A esclerose múltipla (EM) é uma condição ainda pouco falada e que, por isso e pelos sintomas pouco específicos, pode ter um diagnóstico demorado. Ela é um distúrbio autoimune que pode ser desencadeado ou influenciada por condições externas em pessoas que já têm predisposição.
A EM ainda não tem cura, mas já conta com opções que podem reduzir as ocorrências das crises, diminuindo a progressão da doença. Entre os medicamentos está o Copaxone, uma solução injetável aprovada pela ANVISA e disponível no SUS.
O que é Copaxone?
Copaxone é um imunomodulador (medicamento modificador da doença), injetável, indicado para o controle da esclerose múltipla remissiva recidivante (EMRR), também conhecida como remissiva-reincidente — um tipo específico da doença.
A substância ativa é a acetato de glatirâmer e seu uso demonstra uma diminuição na frequência de recidivas dos surtos e estabilização do quadro, pois se acredita que sua ação ocorra inibindo o processo inflamatório, principal causa da EM, no sistema nervoso central.
O Copaxone possui miligramagens distintas, que atuam da mesma maneira, mas permitem que haja menos aplicações sem interferir na ação esperada. Assim, o medicamento pode ser aplicado diariamente ou até 3 vezes na semana, de acordo com a dosagem e a orientação médica.
As seringas são de uso único e vêm preenchidas com 1mL de solução.
Apesar de ser uma injeção, a administração do Copaxone pode ser feita em casa, pela própria pessoa em tratamento.
Isso porque é uma injeção subcutânea, podendo ser aplicada em regiões como coxa, lateral lombar, braço e abdômen. Com algumas orientações médicas e um treinamento, o uso em casa da medicação é simples e seguro.
Para que serve Copaxone?
O medicamento Copaxone é indicado para o tipo de Esclerose Múltipla remissiva recidivante (ou remitente recorrente), reduzindo a frequência dos surtos (recidivas). Segundo a bula, o medicamento apenas reduz os episódios, não necessariamente impede a ocorrência, logo que a doença ainda não tem cura.
Além disso, o uso do medicamento está indicado também às pessoas que apresentaram um primeiro episódio clínico bem definido e que têm riscos de desenvolver a EM clinicamente definida (EMCD).
O que é Esclerose Múltipla?
A Esclerose Múltipla pode ter características bem distintas entre cada paciente. Por isso, as formas de classificar a doença levam em consideração os sintomas, a frequência dos surtos e a progressão do quadro.
No geral, ela é uma condição autoimune inflamatória em que as células imunes, ao invés de proteger o organismo, atacam e agridem o mielina, que compõe uma camada protetora das fibras do sistema nervoso central (essa camada é chamada de bainhas de mielina).
A mielina tem a função de auxiliar na comunicação dos impulsos elétricos entre células, permitindo a correta comunicação entre os sistemas do corpo.
Como resultado dessas inflamações, ocorre a desmielinização (a degradação da bainha de mielina), que pode ser recuperada total ou parcialmente.
Considera-se 4 tipos ou estados da doença (Síndrome Clínico Isolado, EM remitente Recorrente, Secundária Progressiva, Primária Progressiva), sendo que 2 deles podem ser tratados com Copaxone. Veja mais sobre os quadros que podem utilizar o Copaxone:
Síndrome Clínico Isolado (SCI)
A Síndrome Clínico Isolado (SCI) é caracterizada por um episódio isolado, com duração inferior a 24 horas, incluindo sintomas comuns ou relacionados à esclerose múltipla. Em geral, a maioria das pessoas que tem um episódio clínico único vai desenvolver a doença anos mais tarde.
Quem tem alto risco de lesão cerebral (detectado por meio de exames) é orientada(o) ao tratamento. Porém, é possível que a pessoa seja classificada como baixo risco de desenvolver EM, estando mais distante das chances de, no futuro, apresentar outro episódio.
EM Remitente Recorrente (EMRR)
A EM remitente recorrente é o tipo mais comum, podendo chegar a 85% dos quadros. Elas é caracterizada pela ocorrência de surtos e melhoras (que podem ser após o tratamento ou espontâneas).
Em geral, as pessoas apresentam, nos primeiros anos da doença, recuperação total após os surtos, sem consequências ou danos irreversíveis.
Porém, o quadro pode ser modificado e, após alguns anos, pacientes podem apresentar danos após os surtos (caracterizando o tipo secundário progressivo de EM).
Nesses casos, o uso de medicamentos visa reduzir os episódios.
Como é a aplicação do Copaxone?
O Copaxone é um medicamento injetável, mas de fácil aplicação. Ao ter orientação para o uso, cada paciente deverá receber um treinamento por profissionais de saúde, aprendendo as formas corretas e seguras de aplicação. Assim, é possível administrar as dosagens em casa, com ajuda de alguém ou por autoaplicação.
A injeção é subcutânea, isso significa que ela deve ser feito abaixo da pele, sem chegar ao tecido muscular.
Conforme a bula, é indicado que o aspecto da solução seja analisado antes de ser usado. Sua aparência deve ser límpida e levemente amarelada, sem partículas observáveis.
Também é importante que as injeções sejam feitas na mesma hora, nos dias estipulados pelo médico ou médica. Há várias opções para a administração, sendo necessário realizar um rodízio. Ou seja, a cada aplicação, deve ser mudado o local para evitar irritações ou dores.
Como o medicamento fica armazenado sob refrigeração, após retirar um blister com uma seringa nova, é preciso deixá-lo por 20 minutos em temperatura ambiente. Com as mãos e o local de aplicação devidamente higienizados, é preciso remover a película de proteção da agulha.
Segurando a seringa como se fosse uma caneta com uma das mãos, faça um pequena prega cutânea no local de aplicação com a outra mão livre. Insira a agulha em um ângulo de 90º e injete o medicamento empurrando o êmbolo.
Após toda a solução ser injetada, remova a agulha da pele e pressione o local com um algodão sem massagear.
Essas são orientações da bula para a administração, mas é importante saber que a equipe médica que assiste cada paciente deve fazer o treinamento para o uso do medicamento, orientando quanto à forma correta e segura de aplicar.
Efeitos colaterais: o que a bula indica?
Assim como outras medicações, o Copaxone pode acarretar efeitos colaterais em algumas pessoas. Isso significa que nem todas terão alguma reação adversa e que, caso ocorram, a intensidade e duração podem ser variáveis. Conforme a bula, por tratar-se de uma injeção, as reações mais comuns envolvem manifestações no local de aplicação, como:
- Eritema (rubor);
- Dor;
- Nódulo;
- Prurido;
- Edema (roxo);
- Inflamação;
- Alergias (hipersensibilidade).
Ainda que mais raramente, é possível ocorrer lipoatrofia (atrofia no tecido gorduroso) e necrose da pele (lesão grave com morte de células da pele). O rodízio é bastante importante para reduzir as ocorrências de nódulos, dores, roxos e outras lesões devido à aplicação.
Além disso, a bula indica que algumas outras reações foram relatadas logo após a administração do medicamento, sendo elas:
- Rubor (vasodilatação);
- Dor no peito;
- Falta de ar;
- Palpitação ou taquicardia;
- Ansiedade;
- Urticária e sensação de fechamento da garganta.
Tem contraindicações?
Sim. A bula aponta que Copaxone não é indicado para pacientes com hipersensibilidade (alergia) ao acetato de glatirâmer ou ao manitol. Não há estudos suficientes ou específicos para grupos de mulheres grávidas ou lactantes, idosos e crianças (abaixo de 12 anos), não devendo haver uso do medicamento por esses grupos.
Em caso de dúvidas, é necessário sempre conversar com médicos ou médicas que acompanham o tratamento.
Copaxone engorda?
A bula do Copaxone aponta algumas reações listadas em estudos clínicos, entre elas, o aumento do peso, sendo uma condição listada como comum. Mas vale lembrar que uma série de fatores podem afetar o peso, ocasionando alterações.
A alimentação, a ansiedade e outras condições podem ser responsáveis ou contribuir para o aumento da massa corporal.
Copaxone e gravidez: pode ser usado?
A bula do Copaxone indica que o medicamento não é recomendado durante a gravidez. Mulheres devem informar ao(à) médico(a) se descobrirem gravidez durante ou após o uso do remédio. As que estão amamentando devem avisar sobre a condição, logo que não se sabe sobre a passagem do medicamento para o leite materno.
Qual o laboratório do Copaxone?
O Copaxone é produzido pela indústria farmacêutica Teva. A empresa israelense é, atualmente, a maior produtora de medicamentos genéricos do mundo, assistindo pacientes com diversas doenças, entre elas oncológicas, respiratórias, neurológicas, hematológicas e infecciosas.
Para quem tem Esclerose Múltipla e vai fazer tratamento com Copaxone, a indústria farmacêutica Teva oferece o Programa TevaCuidar, que é uma iniciativa visando a assistência e o auxílio de pacientes e pessoas próximas.
Basta fazer o cadastro no site do programa para receber informações e novidades sobre tratamentos, medicações e descobertas sobre a EM. Além disso, há uma rede de assistência educativa, acessibilizando e aproximando o contato com especialistas em esclerose múltipla.
Qual o preço do Copaxone 20mg e 40mg?
Copaxone é um medicamentos de alto custo, que fica na faixa de R$ 5.000 a R$6.500*. Pacientes que estão em andamento ou vão iniciar um processo judicial para a obtenção do tratamento, e têm que apresentar uma cotação jurídica, podem contar com o auxílio da assessoria em cotação jurídica de medicamentos, do Consulta Remédios.
Basta preencher um formulário e, de forma rápida e segura, o Copaxone ou outro medicamento é orçado de modo personalizado.
Vale lembrar que é direito da população ter acesso aos medicamentos e tratamentos indicados por profissionais médicos(as) e que é possível recorrer à Justiça para a obtenção deles.
Nesses casos, uma série de documentos é solicitada, como o laudo médico, a receita e o orçamento jurídico.
*Preço médio consultado em dezembro de 2019. Os valores podem sofrer alteração.
Copaxone pelo SUS: tem como conseguir?
Sim. O Copaxone 20mg e, mais recentemente, 40mg estão incorporados ao SUS, no âmbito da assistência às pessoas com Esclerose Múltipla.
O Sistema Único de Saúde conta com a Política Nacional de Atenção ao Portador de Doença Neurológica, que oferece cerca de 44 procedimentos de atenção e tratamento às pessoas portadoras de EM e outras doenças neurológicas.
Para ter acesso ao tratamento, pacientes devem ter indicação médica para o Copaxone, encaminhando em unidades de saúde especializadas para medicação de alto custo os documentos necessários.
Ao entregar a solicitação, abre-se um processo administrativo, que será avaliado pela equipe responsável. Todas as informações sobre como proceder e quais os encaminhamentos necessários devem ser esclarecidas com a equipe médica que acompanha cada paciente.
A Esclerose Múltipla é uma das condições que teve um grande salto no quesito de tratamentos. Hoje, pacientes contam com recursos que vão desde exames aos medicamentos, capazes de auxiliar no acompanhamento e redução dos sintomas e danos relacionados à condição.
O Copaxone está entre as opções medicamentosas que têm demonstrados bons resultados. O medicamento já faz parte da política de assistência do SUS, o que facilita e acelera ainda mais o acesso de pacientes a tratamentos cada vez mais efetivos.
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