Terapia cognitivo-comportamental: para quem é indicada e como funciona?

Para quem é indicada a terapia cognitiva comportamental?

Considerando que a terapia cognitivo-comportamental é uma linha de trabalho diretiva, há a ideia de que somente algumas pessoas poderiam se beneficiar dela. Apesar disso, a TCC consegue auxiliar os pacientes a identificarem e avaliarem os seus pensamentos automáticos.

Ou seja, todos os pacientes são indicados para esse método de tratamento, porém, há ressalvas para alguns transtornos e condições, sendo eles:

• Transtorno bipolar (se beneficia somente com o uso de medicação);
• Esquizofrenia (somente com medicação).

As demais condições que podem se beneficiar da TCC são:

• Transtornos depressivos;
• Transtornos ansiosos;
• Transtorno obsessivo-compulsivo;
• Transtorno de conduta;
• Transtorno de atenção/hiperatividade;
• Transtorno dismórfico corporal;
• Transtornos alimentares;
• Transtornos de personalidade;
• Pessoas com problemas conjugais e familiares;
• Pessoas com problemas por vício em jogos;
• Luto;
• Raiva e hostilidade.

Condições médicas com componentes psicológicos:

• Enxaqueca;
• Problemas somáticos;
• Intestino Irritável;
• Disfunção erétil;
• Insônia;
• Obesidade;
• Hipertensão;
• Síndrome da Guerra do Golfo (condição ligada a agentes químicos);
• Tinnitus (zumbido no ouvido).

Leia mais: Qual linha de terapia devo procurar? Tem uma melhor?

Benefícios

Os principais benefícios da terapia cognitivo-comportamental se baseiam na possibilidade de o estabelecimento de objetivos pontuais, mensurar o tempo que será investido para melhoria dos quadros sintomáticos e poder aprender muito sobre si mesmo(a).

Além disso, a terapia cognitivo-comportamental proporciona ao paciente conhecimento sobre técnicas a serem usadas em diversos contextos que possam desencadear sintomas e crises.

Ela possibilita que o paciente se autoanalise, com a identificação de pensamentos e autopromoção de mudanças necessárias para enfrentamento das situações.

Técnicas

Na terapia cognitivo-comportamental existem diversas técnicas, porém, cada uma delas será adotada com o intuito de promover mudanças e benefícios específicos para o paciente. Confira abaixo:

Tomada de decisões

Algumas pessoas podem ter dificuldade em tomar decisões. Por isso, há a possibilidade de criar uma lista, apresentando as vantagens e desvantagens de cada uma delas com a opinião sobre cada item listado, e, assim, tirar suas conclusões. Essa atividade possibilita a melhor decisão na hora de escolher, sendo mais assertiva.

Refocalizar

Esse tipo de técnica auxilia quando pensamentos ruins invadem o ciclo normal de pensamento.

Pode ser realizada a partir da nomeação e identificação desses pensamentos, ou seja, aceitar essa intrusão, entender o conteúdo desse pensamento e o sentimento envolvido, dar a ele a possibilidade de resposta e consequentemente voltar o foco para o que estava fazendo antes.

Role-Play

Com base na dramatização, o paciente pode evocar pensamentos ruins e automáticos, com a possibilidade de desenvolver uma resposta para eles e modificando aquelas crenças distorcidas que tem de si mesmo. Ou então, a técnica pode ser utilizada para aprender e praticar outras habilidades, como, por exemplo, praticar a fala em público. 

Torta

A construção de ideias em gráficos auxilia no processo de organização de todos os seus afazeres, indicando o nível de responsabilidade e comprometimento para cada item. Para isso, deverão ser estabelecidos objetivos e nível de importância.

Lista de méritos

A lista de méritos auxilia na listagem de todas as atividades diárias realizadas ou que a pessoa está fazendo, ou que tenha progredido enquanto realizava. Por exemplo, se o paciente deixou de levar as mãos ao tocar na maçaneta. Esse tipo de conquistas são merecedoras de crédito, e envolvem todo o avanço realizado no tratamento.
 

Atenção!

A adoção de técnicas não substitui o atendimento psicológico. A busca por um profissional qualificado e a adoção de técnicas específicas tornam o tratamento mais eficaz.

Como funciona uma sessão de Terapia Cognitivo Comportamental?

Existem alguns passos a serem seguidos durante as sessões, e os objetivos estabelecidos vão variar conforme a condução do(a) paciente e terapeuta. 

Identificação

São identificados os pensamentos que o paciente tem sobre si mesmo naquele momento. Em seguida, são evidenciados os fatores que influenciaram o paciente a chegar àquela condição.

Logo após isso, o terapeuta solicita que o paciente fale sobre a interpretação que ele tem sobre si mesmo. Essa análise ocorre por ser um padrão de pensamento e agente fortalecedor dos sintomas.

Terapeuta e o paciente

Nessa relação, o terapeuta demonstra seu afeto, empatia, atenção, e interesse em ajudar o paciente genuinamente. Porém, para que esse laço ocorra, o paciente deverá ser colaborativo e participativo.

Primeira sessão

Durante a primeira sessão, é elaborada uma lista de problemas, com o estabelecimento de objetivos para serem alcançados. Esse acompanhamento é conduzido em conjunto.

Processo terapêutico

O tratamento será guiado a partir de problemas atuais que causam angústias no paciente, independente se esses problemas foram desencadeados por eventos ou traumas que aconteceram no passado.

Durante as sessões, o paciente identifica os pensamentos e comportamentos diante dos objetivos estabelecidos, planejando as mudanças necessárias, e todos esses processos são ensinados pelo(a) psicólogo(a) para que o paciente consiga ser seu(sua) próprio(a) terapeuta.

Estrutura

Muitos pacientes conseguem atingir seus objetivos em torno de 6 a 14 sessões. Nesse processo, são adotadas diversas técnicas que auxiliarão na mudança desejada.

Preços e onde fazer

Alguns pontos devem ser considerados a respeito de onde realizar a terapia e seus valores, sendo eles:

• Em clínicas-escolas, nas universidades, os valores são sociais e os tratamentos podem até não ter custo;
• Pelo SUS, o atendimento é gratuito, encaminhado pelo médico clínico geral da unidade básica de saúde;
• Em clínicas ou consultórios particulares, o preço é variável de acordo com cada profissional ou plano.

A escolha do profissional que atenda pela linha cognitivo-comportamental poderá ser estabelecida ao agendar a consulta, perguntando qual a linha de atendimento, e informar a preferência.

A terapia cognitivo-comportamental é uma terapia diretiva, de curta duração, que atua no presente para a solução ou criação de estratégias que visam o bem-estar, a melhora de comportamentos e sentimentos.

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Referências

• Terapia Cognitivo-Comportamental: Teoria e Prática — Artmed;
• A Terapia Cognitiva de Aaron Beck como Reflexividade na Alta Modernidade: Uma Sociologia do Conhecimento — Psicologia: Teoria e Pesquisa;
• Children and Adolescents — Academy of Cognitive Therapy.