A psicopatia começou a ser descrita por Phillip Pinel no ano de 1801, quando um de seus pacientes não tinha nenhum transtorno mental, mas apresentava comportamentos impulsivos, violentos e não sentia empatia.
Pinel denominou essa condição como “manie sans delire”, e descrevia essas pessoas como cientes de suas ações irracionais, mas ainda assim com comportamentos violentos e autodestrutivos.
No ano de 1812, Benjamin Rush estudou indivíduos cujo os comportamentos eram socialmente desviantes, irresponsáveis e agressivos. O termo adotado a essas características foi “moral alienation of the mind”, ou alienação moral da mente em português, associando a terminologia a fatores antissociais e imorais.
James Pichard em 1837, propôs o termo “moral insanity”, ou insanidade moral, caracterizando sujeitos que tinham comportamentos imorais, perversos de sentimentos, afeto e caráter, mas com a capacidade intelectual preservada.
Já no final do século XIX, um psiquiatra alemão Ludwig Koch, intitula a psicopatia como “Psychopathic Inferiorities”. Os sujeitos descritos por ele eram isentos de loucura, mas tinham comportamentos imorais, o que leva o estudioso a acreditar que a natureza desses comportamentos seriam de algum problema físico.
Mais tarde, influenciado por Koch, Emil Kraepelin, amplia e refina o conceito de psicopatia em 1904, empregando a terminologia de personalidade psicopática e enfatiza em seus estudos os comportamentos antissociais.
Já em 1940, Hervey Cleckley influência nas teorias modernas sobre a psicopatia, classificando como expressões de traços de personalidade. Através de sua experiência psiquiátrica, Cleckley estabelece uma lista com 16 aspectos que definem um psicopata e destaca que a vingança, crueldade e a agressividade não são cruciais na avaliação.
Com influência em Cleckley, a American Psychiatric Association (APA) lança no Diagnostic and Statistical Manual 1 (DSM-I) o conceito de personalidade sociopática, que a partir do DSM-III passou a ser adotado o termo transtorno de personalidade antissocial, considerando apenas o histórico de comportamentos disruptivos.
Por fim, na década de 1980, Robert Hare concebe a ideia da mescla de traços de personalidade e de comportamentos antissociais.
Para saber mais sobre psicopatia, o que é, causas e como é feito o diagnóstico, continue acompanhando o artigo!
Índice – Neste artigo, você vai encontrar:
A psicopatia (CID 10–F60) é definida como uma condição que engloba a personalidade e comportamentos socialmente divergentes. É importante frisar que os psicopatas são manipuladores, arrogantes, enxergam pessoas como objetos a serem usados e não sentem empatia e remorso pelo sofrimento causado.
É comum que psicopatas tenham comportamentos criminosos, violem leis e normas sociais e não sejam capazes de aprender com a punição. Há também uma incidência alta de psicopatas que têm transtorno de personalidade antissocial que cometem crimes graves, recorrentes e que causem danos significativos.
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Entende-se que uma das principais causas da psicopatia envolve fatores genéticos, biológicos, ambientais e sociais que, quando interagem uns com os outros, geram a personalidade do psicopata.
A genética implica em 40 a 60% dos casos de psicopatia. Os fatores genéticos e ambientais são proporcionais em sua contribuição para o desenvolvimento da condição.
Além disso, a genética pode ser modificada a partir de condições ambientais, fazendo com que haja modificações neuroquímicas, ou seja, diante de um estressor ou evento traumático o nível cortisol pode ser alterado, e futuramente, a resposta a um estresse é modificada, e do desenvolvimento cerebral.
Estudos de imagens cerebrais evidenciaram alterações, indicando que algumas áreas do cérebro tem menor atividade, o que implica na desregulação do equilíbrio de alguns neurotransmissores (dopamina e serotonina) e alteração na testosterona e cortisol, indicando que o desenvolvimento cerebral no início da vida é errático nos psicopatas.
Por fim, existe a ideia de que essa alteração cerebral poderia ter se desencadeado a partir da própria psicopatia e da cena do crime.
Fatores ambientais e sociais implicam na criação da criança. Uma criação ou experiências problemáticas têm papel importante na condição genética e biológica, implicando na evolução psicopática e como ela se manifesta no comportamento.
A psicopatia pode ser classificada em três níveis que definem o nível de periculosidade:
Os psicopatas se encaixam no transtorno na personalidade antissocial (TPA). A manifestação dos sinais de psicopatia pode aparecer em crianças e adolescentes que estão em constante conflito com a lei, porém, é preciso reforçar que isso não é indicativo de que a criança ou adolescente se tornará um psicopata.
Como vimos acima, o ambiente e fatores genéticos podem desencadear a psicopatia e na infância a partir de comportamentos como:
Vale reforçar que crianças que sofreram traumas desde muito pequenos podem ter dificuldades em se conectar com outras pessoas, assim como desenvolver amor e amar alguém.
Os principais sintomas característicos se assemelham aos manifestados nos transtornos de personalidade, mas ainda assim não correspondem a todos os critérios diagnósticos.
O principais sintomas são de acordo com a listagem estabelecida por Hervey Cleckley e conjuntamente com os demais sinais clínicos apresentados são:
Se você se identificou com algum dos sintomas acima, não deixe de procurar ajuda psiquiátrica e psicológica!
A confusão entre sociopatia e psicopatia se dá por conta da construção histórica da psicopatia. Porém, a principal diferença é que a sociopatia está ligada a comportamentos socialmente desviantes, mas há a presença de emoções e formação de afetos que podem ser muito intensas.
Por outro lado, a psicopatia está ligada à defasagem das relações interpessoais e afetivas, além de comportamento antissocial.
O diagnóstico de psicopatia pode ser difícil, pois muitos psicopatas podem manipular seu próprio diagnóstico. Contudo, testes psicológicos podem auxiliar no processo, pois são mais difíceis de serem manipulados e fornecem elementos que são complementares.
O diagnóstico é feito por um (a) médico (a) psiquiatra, que usará como base o manual diagnóstico e estatístico de transtornos mentais 5 (DSM-V) e levando em consideração as exigências de critérios para fechar o diagnóstico.
O checklist “Psychopaty Checklist Revised” (PCL R) de Hare” é uma importante ferramenta para diagnosticar a psicopatia e possibilita o entendimento afetivo e interpessoal do (a) avaliado. Neste instrumento, são citadas experiências empíricas e com base em uma pontuação elevada de comportamentos registrados a respeito da violência e criminalidade.
Não, a psicopatia não tem cura! Um dos fatores da psicopatia não ter cura e nem tratamento, é que seus comportamentos podem ser violentos a ponto de os levarem para a prisão, sendo assim, dificilmente são encaminhados para o tratamento.
Quando diagnosticados precocemente, na infância por exemplo, eles podem ser tratados com a modelagem de comportamentos socialmente aceitos.
É comum que tratamentos sejam indicados no início da infância ou na adolescência. Casos em adultos são de difícil diagnóstico e tratamento, pois eles não conseguem perceber que há algo de errado em seus comportamentos.
O tratamento e acompanhamento é realizado por um (a) psiquiatra, que poderá prescrever medicamentos como lítio e estimulantes corticais, mas a eficácia é baixa ou tem pouca duração e é limitada.
Terapias psicodinâmicas não são efetivas, pois os psicopatas costumam falar tudo o que o (a) terapeuta quer ouvir, mesmo sabendo que o esse quadro pode ter sido desencadeado por ausência de figuras parentais.
Técnicas de aprendizagem também não são eficazes, pois esses indivíduos já possuem a capacidade de conseguir gratificações através do comportamento disruptivo.
Portanto, ainda não existem tratamentos adequados para a psicopatia e sim condicionamento quando ainda crianças e adolescentes, para uma nova reestruturação do pensamento, das emoções e comportamentos disruptivos.
Para identificar um psicopata, é preciso se atentar aos sintomas citados acima, assim como entender como os gêneros se expressam.
O gênero masculino pode ter uma família grande, onde há maior interação com outros meninos, onde esboça sua agressividade e carência, que favorecem o comportamento antissocial.
Já o gênero feminino, apresenta-se características antissociais e é comum que tenham passado por algum trauma na infância ou possuam relação familiar conturbada.
A convivência com psicopatas acarreta em situações muito delicadas diante dos comportamentos disruptivos, considerando que até o menor grau causa danos psicológicos para familiares ou pessoas próximas.
A ajuda psiquiátrica e psicológica desde a infância influencia no melhor prognóstico da psicopatia e na convivência em sociedade.
A psicopatia é uma condição caracterizada por comportamentos disruptivos, sem arrependimento ou culpa, dificuldade na relação interpessoal e de criar laços afetivos, além de não demonstrar empatia ao próximo.
Se você ou alguém que você conhece apresenta esses sinais, procure ajuda psiquiátrica ou psicológica!
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Esp. Thayna Rose
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