Também conhecida como infecção generalizada, septicemia ou síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SIRS), a sepse é uma manifestação inadequada do organismo diante de uma infecção.
Inicia-se com uma infecção local e que provoca uma infecção sanguínea mais grave, pois o corpo, ao tentar combater a primeira, acaba comprometendo o funcionamento de todos os órgãos. Dessa forma, se torna letal, pois a pessoa acometida pela inflamação pode não suportar devido a uma disfunção ou falência de múltiplos órgãos. No Brasil, a doença atinge cerca de 400 mil pessoas por ano e é fatal para metade delas.
A sepse possui estágios diferenciados pelos sintomas e sua gravidade. São eles:
A infecção local atinge a corrente sanguínea e causa inflamação em todo o corpo. A SIRS pode se manter no organismo mesmo depois dessa infecção inicial não existir mais.
Apresenta alguns sintomas usuais da infecção comum, então podem ocorrer situações em que os sintomas da infecção só apareçam quando ela já se tornou sepse. Eles são:
É caracterizada pela anormalidade na perfusão tecidual (introdução de substâncias líquidas nos tecidos) e pela disfunção orgânica. Os mediadores químicos inflamatórios provocam um aumento da permeabilidade dos vasos sanguíneos, facilitando o extravasamento de líquido para alguns órgãos, como pele e pulmões.
Diante disso, o paciente pode apresentar:
A coagulação intravascular disseminada (CID), resultante da sepse grave, impede que oxigênio e nutrientes cheguem aos órgãos vitais. Com isso, a homeostase (equilíbrio das funções e composições químicas do corpo) não consegue ser mantida sem intervenção, não há resposta à administração de líquidos por via intravenosa e a pressão sanguínea cai drasticamente.
Como consequência desses fatores, pode acontecer:
Em algumas pessoas os sintomas podem ser atípicos, como:
A sepse surge quando uma infecção local não é controlada, favorecendo a invasão dos agentes infecciosos na corrente sanguínea. Como esses micro-organismos chegam em massa no sangue, as células de defesa precisam agir em várias regiões ao mesmo tempo, surgindo, então, uma resposta inflamatória no corpo todo. Portanto, a inflamação não é uma influência da bactéria, mas sim uma maneira do organismo em se defender.
A infecção que resulta na sepse geralmente é de origem bacteriana, mas pode também ser causada por fungos, vírus e parasitas. Dessa forma, qualquer infecção mais grave pode levar à uma infecção generalizada, seja ela hospitalar ou não.
Como muitos elementos relacionados às causas dessa patologia ainda são desconhecidos, principalmente por não haver compreensão das relações entre imunidade, inflamação e coagulação, não há um critério específico para apontar fatores de risco precisos. Mesmo assim, existem três casos de sepsticemia que são mais frequentes:
Entretanto, outras infecções também são comuns de evoluírem para a infecção generalizada:
Por ser o agravamento de uma infecção previamente estabelecida, a septicemia não pode ser transmitida de uma pessoa para outra. O contato com um paciente séptico só se torna uma questão preocupante devido ao possível risco de transmissão da infecção original. Ou seja, se o micro-organismo que provoca a sepse não for contagiosa, não há perigo no contato com o paciente.
Embora qualquer pessoa possa ter uma infecção que resulte na SIRS, alguns grupos estão mais propensos a apresentar infecção generalizada dos órgãos:
Além disso, deve-se considerar que algumas bactérias causadoras de infecção são mais nocivas do que outras e que os organismos não lidam com os germes invasores da mesma forma. Assim, podem existir respostas inflamatórias diferentes.
Os casos também são mais frequentes em países e regiões menos favorecidos, onde normalmente o diagnóstico é tardio e há carência de leitos de terapia intensiva.
Como a maioria dos casos de sepse ocorrem em UTI’s, as suspeitas costumam vir dos clínicos gerais ou da equipe médica responsável pelo paciente em questão. O diagnóstico da infecção generalizada depende de uma avaliação clínica e laboratorial cautelosa de um patologista para identificar o foco infeccioso que deu início à síndrome. Podem ser realizados exames como:
Biomarcadores candidatos e mediadores da sepse vem sendo investigados, por serem considerados úteis tanto no diagnóstico quanto na sua classificação. Aposta-se que o uso dessas substâncias permitirá a previsão do desfecho da patologia.
Por ser um caso difícil de ser diagnosticado clinicamente, é comum que os neonatos permaneçam assintomáticos até que ocorra um colapso hemodinâmico e respiratório. Se houver uma suspeita de sepse, mesmo que remota, ela deve ser tratada com antibióticos e o recém-nascido deve ser mantido sob observação até que se tenha o resultado das culturas.
Um diagnóstico rápido é crucial para que o tratamento seja eficaz.
O tratamento da sepse deve ser realizado o mais rápido possível para evitar que a inflamação fique maior e mais disseminada e, assim, aumentar as chances do paciente sobreviver. É indicado que pacientes com quadro de sepse grave ou choque séptico sejam tratados em uma unidade de tratamento intensivo (UTI), pois o tratamento exige um cuidado pleno ao paciente e equipamentos sofisticados.
Imediatamente após a suspeita de septicemia, é comum a prescrição de antibióticos de largo espectro por via endovenosa, por serem eficazes contra uma variedade maior de bactérias. Quando atingidas, elas são eliminadas do sangue e se interrompe o estímulo ao processo inflamatório. Porém, esses medicamentos não surtem efeito se a infecção não for de origem bacteriana. Portanto, quando o resultado das culturas estiver disponível, pode acontecer um reajuste do antibiótico utilizado.
Deve-se realizar a reposição volêmica, pois repõe o sangue perdido no caso de hipovolemia e evita os danos causados pela perfusão tissular inadequada. Se não surtir efeito, entram em ação os medicamentos vasopressores, que ajudam a contrair os vasos e a estabilizar os níveis da pressão arterial. Se nem esses medicamentos forem suficientes, adrenalina (epinefrina) deve ser, então, adicionada ao tratamento.
Casos de insuficiência respiratória exigem ventilação mecânica ou intubação traqueal eletiva e casos de insuficiência renal exigem hemodiálise.
Deve ser realizado um controle glicêmico rigoroso para que sejam identificados casos de hipoglicemia e fazer com que, assim, o tratamento seja imediato.
Como existem inúmeros obstáculos na alimentação via oral, vias alternativas devem ser consideradas, desde que o paciente não esteja com a circulação sanguínea instável. A nutrição enteral (por meio de sonda nasogástrica) é a mais utilizada frequentemente, pois mantém a integridade do trato digestivo, reduz a incidência de complicações e minimiza o risco de deslocar a bactéria.
A nutrição parental (diretamente na corrente sanguínea) é indicada quando a via enteral não atender as necessidades nutricionais estimadas ou quando o sistema gastrointestinal estiver impossibilitado.
São providências que devem ser tomadas logo no início do tratamento da sepse severa, otimizando a pré-carga, a pós-carga e a contratilidade cardíaca.
O uso de corticosteroides é recomendado para pacientes com choque séptico que, mesmo após a reposição volêmica e os medicamentos vasopressores, ainda mantenham um quadro de hipotensão.
Outras medidas que podem ser tomadas são:
A drotrecogina alfa ativada (proteína C ativada), que antigamente era comercializada para a sepse severa, foi atestada como não eficiente.
Os medicamentos usualmente indicados são:
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas nesse site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
Mesmo quando um paciente sobrevive a uma crise de sepse grave ou ao choque séptico, ele pode apresentar sequelas, principalmente neuropsicológicas e miopáticas (relacionadas às fibras musculares), que mudam sua qualidade de vida.
Para prevenir a septicemia, é preciso diminuir o risco de contrair infecções. Para isso, são necessários esforços individuais e coletivos.
Quando se trata de ambientes hospitalares, deve haver uma prática rigorosa de limpeza e esterilização dos instrumentos médicos e uso de luvas, aventais e jalecos pelos profissionais.
Além disso, também é possível evitar infecções em casa, através das seguintes práticas:
A septicemia é a principal causa de mortes em UTI’s do mundo e seu tratamento precisa ser realizado com a máxima urgência. Entretanto, o baixo conhecimento da população sobre a síndrome leva muitos casos a serem diagnosticados tarde demais.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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