Podendo ser detectada com uma simples análise visual, a escoliose é uma condição em que a coluna vertebral apresenta uma curvatura lateral, para esquerda ou para a direita, o que pode incluir também a rotação das vértebras.
Além disso, é comum ocorrerem também alterações na cifose (curvatura para frente) ou lordose (curvatura para trás), indicando um envolvimento tridimensional da coluna.
A escoliose pode ser causada por diversos fatores e suas diferentes manifestações demandam tratamentos específicos. Em casos menos graves, sobretudo de pacientes em fase de crescimento, podem ser utilizados equipamentos ortopédicos que ajudarão a corrigir a postura, sendo uma alternativa ao tratamento cirúrgico.
Continue lendo o artigo para conhecer as principais órteses e coletes ortopédicos utilizados no tratamento da escoliose:
Índice — Neste artigo, você irá encontrar:
Para curvaturas até 40 graus, o tratamento fisioterápico específico deve ser feito aliado ao uso de coletes ortopédicos, evitando a progressão da curvatura enquanto a criança ou adolescente está em fase de crescimento.
Até chegar à recomendação dos coletes e órteses, há uma longa trajetória que deve ser guiada pelo(a) médico(a) especialista. Estudos sobre os efeitos da órtese em adolescentes apontam que em 75% dos casos tiveram resultados positivos com a adoção do tratamento.
Para o colete ser uma opção, o(a) paciente deve apresentar escoliose entre 20 e 40 graus, de acordo com as determinações da International Society on Scoliosis Orthopaedic and Rehabilitation Treatment (SOSORT)
Pesquisas acerca da eficácia dos coletes apontam os benefícios do método. Nesses casos, pacientes que apresentavam necessidade de cirurgia foram significativamente menos submetidos ao tratamento invasivo se comparados aos pacientes que não utilizaram coletes.
No entanto, também existem estudos que indicam a ineficiência e alguns prejuízos da adoção desse tratamento em alguns pacientes, demonstrando que cada caso precisa ser avaliado considerando suas particularidades para a definição de um tratamento.
Ainda que seja de fundamental importância seguir as recomendações terapêuticas, o uso de coletes precisa considerar o acompanhamento psicológico devido aos possíveis impactos na sua saúde emocional, mental e social dos pacientes.
Também é importante ressaltar que o modelo é indicado de acordo com o tipo da escoliose e o molde é feito de forma individual. As recomendações de uso devem sempre ser seguidas rigidamente para evitar o agravamento da curvatura.
Abaixo estão os modelos listados pelo European Journal of Physical and Rehabilitation Medicine como aptos ao tratamento da escoliose:
Desenvolvido na cidade de Milwaukee, nos EUA, por Walter Blount e Albert Schmidt em 1945, o modelo era usado, no começo, para imobilizar pacientes pós-operados na coluna vertebral.
Atualmente, tornou-se padrão para tratamento ortopédico das curvas escolióticas, além de ser utilizado também na correção dos desvios causados por lordose e cifose.
Recomenda-se utilizar esta órtese de 16 a 23 horas por dia em casos cujas curvaturas laterais estejam entre 20 e 45 graus, desde que o ápice da curvatura não esteja acima da sexta vértebra torácica.
Desenvolvido na cidade Boston, em 1972, após um paciente com desvio lombar apresentar resistência ao uso do colete de Milwaukee.
Fabricada com termoplástico, esta órtese é utilizada para correção da escoliose lombar, além de servir como imobilizador para restringir a coluna torácica inferior. É moldado conforme o tronco do paciente, podendo ser “bivalvado” (duas partes) ou ter apenas uma abertura posterior.
O modelo é uma adaptação ao colete de Milwaukee, foi desenvolvido em 1947 e, posteriormente, adaptado em 1958.
Conhecido como uma órtese de alta rigidez, o colete de Lyon funciona por meio da aplicação de pressão em três pontos específicos. O desenho desses pontos é determinado pela classificação de Lenke, um dos sistemas utilizados para classificar os diferentes tipos de curvaturas da coluna vertebral.
O modelo de Thoracolumbar Lordotic Intervention, de origem holandesa, é uma adaptação das órteses já existentes, dando ênfase ao alinhamento da região tóraco-lombar com o auxílio de uma estrutura rígida que deve ser utilizada ao longo do dia.
Desenvolvido em 1960, na França e na Alemanha, é bastante utilizado e aceito atualmente.
A ortótese de Chêneau funciona aplicando força em três pontos específicos da coluna, que ajudam a corrigir curvas torácicas, lombares e curvas duplas. Estudos indicam, inclusive, que este tipo de colete conseguiu impedir a progressão das curvaturas em aproximadamente 48,1% dos casos.
A Rigo-Chêneau é uma variação desta órtese e utiliza forças corretivas tridimensionais com áreas de pressão e expansão, que devem ser feitas sob medida para cada paciente, alterando o design da órtese. É eficaz na correção de curvaturas leves a moderadas em aproximadamente 83,8% dos pacientes.
O modelo foi desenvolvido na Itália, em 2004, pelo ISICO - Istituto Scientífico Italiano Colonna Vertebral. O modelo é baseado em reestruturações dos coletes Lyon, Chêneau e Lilwaukee.
A ortótese de Sforzesco pode ser indicada para casos mais graves de escoliose, atuando em diferentes direções para desviar, corrigir e restaurar a coluna. Segundo alguns estudos, o colete de Sforzesco foi mais eficaz do que a ortótese de Lyon após seis meses de tratamento.
Além disso, o modelo Sforzesco pode ser uma alternativa válida para pacientes com uma curvatura maior que 45 graus que não desejam passar por cirurgia.
O modelo foi desenvolvido em 1979, especialmente para atender um paciente resistente ao uso de outros coletes por longas horas.
Indicado para uso noturno, a ortótese de Charleston induz o(a) paciente a adotar uma postura de inclinação lateral do tronco na direção oposta à curva da coluna. É eficaz no tratamento de curvas simples na região lombar, torácica e toracolombar, ajudando a corrigir a coluna durante o sono.
Em 1992 o modelo foi desenvolvido no Hospital Infantil de Rhode Island. Também de uso noturno, esta ortótese funciona por meio da aplicação de pressão lateral e de movimentos específicos para corrigir a(s) curvatura(s) da coluna.
Mais popular que o modelo Charleston, os coletes Providence têm um maior índice de tolerância entre os pacientes, sendo mais frequentemente utilizados.
Esse tipo de ortótese se mostrou ser mais eficaz em curvas toracolombares e lombares, principalmente nos casos em que a curvatura é inferior a 35 graus, sendo capaz de prevenir a progressão do quadro e evitando tratamentos cirúrgicos.
Um estudo entre mais de 70 pesquisadores resultou no modelo SpineCor, que foi financiado e desenvolvido com auxílio do governo canadense, em 1993.
A órtese é dinâmica e se destaca dos outros modelos por não ser rígida. Esse tipo de colete é feito com elásticos corretivos fixados na pélvis, proporcionando uma melhor tolerância e uma aparência mais discreta.
Quando tensionados, os elásticos aplicam uma estratégia dinâmica de correção, que evita a progressão da curvatura e promove a integração neuromuscular do movimento corretivo.
Um estudo controlado randomizado revelou que o modelo SpineCor é eficaz no controle da doença, uma vez que reduziu a probabilidade de progressão da escoliose, efeito que pode ecoar por até cinco anos após o tratamento, demonstrando seus benefícios a longo prazo.
Desenvolvido em 1976, o modelo é rígido e voltado à correção lombar e toracotomia lombar.
Desenvolvido em 1969, o modelo é rígido e simétrico, podendo ser empregado no tratamento de curvas simples e duplas..
Para os diversos tipos de escoliose e curvaturas da coluna, existem tratamentos conservadores que tentam criar alternativas às cirurgias, consideradas mais invasivas.
As órteses, popularmente chamadas de coletes, podem ser um ótimo auxílio para quem está em fase de crescimento, desde que o modelo escolhido seja devidamente adaptado para as particularidades do(a) paciente.
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Rafaela Sarturi Sitiniki
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