Saúde

Transplante de córnea: como funciona e quais os riscos?

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 28/11/2023Última atualização: 28/11/2023
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 28/11/2023Última atualização: 28/11/2023
Close no olho de uma mulher que provavelmente tem ceratocone.A intervenção cirúrgica conhecida como transplante de córnea consiste na troca de uma porção afetada da córnea, podendo ser realizada de forma total ou parcial, pela inserção de uma córnea saudável.

Transplante de córnea: como funciona e quais os riscos?

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A cirurgia de transplante de córnea envolve a substituição de uma parte afetada da córnea, seja integral ou parcialmente, por uma córnea saudável. 

Conforme informações da Agência Brasil, a procura por transplantes de córnea no Brasil registrou um aumento significativo, dobrando ao longo dos últimos cinco anos. No mês de maio de 2023, aproximadamente 24.300 pessoas aguardam pelo procedimento.

Setembro é designado como o mês de conscientização sobre a doação e transplante de córnea, sendo a cor verde adotada como símbolo desta campanha de sensibilização.

A córnea, quando enfraquecida ou danificada, pode distorcer a visão e, em casos mais graves, resultar em cegueira

A realização de um transplante torna-se necessária quando a visão não pode ser corrigida com o uso de óculos ou lentes de contato, ou se o inchaço e a dor não podem mais ser controlados por meio de medicamentos.

Este procedimento, considerado complexo, é reservado para situações extremas em que nenhum outro método de tratamento da córnea se mostra eficaz. 

Acompanhe a leitura para melhor todo o processo para a cirurgia de transplante de córnea ocorrer!

Índice:

  1. O que é e para o que serve a córnea?
  2. Como é feito o transplante de córnea?
  3. Como fica o olho depois de um transplante de córnea?
  4. Quais os riscos?
  5. Quem precisa fazer a cirurgia?
  6. Todo mundo pode ser doador de córnea?

O que é e para o que serve a córnea?

A córnea é uma camada protetora na frente do olho, contribuindo também para concentrar a luz na retina, situada no fundo ocular. Após atravessar a córnea, a luz continua sua jornada pela pupila, o ponto negro central no olho.

Posicionada na porção anterior do globo ocular, a córnea forma, junto com a esclera, a parte fibrosa do olho. 

Além de sua função protetora, ela exerce um papel fundamental na formação da visão, sua característica transparente a transforma em uma lente natural que, em conjunto com a íris (a porção colorida do olho), direciona a luz proveniente da pupila na direção da retina. 

Essa interação complexa é essencial para o processo visual, destacando a importância da córnea na manutenção da saúde ocular e na qualidade da visão.

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Como é feito o transplante de córnea?

O transplante de córnea é um procedimento cirúrgico que tem o intuito de substituir total ou parcialmente a parede anterior do olho em casos de doenças que afetam a córnea, resultando em comprometimento visual grave. 

O procedimento pode adotar diferentes formas, sendo as mais comuns a penetrante e a lamelar.

Na técnica cirúrgica, o trépano, um instrumento especializado com formato cilíndrico regular, é habilmente utilizado para remover a parede anterior da córnea que está comprometida. 

Essa porção retirada é então substituída pelo tecido doado, que é cuidadosamente encaixado no local da córnea afetada. O processo de fixação é realizado meticulosamente através da costura com um fio de náilon superfino.

A realização eficiente dessa cirurgia é possível graças ao avanço da tecnologia, especialmente o uso de microscópios e ferramentas de dimensões reduzidas. Esses recursos permitem uma precisão extraordinária durante todo o procedimento, contribuindo para o sucesso do transplante.

Apesar da complexidade da intervenção, o tempo cirúrgico é relativamente curto, em torno de uma hora. No entanto, o período pós-operatório é relativo, pois a recuperação da acuidade visual pode ser um processo gradual, levando vários meses até que o paciente experimente melhorias significativas.

A complexidade da cirurgia demanda extrema habilidade por parte da equipe médica, sendo indicada apenas nos casos em que nenhum outro tratamento corretivo para a córnea é viável para a recuperação da visão.

Para entrar na lista de espera por um transplante de córnea, é necessário passar por consulta com médicos especialistas em córnea e transplante, registrados como transplantadores e vinculados a um centro transplantador registrado na Central Estadual de Transplantes (CET). 

Segundo o Sistema Nacional de Transplantes (SNT) destaca-se uma crescente demanda por procedimentos nas córneas, com 24.319 pessoas aguardando em filas de espera. 

Comparativamente, em 2020, esse número era de 16.337, aumentando para 20.134 em 2021. Essas estatísticas abrangem atendimentos realizados tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto nas redes privada e suplementar.

O tempo médio de espera por um transplante de córnea pode variar dependendo do estado, porém, conforme informado pelo Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO), é de 13,2 meses. 

Tipos de transplante

Existem diferentes tipos de realizar a cirurgia de transplante de córnea, cada uma adaptada às características específicas de casos oculares, por exemplo: 

Transplante total

Também conhecido como penetrante, envolve a substituição de toda a espessura da córnea, demandando um período de recuperação mais prolongado, que pode se estender até um ano.

Transplante endotelial

Aqui ocorre a substituição da camada interior, conhecida como endotélio. A escolha da técnica específica a ser aplicada depende das características individuais de cada caso e é determinada pela avaliação do oftalmologista. 

De maneira geral, as chances de rejeição são consideravelmente menores nessa modalidade, o que a torna uma opção atrativa em determinados contextos.

Transplante lamelar

Também conhecido como ceratoplastia lamelar anterior profunda (DALK), é uma alternativa escolhida em complicações relacionadas ao ceratocone. Nesse método, apenas a camada externa da córnea é substituída, o que pode resultar em uma recuperação mais rápida comparada ao transplante total.

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Como fica o olho depois do transplante de córnea

Homem com olhos claros aplicando colírio.
Após um transplante de córnea geralmente a maioria dos pacientes observam melhoras em sua visão. Normalmente, os resultados começam a se manifestar algumas semanas após o procedimento, embora em alguns casos a recuperação visual possa ser mais gradual.

A adaptação visual após a cirurgia inicialmente pode ter uma qualidade visual inferior em comparação ao período pré-operatório. Esse fenômeno está associado ao tempo que o olho leva para se ajustar à nova córnea transplantada.

Sensibilidade à luz também pode ser uma reação temporária e é comum a necessidade de colírios conforme prescrição médica para reduzir a inflamação e mitigar o risco de infecções durante o período pós-operatório.

Em alguns casos, podem surgir erros refrativos após o transplante de córnea, incluindo condições como astigmatismo e miopia. Essas variações podem impactar a nitidez visual e requerem uma abordagem cuidadosa para correção.

Quais os riscos?

O processo de transplante de córnea, embora rotineiramente bem-sucedido, não está isento de desafios e riscos que requerem atenção e gerenciamento cuidadoso.

O sistema imunológico, cuja função principal é proteger o organismo contra invasores e ameaças, por vezes reconhece o órgão transplantado como um elemento não pertencente ao corpo, desencadeando uma resposta rejeitada. 

Essa reação pode ser categorizada em diferentes níveis, sendo alguns mais controláveis por meio de medicamentos imunossupressores, enquanto outros podem resultar em danos irreversíveis ao órgão transplantado.

Complicações associadas ao transplante vão de: 

  • Alto erro refrativo, como o astigmatismo e miopia;
  • Descolamento da retina;
  • Irregularidade pupilar; 
  • Catarata secundárias;
  • Hemorragia da coróide;
  • Glaucoma secundário;
  • Infeção endocular;
  • Sinéquias da íris;
  • Edema macular cistóide.

Os sinais e sintomas dessa rejeição podem incluir: dor, perda da visão, olhos vermelhos, sensibilidade à luz e outros indicadores. Em casos de rejeição é necessário tratamento médico ou mesmo um novo transplante de córnea para abordar o problema.

Leia mais: O que é Glaucoma, sintomas, tratamento, causas e mais 

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Quem precisa fazer a cirurgia?

A decisão que define a necessidade da cirurgia é quando a perda da integridade da córnea compromete a visão ou quando defeitos oculares apresentam riscos à anatomia ou função ocular.

Existem diversas condições patológicas que podem levar à necessidade de cirurgia de córnea. Entre elas, destacam-se patologias associadas à 

  • Ceratocone;
  • Ceratoglobo;
  • Ceratopatia bolhosa;
  • Traumas sofridos no globo ocular;
  • Úlcera de córnea;
  • Degeneração marginal pelúcida;
  • Leucomas corneanos;
  • Retransplante.

Como funciona a fila do SUS para o transplante?

O processo de espera por um transplante no Sistema Único de Saúde (SUS) segue um padrão que busca equidade e priorização com base na gravidade da condição dos pacientes.

Embora a média geral de espera seja inferior a 90 dias, situações mais críticas podem receber atendimento em poucos dias.

A lista de espera para transplantes é única para cada estado ou região, simplificando o acesso dos pacientes ao procedimento. A organização dessa fila segue uma ordem cronológica de cadastro, evitando favorecimentos baseados em preferências pessoais ou condições econômicas. 

Esse controle é gerenciado pelas Centrais de Transplante estaduais, todas integradas ao Sistema Nacional de Transplantes (SNT), que está vinculado ao Ministério da Saúde.

Em circunstâncias especiais, é possível acelerar o processo de transplante de córnea, como perfurações oculares e infecções graves que não respondem ao tratamento clínico convencional.

Leia mais: Transplante de órgãos: quais órgãos podem ser transplantados e como funciona o processo de doação? 

Todo mundo pode ser doador de córnea?

Surpreendentemente, até mesmo pessoas que são totalmente cegas, desde que possuam córneas saudáveis, podem contribuir para a doação, pois não há correlação entre a ausência de visão e a capacidade de se tornar um doador.

Para ocorrer a cirurgia, é necessário que o doador tenha falecido devido a parada cardíaca em um intervalo inferior a 6 horas ou por morte cerebral (com idade entre 2 e 80 anos) têm a oportunidade de se tornarem doadores. 

Diversos fatores que comumente não impedem a doação incluem o: 

Entretanto, existem condições que contraindicam a doação, visando garantir a segurança do receptor. Entre as contraindicações encontram-se 

Leia mais: Sífilis: Compare e compre com menor preço | CR 


Após a realização da cirurgia, é necessário realizar uma série de exames oftalmológicos, especialmente durante o primeiro ano pós-transplante. 

Geralmente para identificar eventuais complicações que possam surgir e assegurar a monitorização da saúde ocular durante esse período. 

O transplante de córnea, em sua maioria, não apresenta riscos significativos, com aproximadamente 90% dos casos resultando em sucesso cirúrgico.

Isso se dá principalmente pela ausência de vasos sanguíneos em seu tecido, o transplante de córnea difere de outros procedimentos, pois não demanda exames específicos de compatibilidade. 

Essa característica possibilita a doação rápida para aqueles que aguardam esse tipo de procedimento, eliminando a necessidade de uma extensa análise de compatibilidade.

Se você tem desejado ser um doador de órgãos, comunique essa intenção aos seus familiares. Essa comunicação proporciona maior segurança aos familiares quando o momento da doação chegar. 

Para mais conteúdos como esse, não deixe de acompanhar o Minuto Saudável aqui no site e nas redes sociais!


Imagem do profissional Kayo Vinicius Ferreira Forte
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Este artigo foi escrito por:

Kayo Vinicius Ferreira Forte

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