A úlcera de Buruli é uma doença infecciosa crônica associada à bactéria Mycobacterium ulcerans.
É uma condição tão pouco conhecida, que ela é considerada uma das 20 doenças tropicais negligenciadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Atingindo principalmente regiões pobres e marginalizadas do mundo.
Comumente encontrada na África subsaariana mas também podem surgir em áreas da Ásia, Pacífico ocidental e Américas, embora aqui no Brasil seja considerada extremamente rara, com menos de 1 mil casos registrados por ano.
Seus registros abrangem mais de 32 países. Capaz de afetar qualquer pessoa, independentemente da idade, mas as crianças e os jovens são mais suscetíveis.
A doença manifesta-se por meio de grandes úlceras, geralmente nas pernas ou nos braços, podendo, inicialmente, ser confundida com queimaduras.
Sua prevenção envolve principalmente práticas higiênicas. Como podemos imaginar, o controle é um desafio, especialmente por afetar áreas mais carentes, onde a infraestrutura de saúde muitas vezes é limitada.
Continue a leitura para entender melhor as formas de transmissão, sintomas, opções de tratamento e demais informações relevantes sobre a infecção!
Índice — Neste artigo você verá:
Primeiramente, é importante explicar que o termo úlcera refere-se a qualquer lesão que quebre a barreira de proteção de um tecido.
Já as úlceras cutâneas, são feridas crônicas na pele que apresentam dificuldades no processo normal de cicatrização, persistindo ao longo do tempo.
A úlcera de Buruli, recentemente chamada de bactéria comedora de carne, é uma condição séria e rara caracterizada por uma infecção bacteriana que tem o potencial de destruir a pele e os tecidos moles.
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A origem da úlcera de Buruli, por muito tempo foi associada ao consumo de água contaminada e solo infectado que teve contato com fezes de gambás.
Porém, até agora, a principal hipótese é que uma das formas de infecção seja através da picada do mosquito, transmitindo a bactéria Mycobacterium ulcerans dos gambás para os seres humanos.
As Mycobacterium, ou micobactérias, fazem parte de um grande grupo de bactérias que engloba mais de 100 espécies.
Entre elas, possui algumas que transmitem doenças já conhecidas, destacam-se o Mycobacterium tuberculosis, responsável pela tuberculose, e o Mycobacterium leprae, causador da hanseníase.
No entanto, a grande maioria das micobactérias tem seu habitat natural em ambientes terrestres e aquáticos, presentes tanto em cenários rurais quanto urbanos.
A primeira hipótese que busca explicar envolve a possível participação dos gambás, que poderiam ser os amplificadores da bactéria, disseminando-a por meio de suas fezes.
O risco de infecção, nesse cenário, estaria associado ao contato com ambientes e objetos contaminados com as fezes desses animais.
A segunda teoria, e mais recente, sugere que a transmissão ocorre por meio de insetos, especialmente mosquitos e outros insetos picadores, que transportam a bactéria dos gambás ou do ambiente para os seres humanos.
O maior risco de contrair a doença estaria vinculado às picadas de insetos em áreas úmidas e pantanosas, onde a bactéria é mais prevalente.
No entanto, a falta de consenso entre os cientistas persiste, dificultando a identificação da principal via de transmissão da úlcera de Buruli.
Os sintomas da úlcera de Buruli manifestam-se inicialmente por meio de alterações cutâneas, destacando-se a presença de:
Essas úlceras tendem a ser únicas e ocasionalmente, podem surgir duas ou três úlceras simultaneamente.
As lesões podem crescer rapidamente, devorando tecidos e músculos, se não forem tratadas. O tecido ao redor pode necrosar, criando uma área escura e morta.
Em alguns casos graves, a úlcera pode progredir a ponto de consumir um membro inteiro, resultando em incapacidade de longo prazo.
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O tratamento para a infecção em questão envolve principalmente o uso de antibióticos, como rifampicina e estreptomicina. Em certos casos, também se recorre a alternativas como claritromicina ou moxifloxacino.
Em situações menos complexas, como pacientes com nódulos, podem ser tratados de forma ambulatorial, sem a necessidade de internação. A evolução da doença varia em gravidade, com algumas úlceras cicatrizando lentamente e resultando em fibrose e retração.
No entanto, a falta de tratamento precoce pode acarretar em sequelas. Pessoas que não são tratados precocemente correm o risco de desenvolver:
Caso a mobilidade articular não melhore ou se agrave, é indicado encaminhamentos para centros especializados que ofereçam acompanhamento fisioterapêutico.
O tratamento cirúrgico pode ser uma opção, dependendo da manifestação, em casos mais complexos, o transplante de pele pode ser uma alternativa.
Lesões faciais, por sua vez, podem levar a deformidades estéticas significativas, inclusive a perda do globo ocular.
A prevenção da úlcera de Buruli até hoje é desafio, como já dito antes, a falta de um conhecimento sobre as formas de transmissão impossibilita uma.
No entanto, algumas medidas podem ser adotadas para reduzir o risco de contrair a doença, como:
Apesar de não haver uma vacina específica, a vacina BCG, tradicionalmente utilizada contra a tuberculose, demonstrou certa efetividade na prevenção da doença.
Segundo a OMS, a úlcera de Buruli é categorizada como uma doença "negligenciada" , o que significa que recebe pouco destaque e ainda é pouco compreendida.
Embora tenha sido identificada pela primeira vez em 1897 em Uganda, sua prevalência se concentra principalmente em comunidades carentes, onde os recursos de cuidados de saúde são limitados.
A mortalidade devido à infecção é rara, embora as complicações possam agravar extensas áreas de ulceração.
O ideal para reduzir seu impacto seria a implementação de programas educacionais, saneamento básico e pesquisa científica para entender exatamente a sua transmissão.
Além disso, fortalecer os sistemas de saúde nas áreas carentes e garantir que a população tenha acesso a cuidados médicos e que os profissionais de saúde estejam bem equipados para lidar com a doença.
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Kayo Vinicius Ferreira Forte
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