A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) anunciou, em março de 2023, a aprovação da vacina QDENGA (TAK-003), eficaz contra os quatro tipos de dengue existentes até o momento. Fabricada pela farmacêutica japonesa Takeda, o imunizante é o único que pode ser aplicado em indivíduos que nunca contraíram o vírus.
A vacina deve começar a ser aplicada ainda em 2023 e ajudará a conter os surtos que voltaram a apresentar números alarmantes em 2022, quando levantamentos do Ministério da Saúde apontaram um aumento de 189% dos casos de dengue.
Geralmente, as campanhas contra a dengue focam no caráter sazonal da doença, uma vez que períodos de temperaturas mais altas e maior incidência de chuvas costumam contribuir para a proliferação de mosquitos. Em 2022, no entanto, o Instituto Butantan alertou que os índices se mantiveram altos, inclusive no inverno.
Continue a leitura do artigo para saber mais sobre a Qdenga, suas vantagens, eficácia e mais.
Índice — Neste artigo, você irá encontrar:
A Qdenga é uma vacina atenuada, ou seja, é do tipo que utiliza um vírus ativo, mas enfraquecido, o que a torna incapaz de adoecer um organismo saudável. Esse é o mesmo princípio técnico utilizado nas vacinas contra febre amarela, poliomielite (oral, “gotinha”) e algumas de Covid-19.
Na versão fabricada pela Takeda, são utilizadas as versões atenuadas das variedades 1, 2, 3 e 4 do vírus da dengue.
Com esse tipo de medicamento, o indivíduo não adoece, mas o sistema de defesa do organismo consegue aprender sobre o possível invasor e aprender a combatê-lo antes que a ameaça real invada o corpo através do vetor, os mosquitos Aedes aegypti.
O documento divulgado pela Takeda aponta que a eficácia clínica da vacina foi confirmada no estudo DEN-301, realizado em 8 países da América Latina e da Ásia: Brasil, Colômbia, República Dominicana, Nicarágua, Panamá, Sri Lanka, Tailândia e Filipinas.
Os resultados apontaram uma eficácia geral de 80,2%, por pelo menos 12 meses, contra qualquer tipo de dengue, independente do fato de a pessoa ter contraído ou não o vírus anteriormente. Além disso, também houve uma redução de 90% nos casos de hospitalização.
Os estudos, realizados em larga escala, levaram em consideração diversas faixas etárias e o resultado foi uma vacina que pode ser aplicada em crianças, adolescentes, adultos, de 4 a 60 anos.
A vacina é contraindicada nos casos de:
Por fim, a vacina também não é indicada para pessoas gestantes e lactantes.
Até a publicação deste artigo, nenhuma data foi definida, mas a campanha de vacinação é aguardada ainda para 2023.
Até o momento, o Brasil tinha disponível apenas a vacina Dengvaxia para combate ao vírus da dengue. No entanto, este imunizante tem uma importante restrição: só pode ser aplicado em pessoas que já foram infectadas previamente, evento que ainda precisa ser confirmado por testes antes da aplicação.
Uma das particularidades da dengue é o perigo da reinfecção, uma vez que as taxas de morbidade são maiores nos quadros de reincidência da doença, com altos índices de hospitalização e aumento da probabilidade de dengue hemorrágica.
A Dengvaxia também é tetravalente, ou seja, eficaz contra os quatro tipos de dengue, mas tem a limitação de só poder ser utilizada nesses casos específicos. E é esta a principal característica que diferencias as duas vacinas, com a Qdenga apresentando a vantagem da ampla aplicação, sem precisar de testes para discriminar infectados e não-infectados.
O Instituto Butantan, responsável por distribuir a CoronaVac, imunizante contra Covid-19, está em meio aos testes e estudos para o desenvolvimento da vacina Butantan-DV, também tetravalente contra a dengue.
A pesquisa iniciada em 2016 está na sua 3ª fase, em que já aponta uma eficácia de 79,6% para evitar a doença. Além disso, não foi registrado nenhum caso grave entre os participantes do estudo.
A fábrica onde a Butantan-DV será produzida já está pronta e será responsável também pela fabricação de imunizantes conta a chikungunya, cuja vacina está em fase final de ensaios clínicos. Nenhum dos dois imunizantes tem previsão de aprovação pela Anvisa até o momento.
Diante da alta de casos de dengue, a chegada de uma nova vacina, aprovada pela Anvisa, surge como uma possibilidade de controlar os surtos, além de reduzir os índices de hospitalização e dengue hemorrágica.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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