A mucormicose tem se popularizado e preocupado cada vez mais pessoas, mesmo sendo uma doença rara e antiga. Isso porque, recentemente, a Índia declarou que o país vive uma epidemia da doença, com mais de 9 mil casos em pacientes com Covid-19 (e recuperados), de acordo com a BBC News.
Porém, a mucormicose não é uma doença contagiosa, mas assusta justamente por ser muito agressiva e entrar nas artérias, levando à necrose dos tecidos, mutilação para remoção das partes afetadas (especialmente facial) e à morte em mais de 50% dos casos.
Por isso, para você entender um pouco mais sobre essa doença que ganhou destaque na mídia, o Minuto Saudável foi buscar todas as informações. Confira!
Índice – Neste artigo, você vai encontrar:
- O que é mucormicose (ou fungo negro)?
- Todas as pessoas podem ter?
- Quais os sintomas da mucormicose?
- Como é feito o diagnóstico?
- Tem tratamento?
O que é mucormicose (ou fungo negro)?
A mucormicose é uma infecção invasiva desenvolvida pela inalação dos esporos (unidade de reprodução dos fungos, como o bolor que vemos em alimentos) de um dos 9 tipos de fungos da ordem mucorale. O fungo existe em toda a parte: vegetação, solo, ar e água, mas o contato com ele não significa que a pessoa vá adquirir a doença.
Também chamada de fungo negro ou preto, pela característica das manchas escuras que a necrose do tecido atingido causa, a infecção (antes conhecida como zigomicose) existe no mundo todo há mais de 130 anos.
Contudo, não há relação com o coronavírus. Acontece que devido ao uso de corticoides no tratamento de pacientes mais graves da Covid, o sistema imunológico fica mais vulnerável para diversas complicações de saúde, inclusive para o fungo preto.
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Em virtude do alto número de casos na Índia, algumas pessoas têm ficado preocupadas. Porém, profissionais de Saúde orientam que não há motivos para pânico ou alarde, visto que a situação da Índia é um caso bem específico que soma fatores como:
- Alto índice de pessoas com diabetes no país;
- Alta incidência de pacientes internados em UTI por Covid-19 levando ao aumento do uso de corticoides;
- Clima quente e úmido, propício à proliferação do fungo.
Na Classificação Internacional de Doenças (CID-10), pode ser encontrada como Zigomicose pelo código B46.
Todas as pessoas podem ter?
Não. A maioria das pessoas tem contato com o fungo, mas somente pessoas com o sistema imunológico comprometido são acometidos pela mucormicose.
Dessa forma, fazem parte do grupo de risco propenso a desenvolver fungo negro:
- Pessoas com diabetes descontrolada;
- Pacientes com câncer no sangue, transplantados de órgãos como fígado e rim ou de medula ;
- Pessoas que fazem tratamento com corticoides e imunossupressores.
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Quais os sintomas da mucormicose?
O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar a chance de sobrevida. Por isso, identificar os sintomas e procurar um profissional de saúde o quanto antes é muito importante.
Por isso, mantenha atenção principalmente ao sentir:
- Coriza (nariz escorrendo);
- Obstrução nasal;
- Sinusite persistente;
- Dor de cabeça;
- Febre;
- Infecção na pálpebra;
- Olhos “saltando” para fora (proptose);
- Perda da visão repentina;
- Inchaço e manchas escuras na região do rosto.
Além disso, quando a infecção chega ao cérebro, podem ocorrer sintomas como convulsões, confusão mental e paralisia de parte do corpo. Ao atingir os pulmões traz dificuldade para respirar e tosse seca.
Como é feito o diagnóstico?
Ao identificar algum dos sintomas, é importante procurar um(a) médico generalista ou infectologista. O diagnóstico é muitas vezes difícil e precisa de uma avaliação clínica completa, junto com a realização de uma série de exames.
Nos testes de análise das partes do tecido necrosado é possível que o fungo não apareça, mesmo estando presente. Além disso, radiografias e tomografias simples podem não dar a real dimensão das partes afetadas.
Há diferentes tipos da doença que variam de acordo com a região afetada. A mais comum é a rinocerebral, que atinge as partes do rosto: nariz, boca (palato), olhos, estrutura óssea facial e o cérebro, sendo fatal em grande parte dos casos.
Outros tipos comuns da infecção são a cutânea (causando lesões na pele) e a pulmonar, que pode ser confundida com a aspergilose (outra infecção fúngica similar). Além disso, é possível que a mucormicose acometa outras áreas do corpo.
Tem tratamento?
Sim. O tratamento da mucormicose envolve três principais etapas que acontecem simultaneamente. A primeira consiste na limpeza cirúrgica das partes em que o fungo se instalou, o que por vezes envolve a mutilação do corpo.
Por isso, é comum ocorrer a remoção de partes da face, do olho e de parte do cérebro quando a infecção chega até lá.
Também é feito acompanhamento e internação hospitalar para o uso de medicamentos antifúngicos na veia. O medicamento utilizado no tratamento do fungo negro tem um alto custo, mas faz parte da lista de medicamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), e é comum que esse processo leve, pelo menos, dois meses.
A terceira etapa é a atuação direta na doença que gera o fator de risco como, por exemplo, controlar a diabetes do paciente e fortalecer o seu sistema imunológico.
Assim como no caso da mucormicose, há diversas doenças em que a chance de cura ou controle é muito mais alta quando o diagnóstico é feito no início, além de garantir uma melhor qualidade de vida após a recuperação.
É fundamental estar atento aos sinais que seu corpo dá e manter a rotina médica em dia para que seja possível atuar na prevenção e no tratamento precoce.
Dessa forma, a informação é uma grande aliada da sua saúde. Por isso, siga acompanhando os conteúdos do Minuto Saudável.
Fontes consultadas:
- Zigomicose – Capítulo 7, Jornal Brasileiro de Pneumologia – 2010, v. 36, n. 1.
- Fungo raro e agressivo ‘mutila’ pacientes de covid na Índia, BBC News Brasil.
- Mucormicose (Zigomicose), MD, Wayne State University School of Medicine.
- Zigomicose rino facial: relato de caso, Einstein (São Paulo) – 2014, v. 12, n. 3.
- Fungo Negro, Sociedade Brasileira de Infectologia e entrevista do Jornal Estado de Minas.
- Fungo Preto, Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.