Nanismo: o que é, tipos, características, tratamentos e cuidados.

Qual a definição do nanismo?

De acordo com informações fornecidas pelo Ministério da Saúde, o nanismo é uma condição caracterizada por uma deficiência no crescimento, o que resulta em uma estatura abaixo da média esperada para a população de mesma idade e sexo. 

Sujeitos afetados por essa condição geralmente não alcançam uma altura superior a 1,45 metro no caso dos homens e 1,40 metro no caso das mulheres. 

Essa diferença na estatura pode ser atribuída a uma variedade de fatores genéticos e médicos que interferem no desenvolvimento físico da pessoa. 

Tipos de nanismo

Em suma, existem duas classificações de nanismo, cada um com suas características distintas:

Nanismo hipofisário ou pituitário

Este tipo de nanismo é causado por problemas na glândula pituitária, que é responsável pela produção do hormônio do crescimento. Se houver uma deficiência na produção desse hormônio ou se o organismo não responder adequadamente, o crescimento pode ser afetado.

Isso acaba resultando em uma estatura significativamente menor do que a média da população. É referido como nanismo proporcional, pois os órgãos do corpo mantêm uma proporção adequada entre si e em relação à altura do indivíduo.

Nanismo acondroplasia

É o principal tipo de nanismo. Aqui, a condição  é de origem genética causada por mutações no gene FGFR3, que é fundamental na regulação do crescimento ósseo.

Essas mutações resultam em uma diminuição na taxa de crescimento dos ossos, como o fêmur e o úmero, levando a braços e pernas mais curtos em relação ao tronco.

Além disso, a acondroplasia afeta a formação da cartilagem, alterando outras características físicas, como uma cabeça proporcionalmente maior, tronco de tamanho normal e mãos pequenas.

Pode ser diagnosticada antes ou após o nascimento através de exames genéticos ou de imagem. Seu tratamento geralmente inclui intervenções ortopédicas para corrigir problemas como curvatura da coluna e dificuldades de locomoção.

Nanismo é hereditário?

Aproximadamente 80% dos casos de nanismo são atribuídos a mutações genéticas, com a criança herdando a condição de um dos pais, como no caso da acondroplasia. 

No entanto, pode acontecer de resultar a partir de uma nova mutação genética que ocorre espontaneamente na família, sem histórico prévio. Isso significa que mesmo que nenhum dos pais tenha nanismo, ainda há uma chance de que a criança desenvolva a condição. 

Quais são as características de uma pessoa com nanismo?

Esses traços podem variar de acordo com o tipo específico de nanismo e da individualidade da pessoa. Aqui estão algumas delas:

• Encurtamento das pernas e braços em relação ao tamanho normal do tronco;
• As mãos podem ser pequenas em relação ao corpo, com dedos curtos e grossos;
• Macrocefalia, que seria uma cabeça maior do que o usual, com uma testa proeminente e achatamento na parte superior do nariz;
• Crescimento lento e puberdade atrasada esperados para a idade;
• Atraso para aprender a andar;
• Pés planos, pequenos e largos que podem afetar a mobilidade e a postura;
• Mobilidade nas articulações pode ser comprometida em algumas pessoas, o que também pode resultar em dificuldades de movimento e postura;
• Cifose e lordose, que são curvaturas anormais na coluna vertebral;
• Mandíbula pode ser deslocada para frente, geralmente acompanhada por desalinhamento dos dentes em algumas pessoas.

Leia mais: O que é cifose, sintomas, tratamentos, tipos e cura 

Qual é a diferença de anão e nanismo?

Os dois termos se referem à mesma condição. Porém, "anão" é uma expressão popular e uma terminologia considerada depreciativa e ofensiva, carregando conotações negativas e discriminatórias.

Por outro lado, "nanismo" é uma expressão mais socialmente aceitável e específica do ponto de vista médico. É sempre importante adotar uma comunicação mais sensível e consciente, evitando estigmas associados a alguém, precisamente em casos de condição de saúde.

Nanismo tem tratamento?

A metodologia de tratamento pode variar de acordo com a causa, destacando a importância de uma avaliação médica precoce e precisa para um diagnóstico adequado.

Em relação à acondroplasia, ainda não existe um tratamento específico que reverta o quadro da condição. O manejo geralmente se estende ao longo de vários anos e requer um acompanhamento próximo por parte de um médico especializado.

No entanto, para o nanismo hipofisário ou pituitário, o tratamento frequentemente envolve a reposição hormonal, especialmente do hormônio do crescimento. O tratamento medicamentoso é importante para estimular o crescimento nas crianças.

A somatropina, um hormônio biossintético semelhante ao hormônio de crescimento naturalmente produzido pelo corpo, é frequentemente utilizada para esse fim. 

Vale ressaltar que medicamentos como a somatropina podem ser de alto custo e, em alguns casos, são distribuídos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) quando há uma indicação médica precisa para sua utilização.

Além disso, para crianças com acondroplasia a partir de 6 meses de idade, foi aprovado no Brasil um medicamento contendo vosoritida como princípio ativo. Ele atua estimulando o crescimento dos ossos, que são afetados pela condição devido à acondroplasia.

Existe cirurgia para aumentar de tamanho?

Sim, a cirurgia para aumentar a estatura é uma opção disponível para algumas pessoas. Aqui no Brasil, o SUS oferece o procedimento de alongamento ósseo para casos específicos de nanismo, deficiências similares ou condições que resultam em pernas de comprimentos desiguais.

Neste procedimento ocorre a partir de um dispositivo fixado ao osso, seguido por uma corticotomia, um corte cirúrgico preciso no osso.

O osso é então gradualmente alongado através do dispositivo, estimulando a formação de novo osso. Após atingir o comprimento desejado, o osso é mantido na posição alongada até ocorrer a consolidação óssea completa. A reabilitação pós-operatória pode incluir fisioterapia para melhorar a função do membro.

A cirurgia proporciona benefícios a pessoas com nanismo que desejam aumentar sua estatura, mas também para quem está insatisfeito com sua altura por motivos estéticos.

Entretanto, nos casos em que a cirurgia é realizada exclusivamente por razões estéticas, o procedimento geralmente é realizado através de recursos privados ou convênios médicos, uma vez que não é considerado uma necessidade médica urgente.

Tem como prevenir?

Prevenir o nanismo pode ser um desafio devido a mutações genéticas espontâneas. O ideal é realizar um aconselhamento genético, principalmente para casais que têm histórico familiar de acondroplasia ou outras condições relacionadas ao nanismo.

Esse recurso ajuda a entender os riscos genéticos envolvidos e fornece orientações sobre opções de planejamento familiar e possíveis prevenções.

Em casos de gravidez, é possível identificar o nanismo em diferentes estágios do desenvolvimento, inclusive durante o pré-natal. Sinais indicativos podem ser observados em exames de imagem, como ecografias e ultrassonografias, a partir do sexto mês de gestação.

No entanto, o diagnóstico definitivo geralmente é feito com base em exames clínicos e radiografias do esqueleto após o nascimento.

Se houver suspeitas de que a criança apresenta problemas de crescimento, exames mais detalhados podem ser realizados após o nascimento para confirmar o diagnóstico.

Uma vez confirmado, é importante iniciar um acompanhamento multidisciplinar que pode envolver uma equipe de profissionais de saúde, como endocrinologistas, ortopedistas, fisioterapeutas, psicólogos e outros especialistas.

Leia mais: Médico endocrinologista: o que é, para que serve, o que faz? 

Pessoas com nanismo frequentemente enfrentam desafios relacionados ao preconceito, discriminação e dificuldades de acessibilidade. Para combater esses estereótipos e atitudes negativas, é essencial a conscientização

Por conta disso, foi criado o dia nacional de combate ao preconceito contra as pessoas com nanismo, instituído em 25 de outubro. Tendo como objetivo igualdade de direitos e oportunidades para todos.

Além da implementação de medidas de acessibilidade, como rampas, elevadores e espaços adequados, é fundamental que essas pessoas tenham a oportunidade de participar plenamente da vida social, cultural e econômica.

Curtiu o conteúdo do artigo? Então não perca os outros conteúdos do Minuto Saudável!

Referências

1. Nanismo: o que preciso saber sobre a condição? — João Ferro;
2. 25/10 – Dia Nacional de Combate ao Preconceito Contra as Pessoas com Nanismo. — Biblioteca Virtual em Saúde - MINISTÉRIO DA SAÚDE;
3.  Nanismo — Biblioteca Virtual em Saúde MS;
4. Diferenças entre distúrbio de crescimento infantil e nanismo — Pfizer Brasil;
5. Nanismo: condição pode ter causas genéticas ou hormonais —Secretaria Municipal da Saúde | Prefeitura da Cidade de São Paulo.