Misturar antibiótico com cerveja faz mal? O que acontece?

Por que não pode beber tomando antibiótico?

Ao contrário do que algumas pessoas pensam, misturar álcool com o antibiótico não corta o efeito da medicação. Porém, causa alterações na forma como o remédio atua no organismo e pode potencializar os efeitos colaterais, bem como causar outras complicações.

A Dra. Francielle Mathias, farmacêutica responsável no portal Consulta Remédios, explica que isso ocorre porque o álcool e os antibióticos são metabolizados no fígado. De forma que, ao usar as duas substâncias ao mesmo tempo, esse órgão pode ser sobrecarregado.

O que pode provocar deficiência hepática e sintomas como náuseas e vômitos, por exemplo.

Ao ingerir álcool, também há a possibilidade de comprometer a ação do medicamento, a qual pode ser potencializada e causar intoxicação ao corpo ou ser reduzida, causando alteração no efeito da terapia.

Dentre essas opções, o mais recorrente é que o álcool diminua a ação do antibiótico, uma vez que contribui para a eliminação precoce da medicação. O que ocorre pois a bebida atua no sistema linfático e digestivo — responsáveis pela excreção de muitos remédios.

Com isso, uma vez que o antibiótico não permanece o tempo necessário no organismo, pode ocorrer a ineficácia do tratamento. Ou seja, mesmo que o álcool por si só não corte o efeito, ele pode impactar na ação e nos resultados terapêuticos do medicamento.

Quais os antibióticos que contra indicam o consumo de álcool?

De maneira geral, não é recomendada a associação do álcool com nenhum antibiótico. Porém, alguns em especial trazem orientações na bula quanto à interação que pode ocorrer ao misturar as duas substâncias.

Como exemplo, pode-se citar os seguintes medicamentos antibióticos:

• Metronidazol — indicado para o tratamento de amebíase, giardíase, vaginites;
• Tinidazol — indicado para casos de infecção de cicatrizes e aquelas envolvendo o trato respiratório, a pele, abcessos, entre outras;
• Cetoconazol — indicado para infecções fúngicas sistêmicas em casos de ineficácia no tratamento realizado com outras terapias;
• Nitrofurantoína — indicada para o tratamento de infecções do trato urinário;
• Isoniazida — indicada para a terapia em casos de tuberculose causada por bactérias sensíveis à ação dessa substância medicamentosa.

Dentre os efeitos colaterais que podem ocorrer a partir do consumo de álcool e antibióticos, está a reação tipo “dissulfiram”. Essa, caracteriza-se pelo aparecimento de sintomas como dor de cabeça, desconforto abdominal, taquicardia, vermelhidão na pele e vômitos.

Além disso, como mencionado, essa associação também pode provocar comprometimento do fígado e suas funções, bem como impactar diretamente na ação do remédio no organismo.

Vale destacar que esses são apenas alguns exemplos de antibióticos que contraindicam as bebidas alcoólicas durante o tratamento. Por isso, é indispensável sanar todas as dúvidas de forma prévia com o(a) médico(a) e seguir as devidas recomendações. 

O que acontece se misturar Amoxicilina com cerveja?

A Amoxicilina é um dos antibióticos que não traz na bula orientações a respeito da interação com o álcool. Entretanto, a Dra. Francielle reforça que isso não significa que essa associação esteja liberada no caso desse medicamento.

Um motivo é porque, dentre os efeitos colaterais mais recorrentes da Amoxicilina, estão reações como náuseas, vômitos, dor abdominal ou diarreia. Então, ao misturar o remédio com bebidas alcoólicas, essas adversidades podem se intensificar e causar maiores complicações ao(à) paciente, uma vez que o etanol é irritante à mucosa gástrica.

Portanto, quando esse antibiótico é misturado com bebidas como a cerveja, isso pode agravar ou favorecer tais efeitos. Além dos impactos já listados, como as alterações na eficácia do tratamento.

Apesar desses fatores, alguns especialistas indicam que o consumo de 1 copo (ou 1 lata) de cerveja ou vinho, por exemplo, pode não afetar de forma significativa a terapia. Então, em alguns casos, pode ser que o(a) médico(a) considere essa uma quantidade não prejudicial.

Mas esse fator deve variar conforme cada caso, de forma que é indispensável conversar com o(a) profissional de forma prévia, a fim de não prejudicar o tratamento e a saúde.

Independente disso, o ideal ainda é não realizar a associação das substâncias.

Pode beber tomando antibiótico para infecção urinária?

Não é recomendado beber tomando antibiótico, independente de qual é a condição que está sendo tratada. Alguns medicamentos trazem informações na bula referentes aos perigos da interação com o álcool, como é o caso da Nitrofurantoína.

Porém, outros antibióticos usados para tratar infecção urinária não apresentam essa indicação na bula — é o que ocorre com a Amoxicilina e a Azitromicina, por exemplo.

Em tais casos, o ideal é não beber e seguir as recomendações médicas com relação ao tratamento. Considerando que, em alguns casos, a abstinência de álcool deve durar até alguns dias após o término da terapia.

Isso porque alguns remédios demoram mais tempo que outros para serem eliminados do organismo. Sendo assim, mesmo após você parar de tomar, ainda ficam ativos por mais alguns dias no corpo. Então, consumir álcool nesse período pode prejudicar o tratamento.

Pode tomar cerveja zero álcool tomando antibiótico?

Sim. Uma vez que a cerveja zero álcool não conta com o etanol em sua composição, não há nenhum prejuízo em seu consumo em conjunto com medicamentos (mesmo os antibióticos).

Considerando que o perigo de associar bebidas alcoólicas e antibióticos está atrelado à sobrecarga do fígado pela metabolização das duas substâncias, além da potencialização dos efeitos adversos de ambas, esse risco é inexistente para bebidas sem álcool.

Nesse caso, a cerveja com zero teor de etanol não irá causar danos à eficácia do tratamento, ação do remédio no organismo ou outras complicações à saúde do(a) paciente.

Algumas pessoas desconsideram as restrições indicadas durante alguns tratamentos médicos, como a de não ingerir álcool com antibióticos. Porém, é evidente que há riscos nessa prática, o que reforça a necessidade de sempre seguir as orientações médicas.

Então, para mais explicações sobre dúvidas recorrentes e muitos conteúdos sobre saúde e bem-estar, continue acompanhando o Minuto Saudável!

Fontes Consultadas

• Dra. Francielle Tatiana Mathias (CRF/PR 24612), farmacêutica generalista com mestrado em Ciências Farmacêuticas pela Universidade Estadual do Centro-Oeste e doutorado em Farmacologia pela Universidade Federal do Paraná.