O lipedema é uma condição de saúde que, frequentemente é confundida com obesidade ou sobrepeso, o que gera desafios significativos tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde.
Mesmo que tenha sido oficialmente reconhecido como uma doença pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no ano de 2022, o lipedema ainda permanece muito desconhecido pela maioria das pessoas.
Descrita pela primeira vez no ano de 1940, só foi incluída na 11ª revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11) sob o número EF02.2.
Essa condição é uma doença vascular crônica que afeta, principalmente, as mulheres, atingindo aproximadamente 12,3% delas no Brasil. Em 2022, foi responsável por 245 procedimentos cirúrgicos, demonstrando sua significativa importância médica.
A dificuldade em diagnosticar o lipedema reside em sua semelhança com a obesidade. Os sintomas incluem uma acumulação anormal de gordura nas pernas, braços e quadril, que resulta em deformações do corpo e, muitas vezes, causa dor e sensibilidade.
O lipedema é uma doença crônica e progressiva que, se não for devidamente diagnosticada e tratada a tempo, pode levar a complicações graves.
Sua inflamação e o aumento contínuo do tecido gorduroso nas áreas afetadas podem resultar em dor, mobilidade reduzida e, em casos mais graves, complicações como infecções e úlceras.
Se identificou com algum desses sinais ou quer saber mais sobre essa doença? Continue lendo o artigo para entender melhor as manifestações, estágios e muito mais sobre o lipedema!
Índice:
O lipedema, também conhecido como "síndrome gordurosa dolorosa," é uma doença crônica que acomete principalmente mulheres.
Os primeiros sinais costumam se manifestar após a puberdade, ao perceberem uma concentração de gordura nessas áreas que não corresponde ao restante do corpo, muitas vezes acompanhada de celulite mais acentuada.
Mesmo que as pessoas afetadas por essa condição adotem medidas saudáveis de alimentação e exercício, o aumento do tecido adiposo nessas regiões problemáticas persiste e, com o tempo, pode tornar-se doloroso.
A dor é um dos sintomas mais debilitantes do lipedema e pode variar de leve a severa, interferindo na qualidade de vida das pessoas afetadas. Seu desenvolvimento, geralmente ocorre de forma gradual, com o progressivo acúmulo de gordura e o agravamento dos sintomas.
A doença ainda é muito recente, porém, até agora ela não está relacionada a fatores de estilo de vida, como obesidade ou falta de exercício, e é mais comumente associada a predisposições genéticas e hormonais.
Uma das diferenças mais marcantes entre o lipedema e a obesidade é a distribuição do tecido adiposo.
Enquanto as pessoas com excesso de peso costumam apresentar um aumento uniforme de gordura em todo o corpo, no lipedema, a concentração de células adiposas é notavelmente desigual, concentrando-se nas áreas dos braços, coxas, pernas e quadril.
Essa distribuição irregular resulta na formação de nódulos ou "manguitos" de gordura nessas áreas, que são uma característica distintiva do lipedema.
Curiosamente, em contraste, outras partes do corpo, como a cintura, pescoço, rosto, mãos e pés, permanecem relativamente magras ou menores em proporção às áreas afetadas.
Já a celulite, também conhecida como lipodistrofia ginóide, representa uma condição em que há um acúmulo de gordura localizado abaixo da superfície da pele. Este fenômeno é caracterizado pelo surgimento de uma camada adiposa que apresenta uma textura peculiar, com pequenos "furinhos" notáveis, especialmente nas regiões das coxas, quadris, nádegas e barriga.
A presença da celulite é comum, afetando predominantemente áreas do corpo onde as células de gordura têm uma disposição específica e estão mais propensas a formar irregularidades na superfície cutânea.
E como dissemos antes, o lipedema pode manifestar-se de maneira única em cada pessoa, com alguns casos raros em que a condição se desenvolve em regiões atípicas, como o abdômen, rosto e axilas.
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Os sintomas do lipedema podem variar de pessoa e de estágio onde essa pessoa se encontra, mas geralmente abrangem uma série de manifestações que incluem:
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Neste estágio, é possível sentir pequenos nódulos semelhantes a bolinhas na pele, geralmente, localizados no quadril e glúteos.
À medida que a condição progride, a superfície da pele deixa de ser uniforme e torna-se irregular, um pouco mais dura. Ao tocar a pele, é possível sentir nódulos maiores, conhecidos como lipoesclerose.
Nessa fase, a gordura progride ainda mais na região dos glúteos e se espalhando para os joelhos, a pele pode ser frequentemente confundida com a celulite.
Aqui ocorre uma deformação lobular da pele, que começa a criar dobras até o tornozelo e a pele fica significativamente mais flácida.
Os nódulos de gordura aumentam de tamanho e tornam-se irregulares, variando em tamanho. Além disso, áreas de fibrose, semelhantes a cicatrizes, podem ser palpadas e mais duras ao toque. Nesse estágio, é comum enfrentar dificuldades crescentes na mobilidade.
Aqui o lipedema representa a deformação lobular generalizada da pele e nódulos grandes, podendo se espalhar para os braços.
Além das dificuldades de mobilidade associadas aos grandes depósitos de gordura, outros sistemas do organismo também são afetados. Quando o lipedema atinge o estágio 4, o sistema linfático é severamente comprometido, levando a um acúmulo crônico de fluido.
Em muitos casos, o estágio IV é erroneamente confundido com elefantíase, uma condição caracterizada pelo inchaço extremo dos membros.
Com o tempo, essa condição evolui para o desenvolvimento de linfedema, frequentemente referido como "Lipo-Linfedema".
Os especialistas notam que os sintomas do lipedema geralmente se manifestam e/ou se agravam em momentos de alterações nos níveis hormonais femininos. Essas fases incluem a puberdade, a gravidez, terapias de reposição hormonal ou a menopausa.
O diagnóstico da condição é clínico e feito por meio da avaliação dos sinais e sintomas característicos da doença. O médico pode solicitar a realização de alguns exames, como tomografia computadorizada, ressonância magnética e ultrassom, como forma de auxiliar no diagnóstico.
Também é importante ressaltar que o lipedema é considerado uma condição subdiagnosticada e que não costuma ser diagnosticado na primeira consulta, pois pode ser confundido com outras doenças como a obesidade e o linfedema.
O lipedema é uma condição complexa e crônica para a qual ainda não há uma cura definitiva, mas existem diversas abordagens terapêuticas destinadas a aliviar os sintomas, melhorar a qualidade de vida dos pacientes e evitar a progressão da doença.
O objetivo primordial do tratamento é controlar os sintomas e minimizar o impacto do lipedema na vida cotidiana. Diversas estratégias terapêuticas podem ser empregadas para alcançar esse objetivo:
É imprescindível trabalhar em conjunto com profissionais de saúde especializados, como dermatologistas, angiologistas, fisioterapeutas e nutricionistas, para desenvolver um plano de tratamento personalizado e abrangente.
A conscientização sobre o lipedema e o acesso a cuidados especializados desempenham um papel fundamental no gerenciamento eficaz dessa condição crônica e na melhoria da qualidade de vida de quem é afetado.
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À medida que o lipedema progride, a circulação sanguínea nas áreas afetadas pode ser prejudicada. Isso pode levar ao desenvolvimento de problemas circulatórios, como a insuficiência venosa.
A insuficiência venosa ocorre quando as veias têm dificuldade em transportar o sangue de volta ao coração, resultando em inchaço, dor e desconforto nas pernas.
A perda de mobilidade pode afetar significativamente a independência e a qualidade de vida. Nos estágios avançados do lipedema, o acúmulo de gordura, juntamente com o inchaço e a dor nas articulações, pode resultar em rigidez e limitação do movimento.
Isso pode tornar a realização de atividades diárias, como caminhar, subir escadas e se vestir, mais desafiadora.
Além disso, condições podem aumentar o risco de infecções cutâneas, incluindo celulite, que é uma infecção bacteriana da pele e do tecido subcutâneo.
Em estágios avançados, a condição pode levar ao desenvolvimento de linfedema, que é o inchaço crônico dos membros devido a problemas no sistema linfático.
O lipedema causa o aumento de volume nas extremidades, e quando o sistema linfático fica sobrecarregado, o líquido linfático não é drenado adequadamente, resultando em linfedema.
Realizar precocemente o diagnóstico do lipedema é fundamental, pois permite receber um tratamento adequado e evitar complicações futuras.
Embora não exista um teste específico para diagnosticar a condição, é possível confirmar a suspeita de lipedema com base em uma avaliação clínica, que inclui a análise do histórico médico da paciente e suas queixas.
A avaliação consiste em um profissional examinar a região afetada em busca de características distintivas do lipedema, como a presença de nódulos subcutâneos.
Esses nódulos são uma das principais características do lipedema e ajudam a diferenciá-lo de outras condições, como obesidade ou linfedema.
A escolha de profissionais especializados faz toda diferença no processo de diagnóstico. Por ser uma condição “nova” e pouco diagnosticada, dermatologistas, angiologistas, cirurgiões vasculares e fisioterapeutas com experiência em lipedema são os mais indicados para avaliar e diagnosticar essa condição.
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Kayo Vinicius Ferreira Forte
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