Saúde

O que é Doença Celíaca, sintomas, tratamento e diagnóstico

Publicado em: 02/08/2017Última atualização: 18/02/2020
Publicado em: 02/08/2017Última atualização: 18/02/2020
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O que é doença celíaca?

A doença celíaca é uma reação imunológica do intestino relacionada à intolerância ao glúten. É uma doença autoimune, ou seja, as próprias células do organismo agem se agredindo. Alguns dos seus sintomas mais comuns incluem diarréias, vômitos, anemia e dores intestinais. Uma dieta com a exclusão do glúten pode resolver o problema.

Nessa doença, ocorre um quadro de inflamação no organismo, causada por uma reação exagerada do intestino que não tolera o glúten. Este mecanismo é o mesmo da rinite alérgica, que se caracteriza por uma inflamação da mucosa nasal por conta de partículas alérgenas do ar. A diferença é que, na doença celíaca, quem sofre é o intestino por conta do glúten.Pesquisas realizadas em 1970 mostraram que 0,03% da população mundial era celíaca. Esses números cresceram consideravelmente chegando de 1% até 2% da população mundial. Especialistas afirmam que desconhecem os motivos desse crescimento alarmante, mas tem alguns palpites de que o mal processamento dos grãos e a maior sensibilidade dos métodos de diagnóstico podem ser algumas causas.Ao tocar as paredes do intestino para ser absorvido, o glúten provoca, aos celíacos, uma reação exagerada, responsável por seus sintomas. Para podermos entender melhor como isso ocorre, é interessante sabermos como o intestino funciona e como ocorre a absorção de nutrientes. Continue lendo para saber mais!

Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:

  1. O que é doença celíaca?
  2. Como ocorre a absorção de nutrientes pelo intestino?
  3. Mas afinal, o que é glúten?
  4. Tipos
  5. Pessoas, idades e sexo afetados
  6. Relação da doença celíaca com dermatite herpetiforme
  7. Diferença entre doença celíaca e sensibilidade ao glúten
  8. Causas
  9. Sintomas
  10. Como é feito o diagnóstico da doença celíaca?
  11. Sou celíaco, e agora? Tem cura? Qual o tratamento?
  12. Convivendo
  13. Celíacos podem doar sangue?
  14. Como prevenir a doença celíaca?
  15. Cuidados especiais aos celíacos
  16. Complicações
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Como ocorre a absorção de nutrientes pelo intestino?

As paredes do intestino são inteiramente revestidas por pequenas vilosidades que permitem a absorção dos nutrientes pelo organismo. Ao passar pelo intestino, o alimento entra em contato com essas vilosidades que, por sua vez, absorvem as vitaminas e minerais dos alimentos.

No paciente celíaco, quando o glúten entra em contato comas paredes intestinais, acaba “matando” essas vilosidades, deixando elas atrofiadas e incapazes realizar sua função corretamente. Isso leva a uma má absorção de todos os outros nutrientes. Imagina o nosso intestino careca, sem poder aproveitar dos nutrientes dos alimentos que ingerimos?

Fonte: http://www.acelbra.org.br/2004/index.php

Esse ocorrido explica a causa de anemia nos pacientes celíacos: o intestino acaba não absorvendo os nutrientes da forma correta. Quando os alimentos passam “correndo” pelas paredes do intestino pelado, causam também a diarreia crônica.
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Mas afinal, o que é glúten?

O glúten é a principal proteína de certos cereais, mas o que de fato é prejudicial são suas partes. Algumas dessas proteínas são: no trigo, a gliadina e glutenina, na cevada, a hordeína, no centeio, a secalina e na aveia, a avenina.

Essas proteínas são encontradas separadamente no interior dos grãos, mais especificamente no endosperma do grão. Quando preparamos a massa de alguma receita e adicionamos água, essas proteínas, antes separadas, se encontram e criam pontes, formando assim o glúten.Quem não lembra de sua avó sovando uma massa de pão antes de deixá-la descansar? Na verdade, o que ela está de fato fazendo é ativando o glúten (formando as pontes) em sua massa, que tem a função de deixar a massa mais elástica e mais fácil de ser trabalhada para não arrebentar quando for esticada.Uma outra função do glúten nos preparos é fazer a massa crescer. Ao sovar a massa, o glúten forma uma “teia” que segura o gás carbônico formado durante a fermentação. O próprio gás, por sua vez, ajuda no crescimento do bolo, massa ou pizza, deixando-os macios e fofinhos.

Tipos

A doença celíaca pode ser dividida em quatro tipos, sendo que suas diferenças estão somente nos sintomas. São eles:

DC clássica

É mais frequente na faixa pediátrica, especialmente entre os 6 e 24 meses, ou seja, nas crianças que estão começando a ingerir alimentos mais sólidos como pão, bolo, macarrão ou alimentos com cereais.

A criança pode ter diarréia crônica, desnutrição, falta de apetite, distensão abdominal e vômitos. É muito importante levá-la ao médico caso apresente algum desses sintomas, pois quanto mais cedo o diagnóstico for feito, mais chances a criança terá de ter uma vida normal, visto que a desnutrição aguda não tratada pode levar ao óbito.

DC não clássica ou atípica

Essa, por sua vez, apresenta poucos sintomas, mais brandos e extra-intestinais em sua maioria. Alguns exemplos são a anemia resistente à medicação, perda de peso, prisão de ventre e, em adolescentes, pode ocorrer dificuldade no crescimento.

Outros sintomas exclusivamente extra-intestinais são infertilidade, alteração e manchas no esmalte do dente, osteoporose antes da menopausa, alterações hepáticas, artrite ou danos no sistema nervoso periférico.

DC assintomática, oligossintomáticas ou silenciosa

A doença celíaca assintomática não apresenta sintomas ou se apresenta com menos intensidade do que de uma doença celíaca clássica.

Quando uma pessoa é diagnosticada, seus parentes de primeiro grau são orientados a realizar um exame para a verificação, pois apresentam 10% de predisposição para desenvolver a doença celíaca assintomática.Por não haver sintomas aparentes, é importante ficar atento às menores mudanças no corpo.

DC latente

A doença celíaca latente acontece nos pacientes que carregam os genes HLA-DQ2 e HLA-DQ8 e que apresentam sintomas leves, sem alterações no intestino. O portador da doença celíaca latente já nasce com esses genes. Quando diagnosticada, significa que o paciente se encontra em um período pré-celíaco. No entanto, não há comprovação de que algo possa mudar se o paciente fazer uma dieta com restrição de glúten.

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Pessoas, idades e sexo afetados

Os diferentes tipos de doença celíaca podem ser desenvolvidos em idades diferentes.

A DC clássica, geralmente, ocorre em crianças de 1 a 3 anos de idade. Isso acontece porque a criança começa a ingerir alimentos com glúten. Na amamentação o glúten é passado pelo leite, mas não em quantidades significativas para dar alguma reação no bebê.A DC atípica e a assintomática não têm uma idade específica, pois podem ser desencadeadas em qualquer idade da vida de uma pessoa que tem a predisposição para desenvolver a doença.Apesar da doença não ter restrição de sexo, o feminino é o mais afetado, com uma estatísticas de 3 mulheres doentes para cada 1 homem celíaco. Segundo o portal de notícias G1, “Quase 2 milhões de brasileiros não podem comer glúten”, sendo que 75% dos diagnósticos são de mulheres.Algumas outras doenças podem predispor um paciente a ter a doença celíaca, como a diabetes tipo 1, doença tireoidiana auto-imune, problemas na tireóide, síndrome de Down e síndrome de Turner.No caso de gêmeos idênticos, se um dos indivíduos for diagnosticado com a doença, seu irmão têm até 70% de disposição para desenvolvê-la também. Entretanto, a doença celíaca pode ser desenvolvida em idades diferentes.

Relação da doença celíaca com dermatite herpetiforme

A dermatite herpetiforme é uma manifestação da doença celíaca na pele. É caracterizada por erupções cutâneas benignas (feridas) e por intolerância ao glúten. No entanto, alguns pacientes podem não ter a intolerância, mas mostrar uma biópsia positiva para com doença celíaca. Essas erupções podem aparecer nos joelhos, ombros, nádegas e rosto.

Normalmente, pacientes com essa doença podem ser tratados com uma dieta restrita de glúten, para que as erupções cessem.

Diferença entre doença celíaca e sensibilidade ao glúten não celíaca

Existe ainda a sensibilidade ao glúten não celíaca, chamada também de intolerância ao glúten. É uma doença menos severa e seus danos podem ser mais reversíveis do que um diagnóstico de doença celíaca.

Algumas diferenças são:
  • Inflamação sistêmica: a intolerância apresenta inflamação relacionada ao corpo todo, não só ao intestino como a DC;
  • Tempo de regeneração do intestino: na intolerância, pode ser até ¼ mais rápida do que na doença celíaca;
  • Escassez de exames: a falta de realização de exames para diagnosticar a intolerância não celíaca é outra diferença, estudos estão sendo realizados para facilitar o diagnóstico;
  • Dieta com exclusão parcial do glúten: diferente da doença celíaca, a intolerância não precisa da exclusão total do glúten da alimentação.
A sensibilidade é muito mais difícil de ser diagnosticada. Não é possível realizar uma biópsia por não haver danos no intestino. Um gastroenterologista pode realizar o diagnóstico utilizando da dieta de exclusão do glúten, que permite verificar se os sintomas melhoram retirando o glúten ou pioram com a ingestão do mesmo.Pelo motivo do diagnóstico a intolerância ao glúten não celíaca pode ser confundida com outras doenças como a síndrome do intestino irritável, intolerância a lactose e a alergia ao trigo. Ainda não foi comprovado se a sensibilidade é uma doença persistente ou não, por isso recomenda-se consultar um médico a cada 12 meses para a realização de novos exames.Alguns sintomas da sensibilidade ao glúten incluem:
  • Gases;
  • Inflamação na língua;
  • Confusão mental;
  • Dores de cabeça;
  • Dermatite;
  • Dores nos ossos e juntas;
  • Dormência nas pernas;
  • Anemia;
  • Diarreia;
  • Dor abdominal;
  • Prisão de ventre;
  • Irritabilidade;
  • Tontura ou cansaço após as refeições.

Causas

A doença celíaca é uma doença autoimune, sua causa está relacionada a um mau funcionamento do sistema imunológico relacionado à intolerância ao glúten. Seu causador não é necessariamente o glúten, mas sim um defeito no organismo que não o aceita.

Os genes HLA-DQ2 e HLA-DQ8 são apenas marcadores genéticos dos celíacos, sua presença não quer dizer que o paciente irá desenvolver a doença. Caso ela não se desenvolva no começo da infância, pode surgir ao longo da vida adulta, contando com alguns fatores externos, como a infecção por rotavírus.Segundo o laboratório Labcen, 95% dos pacientes com doença celíaca possuem os genes. Além disso, não foram encontrados os genes em 0,4% dos celíacos confirmados.Com isso, podemos perceber que os genes podem ou não estar presente nos organismo dos celíacos e de pessoas saudáveis. Esses genes não determinam sua causa, sendo apenas um fator de risco.

Sintomas

Dentre os diversos sintomas dessa doença, os mais comuns e que tem relação com o intestino são:

  • Diarréias crônicas;
  • Vômitos;
  • Anemia comum ou resistente à medicação;
  • Dores abdominais;
  • Desnutrição;
  • Intolerância a lactose;
  • Fezes com forte cheiro desagradável, volumosas e pálidas/claras;
  • Falta de apetite;
  • Distensão abdominal;
  • Perda de peso;
  • Prisão de ventre;
  • Ânsias de vômito;
  • Evacuação com sangue;
  • Cólicas;
  • Azia;
  • Dispepsia (indigestão).
Outros sintomas que não ocorrem no intestino podem ser:
  • Infertilidade;
  • Alteração e manchas no esmalte do dente;
  • Alterações hepáticas;
  • Artrite;
  • Letargia;
  • Neuropatia;
  • Ataxia;
  • Danos no sistema nervoso periférico;
  • Irritabilidade;
  • Dores de cabeça;
  • Abortos espontâneos seguidos;
  • Dermatites;
  • Dificuldade de crescimento em adolescentes.
Alguns sintomas estão relacionados a falta de nutrientes comum na doença celíaca. São eles:
  • Osteoporose causada pela não absorção de vitamina D;
  • Aftas;
  • Fraqueza nas unhas relacionada com a anemia;
  • Queda de cabelo;
  • Cansaço;
  • Falta de ar;
  • Redução dos níveis de cálcio;
  • Anemia.
Lembrando que o não tratamento desses sintomas pode levar ao surgimento de tumores no intestino e até mesmo linfoma. Se desconfia de que algo anda errado no seu corpo, consulte um médico!

Como é feito o diagnóstico da doença celíaca?

Enquanto o portador da doença celíaca não tem consciência dela, as paredes do intestino começam a se desgastar com a presença do glúten na dieta. Com o desgaste, os sintomas da doença passam a aparecer com mais frequência e intensidade, o que faz a pessoa se preocupar e procurar ajuda médica.

O diagnóstico da doença pode ser das seguintes formas:

Exames de sangue

O exame de sangue verifica a presença de genes e anticorpos específicos do problema. Apesar de não ser suficiente para o diagnóstico final, ajuda na decisão do médico.

Alguns exames que podem ser pedidos são:
  • Tipagem genética: Esse é um exame para verificar a presença dos genes HLA-DQ2 e HLA-DQ8. A sigla HLA significa Human leukocyte antigen (Antígenos Leucocitários Humanos). Esses genes são responsáveis por algumas funções do sistema imunológico e são encontrados em todas as células do corpo humano.
  • Anticorpos como antigliadina, antitransglutaminase e antiendomíso: Esses termos se referem a anticorpos que, quando presentes na corrente sanguínea, indicam a existência da doença celíaca. É importante ressaltar um resultado negativo não exclui totalmente o diagnóstico da doença celíaca, especialmente em pacientes que já fazem dieta sem glúten.

Exame de fezes e urina

Para a verificação de gordura nas fezes, que indica má absorção dos nutrientes.

Dieta de exclusão do glúten

Quando relatado os sintomas, seu médico pode orientar uma dieta com exclusão do glúten para verificar se os sintomas diminuem ou até mesmo desaparecem no período da dieta.

Biópsia do intestino delgado

Se todos os exames acima mostraram indícios de doença celíaca, esse exame é uma confirmação geral que, ao ser realizado, verifica se as vilosidades do intestino estão atrofiadas. É importante realizar esses exames com algum alimento com glúten no intestino, caso contrário pode resultar em um falso negativo.

Especialistas

Para realizar esses exames, o paciente pode recorrer a um especialista no sistema digestivo: um gastroenterologista vai ajudar no diagnóstico.

Para a realização de alguns exames, um imunoalergologista é o médico mais buscado pelos celíacos para a realização de exames.Se a doença ocorrer em uma criança, os pais podem procurar um pediatra para auxiliar no tratamento.Depois de diagnosticado, um nutricionista pode virar um grande amigo para realizar uma dieta restrita de glúten.

Sou celíaco, e agora? Tem cura? Qual o tratamento?

Infelizmente, a doença celíaca não tem cura.

Depois de diagnosticada, é necessário recorrer ao seu gastroenterologista para receber o tratamento correto. Isso porque o único tratamento é uma mudança na alimentação com dietas especiais para toda a vida.Não existem medicamentos que possam tratar diretamente a doença. No entanto, depois de iniciado a dieta com o nutricionista, ele pode indicar uma suplementação vitamínica para repor nutrientes que estão faltando, devido à má absorção dos mesmos pelo intestino, para prevenir algumas outras doenças como a anemia e osteoporose.Quando o glúten é retirado da dieta do celíaco, os sintomas cessam e, em até dois anos, o intestino se recompõe por completo. Por ser uma doença relacionada a alergia, qualquer quantidade de glúten na dieta é suficiente para provocar vômitos e diarreias.É importante estar atento aos alimentos, pois um doente que continua ingerindo glúten corre o risco de desenvolver outros problemas, como doenças de tireóide, problema nos rins ou na pele, câncer de intestino e até infertilidade.

Convivendo

Apesar das diversas restrições, se a dieta for seguida corretamente, o paciente celíaco pode ter uma vida normal. Segue algumas restrições e substitutos para o glúten:

Alimentos que contém glúten

Em nossa dieta do dia a dia, ingerimos milhares de alimentos que contêm glúten.

Dentre esses estão:
  • Cereais;
  • Amido;
  • Proteína vegetal;
  • Malte;
  • Aditivos do grupo E-14;
  • Cuscuz;
  • Seitan;
  • Semolina;
  • Farinha de espelta;
  • Pão;
  • Macarrão;
  • Maionese;
  • Mostarda;
  • Farinha de rosca;
  • Biscoitos e bolachas;
  • Cevada;
  • Barras de cereais;
  • Condimentos;
  • Molhos industrializados;
  • Molhos à base de soja;
  • Xaropes;
  • Dextrina;
  • Gorduras processadas.
Ou seja, é muito complicado para um celíaco se desviar de alimentos que estão muito presentes na nossa alimentação diária. Mas, com a orientação correta e uma dieta balanceada feita por um nutricionista, o celíaco consegue viver normalmente.Muitas vezes, famílias inteiras são diagnosticadas com a doença e mudam suas dietas juntos, o que facilita muito na hora de tirar o glúten da alimentação.

Alimentos que não contém glúten

Apesar de não poderem comer quase todos os tipos de cereais, alguns outros alimentos estão liberados para os celíacos.

Dentre esses alimentos estão:
  • Arroz;
  • Aveia;
  • Tapioca;
  • Amaranto;
  • Milho;
  • Farinhas de mandioca, arroz, milho, fubá, fécula;
  • Trigo sarraceno;
  • Farinha de grão de bico;
  • Leite e seus derivados como manteiga e queijos;
  • Todo tipo de frutas e verduras;
  • Nozes;
  • Carne, ovos e frutos do mar.
Amido de milho, biscoito de polvilho, milho e aveia naturalmente não tem glúten, porém se embalada, tratada ou armazenada com as mesmas máquinas ou lugares que são tratados alimentos com glúten correm o risco de ser infectado, e essa pequena quantidade de glúten pode ser suficiente para um celíaco ter uma crise intestinal.

Atenção aos rótulos

Além dos alimentos proibidos aos celíacos, cosméticos e alguns medicamentos podem conter a proteína e trazer reações adversas severas aos intolerantes. Por isso, é importante ler sempre os rótulos dos alimentos e demais produtos.

Evite produtos com os seguintes ingredientes em sua composição:
  • Gérmen de trigo;
  • Semolina;
  • Farinha de espelta;
  • Proteína hidrolisada de trigo;
  • Avena sativa;
  • Triticum aestivum;
  • Triticum vulgare;
  • Secale cereale;
  • Extrato de malte;
  • Aminoácidos de trigo;
  • Proteína vegetal hidrolisada;
  • Ciclodextrina;
  • Dextrina;
  • Aditivos do grupo E-14;
  • Maltodextrina.
Segundo a Legislação Brasileira para Celíacos, a lei federal nº10.674 de 2003 diz: “Todos os alimentos industrializados deverão conter em seu rótulo e bula, obrigatoriamente, as inscrições "contém Glúten" ou "não contém Glúten", conforme o caso.”Nos medicamentos e cosméticos, não é obrigatório informar a presença de glúten na composição.

Celíacos podem doar sangue?

Em geral, pessoas com doenças autoimunes não podem doar sangue, porém se o celíaco está com uma dieta 100% sem glúten, não está com anemia e com os exames totalmente em dia e saudáveis, há chances de poder doar sangue. Lembrando que há outros requisitos para realizar a doação como idade, peso, pressão arterial, etc.

Como prevenir a a doença celíaca?

É sempre importante ressaltar que evitar o glúten na dieta de pessoas saudáveis não evita o desencadeamento da doença. Ou seja, não existe prevenção para a doença celíaca.

Cuidados especiais para os celíacos

Alguns cuidados especiais devem ser tomados pelos celíacos:

  • Em uma festa com amigos, cuidado com petiscos, bolachas e cereais que possam conter glúten;
  • Cuidado ao fritar alimentos sem glúten no mesmo local onde passou alimentos com glúten para evitar a contaminação;
  • Atenção à temperos prontos ou amaciantes de carne que pode conter glúten;
  • Não esqueça que as crianças são as mais prejudicadas pela doença celíaca. Nunca separe a criança celíaca de outras crianças na hora da alimentação, pois isso pode ter consequências emocionais. Sempre instrua ela a não comer o que lhe oferecem e sempre prepare lanches sem glúten para que ela possa comer junto com seus colegas;
  • A prática de exercícios físicos deve ser realizada normalmente em pacientes com essa doença.

Bebidas alcoólicas

Celíacos devem ter cuidado com bebidas alcoólicas a base de cevada ou malte. Diversas bebidas destiladas e fermentadas são permitidas ao celíaco. Segue uma lista de bebidas livres do glúten:

  • Sidra;
  • Vinho;
  • Saquê (sem adição de cevada);
  • Hidromel;
  • Alguns licores;
  • Champanhe;
  • Cachaça;
  • Conhaque;
  • Rum;
  • Tequila;
  • Vodca;
  • Whisky.

Complicações

As principais complicações dessa doença é a volta dos sintomas mais severos como anemia e diarreia crônica, porém isso só ocorre em pacientes que não obedecem as restrições alimentares e continuam a ingerir o glúten. Dentre as complicações mais graves estão:

Óbito devido a desnutrição aguda não tratada e anemia

Durante o tempo em que o paciente ingere o glúten, mas seu intestino não o aceita, as irritações e infecções são cada vez mais agravadas. Pela doença celíaca dificultar a absorção de nutrientes, ela pode levar a desnutrição e anemia.

Sem os nutrientes necessários para a sobrevivência humana, o corpo não tem força suficiente para sobreviver e acaba levando o paciente a morte.

Dificuldade no crescimento em adolescentes

O período da adolescência é onde o corpo se prepara para crescer, ocorre a chamada “fase de crescimento”, que é super importante para uma vida adulta saudável. Por isso o corpo necessita de diversos nutrientes que são indispensáveis para essa fase. A doença celíaca não permite que esses nutrientes sejam absorvidos corretamente, o que acarreta a dificuldade no crescimento.

Infertilidade e abortos espontâneos seguidos

Para poder gerar uma outra vida, a mulher precisa estar preparada tanto emocionalmente quanto fisicamente. Alguns nutrientes são essenciais para ter um organismo pronto para receber um feto. A falta de ferro, zinco e vitaminas como a B12, K e a B6 pode acarretar em infertilidade. Quando grávida, pode haver má formação do bebê e consequentemente abortos espontâneos.

Alteração e manchas no esmalte do dente e osteoporose

Durante o crescimento, a dentição está sendo formada, os dentes de leite vão caindo e dando lugar para os dentes fixos. Para isso, são necessárias as vitaminas A, C, D e o cálcio, nutrientes importantes para o crescimento saudável dos dentes.

A falta dessas vitaminas pode ser crucial para o crescimento, acarretando manchas no esmalte dos dentes. Essas mesmas vitaminas são necessárias também ao crescimento dos ossos. O cálcio é o principal nutriente que, quando ausência, pode causar osteoporose.

Alterações hepáticas

O envolvimento do fígado tem sido cada vez mais comum em pacientes celíacos. As lesões na mucosa intestinal, ocasionada pela intolerância ao glúten, dificultam a absorção de gorduras, o que altera o metabolismo lipídico e pode danificar o fígado.

Artrite

A artrite é uma inflamação nas juntas e articulações no corpo. Há um tipo de artrite que pode ser ocasionada pela falta de nutrientes, esta pode ser uma complicação da doença celíaca devido a essa carência de nutrientes que o celíaco não tratado tem.

Danos no sistema nervoso periférico

Ainda não há respostas para o porquê do glúten afetar o cérebro, porém na maioria dos casos estudados, houve uma diminuição na massa encefálica dos pacientes com essa doença. Em primeira instância, isso não causa sérios danos, mas se não tratado pode acarretar anormalidades.

Erupções cutâneas (feridas na pele) devido a dermatite herpetiforme

Como visto anteriormente, a doença celíaca pode vir acompanhada de erupções na pele, sendo relacionada a dermatite herpetiforme. Uma dieta sem glúten pode resolver o problema.

Intolerância a lactose

A intolerância ao glúten causa uma inflamação na borda da escova do intestino que o deixa mais sensível a outras substâncias, como a lactose.

Letargia

Depois de ingerir glúten, a pessoa pode se sentir cansada, com dores de cabeça e confusão mental devido ao excessivo trabalho que o intestino tem que realizar ao ingerir os alimentos.

Tumores no intestino e linfoma

Por alterar as paredes do intestino, a doença celíaca aumenta a chances de desenvolver tumores e linfomas.

Em geral, cuidando da alimentação, o doente pode passar anos sem nenhuma complicação.

A doença celíaca está se tornando cada vez mais comum nos brasileiros e, se não tratada, pode levar a morte. Apesar de haver diversos livros sobre o assunto, informação nunca é demais! Por isso, compartilhe esse texto para que todos possam ficar atentos aos sintomas mais comuns.

Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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