordial para evitar complicações. 

Para seguir se informando sobre gestação, siga acompanhando o portal e redes sociais do Minuto Saudável!


Referências

  • Dra. Fernanda Torras (CRM 130332), Graduada em medicina com residência em Ginecologia e Obstetrícia e pós-graduada em Mastologia e Oncoplastia Mamária, ambos pela Irmandade da Santa Casa de Misericórdia, em São Paulo. Atua na área de saúde feminina em todas as fases da vida da mulher.
Imagem do profissional Fernanda Torras
Este artigo foi escrito por:

Dra. Fernanda Torras

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