O calcanhar de maracujá, também conhecido como bicheira e miíase cavitária humana, surge quando uma mosca-varejeira deposita ovos na pele, em feridas abertas e outros tecidos, como olhos e boca.
As larvas depositadas pelo inseto passam a se alimentar do tecido do (a) paciente acometido, causando assim uma série de sintomas e complicações.
A doença recebe o nome de calcanhar de maracujá por conta de sua semelhança com as sementes da fruta quando afeta o calcanhar, um dos lugares em que ela se manifesta com maior incidência.
No início, apenas um buraquinho é perceptível e é por meio dele que as larvas respiram. Conforme os parasitas se alimentam dos tecidos, a ferida aumenta.
Após se alimentarem, elas saem do corpo do hospedeiro para que possam passar para o próximo estágio, o de pupa.
Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:
Existem dois tipos principais de miíase, e eles se diferenciam, principalmente, pela quantidade de larvas. Confira a seguir as características de cada um:
A miíase primária, também chamada de furunculóide ou cutânea, é menos severa. Ela acontece quando uma larva entra em contato com a pele e consegue abrir caminho para entrar.
Essa condição é o que se chama de berne. Nesses casos, apenas uma larva se encontra na cavidade, se alimentando da carne humana através da pele.
Trata-se do tipo de miíase que é conhecido como bicheira. Ela é chamada também de miíase cavitária. A bicheira é caracterizada por várias larvas se alimentando da carne do hospedeiro dentro de uma cavidade criada pela alimentação delas.
Normalmente, acontece quando a mosca consegue depositar seus ovos diretamente em uma ferida aberta, necrosada ou não. Se uma larva consegue atravessar a pele, ela começa a criar sua cavidade e se alimentar lá dentro.
Um tipo raro de miíase, a pseudomiíase acontece quando os ovos de mosca são ingeridos no alimento e eclodem no intestino. É menos comum pois, na maioria das vezes, os ovos são digeridos no estômago da pessoa que os engole.
Contudo, nas pouquíssimas vezes em que algum ovo consegue sobreviver, a larva nasce no intestino, onde também dificilmente sobrevive. Porém, se consegue sobreviver, ela passa a se alimentar no órgão.
Esse tipo de miíase pode ser causada por larvas de outros tipos de insetos, como a mosca-das-flores e o bicho da goiaba.
A miíase acidental exige cirurgia para a retirada da larva, já que ela pode causar infecções mais sérias e sangramentos internos com mais facilidade do que os outros tipos.
O calcanhar não é a única região acometida. Orelha, boca e olhos são alguns dos locais onde é possível que as larvas adentrem.
As larvas têm preferência por lugares úmidos, mas é muito mais fácil que elas consigam se estabelecer se a região do corpo não possui higiene adequada.
As causas do calcanhar de maracujá são as larvas de mosca, que se alojam na carne e se alimentam dela. As moscas podem colocar os ovos na pele ou diretamente em feridas, que se não forem limpas, serão infectadas pelos parasitas.
A bicheira não é contagiosa, mas é possível que larvas passem de um lugar para outro do corpo, criando novos pontos de infecção.
Evite o contato direto com as larvas e, caso ele ocorra, lave bem as mãos. Tocar uma larva não fará com que você desenvolva a doença, mas é sempre bom se prevenir contra qualquer tipo de infecção.
Qualquer um pode pegar bicheira, e isso não é necessariamente sinal de falta de higiene. As larvas são mastigadoras rápidas. Elas podem criar túneis profundos na carne em poucas horas. Alguns fatores de risco são:
Feridas abertas são um convite para a mosca, que não precisa de muito tempo para depositar seus ovos. Eles eclodem rápido, portanto, não é difícil que uma infecção aconteça em um breve momento de distração.
O hábito de andar descalço, comum em zonas rurais, também pode contribuir com as larvas, já que se elas estiverem no chão, podem entrar através da pele humana. Além disso, há possibilidade de feridas nos pés que facilitam a infecção.
Em humanos, a doença é mais frequente quando a pessoa, por algum motivo, não pode se livrar das moscas. Se a pessoa estiver acamada, ou tiver alguma deficiência motora ou cognitiva que a impeça de espantar as moscas, o risco é maior.
Idosos que possuem mobilidade comprometida também tem mais riscos. Doenças degenerativas, comuns em pessoas de mais idade, como demências, podem fazer com que a pessoa nem perceba que a mosca está depositando os ovos ou que as larvas estão lá.
Locais sem saneamento básico, que possuem esgoto exposto, são alguns dos fatores de risco para a doença também.
A bicheira é muito mais comum em animais. Cães e gatos, especialmente no verão, são bastante vulneráveis às moscas, assim como animais de porte grande (vacas e cavalos).
O problema é mais comum em animais velhos ou doentes, pois o comprometimento de locomoção impede que os animais espantem os insetos.
Os animais também não conseguem comunicar aos donos o que estão sentindo, portanto, a análise constante do comportamento de seu bichinho, a verificação de sua pele e higienização de qualquer ferida é importante.
A bicheira pode se manifestar como o calcanhar de maracujá, mas leva dias para alcançar esse estágio. A doença é perceptível logo no início, assim que as larvas começam a se alimentar. Os principais sintomas são:
O local por onde a larva entra fica inchado. Surge um pequeno buraco, por onde ela entrou e que é por onde ela respira, portanto é possível vê-la despontar para fora de tempos em tempos, mas ela se esconde dentro da cavidade caso haja perturbações.
O hospedeiro pode sentir pequenas fisgadas na carne enquanto a larva penetra nela, mas essa dor não existe quando a larva se alimenta de tecido necrosado.
Se você possui algum dos sintomas descritos acima, procure ajuda médica imediatamente!
As larvas são claramente visíveis, mesmo quando apenas uma se encontra na cavidade e, inclusive, podem ser vistas se movendo no buraco. Um médico dermatologista pode diagnosticar a miíase com um exame clínico, dividido em:
O (a) médico (a) fará algumas perguntas pertinentes aos sintomas e como ele (a) está se sentindo no momento.
O médico examinará a ferida por onde as larvas entraram e irá procurar por outros pontos de infecção que o paciente pode não ter visto, além de buscar sinais que possam indicar qualquer outro problema ou doença que esteja afetando a pessoa.
Felizmente, mesmo em estágios mais avançados como o famoso calcanhar de maracujá, tem cura sim. O tratamento, na maior parte das vezes, é simples e efetivo.
A miíase é tratada retirando as larvas do tecido com uma pinça. O (a) médico (a) irá removê-las inteiras. O processo é um tanto doloroso e, apesar de não ser necessária, pode ser utilizada anestesia local. Em seguida, a ferida é lavada pelo (a) profissional para limpar a região.
Remédios de via oral podem ser receitados pelo (a) profissional para matar as larvas, como arvicidas, vermífugos e antibióticos, para facilitar sua retirada. Em casos mais extremos, cirurgia pode ser necessária para a retirada de todo o tecido necrosado e de todas as larvas.
Após a remoção, é importante cuidar da ferida recém tratada para evitar novos focos.
Existem casos em que as larvas estéreis podem ser usadas como tratamento. A necrose é um exemplo.
Por terem preferência por carne necrosada, larvas criadas em laboratório podem ser colocadas dentro de feridas para que comam o tecido morto, evitando que a necrose se espalhe.
Há registros médicos de que feridas infectadas expostas a larvas cicatrizam mais rapidamente. O tratamento é frequentemente empregado em pacientes diagnosticados (as) com diabetes, doença que dificulta a cicatrização de cortes e facilita o desenvolvimento de necrose.
Alguns medicamentos podem ser receitados por um médico para matar as larvas e facilitar sua remoção, tanto no caso de humanos quando para animais. Estes são alguns dos remédios:
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um (a) médico (a). Somente ele (a) poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico.
As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento.
Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
A bicheira, miíase, berne ou calcanhar de maracujá é curável e tratável e o (a) paciente pode esperar resultados favoráveis do tratamento. A ferida aberta pelas larvas pode deixar cicatriz caso a cavidade seja extensa, mas raramente há outras sequelas.
Se não tratada, a miíase pode ter consequências sérias. As larvas continuam se alimentando até que tenham se alimentado o bastante para alcançar o estágio de pupa, podendo chegar até os órgãos.
Dependendo da quantidade de larvas e da localização da cavidade, elas podem danificar tendões, músculos e nervos. Se a cavidade for próxima aos olhos, elas podem levar à cegueira e e afetar cérebro e outros órgãos próximos.
A ferida aberta que as larvas criam, junto de seus dejetos, podem causar infecções severas, sepse e necrose. A miíase é uma doença de fácil tratamento, mas que pode levar à morte caso ignorada.
A prevenção da miíase é simples. Algumas dicas são:
Manter moscas afastadas garante que nenhuma larva surgirá. Lixo, carne, frutas podres e fezes de animais atraem moscas, então manter a casa higienizada ajuda a mantê-las longe.
Repelentes naturais, como a citronela ou limão com cravo, podem ajudar a manter as moscas afastadas. Mosquiteiros e repelentes também ajudam a evitar que as moscas se aproximem.
A higienização e observação de qualquer tipo de ferida, além da proteção delas, é essencial, a fim de prevenir qualquer complicação, seja em humanos ou nos bichinhos de estimação.
Os medicamentos devem ser utilizados na frequência e quantidade recomendada pelo (a) médico (a) até o fim do tratamento.
Usar sapatos em qualquer ambiente, seja em casa ou fora, é extremamente importante para evitar a doença.
Manter uma boa higiene não só do corpo, mas também da casa é fundamental para evitar moscas e, consequentemente, a bicheira (miíase).
Caso haja exposição diária ou por pouco tempo à locais com muitas moscas, o uso de repelentes pode ajudar a prevenir que os insetos cheguem perto.
Mas é importante lembrar que existem contraindicações para o uso do produto e que ele deve ser reaplicado depois de algum tempo.
Caso chegue a estágios mais avançados, o calcanhar de maracujá pode ser muito perigoso, mas é uma doença de fácil tratamento e prevenção. Animais são afetados com mais frequência do que humanos, mas um (a) veterinário (a), nesse caso, pode tratar o problema.
Para mais informações sobre doenças e seus tratamentos, continue acompanhando o site e as redes sociais do Minuto Saudável.
Rafaela Sarturi Sitiniki
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