Saúde

Terapia gênica: para que serve, como funciona e quais os benefícios.

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 14/11/2023Última atualização: 14/11/2023
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 14/11/2023Última atualização: 14/11/2023
Imagem ilustrada de uma cadeia de DNA.A principal finalidade da terapia gênica é intervir nos fatores genéticos que podem afetar a predisposição e a gravidade de doenças.
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A terapia gênica é uma abordagem inovadora que geralmente envolve a introdução de um gene saudável no organismo, conhecido como o gene terapêutico, a fim de tratar condições genéticas ou doenças específicas. 

O primeiro registro dessa técnica foi em 1990, representando um marco na história da medicina. Essa experiência tem impulsionado laboratórios e empresas a continuamente aprimorar os materiais e estabelecer procedimentos mais seguros e eficazes.

Somente em 2020, no Brasil, foi concedido o registro do primeiro tratamento que utiliza a terapia gênica, um marco importante para a saúde no país. 

Isso reflete a dedicação contínua da comunidade científica e da indústria para avançar as opções terapêuticas disponíveis para condições genéticas e doenças anteriormente desafiadoras de tratar. 

Siga lendo o artigo para saber muito mais sobre a terapia gênica!

  1. Qual o objetivo da terapia gênica?
  2. Tipos de terapias
  3. Como é feita a terapia gênica?
  4. Quais vantagens da terapia gênica?
  5. Possui efeitos colaterais?
  6. Tem terapia genética no Brasil?

Qual o objetivo da terapia gênica?

A terapia genética, também conhecida como geneterapia, representa uma abordagem médica revolucionária que envolve a introdução de genes nas células e tecidos de uma pessoa com o propósito de tratar doenças, principalmente aquelas de origem genética. 

Essa técnica inovadora tem o potencial de corrigir, atenuar ou deter a progressão de condições de saúde graves e neurodegenerativas, como é o caso da doença de Parkinson, entre outras.

O objetivo principal da terapia gênica é agir sobre os fatores genéticos que podem influenciar a predisposição à doenças, bem como a gravidade do quadro clínico. 

Além disso, ela busca modificar, quando necessário, os mecanismos essenciais ou a própria estrutura das células, órgãos ou sistemas afetados pela patologia. 

Isso implica a capacidade de intervir diretamente nos processos biológicos, a nível molecular, a fim de corrigir defeitos genéticos, restaurar a função celular normal ou reverter anomalias patológicas.

À medida que a pesquisa e o desenvolvimento prosseguem, há uma expectativa crescente de que essa abordagem terapêutica venha a revolucionar a maneira como muitas doenças são tratadas e, potencialmente, abrir portas para soluções eficazes para condições até então consideradas intratáveis.

Leia mais: Mapeamento genético: para que serve e como é feito?

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Tipos de terapias

A terapia gênica é uma abordagem que pode ser realizada em células germinativas ou em células somáticas, dependendo do alvo e do propósito terapêutico desejados. A seguir uma explicação sobre as duas técnicas:

Somáticas

Na terapia de células somáticas, o objetivo é corrigir ou modificar o gene de células de um tecido específico em um paciente individual, sem que essas alterações genéticas sejam transmitidas para seus descendentes. 

Em outras palavras, essa abordagem serve para melhorar a função de um órgão ou tecido sem afetar a composição genética de futuras gerações.

Sob a perspectiva da bioética, a terapia de células somáticas é muitas vezes comparada a um transplante de órgãos, uma vez que visa aprimorar o funcionamento de um organismo que apresenta uma disfunção genética.

Germinativas

Por outro lado, aqui as modificações genéticas são realizadas em células germinativas, que darão origem aos gametas e, consequentemente, a um novo indivíduo. 

Essa abordagem levanta questões éticas complexas, uma vez que as modificações genéticas podem influenciar a descendência e, potencialmente, introduzir preceitos de eugenia.

A eugenia é a ideia de selecionar seres humanos com base em características hereditárias com o propósito de melhorar as gerações futuras, o que pode gerar debates éticos extremamente válidos.

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Como é feita a terapia gênica?

Mulher em um laboratório de jaleco na frente do microscópio estudando sobre o DNA.
As técnicas para a transferência de DNA normal para as células de uma pessoa. Cada método possui suas próprias características e desafios.

Vírus

Uma das técnicas envolve a transfecção viral, na qual um vírus é modificado para conter o gene terapêutico e, em seguida, infecta as células do paciente, transferindo o novo DNA para o núcleo dessas células. 

Embora eficaz em alguns casos, essa abordagem pode resultar em reações semelhantes à infecções e pode não garantir uma incorporação estável do novo DNA nas células, o que pode levar à recorrência do distúrbio genético.

Lipossomos

Outra estratégia utiliza lipossomos, microvesículas que carregam DNA e são absorvidas pelas células do paciente. 

No entanto, essa técnica pode não ser bem-sucedida em todas as situações devido à falta de absorção, falhas na função do novo gene ou perda do gene inserido.

Transplantes

A técnica é transplantar os órgãos geneticamente modificados para serem mais compatíveis com os genes do receptor, reduzindo o risco de rejeição. Infelizmente, essa abordagem de terapia que é explorada na cirurgia de transplante, tende a ser malsucedida. 

Antissentido 

Se trata de uma abordagem diferente, onde os genes anormais são desativados em vez de inserir novos genes. Isso é alcançado por meio de medicamentos que se ligam a partes específicas do RNA mensageiro, impedindo a expressão dos genes defeituosos. 

Embora ainda experimental, essa técnica mostra potencial, especialmente no tratamento do câncer.

CRISPR-CAS9 

Uma ferramenta de edição de genes que possibilita cortar o DNA e permite que o processo de reparo do DNA incorpore genes novos. Ainda em fase experimental, tem sido usada em embriões humanos na tentativa de corrigir defeitos genéticos.

Modificação química

A modificação química é outra estratégia, na qual as atividades de genes são alteradas através da modificação das reações químicas nas células. 

A metilação, por exemplo, pode aumentar ou reduzir a produção de proteínas, e essa abordagem está sendo investigada em testes experimentais para tratar alguns tipos de câncer.

Leia mais: Remédios para Câncer com Menor Preço | CR 

Quais vantagens da terapia gênica?

A terapia gênica oferece uma abordagem inovadora para tratar uma variedade de condições médicas, e suas vantagens são notáveis. Essa terapia funciona através da substituição ou inativação de genes que causam doenças, e, em alguns casos, pode até introduzir novos genes no corpo para tratar enfermidades específicas.

Uma das principais vantagens da terapia gênica é a capacidade de tratar diferentes tipos de condições, abrangendo desde doenças hereditárias e raras até cânceres.

Câncer

No caso da terapia com CAR-T Cells, ela utiliza as próprias células da pessoa para atacar alvos específicos, servindo de tratamento para cânceres hematológicos, como leucemia e linfomas.

Condições hereditárias e raras

Em doenças hereditárias e raras, que muitas vezes são causadas por mutações em um único gene. 

Como o problema geralmente reside em um único gene defeituoso, a terapia genética tem uma alta probabilidade de tratar a raiz da doença, proporcionando esperança aos pacientes e suas famílias.

Quando se trata de doenças multifatoriais, que podem resultar de mutações em diferentes genes, influência do ambiente ou ter causas desconhecidas, a terapia gênica busca diminuir ou prevenir o avanço dessas condições complexas. 

Isso é particularmente relevante em casos de doenças graves e neurodegenerativas, como a doença de Parkinson, onde a terapia pode direcionar os fatores genéticos à predisposição ou gravidade da doença. Ou até ou mesmo modificar mecanismos fundamentais ou a estrutura das células, órgãos e sistemas afetados.

A terapia genética também tem sido um campo promissor na busca por maneiras eficazes de tratar doenças genéticas e condições médicas complexas. 

HIV

No caso do HIV, em vez de simplesmente tornar as células resistentes ao vírus, uma abordagem mais avançada envolveria a correção direta de genes defeituosos nas células por meio de tecnologias como CRISPR/Cas9.

O HIV é uma infecção viral que ataca o sistema imunológico do corpo, e a infecção é perpetuada quando o vírus se integra ao DNA das células do hospedeiro. 

Isso torna o vírus particularmente desafiador de tratar, pois ele se esconde nas próprias células do sistema imunológico, onde é difícil de ser detectado e eliminado.

A tecnologia CRISPR/Cas9 representa uma ferramenta revolucionária que permite a edição precisa do DNA. 

Ela funciona cortando o DNA em locais específicos e, em seguida, aproveitando os processos naturais de reparo do DNA para incorporar sequências genéticas corretas.

Leia mais: O que é HIV e AIDS: qual a diferença? Sintomas e tratamento 

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Possui efeitos colaterais?

Como acontece com qualquer avanço médico, existem considerações importantes em relação aos riscos, danos e efeitos colaterais associados a essa abordagem terapêutica.

Até o momento, os efeitos colaterais observados na terapia gênica aprovada são geralmente leves e de curto prazo. 

Entre eles, incluem-se sintomas como dor de cabeça e febre leve, facilmente confundidos com manifestações de gripe

No entanto, há incertezas quanto à durabilidade e aos efeitos a longo prazo da terapia gênica, uma vez que essa é uma área em constante evolução. 

Além disso, um dos riscos associados à terapia gênica, particularmente quando se utilizam vetores virais para transportar os genes terapêuticos, é a possibilidade de estimular respostas imunes no organismo. 

Tem terapia genética no Brasil?

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em fevereiro de 2022, aprovou o primeiro produto de terapia gênica destinado ao tratamento de câncer no território brasileiro.

Como vimos, a terapia gênica é uma forma revolucionária de tratamento que oferece a perspectiva de cura ou controle de doenças anteriormente intratáveis. 

No entanto, é importante notar que, atualmente, uma das principais barreiras que limita o acesso à terapia gênica é o seu alto custo. 

Um exemplo é o Luxturna, aprovado pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) em dezembro de 2020. O custo aproximado de R$ 1,9 milhão por aplicação torna esse tratamento extremamente caro e inacessível para a maioria da população. 

Portanto, surge a preocupação sobre como garantir que essas terapias inovadoras estejam disponíveis para um espectro mais amplo de pacientes, independentemente de sua capacidade financeira.


O conceito de empregar técnicas de DNA recombinante para retificar o genoma surgiu da necessidade de abordar doenças causadas por mutações em genes individuais, conhecidas como doenças monogênicas. 

Nesses casos, o objetivo central é substituir ou complementar a expressão do gene disfuncional, introduzindo uma ou mais cópias do gene terapêutico, a fim de restabelecer a função normal.

A medicina moderna continua avançando e trazendo descobertas significativas nas áreas de pesquisa voltadas para a criação de novos paradigmas de tratamento, inclusive para doenças que antes eram consideradas intratáveis. 

Um dos domínios de grande expectativa é a cura de doenças genéticas, que depende da identificação dos genes responsáveis por sua origem e do progresso contínuo nas tecnologias de DNA recombinante e engenharia genética, que possibilitam a manipulação do genoma com eficiência e segurança crescentes.

À medida que as pesquisas continuam, há uma crescente esperança de que, no futuro, muitas das doenças até então consideradas incuráveis possam ser controladas, revertidas ou eliminadas por meio do aprimoramento das terapias de correção genética.

Acompanhe os conteúdos do Minuto Saudável para ter acesso a informações sobre saúdebem-estar e muito mais!


Referências

  1. Terapia gênica — Pfizer Brasil;
  2. Terapia gênica e suas aplicações no tratamento de doenças —- PAIVA, Julio Cesar Castro et al. Terapia gênica e suas aplicações no tratamento de doenças. BRASILIA–: CENTRO UNIVERSITÁRIO DE BRASÍLIA, 2017;
  3. O BENEFÍCIO DO USO DA TERAPIA GÊNICA —- SANTOS, Jessica . O BENEFÍCIO DO USO DA TERAPIA GÊNICA. Sorocaba: Anhanguera, 2021;
  4. Uso clínico da genética — Manuais MSD para profissionais;
  5. Terapia genética - Fundamentos — Manual MSD Versão Saúde para a Família.
Imagem do profissional Kayo Vinicius Ferreira Forte
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Este artigo foi escrito por:

Kayo Vinicius Ferreira Forte

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