A histeria foi descrita pela primeira vez por Hipócrates, que nomeava essa condição como “sufocamento da matriz”. Contudo, a atual designação de histeria ocorreu em 1839 por Littré, ao traduzir as obras de Hipócrates para o idioma francês.
Em sua obra O Timeu, Platão nomeia como matriz o útero e o define como um ser vivo que tem “desejo de fazer crianças”. Além disso, ele explica que a matriz se irrita, agitando todos os sentidos do corpo, obstruindo passagens de ar, inspiração e, nas piores angústias, desenvolve múltiplas doenças.
No século XIX, foram registrados índices altos de internamento por histeria, o que levou Pierre Briquet a escrever o Tratado Clínico e Terapêutico em histeria, que se pautou na análise de mais de 400 pacientes. Nesse livro, foram abordadas questões atuais, que entendiam a origem da histeria a partir das frustrações sexuais, sendo as emoções consideradas como base dos sintomas físicos.
Jean-Martin Charcot foi um médico e cientista francês responsável pela retomada dos estudos de Briquet, colocando o trauma como lugar de maior importância, sendo ele o desencadeador da histeria, principalmente em casos severos.
Ele descreveu dois tipos de histeria, sendo a menor, cujo os sintomas eram a visão em túnel (coisas vistas apenas quando estão dentro dos campos visuais, quando estão ao lado não podem ser vistas), anestesia cutânea (falta de sensibilidade ao tato) e a hipnotizabilidade (se deixa hipnotizar).
Por outro lado, a forma maior se pauta nas explosões emocionais, dramas que posteriormente se evoluem para fases de ataque completo. Porém, após sua morte, essa teoria não se sustentou.
Para Freud, os sintomas físicos estavam relacionados com causas psicológicas derivadas de eventos traumáticos, sustentando que a histeria seria uma forma de defender os processos que estão na mente do indivíduo, como pensamentos e sentimentos contra essas recordações. A partir daí, ele entendeu que poderiam se originar doenças que causariam instabilidade emocional e reações intensas diante delas.
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Índice – Nesse artigo, você vai encontrar:
No processo histórico, a histeria teve várias definições, mas apenas Charcot a considerou como um estado dinâmico da mente, que influenciou Pierre Jane, Joseph Breuer e Freud a considerarem a histeria como sintoma advindo de eventos traumáticos.
Esses eventos causam descontinuidade da consciência e são advindos de traumas que podem ter sido vivenciados na infância, ocorrendo a dissociação frente aos conflitos que estão inconscientes, além da repressão sexual, que é um fenômeno social caracterizado pela construção de valores e regras a serem seguidos.
As principais causas da histeria estão relacionadas a traumas na infância, como abuso sexual e físico, negligência e repressão sexual.
Além disso, alguns estudos de neuroimagem sugerem que há alterações de determinadas regiões do cérebro que podem estar relacionadas ao transtorno conversivo.
Porém, o mapeamento dessas alterações são desafiadoras, pois cada paciente apresenta sintomas e alterações diferentes.
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A histeria foi divida em vários transtornos para que fosse possível ser estudada de acordo com os sintomas apresentados. Essas divisões foram categorizadas no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais 5 (DSM-V) como:
A dissociação pode ser caracterizada como um mecanismo de defesa inconsciente que influencia na saúde mental e no comportamento da pessoa. Esse transtorno causa o rompimento com a consciência, influenciando na personalidade, identidade, percepção de si mesmo (a) e do ambiente.
Esse transtorno pode ter origem de eventos traumáticos, como abuso sexual, físico, emocional e negligência.
A despersonalização se refere à alteração da consciência que ocorre o rompimento com a percepção de si mesmo, do estado físico e das emoções. Além disso, há a percepção de que está distante das pessoas, flutuando ou em um sonho.
Nesse quadro, também podem ocorrer episódios de transtorno dissociativo.
O transtorno somático está relacionado ao medo excessivo de doenças ou consequências de doenças e,até mesmo, da morte. É comum que haja queixas somáticas recorrentes, que não têm explicações físicas.
Pode ter início na adolescência ou no início da fase adulta, e a principal causa é o ambiente familiar pouco acolhedor, distante e desencadeador dos traumas citados acima.
Esse transtorno, que também é conhecido como hipocondria, se caracteriza pelo medo excessivo de ficar doente, mesmo que não haja sintomas físicos. Indivíduos com esse transtorno apresentam a crença de que estão com alguma doença grave.
Se refere à incapacidade de recordar informações pessoais, principalmente memórias referenciadas a traumas. Pode ocorrer em eventos como guerras, acidentes, desastres naturais, sequestro e tortura.
Corresponde a um transtorno de personalidade múltipla onde ocorre a presença de duas ou mais identidades com personalidades distintas que assumem o controle da consciência do paciente.
Além disso, também ocorre a perda da memória durante essa transferência de identidade. As principais causas desse transtorno estão relacionadas a traumas da infância, principalmente abuso sexual.
Esse transtorno se configura como o processo temporário da transição de uma personalidade para a outra, pode ser descrito como “exorcismo” ou, até mesmo, “posses”, contudo não tem ligação com cunho religioso.
Nessas convulsões não epilépticas ocorrem mudanças no comportamento e na consciência, assim como em crises epilépticas. Porém, não ocorre alterações eletroencefalográficas, como a catatonia, em que o (a) paciente tem dificuldade de se movimentar ou apresenta movimentos rápidos e estranhos, além da ausência de fala.
A dismorfia corporal engloba preocupações de anomalias que são pequenas ou, até mesmo, inexistentes, podem estar relacionadas com delírios ou associadas a necessidade de esconder defeitos.
Pacientes com esse transtorno buscam corrigir as imperfeições através da correção, como cabelo, lábios, estômago, nariz, olhos, dentes, rosto inteiro, seios e órgãos sexuais.
Os sintomas variam de acordo com o tipo de histeria apresentada. Contudo, os principais são:
O diagnóstico de histeria se baseia de acordo com as classificações citadas acima e deve ser realizado por um (a) médico (a) psiquiatra, que fará o levantamento da história clínica do (a) paciente, além de considerar os critérios diagnósticos descritos no DSM-V.
Após o diagnóstico, considerando os sintomas apresentados, assim como outras condições psicológicas, o (a) médico (a) psiquiatra irá propor tratamento medicamentoso, que pode contar com antipsicóticos e ansiolíticos, além de estabilizadores de humor.
Alguns (as) pacientes poderão se beneficiar de hospitalização temporária para manejo dos sintomas apresentados.
Já a psicoterapia, auxiliará no controle de sintomas e desenvolvimento de habilidades para lidar com comportamentos apresentados. Além de proporcionar qualidade de vida para o indivíduo.
A histeria se caracteriza pela expressão reprimida de traumas vivenciados e pela repressão sexual. Atualmente, está subdividida em diversos transtornos para que sejam tratados os sintomas apresentados, além de permitir que se estude a fundo cada um deles.
Se você ou alguém que você conhece apresenta esses sinais, procure ajuda psiquiátrica ou psicológica!
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Esp. Thayna Rose
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