A Leishmaniose canina, conhecida como calazar, é uma doença grave que afeta cachorros e que possui capacidade zoonótica, ou seja, pode ser transmitida dos animais para os seres humanos.
Infelizmente, essa doença tem alta incidência no Brasil e é responsável por cerca de 90% dos casos da América Latina.
A doença, que sempre assustou muito os tutores(as) de cachorros, até recentemente não tinha tratamento, sendo o sacrifício o mais recomendado. Contudo, felizmente isso mudou e, apesar não ter cura, a doença pode ser tratada e controlada sem que seja necessário o sacrifício do animal.
Portanto, é importante ficar ligado(a) aos sintomas dos pets para saber quando procurar ajuda profissional, iniciar o tratamento precocemente e evitar a disseminação da doença.
Para saber mais sobre a doença, forma de transmissão, principais sintomas e como preveni-la, continue acompanhando o artigo!
Índice - Neste artigo, você encontrará:
Existem dois tipos de Leishmaniose canina, a Leishmaniose Visceral Canina (LVC), também conhecida como calazar, e a Leishmaniose Tegumentar, também chamada de leishmaniose cutânea. Porém, a do tipo tegumentar é rara em cães, por isso, quando se fala em Leishmaniose canina nos referimos a Leishmaniose Visceral Canina.
A Leishmaniose do tipo visceral é uma condição infeciosa parasitária crônica que afeta, principalmente, cães e os seres humanos, o que a torna uma doença de grande importância para a saúde pública.
Inclusive, foi essa capacidade zoonótica que fez com que a forma de controle da doença, por anos, fosse feita por meio do sacrifício do animal doente como forma de controle da disseminação.
O sistema imunológico do animal é o mais acometido, pois atinge órgãos como o fígado, rins, pele, baço e medula óssea.
A Leishmaniose Visceral Canina é causada por um protozoário do gênero Leishmania (Leishmania chagasi, L. infantum ou L. donovani) que, ao entrar no organismo do seu hospedeiro, se multiplica e ataca células do sistema imunológico, chamadas macrófagos.
Caso a doença não seja tratada nos estágios iniciais, esse protozoário atinge órgãos importantes para vitalidade do animal, como fígado, baço e medula óssea, causando quadros graves e podendo levar ao óbito.
A doença é transmitida por um vetor, ou seja, ela depende de um inseto para ser transmitida. O vetor da Leishmaniose Visceral Canina é o flebotomíneo Lutzomyia longipalpis, popularmente conhecido como mosquito-palha.
O mosquito-palha é um mosquito pequeninho que, diferente do Aedes Aegypti, não depende de água para depositar seus ovos. Esse vetor costuma depositar seus ovos em matéria orgânica.
Resumidamente, para que essa doença seja transmitida, o cachorro tem que ser picado por um mosquito-palha fêmea infectado com parasita do gênero Leishmania. Já para se infectar, o mosquito-palha precisa picar um cão com a doença.
Após o mosquito se infectar, o parasita vai para seu intestino, onde se multiplica e se transforma, migrando para o aparelho sugador do vetor, fazendo com que esse mosquito tenha capacidade de transmitir a doença para cachorros e seres humanos.
É importante entender que, apesar de ser uma doença infecciosa, a Leishmaniose Visceral não é contagiosa, ou seja, não é transmitida por meio do contato direto do animal contaminado ou dos seus fluidos corporais, como saliva e coriza.
Sim! A doença pode, sim, ser transmitida aos humanos, mas essa transmissão não ocorre por meio do contato com cachorro infectado, mas por meio da picada do mosquito-palha, vetor da doença, infectado.
Portanto, assim como acontece na transmissão canina, os humanos só contraem essa doença a partir da picada do mosquito-palha fêmea infectada.
Ou seja, caso o seu animal seja diagnosticado com a Leishmaniose Visceral Canina, você pode continuar interagindo com ele normalmente, pois a doença não será transmitida pelo contato com ele ou seus fluidos corporais.
A doença é transmitida por meio da picada de um mosquito-palha fêmea infectada por
Existem dois tipos de Leishmaniose, a Tegumentar e a Visceral. Ambas são transmitidas pelo mosquito-palha fêmea infectada por protozoários do gênero Leishmania, contudo, a do tipo Tegumentar é mais comum em humanos e rara em cães, enquanto a Visceral tem como principais reservatórios os cães.
Outra diferença é que, enquanto a LVC pode ser assintomática por anos, levando o animal ao óbito, a LT se manifesta por meio de feridas doloridas que demoram para cicatrizar, facilitando seu diagnóstico e tratamento.
A Leishmaniose Visceral Canina pode ir de assintomática para um quadro grave, ou seja, seus sintomas variam muito conforme o acometimento dos órgãos do animal.
Porém, é muito importante procurar ajuda profissional quanto antes para evitar a evolução da doença para quadros mais graves e para diminuir a chance de disseminação.
Para isso, a seguir, você confere os principais sintomas da condição:
Caso observe qualquer um desses sintomas, leve o animal ao veterinário quanto antes para que ele possa ser avaliado, diagnosticado e devidamente tratado!
Vale reforçar que, infelizmente, cerca de 60% dos cães portadores do protozoário causador da doença não apresentam nenhum sintoma por um grande período ou até mesmo a vida toda. Por conta disso, levar seu pet ao veterinário, na frequência recomendada pelo(a) profissional, é muito importante!
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O diagnóstico deve ser feito apenas por veterinários(as), uma vez que apenas esses profissionais têm conhecimento para avaliar e interpretar o resultado dos exames realizados.
Basicamente, ao chegar no consultório, o(a) profissional irá avaliar as queixas do(a) tutor(a), o estado de saúde do animal, realizar algumas perguntas e requerer exames laboratoriais capazes de diagnosticar a Leishmaniose Visceral Canina.
Os exames realizados nesse caso poderão ser o parasitológico (amostras de pele e fragmentos), sorológico (sangue), como o Teste Rápido Imunocromatográfico (TRI) e o Ensaio Imunoenzimático (Elisa), e o molecular.
Por muito tempo o tratamento da Leishmaniose Visceral Canina era proibido, pois não haviam medicamentos liberados para cães, o que demandava eutanásia.
Felizmente, atualmente existe um medicamento disponível para uso no tratamento da condição. Essa reviravolta se tornou um marco na história da medicina veterinária, já que muitos tutores e profissionais da área vinham brigando por uma alternativa para lidar com a doença.
O tratamento, que deve ser iniciado quanto antes para evitar quadros graves e diminuir a disseminação, é feito com base em um medicamento oral chamado Milteforan, que age diretamente no sistema imunológico do animal.
Já o tempo de tratamento pode variar de meses a anos, pois seu principal objetivo é reduzir a carga parasitária do animal, evitando o avanço da doença e a piora do quadro clinico, uma vez que, infelizmente, não há possibilidade de cura.
Além desse medicamento, o(a) veterinário(a) pode fazer tratamento de suporte para tentar amenizar os sintomas. Nesse caso, pode-se receitar medicamentos para febre, vômito, diarreia, fígado e outros.
Lembrando que o tratamento para a doença deve prescrito por um(a) veterinário e seguido à risca. Portanto, não é recomendado o uso de qualquer medicamento sem prescrição, pois isso pode colocar a vida do animal em risco, além de propiciar a disseminação da doença.
Além do tratamento medicamentoso, os animais positivados com a condição devem usar inseticidas tópicos, para não serem picados pelo vetor novamente.
O tratamento consiste no controle da condição e acompanhamento por toda a vida.
Infelizmente a LVC não tem cura. Contudo, o diagnóstico não é mais uma sentença de morte, pois, como vimos, muitos animais passam a vida com o protozoário sem apresentar nenhum sintoma ou vivem quando o tratamento é iniciado rapidamente.
Portanto, como não há cura, o animal deve receber acompanhamento veterinário e tratamento por toda a sua vida.
Como se trata de uma doença grave, sem cura e de importância para a saúde pública, devemos focar nossos esforços na prevenção, fazendo o possível para evitar que os animais contraiam essa doença.
Felizmente existem diversas formas de evitar essa doença, como você verá abaixo:
Existe uma vacina contra a Leishmaniose Visceral Canina registrada para pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (MAPA) para uso em cães.
Essa vacina, que se chama vacina anti-leishmaniose visceral, é opcional e pode ser aplicada a partir do quarto mês de vida do animal, sendo um total de três doses, seguidas por reforço anual.
Contudo, o imunizante só pode ser aplicada em cachorros que não apresentam sintomas e tenham testado negativo para a doença.
Os repelentes específicos para cães podem ser encontrados no formato de coleiras com inseticidas ou em produtos tópicos. Sua principal função é evitar que o animal seja picado pelo mosquito-palha.
Ao escolher o tipo de inseticida, é importante ficar atento ao tempo de proteção do produto, alguns produtos de uso tópico podem durar de 15 a 30 dias, enquanto as coleiras costumam durar de 4 a 8 meses, dependendo do fabricante.
Após o tempo de proteção, o spray deve ser reaplicado e a coleira trocada.
Como vimos, o vetor da Leishmaniose tem por hábito depositar seus ovos em matéria orgânica, logo, uma forma de prevenir a proliferação desse vetor é por meio da higienização do ambiente. Portanto, mantenha a sua casa e quintal sempre limpos, sem acúmulo de folhas, entulhos, frutas e fezes, principalmente em áreas úmidas e sombreadas.
Em áreas com maior incidência da doença, recomenda-se o uso de telas de malha fina, que consegue impedir a entrada do vetor.
A dedetização deve ser realizada sempre que houver a recomendação por órgãos de saúde.
Apesar de ser uma doença sem cura, que pode trazer diversos problemas de saúde para seu pet, é possível prevenir a Leishmaniose Canina por meio de ações muito simples.
Além disso, o diagnóstico precoce é fundamental para proporcionar uma qualidade de vida melhor para seu cãozinho e evitar complicações.
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Esp. Kenny Cardoso
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