Gastrosquise: o que causa e como tratar

O que causa gastrosquise?

Ainda não há uma resposta definitiva para essa dúvida, que também é alvo da pesquisa médica contemporânea. A raridade dessa condição é um dos fatores que contribuem para a dificuldade da pesquisa, mas mesmo assim algumas informações têm sido levantadas ao longo dos anos.

Os números são incertos, mas algumas pesquisas apontam que pelo menos 1 a cada 10.000 bebês nascem com gastrosquise. Alguns estudos apontam uma incidência maior em bebês do sexo masculino, mas outros contradizem e apontam que não há relação com gênero.

Atualmente, são considerados fatores de risco:

• Idade da pessoa gestante, antes dos 20 anos ou gestação tardia;
• Consumo de álcool;
• Uso de drogas, sobretudo cocaína;
• Tabagismo;
• Baixo índice de massa corporal;
• Infecções urinárias recorrentes.

O uso de alguns medicamentos durante a gravidez também são associados aos casos de gastrosquise:

• Ácido acetilsalicílico (AAS, Aspirina);
• Ibuprofeno;
• Pseudoefedrina;
• Fenilpropanolamina.

Leia também: Tabagismo na gravidez eleva o risco de morte súbita do bebê

Qual a diferença entre gastrosquise e onfalocele?

Embora sejam parecidos, a gastrosquise e a onfalocele se diferenciam pela presença de uma membrana, que serve de envólucro para os órgãos e é característica do segundo caso. Ambas não são excludentes e é possível que uma criança nasça com as duas condições simultaneamente.

Na gastrosquise, não há membrana cobrindo o(s) órgão(s), de modo que este pode sofrer efeitos pelo contato com elementos externos ao corpo do(a) bebê.

Complicações

Durante a gestação, os órgãos eviscerados ficam em contato com o líquido amniótico, resultando em alterações no tecido, que pode apresentar sinais como inchaço por acúmulo de líquidos (edema) e manchas vermelhas (eritema). 

Recém-nascidos com gastrosquise precisam ser tratados imediatamente, uma vez que a exposição dos órgãos internos pode levar à perda do calor corporal e, em casos mais graves, pode haver necrose do órgão. Além disso, a região fica vulnerável a infecções e inflamações, como a peritonite intestinal.

Como é feito o diagnóstico?

O pré-natal é de suma importância para detectar qualquer anormalidade durante a gravidez. Como a gastrosquise é uma condição que causa notáveis alterações anatômicas, é possível que o diagnóstico seja realizado por meio de um ultrassom morfológico, que é um exame de rotina para gestantes.

O exame de imagem também poderá ser confirmado por exames de sangue, caso estes apresentem níveis altos de alfafetoproteína, glicoproteína sintetizada pelo fígado. Ainda não são claras as conexões, mas pesquisas mostram que níveis muito altos ou muito baixos dessa substância estão associados a diversos tipos de malformação do feto.

Gastrosquise tem cura?

Sim, mas depende das peculiaridades de cada caso. Embora alguns quadros sejam resolvidos com apenas uma cirurgia, situações mais graves podem demandar diversos processos cirúrgicos, acompanhamento médico intensivo e tratamento medicamentoso.

Tratamento

Todos os quadros de gastrosquise precisam ser tratados com cirurgia imediatamente após o parto. Quando diagnosticada durante o pré-natal, uma equipe de cirurgia pediátrica fica à disposição para realizar os procedimentos necessários.

Quando a malformação é descoberta durante o parto, é preciso executar cuidados de suporte em uma UTI neonatal, onde a criança ficará mais protegida de agentes infecciosos.

Enquanto são realizados os preparativos para a cirurgia, as vísceras precisam ser umedecidas com frequência e acontecem também a primeira administração de antibióticos, geralmente ampicilina e gentamicina. Recomenda-se, ainda, a inserção de sonda nasogástrica.

Relativamente rara, a gastrosquise é uma condição que exige cuidados especiais e imediatos para evitar o óbito da criança recém-nascida. As causas não são claras, o que torna esta uma condição difícil de ser prevenida. 

Portanto, o pré-natal é a melhor forma de descobrir a malformação precocemente e se preparar para o tratamento.

Para saber mais saúde e gravidez, continue acompanhando os artigos do Minuto Saudável e siga nosso perfil nas redes sociais!

Referências

• Gastrosquise: Diagnóstico Pré-natal x Prognóstico Neonatal — Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia;
• Gastrosquise — Manual MSD;
• Relato de caso: gastrosquise e síndrome do intestino curto — Revista UNINGÁ Review;
• Parâmetros maternos fetais e evolução pós-natal de fetos com gastrosquise — Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); 
• Gastrosquise fetal: construção e validação de curvas de referência de parâmetros biométricos ultrassonográficos e de peso no nascimento — Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP)
• Estudo transversal da avaliação das causas gestacionais e maternas associadas à prevalência de nascidos vivos com gastrosquise — Revista Eletrônica Acervo Saúde.