Memória muscular: saiba o que é, duração e como funciona!

O que é memória muscular?

Primeiramente, embora a expressão de memória muscular seja muito utilizada, é importante entender que, na realidade, os músculos não possuem exatamente memória. 

O que ocorre é uma combinação de fatores musculares e neurais registrados pelo sistema nervoso, facilitando a retomada de exercícios mesmo após períodos sem realizá-los.

Como sabemos, o cérebro controla todas as atividades corporais, sendo responsável por processar informações de maneira automática e inconsciente, independentemente se nós estamos pensando neles ou não. 

Atividades cotidianas como escovar os dentes, vestir-se, trocar a marcha do carro ou digitar rapidamente no computador são realizadas de maneira quase automática, sem a necessidade de tanta atenção a um pensamento. 

Essa habilidade inata do cérebro de automatizar processos contribui para que consigamos a eficácia e fluidez das ações diárias.,

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Como funciona a memória muscular?

A memória muscular é um processo complexo que envolve o sistema nervoso, especialmente a região dos núcleos da base, na construção de engramas. 

Eles representam sequências de ativação de redes neurais que, por sua vez, desencadeiam a ativação de determinados músculos para a realização de uma ação motora. 

A automatização dessas atividades cotidianas depende fundamentalmente da construção eficiente desses engramas. Quando uma pessoa se submete a treinamentos, ela adquire um maior conhecimento sobre os movimentos realizados. 

Essa familiaridade permite uma evolução mais rápida, pois o sistema nervoso, por meio de repetições, depura o ato motor, eliminando conexões que não são essenciais para a execução da tarefa específica. 

O resultado é a capacidade de realizar ações sem um processamento tão consciente, uma vez que o sistema nervoso refinou a ação ao longo do tempo.

Quando aprendemos a andar, por exemplo, nosso corpo automatiza esse movimento nas pernas para que não precisemos pensar nisso o tempo todo. 

Isso libera nossa mente para se concentrar em outras coisas importantes, como para onde estamos indo, a que velocidade, se estamos atrasados, entre outras questões. 

Assim, as partes do nosso cérebro relacionadas a pensamentos mais conscientes podem se ocupar com o contexto, enquanto o ato de andar torna-se automático e não demanda tanta atenção.

Memória muscular para hipertrofia

Estudos indicam que, após passar por um processo de hipertrofia (aumento do tamanho muscular), o corpo desenvolve uma espécie de "memória" que favorece uma recuperação mais rápida das fibras.

Essa memória implica que os músculos previamente treinados apresentam uma facilidade e agilidade aprimoradas no ganho de força e volume em comparação com aqueles que não foram submetidos a exercícios.

Além de manter uma rotina de treino regular, é fundamental não negligenciar o descanso. 

Especialistas afirmam que o repouso é essencial para a recuperação e consolidação da memória muscular. Portanto, certifique-se de proporcionar ao seu corpo o tempo adequado para se recuperar, contribuindo assim para a eficácia do treinamento físico.

Dentro do músculo

Dentro dos nossos músculos (músculo esquelético), existem células especiais chamadas células satélites e células-tronco. As do tipo satélite ajudam no crescimento e na recuperação do músculo, enquanto as tronco podem se transformar em diferentes tipos de células.

Essas células satélites são como "células precursoras" que podem criar novas fibras musculares e contribuir para o desenvolvimento dos músculos durante o crescimento. Elas também têm a capacidade de gerar novas células satélites por meio de suas "células filhas".

Os músculos, que são formados por essas células satélites, têm a capacidade de se adaptar e lembrar de movimentos, chamada de "memória muscular". Fundamentais para o crescimento, manutenção e reparo das fibras.

Quando não treinamos, e depois começamos a fazer exercícios, as fibras musculares recrutam mionúcleos das células satélites já treinadas. Isso acontece durante o processo de hipertrofia, onde elas migram, se fundem e se diferenciam para ajudar na produção de proteínas.

Essas células mionúcleos são protegidas contra processos que poderiam causar sua morte (apoptose), o que é uma resposta adaptativa. 

Estudos indicam um potencial aumento desses mionúcleos, variando entre 17% a 36% do conteúdo celular, e esse aumento pode ser duradouro, dependendo das características biológicas individuais, chegando até a ser permanente.

Em músculos treinados, a relação entre a quantidade de mionúcleos e o processo de crescimento muscular é notável. Fibras musculares com mais mionúcleos têm um crescimento mais rápido quando submetidas a treinamento. 

Essa interação destaca a importância das células satélites e mionúcleos na adaptação e desenvolvimento dos músculos.

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Quanto tempo para criar uma memória no músculo?

Em essência, a memória muscular parece ser uma capacidade adaptativa do corpo que pode ser preservada ao longo do tempo, mas a rapidez com que ela se desvanece ou é recuperada é influenciada por uma série de variáveis individuais.

Publicado na Frontiers in Physiology Segundo estudos conduzidos pela Universidade de Brown, nos Estados Unidos, mostram que adaptações neuromusculares positivas ocorrem em um período médio de aproximadamente quatro semanas. 

Confirmando que o corpo é capaz de reter as melhorias decorrentes do treinamento por um período significativo.

Os pesquisadores sugerem que a memória muscular pode ser de longo prazo e possivelmente até permanente. 

No entanto, a rapidez com que alguém pode retornar à sua forma física original após um período sem exercícios depende de vários fatores. 

Estes incluem o estado físico inicial, a duração do período sem atividade física, a idade do indivíduo e o tempo dedicado ao treinamento para desenvolver a lembrança.

O conceito de memória muscular é frequentemente utilizado para descrever a capacidade do corpo de reter e reproduzir movimentos ou adaptar-se mais rapidamente a certas atividades físicas após um treinamento anterior. 

Contudo, o termo pode ser considerado um tanto figurativo, pois os músculos em si não possuem uma memória como a mente humana. Em vez disso, essa capacidade de retenção e adaptação está associada a processos biológicos e neuromusculares.

Como foi dito anteriormente, está relacionada à resposta adaptativa das células musculares, especialmente das células satélites e dos mionúcleos. Elas desempenham papéis importantes no crescimento, reparo e manutenção das fibras musculares. 

Quando uma pessoa pratica uma atividade, ocorre uma série de mudanças nessas células, o que pode facilitar o processo de treinamento subsequente.

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Referências

1. Memória muscular envolve repetição e tem o sistema nervoso como principal ferramenta — Jornal USP; 
2. Memória muscular: um estudo interdisciplinar sobre a performance no violoncelo — Books Scielo;
3. Memória Muscular – A Resposta da Ciência;
4. Memória Muscular: quanto tempo o corpo demora para esquecer um treino? — Mega Imagem.