Saúde

Anvisa alerta sobre Cloroquina e Hidroxicloroquina contra Covid-19

Publicado em: 25/03/2020Última atualização: 25/03/2020
Publicado em: 25/03/2020Última atualização: 25/03/2020
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Em períodos de tensão como a pandemia do Coronavírus, a busca por curas e medicações se torna, em geral, mais intensa.

Diversos laboratórios e cientistas no mundo todo têm trabalhado para encontrar um medicamento para a doença que, até então, não tem recursos curativos.  

Em meio a essa busca, muitas notícias são divulgadas na mídia e, apesar de não comprovadas, muitas vezes fazem com que o(a) consumidor tome atitudes precipitadas.

Recentemente, foi divulgada a possível ação benéfica das substâncias Cloroquina e Hidroxicloroquina para o tratamento da COVID-19, o Coronavírus. 

Isso fez muitas pessoas irem às farmácias para comprar essas medicações, mesmo sem apresentar sintomas da infecção e, sobretudo, sem receber indicação médica. 

O que acontece é que, apesar de promissores, os estudos realizados até então não são suficientes para comprovar a eficácia das substâncias no tratamento do Coronavírus.

Seu uso sem indicação médica pode desencadear reações adversas graves ou complicações.

Vale ressaltar ainda, que caso os fármacos sejam aprovados de fato, eles atuarão como tratamento e não como prevenção.

Continue lendo e saiba mais detalhes sobre a Cloroquina e a Hidroxicloroquina!

Qual a diferença entre Cloroquina e Hidroxicloroquina?

Cloroquina e Hidroxicloroquina são 2 medicamentos utilizados no tratamento da Malária e de algumas doenças autoimunes como a artrite reumatoide e lúpus eritematoso sistêmico. 

Doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico ataca as células saudáveis do próprio organismo.

Elas ocorrem quando o corpo não consegue fazer a distinção entre células normais e células invasoras.

A Cloroquina e a Hidroxicloroquina, apesar de serem substâncias diferentes, têm indicações e ação semelhantes. 

O que as diferencia, em geral, é que a Hidroxicloroquina é uma substância derivada da Cloroquina e apresenta atividade menos tóxica.

Dessa forma, alguns efeitos colaterais podem ser mais brandos ao realizar a administração com a Hidroxicloroquina. 

Por outro lado, a Cloroquina geralmente age de forma mais rápida e eficaz.

Em geral, seus usos variam de acordo com o quadro clínico de cada paciente.

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Para que serve os medicamentos Cloroquina e Hidroxicloroquina?

A Cloroquina e a Hidroxicloroquina são medicamentos que servem para o tratamento de diferentes doenças, incluindo enfermidades cutâneas e problemas autoimunes.

De acordo com as bulas, os fármacos servem para tratar:

  • Reumatismo e problemas de pele;
  • Artrite reumatoide — inflamação das articulações;
  • Artrite reumatoide juvenil — inflamação das articulações em crianças;
  • Lúpus eritematoso sistêmico — doença inflamatória;
  • Lúpus eritematoso discoide — doença inflamatória;
  • Problemas dermatológicos relacionados à luz solar;
  • Malária — doença causada por protozoário.
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Cloroquina e Hidroxicloroquina curam o Coronavírus? 

Ainda não há dados suficientes para afirmar a eficácia das substâncias Cloroquina e Hidroxicloroquina no tratamento da COVID-19, o Coronavírus. 

Recentemente, alguns estudos realizados por pesquisadores chineses, em laboratório com células in-vitro (fora do organismo vivo), apontaram que ambos os medicamentos têm potencial de inibir a entrada e avanço do vírus nas células do organismo. 

Apesar disso, a pesquisa foi realizada em um número pequeno de pessoas, não fornecendo informações suficientes para determinar a real eficácia, ou não, dos fármacos no combate ao Coronavírus. 

Nas últimas semanas, outro estudo realizado na França apontou mais alguns resultados relacionados ao uso da Hidroxicloroquina.

Cerca de 36 pacientes participaram da pesquisa e a medicação foi administrada da seguinte maneira:

  • 14 pacientes receberam doses de apenas Hidroxicloroquina;
  • 6 pacientes receberam doses de Hidroxicloroquina em combinação com Azitromicina (um antibiótico);
  • 16 pacientes não foram medicados com nenhum dos dois.

Como resultado, todos os 6 pacientes que receberam Hidroxicloroquina em combinação com Azitromicina foram curados após 6 dias.

Já entre os pacientes que receberam doses de apenas Hidroxicloroquina, cerca de 57% tiveram a carga viral zerada no organismo.

Mesmo com um resultado aparentemente positivo, esse estudo também foi realizado com um grupo muito reduzido de pessoas, sendo incapaz de fornecer informações conclusivas sobre as medicações. 

Outras pesquisas estão sendo realizadas para comprovar o potencial curativo dos fármacos, porém, a Cloroquina e a Hidroxicloroquina não são, ainda, indicadas para o tratamento da doença.

O Ministério da Saúde autorizou o uso de Hidroxicloroquina para pacientes com Coronavírus?

Nos últimos dias, o Ministério da Saúde autorizou o uso da Hidroxicloroquina, em caráter experimental, para pacientes infectados pela COVID-19 que estejam em estado grave.

A liberação foi realizada apenas para casos em que não haja outras alternativas de tratamento.

Apesar da decisão, para pacientes que não estão em estado grave, a Cloroquina e a Hidroxicloroquina não são, ainda, indicadas para o tratamento do Coronavírus.

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O uso de Cloroquina e Hidroxicloroquina podem prevenir a infecção por coronavírus?

Não. O uso dos medicamentos Cloroquina e Hidroxicloroquina como forma de prevenção contra o Coronavírus não é indicado.

Além de não haver evidências sobre os fármacos protegerem contra a infecção, a administração sem indicação médica pode colocar a vida do(a) paciente em risco.

Isso, pois as medicações podem provocar graves efeitos colaterais, afetando regiões como o sistema nervoso, globo ocular e até mesmo o coração.

Cloroquina e Hidroxicloroquina são liberados pela ANVISA?

Sim. Os medicamentos Cloroquina e Hidroxicloroquina têm registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), porém, apenas para o tratamento das doenças: artrite, lúpus eritematoso, doenças fotossensíveis e malária.

O uso dos fármacos para o tratamento da COVID-19 não é aprovado pela agência.

Quem pode comprar Cloroquina e Hidroxicloroquina?

Desde que foram divulgadas notícias relacionadas às possíveis ações curativas da Cloroquina e Hidroxicloroquina no tratamento do Coronavírus, muitas pessoas foram às farmácias comprar esses fármacos que, até então, poderiam ser adquiridos sem receita especial.

Por conta dessa grande procura, no dia 20 de março de 2020 a ANVISA incluiu os fármacos na lista de medicamentos de controle especial.

Dessa forma, eles só poderão ser comprados mediante apresentação de receita branca especial, em duas vias.

Isso tem como objetivo evitar o desabastecimento das medicações no mercado, impedindo ou dificultando o acesso por pacientes com indicação médica para o uso. 

Quem já faz o uso da medicação poderá continuar utilizando sua receita simples, durante os próximos 30 dias. 

Quais efeitos colaterais a Cloroquina e Hidroxicloroquina podem causar?

Assim como grande parte dos medicamentos, a Cloroquina e a Hidroxicloroquina podem causar efeitos colaterais em alguns pacientes. Se utilizado de forma indiscriminada, esses efeitos podem se intensificar ainda mais. 

Por isso, a automedicação é altamente contraindicada, já que pode acarretar, além das reações adversas, outras complicações não listadas na bula, já que os efeitos colaterais em pessoas com o COVID-19 não são conhecidos.

Entre outras, as possíveis reações dos fármacos, são:

Distúrbios do sistema imune

Os problemas relacionados ao sistema imune, que o uso das medicações podem causar, são:

  • Urticária — erupção na pele;
  • Angioedema — inchaço em regiões subcutâneas ou mucosas;
  • Broncoespasmo — contração dos brônquios, que pode causar chiado no peito.

Distúrbios do sangue e sistema linfático 

As reações que podem afetar o sangue e o sistema linfático, são:

  • Anemia aplástica — falha da medula óssea em produzir o número correto de elementos do sangue;
  • Depressão da medula óssea — diminuição no número de células vermelhas no sangue;
  • Agranulocitose — diminuição de alguns leucócitos no sangue;
  • Leucopenia — diminuição das células brancas no sangue;
  • Trombocitopenia — diminuição no número de plaquetas no sangue.

Distúrbios do sistema nervoso

Em relação ao sistema nervoso, o uso dos medicamentos pode causar:

Distúrbios da pele e tecido subcutâneo

Entre os efeitos colaterais que afetam a pele, estão: 

  • Erupção cutânea;
  • Erupção cutânea com aumento de células brancas no sangue;
  • Coceira;
  • Alteração da coloração das mucosas;
  • Perda de cabelo;
  • Descoloração do cabelo;
  • Fotossensibilidade; 
  • Dermatite esfoliativa — alteração na pele e descamação;
  • Necrólise epidérmica tóxica — erupção generalizada de bolhas;
  • Síndrome de Stevens Johnson — reação alérgica caracterizada pelo surgimento de bolhas nas mucosas e grandes áreas do corpo;
  • Eritema multiforme — manchas vermelhas, bolhas e ulcerações.

Distúrbios oculares

As reações relacionadas à visão são:

  • Visão borrada;
  • Retinopatia — doença da retina;
  • Maculopatia — doença que afeta a parte central da retina;
  • Degeneração macular.

Com a disseminação do novo Coronavírus, cada vez mais notícias relacionadas a curas e potenciais remédios estão sendo divulgadas. Por isso, é importante estar atento para quais informações são verdadeiras e confiáveis.

A Cloroquina e Hidroxicloroquina, apesar de apresentarem resultados promissores, ainda não foram aprovadas como tratamento para a doença. 

Estudos ainda estão sendo realizados para a comprovação da eficácia, ou não, da medicação.

Quer saber mais sobre remédios e notícias relacionadas à pandemia? O Minuto Saudável tem conteúdos completos para você! Leia mais e continue informado(a)! 

Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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