Contorno com Protetor Solar: entenda porque a técnica é desaconselhada!

O que é o contorno no rosto?

O contorno é uma técnica utilizada na maquiagem que deixa algumas áreas do rosto mais escuras e outras mais claras.

Ele permite construir uma sensação de luz e sombra, destacando ou disfarçando as áreas desejadas. Pode ser utilizado junto do iluminador ou do corretivo, que ajudam a criar esse efeito.

Por exemplo: o contorno é aplicado na lateral do nariz, enquanto o iluminador é colocado no centro. Assim, se cria uma percepção de que essa parte do rosto é mais fina.

Como é o contorno com o protetor solar?

A ideia de contornar o rosto utilizando (ou deixando de lado) o protetor solar segue essa lógica da maquiagem.

Funciona assim: é aplicada uma camada de protetor solar facial em alguns pontos do rosto, aqueles que se deseja manter mais claros, como embaixo dos olhos, no meio do nariz, em partes do queixo e da bochecha.

Este produto não é espalhado, mas deixado apenas nesses lugares estratégicos. O restante do rosto, então, fica desprotegido.

Com o rosto “preparado”, os adeptos à técnica saem ao sol. As partes que não receberam a proteção solar ficarão bronzeadas, enquanto as outras estarão mais claras.

O resultado é um contorno natural, com áreas escurecidas (ou queimadas pelo sol) por vários dias.

Os riscos dessa técnica e da exposição ao sol

O problema dessa técnica é evidente: parte do rosto fica diretamente exposta aos raios solares. 

Além da queimadura superficial que se torna visível na pele em pouco tempo, essa exposição pode gerar problemas graves.

O maior risco é o desenvolvimento de câncer de pele, o tipo de câncer mais comum no Brasil. Sua principal causa é justamente o contato com os raios ultravioletas.

Pessoas que estão expostas ao sol diariamente, que têm a pele clara e com baixa melanina, que possuem histórico familiar para a doença ou já tiveram outros problemas de pele são as que sofrem maior risco de desenvolver o câncer.

Mas qualquer pessoa, independente dos fatores de risco, deve se prevenir. A melhor forma é evitar o contato com o sol e sempre usar protetor solar – em todas as áreas expostas, não apenas onde convém.

O sol também pode causar manchas na pele, assim como estimular o seu envelhecimento precoce.

Técnicas como a do contorno com protetor solar acabam estimulando o contato da pele com os raios solares e, consequentemente, aumentando o risco para problemas associados.

Leia mais: Câncer de pele: tipos, sintomas, causas, fotos, tem cura?

Por que a pele se bronzeia no sol?

É comum no verão vermos pessoas intencionalmente se bronzeando, principalmente na praia, em piscinas e outros locais de lazer. A “marquinha” tende a ser associada a uma pele bonita e saudável.

Mas esse bronze é, na verdade, uma tentativa do organismo de se proteger.

Quando parte do corpo é exposto aos raios solares, ou mesmo às câmaras de bronzeamento artificial, a radiação alcança e danifica o DNA das células da pele.

Como resposta, a produção de melanina é aumentada. A melanina é o pigmento responsável por dar cor à pele, olhos e cabelos. Nesse contexto, ela absorve parte dos raios ultravioletas e atua como uma barreira que protege as células do seu efeito.

Então, a pele mais escura é resultado desse aumento do pigmento que surge para tentar minimizar os danos.

São dois os raios ultravioletas: UVA e UVB. O primeiro atinge regiões mais profundas, enquanto o segundo é o que afeta a parte superior da pele. 

O raio UVB é mais presente no verão do que no inverno, o que causa a falsa sensação de que, no período mais frio do ano, os raios solares não queimam como no calor. Afinal, a pele não fica vermelha ou bronzeada facilmente.

Mas o raio UVB está sempre presente, e sua ação é em áreas que não são visíveis – a chamada camada subcutânea. Ele pode gerar danos mais profundos e duradouros, e é associado ao câncer de pele do tipo melanoma, que é o tipo mais grave, embora seja menos comum.

Na hora de escolher um protetor solar, é fundamental optar por um que ofereça proteção contra estes dois tipos de raios ultravioletas.

Leia mais: Raios UV: o que são, diferentes tipos e como se proteger

A importância do protetor solar

O protetor solar é um produto que deve ser parte da rotina diária de cuidados com a pele. Seu uso é a principal forma de reduzir o contato com o sol, afinal, nem sempre é possível cobrir a pele com roupas e acessórios, ou então se manter apenas em locais cobertos.

O câncer de pele é um dos poucos tipos de câncer que têm maiores chances de ser evitado, e o protetor solar é indispensável nesse contexto.

Todas as áreas do corpo que estão expostas devem ser cobertas pelo produto. É importante também observar as instruções de uso disponíveis no rótulo. Isso porque há uma quantidade correta que precisa ser passada, um período mínimo entre a aplicação e a exposição ao sol, e um tempo de duração de seu efeito.

Pensando nos protetores faciais, existem versões indicadas para peles secas, oleosas, incolor ou com cor, entre outros aspectos.

O FPS também é um ponto que deve ser considerado. O mínimo indicado é o FPS 30, mas pessoas com pele mais clara podem necessitar de um fator de proteção maior. Um(a) dermatologista pode orientar cada um quanto à melhor escolha de acordo com as necessidades individuais.

Trends de beleza vêm e vão. Hoje são sucesso, amanhã já não são mais lembradas. Porém, a qualidade da sua saúde, uma vez comprometida, pode ser irreparável.

A técnica de contorno facial com protetor solar é um exemplo de tendência que não deve ser seguida.

Cuide bem da sua pele e, em caso de dúvidas, não hesite em buscar ajuda profissional.

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Referências

• Passar protetor solar apenas em algumas partes do rosto para fazer 'contorno natural' vira trend e traz alerta para saúde da pele — G1;
• O protetor solar deve ser usado o ano inteiro e diariamente — Sociedade Brasileira de Dermatologia - Regional São Paulo;
• Guia de Fotoproteção — Sociedade Brasileira de Dermatologia;
• O que é o bronzeado? — Instituto Melanoma Brasil.