No início de 2020, o mundo foi surpreendido pela Covid-19, um vírus respiratório extremamente transmissível e que, em poucos meses, tomou o mundo inteiro.
Apesar de alguns anos já terem se passado desde o início da pandemia causada pela doença, algumas dúvidas ainda persistem e não estão bem esclarecidas pelos cientistas. Uma delas é sobre a transmissão da Covid-19 em cachorros e gatos.
Em 2022, um grupo de pesquisadores da Tailândia reportou o primeiro caso documentado de transmissão de um animal para um ser humano. O animal era um gato doméstico que infectou uma veterinária durante a realização de um exame.
Contudo, além dos gatos, existem relatos de mais três espécies de animais que já se infectaram com a Covid-19 e que, possivelmente, infectaram humanos. São eles os visons, hamsters e veados de cauda branca.
Mas afinal de contas, como é possível um animal se infectar com o vírus e transmitir para um ser humano ou vice-e-versa? Como detectar os sintomas? Se você quiser saber as respostas para essas e outras perguntas, continue acompanhando o artigo!
A Covid-19 é transmissível para cachorros e gatos?
Já se sabe que tanto cães, quanto gatos podem se infectar com um tipo de coronavírus que é capaz de desenvolver a doença nos animais. Inclusive, esse fato causou muita confusão no começo da pandemia, quando muitos (as) tutores (as) mal informados (as) acreditaram que a vacina de cães e gatos seria capaz de proteger humanos contra o vírus causador da Covid-19.
Além disso, sabe-se que, apesar de possível, a infecção é rara e, quando acomete um animal, o quadro costuma ser leve ou assintomático (sem sintomas).
Casos registrados
De acordo com uma publicação no periódico científico especializado Emerging Infectious Diseases, dois membros de uma família foram diagnosticados com Covid-19 na Tailândia. Ambos foram transferidos para uma unidade de isolamento com seu gato de estimação, que permaneceu no mesmo quarto por um certo período.
Após isso, o animal foi levado para um hospital veterinário, onde exames realizados comprovaram que, assim como seus tutores, o animal também tinha contraído Covid-19.
Porém, durante a realização de um dos exames, o animal espirrou e a médica veterinária, que usava apenas luvas e máscaras e estava sem óculos de proteção, acabou se infectando e recebeu diagnóstico positivo para Covid-19 dias depois.
Para determinar se de fato havia ocorrido a transmissão entre o gato e a médica veterinária, os cientistas envolvidos no caso analisaram o histórico da profissional e realizaram análises genéticas de amostras dos tutores do animal.
Foi constatado que ela não havia tido contato com nenhuma pessoa infectada antes e após o incidente e que os quatro foram infectados com a mesma variante e sequência genética.
Apesar da atenção sobre esse episódio em específico, ele não é único. Desde o início da pandemia, diversos casos nos quais animais haviam sido infectados com o vírus da Covid-19 foram relatados. Muitos deles, inclusive, desenvolveram sintomas.
Porém, a maioria desses casos estavam relacionados a animais de zoológicos e santuários, como tigres, gorilas, hipopótamos e leões, ou seja, animais que não tem contato direto com humanos como os animais de estimação.
Como ocorre a transmissão?
Na maioria dos relatos feitos por cientistas, os animais se infectam com o vírus da Covid-19, mas não foram capazes de transmitir a doença. Porém, há relatos de animais que, assim como o gato do caso da Tailândia, foram capazes de transmitir o vírus para humanos.
Até agosto de 2022, apenas quatro relatos de transmissão de animais para humanos foram confirmados, sendo eles os relacionados à visons na Europa, à hamsters em Hong Kong, à veados de cauda branca no Canadá e ao gato na Tailândia.
O fenômeno no qual o vírus consegue ser transmitido de volta de animais para humanos é chamado de spillback, processo contrário que, provavelmente, deu origem à pandemia, quando o vírus que circulava entre animais passou a afetar humanos (spillover). O spillover é um fenômeno muito mais comum do que se imagina, sendo a causa do surgimento de mais de 70% das doenças infecciosas que afetam os humanos.
Contudo, por mais que o vírus da Covid-19 possa infectar cachorros e gatos, é importante saber que a afinidade desse vírus com animais é rara.
De acordo com uma pesquisa realizada pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), apenas 11% dos cães e gatos que convivem com pessoas infectadas pela doença testaram positivo para a Covid-19. Contudo, apesar de carregarem o vírus, esses animais não apresentaram sintoma, pois o vírus não consegue se replicar nesses animais.
Leia também: Gripe em cachorro e gato: como identificar e tratar
Sintomas
Conforme dito anteriormente, até o momento não há relatos de sintomas relacionados à Covid-19 em cachorros e gatos. Contudo, é importante procurar ajuda de um (a) profissional caso seu animal apresente:
- Prostração;
- Falta de apetite;
- Cansaço;
- Pare de beber água ou de fazer suas necessidades.
Além disso, é completamente normal confundir sintomas de gripe com uma possível infecção de Covid-19 em cachorros e gatos. Portanto, outros sinais que devem chamar a atenção do (a) tutor (a) são:
Cães
- Apatia;
- Tosse;
- Falta de apetite;
- Corrimento nasal;
- Febre.
Gatos
- Dor de garganta;
- Falta de apetite;
- Animal respirando de boca aberta;
- Desidratação;
- Febre;
- Espirro.
Tratamento
Como não há relatos do desenvolvimento de sintomas em decorrência da Covid-19 em cães e gatos, não há tratamento disponível no momento.
Tutores (as) com Covid-19 podem ficar perto dos pets?
Como há a possibilidade de cães e gatos se infectarem com o vírus, é importante que não haja exposição desses animais ao vírus, até mesmo para evitar possíveis mutações.
A principal recomendação é que tutores (as) com diagnóstico positivo para a Covid-19 mantenham distanciamento dos seus cachorrinhos e gatinhos, assim como acontece entre humanos. Contudo, caso o (a) tutor (a) não possa passar a responsabilidade dos cuidados com os pets para outra pessoa, é importante que ele (a) evite contato próximo.
Prevenindo a Covid-19 em cachorros e gatos
Como se trata de um vírus novo e capaz de sofrer mutação rapidamente, é interessante tomarmos medidas para evitar a exposição dos cães e gatos ao vírus. Algumas formas de prevenir que o seu aumigo ou bichano seja infectado com o vírus da Covid-19 são:
- Evitar contato direto do seu animal com pessoas com diagnóstico positivo;
- Caso você positive, se isole e delegue os cuidados dos pets para outro (a) morador (a) da residência;
- Caso não possa contar com outra pessoa para realizar os cuidados com o seu animal, faça-o mantendo o menor contato possível! Use máscara e higienize as mãos antes e depois de cuidar do seu animal;
- Higienize as patinhas do animal após os passeios;
- Mantenha uma alimentação balanceada e as vacinas do seu pet sempre em dia;
- Realize consultas de rotina no período correto.
Por último, não se deve colocar máscaras ou passar álcool em gel nos animais!
Além desses cuidados não se esqueça de procurar a ajuda de um médico veterinário caso observe que seu animal está apresentando sinais de que não está bem.
A Covid-19 é uma doença relativamente nova e temos muito o que aprender com ela ainda. Portanto, continue se cuidando e não deixe de completar seu esquema vacinal e o do seu bichinho. A vacinação, além de cuidados de higiene e uso de máscara, é a melhor forma de conter a disseminação do vírus.
A Covid-19 em cachorros e gatos não tem tratamento, mas o acompanhamento veterinário é fundamental para resguardar sua saúde e a do bichinho.
Para mais informações sobre saúde animal, continue acompanhando o site e as redes sociais do Minuto Saudável!