Saúde

Psicopatia: o que é, sintomas e como identificar um psicopata

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 27/10/2022Última atualização: 03/11/2022
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 27/10/2022Última atualização: 03/11/2022
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psicopatia começou a ser descrita por Phillip Pinel no ano de 1801, quando um de seus pacientes não tinha nenhum transtorno mental, mas apresentava comportamentos impulsivos, violentos e não sentia empatia.

Pinel denominou essa condição como “manie sans delire”, e descrevia essas pessoas como cientes de suas ações irracionais, mas ainda assim com comportamentos violentos e autodestrutivos.

No ano de 1812, Benjamin Rush estudou indivíduos cujo os comportamentos eram socialmente desviantes, irresponsáveis e agressivos. O termo adotado a essas características foi “moral alienation of the mind”, ou alienação moral da mente em português, associando a terminologia a fatores antissociais e imorais.

James Pichard em 1837, propôs o termo “moral insanity”, ou insanidade moralcaracterizando sujeitos que tinham comportamentos imorais, perversos de sentimentos, afeto e caráter, mas com a capacidade intelectual preservada.

Já no final do século XIX, um psiquiatra alemão Ludwig Koch, intitula a psicopatia como “Psychopathic Inferiorities”. Os sujeitos descritos por ele eram isentos de loucura, mas tinham comportamentos imorais, o que leva o estudioso a acreditar que a natureza desses comportamentos  seriam de algum problema físico.

Mais tarde, influenciado por Koch, Emil Kraepelin, amplia e refina o conceito de psicopatia em 1904, empregando a terminologia de personalidade psicopática e enfatiza em seus estudos os comportamentos antissociais.

Já em 1940, Hervey Cleckley influência nas teorias modernas sobre a psicopatia, classificando como expressões de traços de personalidade. Através de sua experiência psiquiátrica, Cleckley estabelece uma lista com 16 aspectos que definem um psicopata e destaca que a vingança, crueldade e a agressividade não são cruciais na avaliação.

Com influência em Cleckley, a American Psychiatric Association (APA) lança no Diagnostic and Statistical Manual 1 (DSM-I) o conceito de personalidade sociopática, que a partir do DSM-III passou a ser adotado o termo transtorno de personalidade antissocial, considerando apenas o histórico de comportamentos disruptivos.

Por fim, na década de 1980, Robert Hare concebe a ideia da mescla de traços de personalidade e de comportamentos antissociais.

Para saber mais sobre psicopatia, o que é, causas e como é feito o diagnóstico, continue acompanhando o artigo!

Índice – Neste artigo, você vai encontrar:

  1. O que é a psicopatia?
  2. O que causa psicopatia?
  3. Tipos de psicopatia
  4. Psicopatia na infância
  5. Sintomas da psicopatia
  6. Qual a diferença entre psicopata e sociopata?
  7. Como é feito o diagnóstico?
  8. A psicopatia tem cura?
  9. Tratamento
  10. Como identificar um psicopata?
  11. Convivendo

O que é a psicopatia?

psicopatia (CID 10–F60) é definida como uma condição que engloba a personalidade e comportamentos socialmente divergentes. É importante frisar que os psicopatas são manipuladores, arrogantes, enxergam pessoas como objetos a serem usados e não sentem empatia e remorso pelo sofrimento causado.

É comum que psicopatas tenham comportamentos criminosos, violem leis e normas sociais e não sejam capazes de aprender com a punição. Há também uma incidência alta de psicopatas que têm transtorno de personalidade antissocial que cometem crimes graves, recorrentes e que causem danos significativos.

Leia mais: Transtorno de Personalidade Narcisista: teste e tratamentos 

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O que causa psicopatia?

Entende-se que uma das principais causas da psicopatia envolve fatores genéticos, biológicos, ambientais e sociais que, quando interagem uns com os outros, geram a personalidade do psicopata.

Genéticos

A genética implica em 40 a 60% dos casos de psicopatia. Os fatores genéticos e ambientais são proporcionais em sua contribuição para o desenvolvimento da condição. 

Além disso, a genética pode ser modificada a partir de condições ambientais, fazendo com que haja modificações neuroquímicas, ou seja, diante de um estressor ou evento traumático o nível cortisol pode ser alterado, e futuramente, a resposta a um estresse é modificada, e do desenvolvimento cerebral.

Biológicos

Estudos de imagens cerebrais evidenciaram alterações, indicando que algumas áreas do cérebro tem menor atividade, o que  implica na desregulação do equilíbrio de alguns neurotransmissores (dopamina e serotonina) e alteração na testosterona e cortisol, indicando que o desenvolvimento cerebral no início da vida é errático nos psicopatas.

Por fim, existe  a ideia de que essa alteração cerebral poderia ter se desencadeado a partir da própria psicopatia e da cena do crime. 

Ambientais e sociais

Fatores ambientais e sociais implicam na criação da criança. Uma criação ou experiências problemáticas têm papel importante na condição genética e biológica, implicando na evolução psicopática e como ela se manifesta no comportamento.

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Tipos de psicopatia

A psicopatia pode ser classificada em três níveis que definem o nível de periculosidade:

  • Grau leve: é comum que cometam pequenos golpes, colocam-se em papel de vítimas e culpam outros por seus comportamentos, mas não cometem crimes violentos; 
  • Grau moderado: golpes e trapaças são aplicados em maior escala, causando danos financeiros em diversas vítimas. Geralmente, se apresentam tediosos, com sintomas depressivos, transtorno de ansiedade e enjoam das coisas facilmente. Estão sempre em busca de novas atividades e dificilmente conseguem concluí-las;
  • Grau grave: apresenta perigo à sociedade, seus comportamentos causam danos físicos e, muitas vezes, causam morte de modo frio e calculado. Além disso, eles têm o prazer de enganar, torturar e matar.

Psicopatia na infância

Os psicopatas se encaixam no transtorno na personalidade antissocial (TPA).  A manifestação dos sinais de psicopatia pode aparecer em crianças e adolescentes que estão em constante conflito com a lei, porém, é preciso reforçar que isso não é indicativo de que a criança ou adolescente se tornará um psicopata.

Como vimos acima, o ambiente e fatores genéticos podem desencadear a psicopatia e na infância a partir de comportamentos como:

  • Maus tratos a animais ou a outras crianças;
  • Intenção de machucar;
  • Não ter entendimento de certo e errado;
  • Mentem sem motivação;
  • Ausência de culpa;
  • Não aprende com castigos ou punições;
  • Incapacidade de estabelecer vínculos afetivos.

Vale reforçar que crianças que sofreram traumas desde muito pequenos podem ter dificuldades em se conectar com outras pessoas, assim como desenvolver amor e amar alguém.

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Sintomas da psicopatia

Os principais sintomas característicos se assemelham aos  manifestados nos transtornos de personalidade, mas ainda assim não correspondem a todos os critérios diagnósticos.
O principais sintomas são de acordo com a listagem estabelecida por Hervey Cleckley e conjuntamente com os demais sinais clínicos apresentados são:

  • Charme superficial e inteligência;
  • Não apresenta irracionalidade ou delírios;
  • Não apresenta nervosismo ou características neuróticas;
  • Tendência a mentiras;
  • Falta de remorso ou vergonha;
  • Comportamentos antissociais sem motivações;
  • Não aprende com experiências;
  • Egocentrismo;
  • Incapacidade de amar; 
  • Pobreza de reações afetivas; 
  • Não é recíproco em relações interpessoais; 
  • Comportamento fantasioso, com ou sem influência de substâncias; 
  • Ameaças de suicídio que raramente são levadas a sério por este indivíduo;
  • Pobreza na integração trivial da vida sexual; 
  • Não segue um plano de vida;
  • Violência contra animais

Se você se identificou com algum dos sintomas acima, não deixe de procurar ajuda psiquiátrica e psicológica!

Qual a diferença entre psicopata e sociopata?

A confusão entre sociopatia e psicopatia se dá por conta da construção histórica da psicopatia. Porém, a principal diferença é que a sociopatia está ligada a comportamentos socialmente desviantes, mas há a presença de emoções e formação de afetos que podem ser muito intensas.

Por outro lado, a  psicopatia está ligada à defasagem das relações interpessoais e afetivas, além de comportamento antissocial.

Como é feito o diagnóstico?

O diagnóstico de psicopatia pode ser difícil, pois muitos psicopatas podem manipular seu próprio diagnóstico. Contudo, testes psicológicos podem auxiliar no processo, pois são mais difíceis de serem manipulados e fornecem elementos que são complementares.

O diagnóstico é feito por um (a) médico (a) psiquiatra, que usará como base o manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5 (DSM-V) e levando em consideração as exigências de critérios para fechar o diagnóstico.

O checklist  “Psychopaty Checklist Revised” (PCL R) de Hare” é uma importante ferramenta para diagnosticar a psicopatia e possibilita o entendimento afetivo e interpessoal do (a) avaliado. Neste instrumento, são citadas experiências empíricas e com base em uma pontuação elevada de comportamentos registrados a respeito da violência e criminalidade. 

A psicopatia tem cura?

Não, a psicopatia não tem cura! Um dos fatores da psicopatia não ter curanem tratamento, é que seus comportamentos podem ser violentos a ponto de os levarem para a prisão, sendo assim, dificilmente são encaminhados para o tratamento.

Quando diagnosticados precocemente, na infância por exemplo, eles podem ser tratados com a modelagem de comportamentos socialmente aceitos.

Tratamento

É comum que tratamentos sejam indicados no início da infância ou na adolescência. Casos em adultos são de difícil diagnóstico e tratamento, pois eles não conseguem perceber que há algo de errado em seus comportamentos.

O tratamento e acompanhamento é realizado por um (a) psiquiatra, que poderá prescrever  medicamentos como lítio e estimulantes corticais, mas a eficácia é baixa ou tem pouca duração  e é limitada.

Terapias psicodinâmicas não são efetivas, pois os psicopatas costumam falar tudo o que o (a) terapeuta quer ouvir, mesmo sabendo que o esse quadro pode ter sido desencadeado por ausência de figuras parentais. 

Técnicas de aprendizagem também  não são eficazes, pois esses indivíduos já possuem a capacidade de conseguir gratificações através do comportamento disruptivo.

Portanto, ainda não existem tratamentos adequados para a psicopatia e sim condicionamento quando ainda crianças e adolescentes, para uma nova reestruturação do pensamento, das emoções e comportamentos disruptivos.

Como identificar um psicopata?

Para identificar um psicopata, é preciso se atentar aos sintomas citados acima, assim como entender como os gêneros se expressam.

O gênero masculino pode ter uma família grande, onde há maior interação com outros meninos, onde esboça sua agressividade e carência, que favorecem o comportamento antissocial.

Já o gênero feminino, apresenta-se características antissociais e é comum que tenham passado por algum trauma na infância ou possuam relação familiar conturbada.

Convivendo

A convivência com psicopatas acarreta em situações muito delicadas diante dos comportamentos disruptivos, considerando que até o menor grau causa danos psicológicos para familiares ou pessoas próximas.

A ajuda psiquiátrica e psicológica desde a infância influencia no melhor prognóstico da psicopatia e na convivência em sociedade.


A psicopatia é uma condição caracterizada por comportamentos disruptivos, sem arrependimento ou culpa, dificuldade na relação interpessoal e de criar laços afetivos, além de não demonstrar empatia ao próximo. 

Se você ou alguém que você conhece apresenta esses sinais, procure ajuda psiquiátrica ou psicológica!

Para mais conteúdos sobre saúde mental, continue acompanhando o site e redes sociais do Minuto Saudável!


Imagem do profissional Thayna Rose
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Este artigo foi escrito por:

Esp. Thayna Rose

CRP: CRP/PR 08/28789Bacharel em Psicologia com especialização em Neuropsicologia.Leia mais artigos de Esp. Thayna
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