O termo psicodélico foi descrito pela primeira vez no ano de 1957 pelo psiquiatra britânico Humphry Osmond enquanto trocava cartas com o escritor Aldous Huxley. Essa terminologia faz a junção de psique (mente, alma, self, psiquismo) com delos (expressão, demonstração, visão).
Esse termo traduz a manifestação da mente e do espírito de tornar visível a alma, o psiquismo ou então o seu “eu” desconhecido, não explorado ou de difícil acesso. Portanto, com base na psicologia, o psicodélico auxiliaria no acesso à consciência.
Na história, foi evidenciado que o uso de plantas com substâncias alucinógenas pela primeira vez foi há 5700 anos por tribos indígenas no nordeste no México. Porém, foi descoberto que em todo mundo eram utilizadas diversas plantas alucinógenas, com o intuito de proporcionar elevação do espírito durante os rituais religiosos.
Com o avanço cientifico, algumas substâncias foram isoladas e outras foram produzidas em laboratório para poderem ser estudadas e detalhadas. A partir daí, pôde-se entender os mecanismos de ação e propriedades de cada uma delas, o que possibilitou a categorizações.
Recentemente, estudos sobre os psicodélicos no tratamento de transtornos psiquiátricos foram retomados com o intuito de entender seus potenciais terapêuticos, tendo a psilocibina e a dietilamida de ácido lisérgico (LSD) como maiores destaques.
Para saber mais sobre o uso de psicodélicos, quais são os efeitos no organismo e o que é terapia assistida por psicodélicos, continue acompanhando o artigo!
Índice — Neste artigo, você vai encontrar:
Na psicologia e psiquiatria, os psicodélicos correspondem a uma classe de agentes químicos que induzem a respostas alteradas na percepção, pensamentos e emoções. Até o momento, os estudos demonstram que o uso dessas substâncias são seguras quando usadas em doses terapêuticas, ou seja, em baixas doses, no set terapêutico.
No entanto, o uso dessas substâncias não anula a realização de psicoterapia, pois, quando realizadas em conjunto, a redução de sintomas é expressiva. Por conta isso, durante os estudos, há um tempo dedicado para fala do paciente e compreensão da vivência após a utilização dessas substâncias.
Os psicodélicos causam modificações cerebrais, ou seja, na atividade da neurotransmissão da dopamina, serotonina e noradrenalina, responsáveis pela sensação de bem-estar, prazer, felicidade. Por conta disso, é possível alcançar resultados terapêuticos em poucas sessões.
Já os efeitos em caráter fisiológico são:
Os efeitos de caráter psicológica são:
Além disso, nos estudos realizados ao longo dos anos, foram observados alterações nas atividades cerebrais em áreas específicas, algumas delas demonstrando a melhora no estado depressivo e com durabilidade do efeito.
Contudo, ainda há a necessidade de mais estudos para serem levantados todos os mecanismos de ação dessas substâncias.
Atualmente, o MDMA (3,4-metilenodioximetanfetamina), psilocibina, dietilamida do ácido lisérgico (LSD), ayahuasca e DMT (dimetiltriptamina) são objetos de estudo para o tratamento de condições psiquiátricas. A seguir, você confere um pouco mais sobre o que já se sabe sobre a ação dessas substâncias e como elas podem ser benéficas em tratamentos médicos:
O MDMA, também conhecido como ecstasy, “adam”, “xtc”, “molly”, “EA-1475” é uma droga sintetizada derivada de anfetamina, combinada com estimulantes e alucinógenos, ou seja, causa moderadamente alucinações e induz a empatia e sociabilidade.
Contudo, as pesquisas demonstra a eficácia na terapia-assistiva no uso do MDMA para o tratamento do transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), trazendo uma possibilidade de acelerar o processo terapêutico. Contudo, a administração precisa ser realizada em intervalo de meses e em conjunto com a psicoterapia.
Além disso, foram realizados estudos que comprovassem a segurança e a tolerância do tratamento com esse psicodélico e, até o momento, os resultados se demonstram promissores na redução dos sintomas do TEPT.
A psilocibina, conhecida pelo senso comum como “cogumelo mágico”, faz parte dos psicodélicos. No cérebro, a substância apresenta atividades alucinógenas, com atuação em estruturas que envolvem atuação direta nas emoções e no afeto.
Por conta de seus benefícios, tem sido alvo de estudo para o tratamento da depressão persistente, de sintomas depressivos e ansiosos, ansiedade em pacientes em cuidados paliativos com doenças terminais, além de reduzir sintomas do transtorno obsessivo-compulsivo.
Quando ingerida, foi demonstrado que ocorre um aumento na liberação da dopamina, sendo um neurotransmissor responsável pela transmissão de informação, com envolvimento direto no hormônio de felicidade. Quando esse hormônio é liberado no organismo, o(a) paciente tem a sensação de prazer e se sente motivado.
A origem do LSD se deriva do fungo Claviceps purperea (esporão-do-centeio). Foi sintetizada pela primeira vez no ano de 1938 pelo suiço Albert Hofmann, que tinha o intuito de identificar as propriedades farmacológicas do esportão-do-centeio.
Acidentalmente, Hofman teve contato com a substância e apresentou alterações sensoriais e perceptivas, além de ter descrito momentos de terror e de felicidade.
Os efeitos do LSD estão interligados com a serotonina, influenciando diretamente nas alucinações visuais, desorientação temporal e de identidade, além de alterações na cognição que se assemelha ao efeito psicótico.
Por fim, pesquisas atuais evidenciam o potencial terapêutico dessa substância em pessoas com dependência química, depressão e ansiedade, pois proporcionam qualidade de vida para estes(as) pacientes e redução do sofrimento psíquico.
Ayahuasca é uma terminologia adotada da língua quéchua, cujo significado é vinho da alma. Para a preparação desse chá, são retiradas folhadas do arbusto charona (Psychotria viridis). Essa bebida possui histórico e até hoje é utilizada em rituais de cura espiritual.
A ayahuasca tem efeito emético e purgativo, mas também proporciona sensações no corpo, visões, recordações de memórias afetivas. Além disso, acreditasse que seja a origem do sucesso para o tratamento de dependentes químicos e de pacientes com depressão.
O vômito, comum em que utiliza a substância, é entendido como a desintoxicação do corpo de todas as emoções ruins e toxinas, com isso, auxiliaria na potencialização de conteúdos psicológicos e espirituais. No Brasil, o uso religioso da ayahuasca é legal.
A psicoterapia-assistida por psicodélicos se baseia em um modo de tratamento que ocorre no set e setting terapêutico, ou seja, com o acompanhamento de profissionais durante a utilização de um dos medicamentos psicodélicos prescritos pelo(a) médico(a) responsável.
Esse novo modelo ainda está em processo de estudo e se pautou no fato de que muitos pacientes são resistentes ao uso de psicofármacos. Portanto, defende-se que a psicoterapia-assistida por psicodélicos se torna uma alternativa efetiva e, simultaneamente, segura quando está dentro desses padrões.
Durante o procedimento terapêutico, ocorre a modificação do funcionamento cérebro, causando diversas respostas emocionais, cognitivas e comportamentais, auxiliando no processo de consciência do(a) paciente.
No ambiente, são utilizadas músicas que auxiliam no processo, promovendo a reação comportamental. Os sentimentos, uma vez introspectivos, se tornam acessíveis ao nível de consciência do(a) paciente, assim como as sensações, como sentir-se abraçado(a) ou tocado(a).
Geralmente, a iluminação contribui para que o paciente seja induzido para o autoconhecimento e autopercepção para facilitar o processamento das emoções e de si mesmo.
A orientação é que o paciente mantenha os olhos fechados, mantendo a concentração em tudo que está acontecendo em sua mente, seja em sentimentos, pensamentos ou sensações. Assim, a experiência se torna uma terapia vívida.
Após o processo, os terapeutas interagem por um tempo variável entre 60 e 90 minutos com o intuito de entender e discutir junto ao paciente a vivência, para haver um caminho no aprofundamento durante o processo terapêutico.
Ainda não existe terapia-assistida com psicodélicos aprovada no país, isso porque o processo ainda está em estudo. Contudo, algumas clínicas regularizadas que realizam essas pesquisas já operam no Brasil e abrem vagas para voluntários participarem de estudos que, mais tarde, sustentarão a importância do uso dessas substâncias.
Em alguns países, especialmente na Suíça, onde os estudos com LSD iniciaram com Albert Hofmann, houve uma pausa nos estudos devido ao uso recreativo desenfreado. Contudo, há alguns anos, as pesquisas foram retomadas por clínicas especializadas no tratamento de substâncias psicoativas para reforçar provas científicas da eficácia no alívio de sintomas de diversos transtornos e dores crônicas.
Para participar dos estudos, é necessário corresponder as variáveis estabelecidas pela clínica, seja tipo de transtorno, histórico de vida, estudo e idade.
Os psicodélicos induzem a respostas alteradas na percepção, pensamentos e emoções. Contudo, nas ciências médicas e psicológicas, esse tipo de substância ainda segue sendo estudado Contudo, já é possível observar a eficácia na redução de alguns sintomas.
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Esp. Thayna Rose
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