Deficiência intelectual: o que causa e como tratar

O que causa deficiência intelectual?

A deficiência intelectual, que tem prevalência de 1% na população geral, pode ser causada por fatores genéticos e fisiológicos como:

Pré-natais

Esse tipo de causa envolve síndromes genéticas, como:

• Variação na sequência genética;
• Variação dos números das cópias envolvendo um ou mais genes e problemas nos cromossomos;
• Malformações no cérebro;
• Doenças maternas, como doença na placenta;
• Uso de álcool e outras drogas.

Perinatais

Nesse caso, podem envolver problemas durante o trabalho de parto e nascimento da criança.

Pós-natais

Essas causas envolvem:

• Lesão isquêmica hipóxica (asfixia intra-uterina, parto ou pós-parto);
• Lesão cerebral traumática (traumatismo craniano);
• Infecções, como rubéola, HIV e herpes;
• Doenças desmielinizantes, como AVC, deficiências nutricionais e monóxido de carbono;
• Doenças convulsivas, como espasmos;
• Privação social grave ou crônica;
• Síndrome metabólica tóxica e intoxicantes por chumbo ou mercúrio.

Leia mais: Autismo em adultos: níveis, como identificar e tratar

Níveis de deficiência intelectual

Os níveis são estabelecidos conforme o funcionamento adaptativo da pessoa e a quantidade de apoio que ela necessitará. Essa classificação é subdividida em domínio conceitual, social e prático.

Leve (CID – F70)

Domínio conceitual

O domínio conceitual corresponde às dificuldades que adultos e crianças apresentam na aquisição da leitura, escrita, matemática, tempo e dinheiro. Podem apresentar dificuldades no planejamento de atividades e de traçar estratégias, além de prejuízos para o uso funcional da memória de curto prazo.

Domínio social

É possível observar imaturidade nas relações sociais. A linguagem é usada de maneira concreta, seja na comunicação ou conversação, e muitas vezes aparece como imatura para a idade.

Além disso, podem apresentar problemas emocionais e comportamentais conforme a faixa etária, podendo ser facilmente manipuláveis.

Domínio prático

O(a) paciente consegue funcionar conforme a faixa etária nos cuidados pessoais, porém, em algumas tarefas necessita de apoio, como cuidados com a saúde, decisões legais e desempenhar uma profissão normalmente.

Pode conseguir emprego normalmente, mas que não necessite de habilidades conceituais.

Moderada (CID – F71)

Domínio conceitual

No desenvolvimento pré-escolar, a linguagem e as habilidades acadêmicas se desenvolvem de maneira lenta em relação aos demais companheiros, como a leitura, escrita, matemática, compreensão de tempo e dinheiro.

Já na vida adulta, as habilidades acadêmicas são simplificadas, porém, necessitam de apoio para desenvolver as habilidades no trabalho e na vida pessoal. 

Domínio social

O julgamento social e capacidade de tomarem decisões são mais limitados que os demais e, muitas vezes, precisam de auxílio nessas ocasiões.

A comunicação é simplificada em comparação com outros companheiros. Há a possibilidade de criação de laços sociais e amizades durante a vida, assim como de manter relacionamentos românticos.

Domínio prático

Com ensino prolongado nas necessidades pessoais, o(a) paciente consegue desenvolver a capacidade de se alimentar, vestir e ter higiene como adulto. Além disso, também consegue desenvolver atividades domésticas, mas com ensino por longos períodos.

Dependendo das tarefas a serem realizadas, poderá conseguir emprego, porém, necessitará de apoio de colegas para desenvolvimento de habilidades sociais, realização de atividades complexas, além de responsabilidades, como horário, transportes e controle de dinheiro.

Grave (CID – F72)

Domínio conceitual

Estes(as) pacientes têm pouca compreensão da linguagem  escrita ou falada, números, quantidade, tempo e dinheiro. Os cuidadores auxiliam em todas as atividades ao longo da vida.

Domínio social

A linguagem falada é limitada e pode ser composta por palavras e expressões isoladas, com foco no aqui e agora. Há a compreensão apenas de discursos e comunicação gestual simples.

Domínio prático

Necessitam de apoio em todas as atividades cotidianas, até mesmo refeições, vestir-se, banho e uso do banheiro, ou seja, precisam ser supervisionados o tempo todo.

Há a incapacidade de tomar decisões, com isso, demanda auxílio no bem-estar de si mesmo e dos demais. Para desenvolver habilidades, necessita do apoio contínuo e prolongado.

Profunda (CID – F73)

Domínio conceitual

Neste estágio, as pessoas apresentam prejuízos motores e sensoriais, o que pode impedir o uso de objetos. Porém, a maneira de aprendizado se baseia no mundo físico, por meio de acessórios para atingir metas direcionadas ao autocuidado, trabalho e recreação.

Domínio social

A compreensão da linguagem simbólica é limitada, seja por fala ou gestos. A expressão de desejos e emoções é através da comunicação não verbal e não simbólica.

Há forte ligação dos relacionamentos com membros próximos da família, cuidadores e outras pessoas que são próximas, e a maneira de reagir é a partir de gestos e emoções.

Domínio prático

Há necessidade do cuidado físico, saúde e segurança diariamente, ainda que possa participar ativamente dessas atividades. No ambiente de trabalho, pode participar de atividades que necessitem de ações simples, mas que precisam de apoio continuado.

Para atividades recreativas, necessitam do apoio de outras pessoas, seja por ouvir música, assistir filmes e passear, por exemplo.

Características e sintomas

As características e sintomas apresentados da deficiência intelectual tem início durante o período de desenvolvimento. Os(as) pacientes apresentam déficits, como:

• Raciocínio;
• Solução de problemas;
• Planejamento;
• Pensamento abstrato;
• Juízo;
• Desenvolvimento e aprendizagem;
• Independência pessoal;
• Responsabilidade social.

Quando não há apoio continuado dessas pessoas, esses déficits podem provocar limitação e mau funcionamento em um ou mais atividades diárias.

Deficiência intelectual, mental e autismo: qual a diferença?

Apesar de ambos serem transtornos do neurodesenvolvimento, cada um apresenta especificidades nos sintomas. Contudo, cerca de 70% das pessoas com autismo apresentam deficiência intelectual.

O autismo apresenta dificuldades nas habilidades de socialização, comunicação e linguagem, além de distúrbios comportamentais. Geralmente, os sintomas clínicos envolvem tomada de decisões, planejamento de atividades, atenção e memória de trabalho.

Já a DI envolve déficits funcionais, intelectuais, adaptativos, sociais e práticos, ou seja, prejuízos em diversas áreas da vida da pessoa que impactam no desenvolvimento.

A diferença de deficiência intelectual e mental se deu após a criação de uma Lei federal dos Estados Unidos que determinou a alteração da terminologia “retardo mental” por deficiência mental.

Contudo, estudos, periódicos médicos, educadores, o público leigo e grupos de defesa dos direitos humanos utilizam o termo deficiência intelectual.

Tratamento

O tratamento envolve o apoio familiar e o aconselhamento à família e se baseia nas causas, efeitos, prognóstico e educação. O prognóstico deverá apresentar previsões positivas e negativas acerca dos resultados funcionais da criança.

Além disso, o ambiente familiar deve ser encorajador, proporcionar independência e reforçar os aprendizados para que o(a) paciente continue se sentindo motivado.

Além disso, a intervenção médica precoce envolve uma equipe multiprofissional e a adoção de programas de apoio que auxiliam na prevenção ou diminuição das disfunções apresentadas. Eles deverão ser individualizados, abrangendo todas as necessidades expressas pelas crianças.

Essa equipe multidisciplinar que citamos poderá ser composta pelos seguintes profissionais:

• Neurologistas e pediatras;
• Ortopedistas;
• Fisioterapeutas;
• Terapeutas ocupacionais;
• Fonoaudiólogos;
• Nutricionista;
• Assistente social;
• Psicólogos;
• Psiquiatras.

Crianças que apresentem transtornos psiquiátricos poderão receber medicações conforme as orientações do médico(a). Contudo, é importante frisar que o uso de psicoativos sem terapia e sem mudanças ambientais não geram resultados.

Convivendo 

A construção da prática escolar é um grande desafio, pois ela necessita de entendimento das particularidades de cada aluno(a) com deficiência intelectual, considerando o ritmo de aprendizagem e sem impor os padrões dos outros alunos.

Ambiente escolar

O ambiente escolar deve proporcionar condições sociais, físicas e metodológicas para conseguir desenvolver suas habilidades.

As atividades, por exemplo, podem acontecer dentro de grupos grandes ou pequenos, com a disposição das carteiras em círculos dentro da sala ou em outros espaços como em quadra esportiva e pátio, fugindo do tradicionalismo.

Além disso, deverão ser desenvolvidas grades curriculares que envolvam todos os envolvidos na instituição escolar e levando em consideração as metodologias e estratégias a serem adotadas, a avaliação, o tempo que será necessário  e o espaço que será demandado.

Ambiente empresarial

Para esses(as) pacientes, a empresa é uma porta para o desenvolvimento social, emocional, promovendo o empoderando e, além disso, capaz de proporcionar a expansão das habilidades cognitivas e relacionais.

Durante a história, existem paradigmas que influenciaram na construção de leis, criação de políticas públicas, legislações e serviços que possibilitaram a inclusão das pessoas com deficiência intelectual.

A Deficiência Intelectual é caracterizada como um transtorno do neurodesenvolvimento que pode acontecer no início do desenvolvimento da criança.

Se você ou alguém que você conhece apresenta esses sinais, procure ajuda psiquiátrica ou psicológica!

Para mais conteúdos sobre saúde mental, continue acompanhando o site e redes sociais do Minuto Saudável!

Referências

• Descrição das Propostas do Ministério da Educação na Avaliação da Deficiência Intelectual — Paidéia;
• A Inclusão no Trabalho Sob a Perspectiva das Pessoas com Deficiência Intelectual — Trends in Psychology;
• Impacto da Mudança de Nomenclatura de Deficiência Mental para Deficiência Intelectual — Educação em Perspectiva;
• Deficiência Intelectual na Perspectiva Histórico-Cultural — Open Access Revista Brasileira de Educação Especial;
• Referencial Sobre Avaliação da Aprendizagem na Área da Deficiência Intelectual — Referencial sobre Avaliação da Aprendizagem;
• Deficiência Intelectual e o Transtorno do Espectro Autista: Fatores Genéticos e Neurocognitivos — Periódicos, PucMinas;
• Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais  — American Psychiatric Association, Artmed.