Saúde

Hemoglobina Glicada: para que serve e qual o valor de referência?

Publicado em: 21/01/2021Última atualização: 22/01/2021
Publicado em: 21/01/2021Última atualização: 22/01/2021
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Os exames de sangue são rotinas bem comuns à maioria das pessoas. E, muitas vezes, a requisição para a Hemoglobina Glicada aparece. 

Seja para quem está apenas fazendo um check up, para confirmar o diagnóstico de diabetes ou para manter o acompanhamento do tratamento, o exame é bem importante! 

Entenda mais sobre a hemoglobina glicada e o que os resultados indicam:

O que é hemoglobina glicada?

A hemoglobina glicada é a ligação da glicose (açúcar no sangue) com a hemoglobina (proteína presente nas células vermelhas do sangue). 

Então, quanto mais açúcar (glicose) no sangue, mais ligações são feitas, aumentando assim a taxa de hemoglobina glicada no organismo. Por isso, o exame é indicado tanto para o diagnóstico quanto para o acompanhamento de quadros de diabetes.

É importante apontar que o exame é diferente de outros testes, como a glicemia em jejum. Isso, porque consegue avaliar a média glicêmica dos últimos 3 ou 4 meses, aproximadamente.

É sempre importante que os resultados sejam avaliados por profissionais, para que fatores individuais e clínicos sejam considerados. 

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Hemoglobina glicada e glicemia

A hemoglobina (Hb) é uma proteína encontrada nas hemácias, popularmente conhecidas como glóbulos vermelhos. Trata-se de um dos elementos presentes em maior quantidade no sangue, que dá a coloração vermelha para ele.

A função da hemoglobina na corrente sanguínea é de realizar o transporte de oxigênio por todo corpo através do sistema circulatório. Seu período de vida dura por volta de 120 dias (4 meses) no organismo, mesmo tempo de vida do glóbulo vermelho.

Já a hemoglobina glicada (HbA1c) é o produto da ligação da hemoglobina com a glicose, chamada de glicação. Esta ligação é vitalícia, ou seja, quando ocorre, não é mais possível desunir as duas partes, tornando-as uma só.

Simplificando, a hemoglobina sintetizada pelo organismo é pura, enquanto a hemoglobina glicada passou pelo processo de glicação (ligação com a glicose).

Por fim, a quantidade de glicose (um dos principais carboidratos fontes de energia para os organismos vivos) presente no sangue é denominada glicemia. Ela possui ligação direta com a insulina, um hormônio produzido pelo pâncreas responsável pela redução da quantidade da glicose no sangue.

Quanto maiores os níveis de glicose no sangue, maior será a formação de hemoglobina glicada. Assim sendo, um paciente portador de diabetes sem controle apresenta uma elevação da HbA1c no sangue, enquanto um paciente que está com a diabetes controlada apresenta níveis de hemoglobina glicada também controlados.

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Hemoglobina glicada ou hemoglobina glicosilada: qual a diferença?

Na prática, os termos hemoglobina glicada e hemoglobina glicosilada são, geralmente, usados como sinônimos. Porém, é importante apontar que, do ponto de vista clínico, isso é errado. 

A hemoglobina glicada se refere à ligação não enzimática e permanente de açúcares como a glicose na hemoglobina, que formam a hemoglobina glicada (HbA1).

Já a hemoglobina glicosilada é o nome do processo de glicosilação. Isso envolve uma ligação enzimática e instável, que é, basicamente, um processo oposto ao que ocorre na formação da hemoglobina glicada.

Sendo assim, o termo hemoglobina glicosilada é incorreto se for usado para se referir à hemoglobina glicada, mas geralmente são usados para indicar a mesma coisa.

Para que serve o exame de hemoglobina glicada?

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O exame de hemoglobina glicada pode ser indicado em caso de suspeita de diabetes.

O exame de hemoglobina glicada demonstra a porcentagem de glicose ligadas a hemoglobinas (que são proteínas presentes nas células vermelhas do sangue), por meio da análise de sangue coletado.

Ele é usado para avaliar a média glicêmica dos últimos 3 ou 4 meses, mais ou menos. Por isso, serve para acompanhar e avaliar a saúde de pacientes nos exames de rotina.

Também serve para confirmar o diagnóstico de diabetes ou pré-diabetes. Além disso, a hemoglobina glicada é usada para ver a aderência ao tratamento para diabetes. Assim, pacientes com o diagnóstico fazem o exame com frequência para acompanhar como estão as taxas glicêmicas.

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Como é feito?

Para o exame de hemoglobina glicada é feito por meio de uma coleta comum de sangue, e de forma geral não há necessidade de jejum. Porém, normalmente é feito após 2 horas de ingestão de alimento, para que não haja interferência por hipertrigliceridemia (nível elevado de gordura no sangue).

O exame é seguro, rápido e sem riscos. No geral, pode ocorrer apenas um desconforto devido à picada, mas isso tende a ser bem tolerado pela maioria das pessoas.

A Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD) recomenda que pessoas saudáveis ou com histórico de diabetes na família realizem o exame pelo menos uma vez ao ano. Já para quem tem o diagnóstico de diabetes, a recomendação é a cada 3 meses ou conforme orientação médica.

Resultados: o que significa hemoglobina glicada alta?

Quando o resultado de hemoglobina glicada for maior ou igual a 6,5%, pode ser caracterizado quadro de diabetes, sendo necessário um reteste para confirmar o diagnóstico.

Depois da confirmação, é feita a orientação médica para o tratamento de diabetes. Mas é sempre importante levar o resultado do exame ao médico ou médica para que o resultado seja devidamente interpretado.

Já o resultado alto para quem tem diabetes indica a necessidade de ajustar o tratamento. Rever a alimentação, as doses de insulina/medicamento e a adoção de exercícios físicos podem ser opções.

Qual o valor de referência da hemoglobina glicada em jejum?

A taxa considerada ideal e sem indício de diabetes de hemoglobina glicada (HbA1c) é estabelecida por alguns parâmetros. De forma geral, o diagnóstico geral de diabetes tem como referência:

  • HbA1C abaixo de 5,7% = ausência de diabetes;
  • HbA1C entre 5,7% e 6,4% = presença de pré-diabetes;
  • HbA1C maior ou igual a 6,5% = indício de diabetes.

É importante ressaltar que os valores são gerais e que não consideram condições individuais como histórico médico, idade, influência de outras enfermidades e características físicas de cada indivíduo.

Por isso, a interpretação e avaliação do resultado do exame precisam ser feitas por profissionais.

Diferença entre os exames hemoglobina glicada e glicose em jejum

Uma dúvida corriqueira é a diferença do exame de glicemia em jejum e da hemoglobina glicada. O principal fator que os difere é que o exame da glicemia em jejum não consegue realizar um “histórico” do paciente, indicando os níveis de glicemia apenas no momento da coleta.

Para exemplificar de forma mais clara, observe o exemplo a seguir:

Se uma paciente portadora de diabetes não seguiu a dieta prescrita pelo médico e não usou a medicação de forma correta no seu dia a dia, ela teve um aumento na hemoglobina glicada.

Quando o médico solicitou o exame de glicose em jejum, 5 dias antes do exame, ela aderiu a dieta e tomou a medicação. Ao levar os resultados para seu médico, seus níveis de glicose estavam dentro dos padrões de referência.

Usando o mesmo exemplo citado anteriormente, porém com o exame de hemoglobina glicada, os resultados apontariam a quantidade de hemoglobinas que sofreram glicação durante os últimos meses, o que levaria o médico identificar o não seguimento correto da dieta e a irregularidade da medicação.

Diferente do exame de glicemia em jejum, o exame de hemoglobina glicada não analisa apenas o momento da coleta de sangue, mas consegue dosar a concentração de hemoglobinas que estão ligadas à glicose em uma janela média de 90 dias.

Vale lembrar que, no exame da hemoglobina glicada, também é possível estabelecer a média da glicemia ao longo dos meses.

As unidades de medidas para o teste de glicemia em jejum é mg/dL (miligramas por decilitro), já o de hemoglobina glicada é em porcentagem. Confira, abaixo, a tabela de equivalência entre esses valores:

Valores
Glicemia em jejumHemoglobina glicada
97mg/dl5,00%
111mg/dl5,50%
126mg/dl6,00%
140mg/dl6,50%
154mg/dl7,00%
169mg/dl7,50%
183mg/dl8,00%
197mg/dl8,50%
212mg/dl9,00%
226mg/dl9,50%
240mg/dl10,00%
255mg/dl10,50%
269mg/dl11,00%
283mg/dl11,50%
298mg/dl12,00%

Hemoglobina glicada alta: como baixar?

ilustração de um homem comendo verduras e legumes
Com mudanças simples é possível baixar e controlar melhor a taxa da hemoglobina glicada.

Baixar a hemoglobina glicada alta é possível por meio de mudanças no estilo de vida. Geralmente é recomendado uma dieta saudável, exercícios físicos regulares, o uso de medicamento próprio para o tratamento, entre outros hábitos.

Entenda melhor como aderir a um controle melhor:

Alimentação saudável

Ajustar a rotina e aderir à alimentação saudável é um ponto bastante importante para regular a hemoglobina glicada. Muitas vezes, somente isso pode ser suficiente para melhorar os valores dos exames: 

  • Comer mais fibras: uma refeição com fibras reduz a velocidade de entrada da glicose na circulação sanguínea — ou seja, é liberada lentamente, o que evita os picos de glicemia logo após a refeição. Isso pode ajudar até mesmo a reduzir os quadros de hipoglicemia;
  • Combinar proteínas e/ou fibras às refeições: alimentos com alto índice de carboidratos (como algumas frutas) podem ser equilibradas com a adição de uma fonte de proteínas ou fibras;
  • Evitar vários carboidratos em uma única refeição: prefira escolher um tipo (como arroz branco, pães brancos ou massas) e combine com carnes magras ou proteínas vegetais e fibras;
  • Fazer trocas: existem diversas opções chamadas de diet, que são especialmente indicadas para pessoas com diabetes. Isso reduz a ingesta de carboidratos, facilitando o controle glicêmico.

Lembre-se de sempre consultar nutricionistas e especialistas em endocrinologia para planejar a alimentação.

Atenção ao peso

Controlar o peso é uma das formas de baixar a taxa de hemoglobina glicada, pois há uma relação direta com diabetes tipo 2. Isso ocorre porque o corpo fica mais predisposto à resistência à insulina.

Com mudanças na alimentação, acompanhamento médico e atividade física regular é mais fácil perder o excesso de peso e estabilizar a glicemia.

Atividades físicas

Com a prática de atividades físicas os músculos retiram da circulação sanguínea a glicose, “gastando” e diminuindo a taxa a longo prazo. Além disso, o exercício regular auxilia na diminuição do peso corporal.

Para que haja benefícios com a prática é recomendado 150 minutos de atividade física semanal, ou seja 30 minutos 5 vezes na semana. 

Medicação

O uso de medicação receitada por médico(a), quando necessário, é importante e deve ser feita com responsabilidade.

Tomar os remédios no horário certo, reavaliar as dosagens com frequência e manter a consulta em dia faz toda a diferença.

Existem diferentes medicamentos que podem ser usados, dependendo do diagnóstico. Entre eles, insulina (diabetes tipo 1 ou insulinodependente) ou medicações de uso oral (geralmente, diabetes tipo 2 ou pré-diabetes).


O cuidado com a saúde é importante ao longo da vida. Para isso, o acompanhamento médico é necessário para esclarecer dúvidas e auxiliar na prevenção de doenças.

Confira no Minuto Saudável mais informações sobre cuidados com a saúde e dicas de como manter uma vida mais saudável.

Imagem do profissional Rafaela Sarturi Sitiniki
Este artigo foi escrito por:

Rafaela Sarturi Sitiniki

CRF/PR: 37364Farmacêutica generalista graduada pela Faculdade ParananseLeia mais artigos de Rafaela
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