Distimia ou Transtorno Depressivo Persistente é um subtipo crônico da depressão, caracterizado por mau humor contínuo, sintomas depressivos de intensidade moderada e duração mais longa. A doença é frequentemente confundida com traços negativos da personalidade, acarretando em falta de tratamento.
Assim como outros tipos de depressão, a distimia também causa sentimentos de tristeza e desesperança. Isso ocasiona a perda de interesse nas atividades que antes gostava de fazer e dificuldade para finalizar tarefas do dia a dia, porém não há perda do funcionamento tal como na depressão maior. Ainda assim, trata-se de uma das principais causas de absenteísmo (faltas) no trabalho e local de estudos.
O portador desse transtorno é frequentemente visto como negativista e de difícil convivência, pois tende a ver o lado ruim das coisas. É comum o comportamento irritadiço e reclamão nessas pessoas. De fato, a palavra “distimia” vem do grego e significa “mal humorado” e, antes de 1970, não era usada com frequência, pois os psiquiatras preferiam o termo “personalidade depressiva”.
Costuma afetar 3 vezes mais mulheres do que homens e os primeiros sintomas começam, geralmente, durante a adolescência, embora seja possível um início durante a infância ou até mesmo tardio, na fase adulta e terceira idade.
Devido à sua natureza crônica, há maior dificuldade no tratamento dos sintomas da distimia. Entretanto, ela pode ser muito bem administrada com medicamentos antidepressivos e psicoterapia.
Índice — neste artigo você encontrará as seguintes informações:
A forma mais conhecida da depressão é a depressão maior, caracterizada por sentimentos negativos intensos, que interferem significativamente na vida do indivíduo e podem durar até 2 anos. Segundo o DSM 5, se durar mais tempo, o episódio se torna depressivo maior persistente.
Já a distimia é conhecida como uma forma mais “leve”, pois os sintomas tendem a ser mais brandos. No entanto, esse termo leva a uma concepção errônea de que se trata de um transtorno menos sério e mais fácil de se lidar, o que não é o caso.
Na distimia, os sintomas tendem a durar anos, interferindo nas mais diversas partes da vida do paciente: carreira, estudos, relacionamentos, entre outros. Por isso, no fim das contas, pode acabar sendo tão pesado quanto a depressão maior, já que o paciente muitas vezes nem percebe que está doente e não consegue sair dessa condição.
Outro ponto a ser observado é que, na distimia pura, não há episódios depressivos, e sim um mau humor constante. Enquanto na depressão maior pode-se detectar facilmente o início dos sintomas, no Transtorno Depressivo Persistente, o paciente acredita que eles façam parte de sua personalidade e não recorda quando tudo isso começou.
É comum, também, a recorrência de episódios de depressão maior, o que não ocorre na distimia, que é contínua.
Assim como em outros tipos de depressão, as causas ainda não são conhecidas, mas parecem ser uma mistura de fatores biológicos e ambientais pelas quais o paciente é submetido.
Muitas pessoas que sofrem com Transtorno Depressivo Persistente apresentam diferenças anatômicas no cérebro. Embora não se tenha certeza do quê essas diferenças representam, espera-se um dia poder compreender se há algo nessa configuração que causa o distúrbio.
Outra diferença entre cérebro depressivo e o cérebro saudável é o desequilíbrio químico, no qual neurotransmissores excitatórios como serotonina e noradrenalina parecem estar desregulados.
Esses neurotransmissores estão intimamente relacionados à regulação do humor, sono, alimentação e outras funções importantes para o bem estar humano.
Existem evidências da existência de genes relacionado à depressão, sabe-se que ela é mais comum em pessoas cujas famílias têm histórico da doença. Filhos de pais distímicos podem ter até 50% mais chances de sofrer do transtorno do que filhos de pais sem a doença.
Além disso, a presença de qualquer transtorno psicológico na família configura um fator de risco para a distimia.
Assim como em qualquer tipo de depressão, as experiências ruins podem ser um gatilho para desencadear a distimia. Essas experiências costumam ser eventos traumáticos, como a perda de uma pessoa amada, níveis altos de estresse, histórico de abuso de qualquer tipo, entre outras.
Não raramente, o distúrbio tem seu início na adolescência, fase na qual o indivíduo passa por mudanças hormonais e diversos processos que alteram sua maneira de pensar e de ver o mundo.
Além disso, a maturação do cérebro se dá de forma heterogênea, ou seja, algumas partes amadurecem mais rapidamente do que outras, o que mexe muito com capacidades de raciocínio e reflexão.
O cérebro tende a manter ativo os circuitos que são usados com frequência, enquanto descarta os que não são muito usados e, por isso, quanto mais experiências ruins o adolescente tiver, mais esses circuitos vão se fortalecer no cérebro, fazendo com que ele cresça cercado de sentimentos ruins e possa desenvolver uma distimia ou até mesmo depressão maior.
A distimia pode, ainda, estar relacionada à outras condições médicas como doenças cardiovasculares e diabetes. Além disso, lesões cerebrais também podem causar transtornos na funcionalidade dos neurotransmissores e causando o desequilíbrio químico.
Raramente a distimia vem sozinha, sendo, muitas vezes, mascaradas por outros transtornos psiquiátricos. São eles:
Os sintomas da distimia não são tão diferentes daqueles presentes na depressão maior. Eles se apresentam em menor número (na depressão maior o paciente deve apresentar pelo menos 5 sintomas), duração (para ser considerado depressão maior eles têm de estar presentes por pelo menos 2 anos) e intensidade. Conheça os principais sinais:
Como a distimia pode iniciar durante a infância ou adolescência, deve-se prestar atenção aos possíveis sintomas que as crianças e adolescentes demonstram.
Eles podem se demonstrar irritadiços, tirar notas ruins na escola, não ter vontade de brincar e/ou sair com os amigos, entre outros.
Especialmente na adolescência, é difícil se ter o diagnóstico da distimia, pois muitos atribuem esses sentimentos e comportamentos à fase pela qual a pessoa está passando.
De fato, essa etapa da vida é marcada por comportamentos diferenciados e muitas vezes complicados, mas é de extrema importância que os pais estejam atentos e escutem seus filhos, validando esses sentimentos e indo atrás de ajuda quando necessário.
Muitas vezes o adolescente demonstra interesse em procurar ajuda profissional e os pais não dão bola, justamente pela fase na qual se encontram. Entretanto, esse simples ato poderia prevenir a piora da condição, assim como o aparecimento de outras psicopatologias que se iniciam durante a adolescência e até mesmo mais tarde.
Por ser frequentemente confundida com uma personalidade defeituosa, a distimia acaba criando um estereótipo. Por isso, acredita-se que as pessoas distímicas são amargas e mal humoradas, reclamam de tudo, são explosivas, pessimistas e difíceis de se conviver.
Muitas vezes, o próprio paciente pensa isso de si mesmo, sem nem mesmo desconfiar da possibilidade de uma doença — até porque muitos casos começam durante a adolescência, fase na qual grande parte da identidade do indivíduo está sendo formada. Além disso, o indivíduo costuma ter baixa autoestima e um senso elevado de autocrítica, o que faz com que não tenha conhecimento real de si mesmo, incapacitando-o de perceber o problema.
No entanto, é importante ressaltar que nem todos os pacientes que sofrem com a doença têm comportamentos assim. Como qualquer transtorno psiquiátrico, a doença se manifesta de maneiras diferentes em cada pessoa, e não se pode acreditar que, só por alguém ser reclamão, trata-se de um caso de distimia.
De fato, existem distímicos que não apresentam tanto esse traço reclamão, sendo que seus sintomas são mais focados em comportamento autodepreciativos e pessimistas.
A distimia, em si, é caracterizada por sentimentos mais brandos. Ainda assim, as coisas podem ficar mais complicadas porque o simples fato de ter distimia não exclui a possibilidade de episódios de depressão maior.
Os portadores de distimia são mais suscetíveis a esses episódios do que pessoas saudáveis. Quando desenvolvem o quadro, dá-se o nome de depressão dupla, uma vez que o indivíduo passa a portar dois tipos de depressão.
Não existe um exame capaz de detectar a distimia, sendo que, na maioria das vezes, dá-se o diagnóstico por conta do histórico pessoal do paciente. Entretanto, a fim de excluir a possibilidade de outras doenças, o psiquiatra pode solicitar exames laboratoriais. Saiba mais:
De acordo com o Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders 5 (DSM-5), publicado pela American Psychiatric Organization, a distimia pode ser diagnosticada quando o paciente “apresenta humor deprimido na maior parte do dia, indicado por relato subjetivo ou por observação feita por outras pessoas, pelo período de, no mínimo, 2 anos”.
Além disso, há a presença de pelo menos dois dos seguintes critérios nesses anos:
Durante esse tempo, não pode ter havido ausência desses sintomas por mais de 2 meses consecutivos. O paciente pode, ainda, ter tido um ou mais episódios de depressão maior, sem desqualificar o diagnóstico da distimia.
No caso de crianças e adolescentes, o tempo de manifestação desses sintomas diminui para 1 ano, ao invés de 2.
O DSM-5 também estabelece que o paciente não pode ter tido episódios de mania, hipomania ou mistos sem nunca ter satisfeito os critérios para o diagnóstico de transtorno ciclotímico, um tipo de transtorno bipolar no qual os sintomas não configuram episódios depressivos ou hipomaníacos propriamente ditos.
Por fim, a distimia só pode ser diagnosticada quando:
Para ter certeza que não se trata de outra doença que possa mimetizar a depressão distímica, o médico pode recomendar um exame de TSH ou hemograma completo. Esses exames buscam por sinais de hipotireoidismo ou anemia, que podem ser as causadoras dos sintomas.
Em casos raros, pode-se pedir exames de imagem, principalmente do cérebro, para conferir a existência de lesões ou alterações da estrutura que podem estar causando problemas.
Assim como qualquer transtorno psiquiátrico, a possibilidade de cura é incerta. Portanto, prefere-se o termo remissão de sintomas, uma vez que recaídas acabam sendo comuns após o tratamento.
Entretanto, isso não quer dizer que o tratamento é ineficaz. De fato, os medicamentos e terapias disponíveis podem melhorar muito a qualidade de vida do paciente, mas provavelmente será um tratamento crônico, ou seja, pode durar de meses há anos.
A escolha do tratamento é feita de acordo com a severidade dos sintomas do paciente, a fim de evitar a administração de doses e recursos muito fortes sem necessidade.
Além disso, essa escolha pode ser influenciada por fatores como preferências pessoais, métodos de tratamento já tentados antes, tratamento de comorbidades, entre outros.
Uma grande preocupação de quem vai começar o tratamento medicamentoso é o quanto isso pode mudar a personalidade. Por ter vivido a maior parte de sua vida acreditando que esses sentimentos e comportamentos eram sua personalidade, pode hesitar na hora de tratar a doença, com medo de perder sua identidade.
De fato, o tratamento irá melhorar os sintomas, e o paciente irá deixar de lado alguns comportamentos e pensamentos que antes acreditava serem parte de si. Entretanto, isso dará mais espaço para que a personalidade real da pessoa apareça. Essa é uma oportunidade para descobrir quem realmente se é além da doença.
O tratamento medicamentoso é feito, majoritariamente, por meio de antidepressivos. Existem três categorias de antidepressivos usados, sendo que cabe ao médico escolher qual o mais adequado para o paciente. Entenda:
Esses antidepressivos agem numa estrutura do neurônio chamada Bomba de Recaptação. Essa bomba puxa de volta os neurotransmissores em excesso para dentro da célula, para que sejam destruídos e não fiquem soltos nos espaços entre os neurônios.
Inibindo a bomba de recaptação, esses medicamentos aumentam a disponibilidade de serotonina (que geralmente encontra-se desregulada) no cérebro do paciente.
Alguns exemplos desses medicamentos são:
Os ISRSN são parecidos com o ISRS, porém atuam também nas bombas de recaptação da noradrenalina, outro neurotransmissor possivelmente em falta no paciente distímico. Os medicamentos frequentemente indicados são:
Os antidepressivos tricíclicos também agem bloqueando a recaptação de neurotransmissores, porém sem tanta seletividade, ou seja, muitas vezes age em mais de um neurotransmissor.
Foram os primeiros antidepressivos a serem descobertos e hoje em dia são pouco usados, justamente por conta da baixa seletividade e dos efeitos colaterais, mas ainda estão disponíveis no mercado porque muitos pacientes se adaptam bem a eles.
Alguns exemplos desses antidepressivos são:
Os multimodais são uma classe de medicamentos relativamente nova para o tratamento da depressão. Ao contrário dos antidepressivos tradicionais, os multimodais atuam em um número maior de receptores e neurotransmissores.
Por isso, eles conseguem trazer outros benefícios para o paciente, como proteção da cognição. Ou seja, protegem os processos do pensamento, da concentração e da memória dos pacientes.
Alguns exemplos de antidepressivos multimodais são:
Esses medicamentos são parecidos com a melatonina, o hormônio do sono, e ajudam a regular os ritmos biológicos, imitando o seu mecanismo de ação.
Eles são eficazes para combater a depressão, pois existe uma relação direta entre a doença e o desequilíbrio dos ritmos biológicos (duração dos períodos de sono e vigília). Essa relação já está tão consolidada que estima-se que cerca de 80% das pessoas que têm depressão possuem alguma alteração no sono.
Portanto, os antidepressivos agonistas melatoninérgicos são uma boa opção para o tratamento da doença. O principal vendido no mercado é a Aglometina (valdoxan).
Atenção!
NUNCA se automedique ou interrompa o uso de um medicamento sem antes consultar um médico. Somente ele poderá dizer qual medicamento, dosagem e duração do tratamento é o mais indicado para o seu caso em específico. As informações contidas neste site têm apenas a intenção de informar, não pretendendo, de forma alguma, substituir as orientações de um especialista ou servir como recomendação para qualquer tipo de tratamento. Siga sempre as instruções da bula e, se os sintomas persistirem, procure orientação médica ou farmacêutica.
O período de latência é o tempo que se espera desde a tomada do medicamento até o seu efeito terapêutico. Antidepressivos costumam ter um período de latência longo, pois demora para que uma substância possa quebrar todas as barreiras e ter efeito no sistema nervoso central.
Enquanto o medicamento não faz seu efeito total, o paciente pode sentir uma leve melhora, porém ainda ter pensamentos negativos. Devido a essa demora, o indivíduo pode deixar de fazer o uso dos medicamentos, acreditando que eles não estão ajudando. Assim, o tratamento não é feito adequadamente. É de extrema importância o acompanhamento psicológico nessa fase, para que o paciente não deixe de fazer o uso do medicamento.
Existe, também, a possibilidade de piora de alguns sintomas durante o início do tratamento, o que pode acontecer por conta da tentativa do cérebro se equilibrar quimicamente. Os cuidadores do paciente devem estar atentos à pensamentos e comportamentos suicidas e autodestrutivos durante este período, além de desencorajar tentativas de largar a medicação pela suposta ineficácia.
O tratamento medicamentoso ajuda no equilíbrio químico do cérebro, porém a melhora real e duradoura depende da psicoterapia. Isso porque ela busca identificar os padrões de pensamento do paciente e modificá-los desde a raiz. Não se trata de simplesmente “pensar positivo”, mas de um longo processo de reconstrução da mentalidade do paciente.
Existem diversas abordagens que podem tratar a distimia, sendo a Terapia Cognitivo Comportamental a mais recomendada. Entenda:
A TCC foca na identificação e correção de erros cognitivos, ou seja, da maneira que o indivíduo pensa. Alguns erros cognitivos comuns aos distímicos são:
Tudo isso pode ser identificado e corrigido com a ajuda do terapeuta. Trata-se de um processo lento, que não ocorre do dia para a noite, mas com o tempo o paciente muda seus padrões de pensamento e crenças negativas, melhorando assim sua mentalidade, sua maneira de ver o mundo.
A Gestalt-terapia busca ressaltar o aqui-e-agora, pensando na maneira em que o fenômeno é apresentado, ao invés de tentar explicar o porquê.
Dando enfoque no que está sendo apresentado, defende que os elementos por trás do fenômeno estão contidos na experiência do visível, não havendo necessidade de analisar a situação na busca desses elementos.
Essa atitude pode ser de ajuda para o distímico, que costuma ruminar e querer entender o porquê das coisas, uma vez que foca no que realmente está sendo apresentado a ele, fora de sua cabeça, de seus pensamentos.
Vale ressaltar que a Gestalt-terapia vê a experiência depressiva como algo que não surge isoladamente, mas sim por meio da relação do indivíduo com seu entorno. Por isso, ela busca tratar, também, a maneira com a qual o indivíduo se relaciona com seus parceiros, familiares e amigos.
Psicoterapias de orientação analítica buscam resolver os conflitos inconscientes do paciente por meio da livre-associação. Nessas técnicas, o indivíduo é livre em sua fala, o que faz com que o inconsciente se mostre mais facilmente no discurso. Quando o psicanalista capta algo que ressurge do inconsciente, ajuda o indivíduo a trabalhar nisso e resolver o problema.
Costuma ser uma abordagem bastante focada em traumas e experiências difíceis, que podem ter sido jogadas para o inconsciente a fim de ajudar o paciente a seguir em frente. Entretanto, muitas vezes essas experiências ainda causam angústia, sem que o paciente saiba o porquê.
Essas terapias buscam tais experiências e tentam trazê-las para o consciente de uma maneira que o paciente possa compreender e superar.
Atenção!
Existem muitas outras abordagens que podem ajudar o indivíduo a tratar seu problema, porém cabe ao terapeuta analisar a situação do paciente, as técnicas que podem ser usadas e os recursos disponíveis para, então, planejar como o tratamento será feito.
Em alguns casos, o uso de remédios naturais pode auxiliar o paciente a melhorar seu humor. Existem duas ervas atualmente muito usadas na distimia:
Também conhecida como erva-de-São-João, seu mecanismo de ação é muito parecido com o de antidepressivos tradicionais, porém de forma mais leve e sutil. Por isso, é apenas indicada em estados depressivos leves e moderados.
Pode ser consumido na forma de chás e cápsulas.
Indicada para diminuição da fadiga e cansaço, a Rhodiola é muito utilizada em países europeus. Atua melhorando a concentração, o rendimento cerebral e auxiliando no combate aos pensamentos e comportamentos ligeiramente depressivos.
Atenção!
Esses e outros tipos de tratamentos como florais, suplementos, etc., não devem ser usados sem o conhecimento do médico. Alguns desses métodos não possuem provas da eficácia, assim como não se tem certeza da segurança dos mesmos.
É importante relatar ao médico todos os medicamentos que você toma antes de iniciar o tratamento com essas remédios naturais, uma vez que eles podem interagir com outras substâncias e causar efeitos colaterais desagradáveis.
Antigamente conhecidas como “terapias alternativas”, as terapias complementares integrativas são práticas terapêuticas que podem auxiliar o tratamento clínico, mas que não necessariamente estão ligadas à cientificidade.
Existem evidências de que essas práticas ajudam o paciente a ficar mais forte na luta contra as doenças, tanto físicas quanto mentais, mas elas não são capazes de curar essas doenças e nem devem ser usadas como alternativas ao tratamento clínico, mas sim em conjunto com ele.
Alguns exemplos terapias complementares integrativas são:
O paciente também pode buscar recursos na fé, se tiver uma, desde que tenha sempre em mente que o tratamento clínico é indispensável para a melhora de seus sintomas.
Quando não tratada, a distimia pode trazer complicações para a vida do paciente. Além disso, quando comparado a indivíduos com transtorno depressivo maior, aqueles afetados pela distimia têm mais chances de comorbidade psiquiátrica (quando o paciente apresenta 2 ou mais doenças psiquiátricas simultaneamente).
De maneira geral, indivíduos distímicos correm mais risco de desenvolver transtornos de ansiedade e transtornos por uso de substância. Entenda:
Por conta da autoestima ruim, não é raro que o indivíduo não se esforce e tenha um mau desempenho acadêmico e no trabalho. Além disso, o absenteísmo (faltas frequentes) pode levá-lo ao desemprego e impossibilitá-lo de frequentar aulas, palestras e outras atividades acadêmicas.
O portador de distimia tem muito mais chances de desenvolver uma depressão maior do que uma pessoa saudável.
Quando há a suspeita de um episódio de depressão maior associado à distimia, dá-se, então, o diagnóstico de “transtorno depressivo persistente (distimia) com episódios depressivos maiores”, que podem ser intermitentes (que ocorre em intervalos de tempo), com episódio atual (caso esteja ocorrendo), intermitentes sem episódio atual (caso já tenha passado) ou persistentes.
Erros cognitivos como a ruminação e a maximização do negativo são fatores de risco para o desenvolvimento de um episódio de depressão maior, coisas que, infelizmente, se fazem presentes no dia a dia do indivíduo distímico.
Não raramente, pessoas com visões negativas sobre a vida apelam para as drogas de abuso e o uso excessivo de álcool, a fim de aliviar a dor emocional que sentem. Isso pode levá-los a uma dependência química, que atrapalha a melhora do paciente e se configura como outro distúrbio a ser tratado.
A ideação suicida é caracterizada pela representação mental do suicídio, ou seja, o paciente pensa com frequência em tirar a própria vida e até mesmo faz planos para isso. Quando abordada por um psicólogo nesse estágio, é possível prevenir uma tentativa de suicídio.
Entretanto, quando não recebe tratamento, essa ideação pode se tornar uma tentativa.
Os transtornos de ansiedade são caracterizados pela preocupação excessiva ou expectativa apreensiva do paciente. Por estar ligado à neurotransmissores que proporcionam ao cérebro a sensação de bem-estar e felicidade, como serotonina, dopamina e norepinefrina, pode ser relacionado com a distimia.
Conviver com a distimia não é fácil, e os portadores sabem muito bem disso. Os constantes pensamentos negativos, o mau humor e a falta de vontade de viver podem ser bem limitantes, mas com o tratamento, tudo isso tende a melhorar.
Durante o tratamento, o paciente pode fazer mais por si mesmo, tomando atitudes que podem influenciar sua vida de maneira positiva. Entenda:
Por mais que o foco do tratamento seja cuidar da saúde mental, a saúde física também é de extrema importância para a recuperação do paciente, uma vez que doenças são um fator de risco para a depressão. Hábitos como a realização exercícios físicos, boa alimentação e higiene são benéficos para o tratamento.
O tratamento medicamentoso pode ser atrapalhado pelo uso de álcool, mas o mais importante é evitar uma dependência química, de certa forma frequente em pacientes distímicos.
Receber a notícia de que alguém que ama sofre com o transtorno pode ser horrível e você pode se sentir impotente, mas saiba que você pode ajudar. Em alguns casos, você já sabe que a pessoa tem o distúrbio, porém ela mesma se recusa a aceitar. Nesses casos, o processo se torna um pouco mais difícil, mas não impossível.
Aqui vão algumas dicas do que fazer quando alguém que você ama tem distimia:
Muitas vezes, o distímico não consegue dar o primeiro passo para procurar ajuda médica, por mais que queria. Por isso, ajude-a a encontrar um psiquiatra ou psicólogo, ajude a marcar a consulta e, se possível, vá junto na primeira vez.
Caso o indivíduo não admita precisar de ajuda, o ideal é manter o diálogo aberto, sem forçar. Isso porque procurar ajuda para alguém que não quer ser ajudado é inútil, uma vez que não irá aceitar os tratamentos.
As pessoas têm uma concepção errada de que não se deve falar sobre as dores e tendem a não conversar sobre os sentimentos. Entretanto, isso pode ajudar a própria pessoa a entender melhor o que está sentindo e pedir ajuda. Não deixe de perguntar sobre como ela está se sentindo com o tratamento, se ela precisa de alguma ajuda pra alguma coisa, etc.
Se houver desconfiança, pergunte sobre pensamentos suicidas. Falar sobre isso pode ajudar a pessoa a mudar de ideia e, se necessário, você pode entrar em contato com o terapeuta da pessoa ou com o Centro de Valorização da Vida (CVV), antes que seja tarde.
Ao conversar com a pessoa, tente se ater aos detalhes positivos dos eventos. Não force demais, mas também não exalte aquelas coisas ruins que andam acontecendo.
Tome cuidado para não desvalorizar os sentimentos dessa pessoa enquanto tenta ser positivo, pois muitas vezes a pessoa pode reclamar de algo e você dizendo que ela tem que pensar positivo sobre aquilo invalida o que ela está sentindo.
Chame-a para passear, nem que seja para dar uma pequena caminhada de 20 minutos, pois isso pode ajudá-la a recuperar um pouco do ânimo perdido pela distimia.
No entanto, tome cuidado para não cobrar atitudes da pessoa, pois as limitações da doença podem fazer com que ela se sinta ainda pior, pensando mal de si mesma, por não ser capaz de fazer algo que você está pedindo.
É legal incentivar o contato com a natureza e com a luz do sol, que já se provaram excelentes fontes de ânimo em estudos realizados. Outra coisa a ser incentivada também é o aprendizado de um novo hobbie, ou a retomada de um antigo. Tudo isso pode ajudar a pessoa a recuperar o ânimo pelas coisas que gosta e pela vida.
Embora, pra você, não pareça ser nada demais, testar um novo penteado pode ser um desafio para um distímico. Caminhar por 20 minutos, andar de bicicleta ou até mesmo dar uma resposta positiva para uma pergunta podem ser coisas que, antes pareciam impossíveis. Por isso, reconheça essas conquistas.
Não confunda reconhecer conquistas com parabenizar incessantemente, pois isso também pode ser prejudicial. O importante é ver que o indivíduo está progredindo e que ele merece esse reconhecimento.
É comum que haja recaídas durante o tratamento. A pessoa pode ter melhorado significativamente nas últimas semanas e, de repente, parece voltar à estaca zero. É importante que você preste atenção nos sinais de uma recaída e esteja lá para apoiar a pessoa.
Jamais julgue ou faça perguntas como “mas não estava tudo bem?”, “você não tinha melhorado?”, pois trata-se de uma condição passageira e, com o tratamento, logo a pessoa voltará a ter resultados positivos.
Lembre-se de anotar essas recaídas e peça que a pessoa fale sobre isso com o terapeuta e/ou psiquiatra, pois ajustes na terapia podem ser necessários.
Ao cuidar tanto de uma pessoa que precisa de ajuda, podemos facilmente esquecermos de nós mesmos. Afaste-se quando necessário, não deixe de fazer as coisas que ama, não leve a negatividade da pessoa para o lado pessoal, resolva seus problemas antes de tentar resolver os de outras pessoas.
Você deve reconhecer quando seus esforços de ajudar a pessoa estão atrapalhando na sua felicidade e na sua realização pessoal. Não é saudável sacrificar-se por outra pessoa. Além disso, esse tipo de atitude pode levá-la a ser demasiadamente dependente de você, o que não é saudável para nenhum dos dois.
Algumas atitudes que temos diante de certas situações, geralmente não pensadas, podem não servir de nenhuma ajuda para o paciente distímico. De fato, certos comentários podem até mesmo piorar a situação. Algumas coisas a não se fazer são:
Muitas vezes, acabamos nos fechando para as pessoas que precisam de nossa ajuda, até mesmo porque pensamos que elas não querem ser incomodadas. Às vezes a pessoa quer conversar, mas não sabe como, e nesses casos é extremamente importante que você esteja aberto.
Só porque, para você, sair da cama é uma atividade que não requer muito esforço, para alguns distímicos, ter que viver a vida pode se parecer mais com um pesadelo. Evite comentários como “tem gente pior”, “é tudo coisa da sua cabeça”, “todos nós passamos por isso”, “você está louco”, “é só pensar positivo”, pois são sinais claros que você não entende o que ela está passando e que não acredita na legitimidade desses sentimentos. Esse tipo de atitude faz com que a pessoa deixe de confiar em você e guarde tudo para si, piorando seu estado.
Se ela diz que se sente de tal jeito, procure entender esse sentimento e pergunte o que pode fazer para ajudar. Não tente dizê-la que não faz sentido e que não é real (por mais absurdo que o sentimento seja), pois isso mostra que você não considera esses sentimentos como verdadeiros.
Entenda que, devido à condição, ela tem seus limites e algumas coisas poderão ser bem difíceis para ela. Caso ela demonstre interesse em algo, apoie, mas não cobre depois, pois isso fará com que ela se sinta pior sobre si mesma.
Não existe um jeito exato de prevenir a distimia ou qualquer tipo de depressão. Entretanto, tomar medidas contra o estresse e procurar ajuda quando sentir os primeiros sintomas podem ajudar a evitar que o distúrbio se desenvolva muito.
Quando se trata de prevenir recaídas, a opção mais recomendada é o tratamento clínico. Evitar situações gatilhos também pode ajudar, embora seja muito difícil reconhecer um gatilho na distimia, justamente pelo início precoce da doença.
Enquanto muitas pessoas nem sabem que sofrem com distimia, os amigos e familiares bem informados são a melhor ferramenta para combater a doença, pois são estes que geralmente ajudam o paciente a procurar ajuda.
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Publicado originalmente em: 30/06/2017 | Última atualização: 24/10/2018
Dr. Emerson Barbosa
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