Saúde

Bolsa de colostomia, ileostomia, urostomia, o que é e quais as diferenças

Por Redação Minuto SaudávelPublicado em: 17/04/2024Última atualização: 17/04/2024
Por Redação Minuto Saudável
Publicado em: 17/04/2024Última atualização: 17/04/2024
Pessoa usando uma bolsa de colostomia.No mercado, há uma variedade de bolsas disponíveis para a coleta de fezes e urina em pacientes que se submeteram a procedimentos de ostomia.
Publicidade
Publicidade

A estomia, também conhecida como ostomia, é um procedimento cirúrgico que envolve a exteriorização de parte do sistema digestório ou urinário, criando uma abertura artificial entre os órgãos internos e o meio externo.

No Brasil, mais de 400 mil pessoas vivem com uma bolsa de ostomia, embora muitas delas escondam. As bolsas têm como objetivo principal armazenar fezes ou urina que foram desviadas do fluxo intestinal ou urinário.

A necessidade de realizar uma cirurgia de estomia pode surgir em diferentes circunstâncias de saúde, e cada tipo de estomia atende a um propósito específico.

Apesar dos desafios enfrentados durante o processo de adaptação inicial, muitas vezes desencadeiam um impacto psicológico e emocional, levando ao estigma social, dificuldades na aceitação pessoal e adaptação ao novo estilo de vida.

Com o tempo e o devido acompanhamento médico, as pessoas que vivem com uma estomia têm a capacidade de reconstruir suas vidas e retomar suas atividades cotidianas.

Elas podem viajar, praticar esportes, desfrutar de relacionamentos afetivos, aproveitar momentos de lazer como banhos de mar ou piscina, e seguir com suas rotinas diárias, mantendo uma qualidade de vida.

Acompanhe o texto para melhor entendimento do tema!

Índice — Neste artigo você verá:

  1. O que é a cirurgia de estomia?
  2. Qual a diferença de colostomia, ileostomia, urostomia?
  3. Para que serve a bolsa?
  4. Tipos de bolsa
  5. Quais os cuidados que se deve ter?
  6. Quanto tempo a pessoa fica com a bolsa?
  7. Quais são as complicações para quem usa bolsa de colostomia?

O que é a cirurgia de estomia?

A cirurgia de estomia é um procedimento realizado para criar um novo caminho de eliminação da urina e das fezes quando a função normal do trato gastrointestinal ou urinário está comprometida.

Esta intervenção é frequentemente necessária em casos de risco em órgãos como o reto, intestino, bexiga, útero, vagina e ovários, como parte do tratamento oncológico.

Diversas condições médicas que afetam o trato gastrointestinal podem requerer a realização de uma cirurgia de estomia, resultando na criação de uma ostomia temporária ou permanente, como a colostomia ou a ileostomia.

  • Doenças intestinais;
  • Doença de Crohn;
  • Colite ulcerativa;
  • Câncer de cólon, reto e bexiga;
  • Lesões causadas por acidentes ou quedas;
  • Perfuração ou obstrução intestinal;
  • Incontinência fecal;
  • Defeitos de nascença.

O procedimento é uma medida terapêutica séria e só é recomendado quando outras opções de tratamento se mostram insuficientes para restaurar a função normal do trato gastrointestinal ou urinário.

Publicidade
Publicidade

Qual a diferença de colostomia, ileostomia, urostomia?

Os três são procedimentos cirúrgicos que envolvem a criação de aberturas na região do abdômen relacionados ao sistema digestivo ou urinário para desviar seu fluxo normal de excreção. Cada uma dessas intervenções tem suas próprias características e finalidades:

Colostomia

É a abertura no intestino grosso para a saída de fezes. Geralmente, feito por um coloproctologista cirurgião, que é especializado em tratamentos cirúrgicos e não cirúrgicos de doenças do intestino delgado, intestino grosso, reto e ânus.

Existem diferentes tipos de colostomias, cada uma determinada pelo local específico onde é realizada a abertura no cólon. Vamos conhecer esses tipos e suas características:

  • Colostomia ascendente: realizada no lado direito do abdômen, na parte ascendente do cólon. É ideal para pacientes que precisam desviar o fluxo intestinal por um período curto, como em cirurgias de câncer de cólon. O estoma nesta região resulta em fezes mais líquidas e pastosas;
  • Colostomia descendente: localizada no lado inferior esquerdo do abdômen, na parte descendente do cólon. É uma opção para desvios intestinais mais longos, pois as fezes já são mais sólidas nesta região;
  • Colostomia transversa: feita na parte superior do abdômen, no cólon transverso. É frequentemente utilizada em casos de doenças inflamatórias ou ferimentos no intestino. O estoma nesta área apresenta fezes com consistência pastosa;
  • Colostomia sigmoide: realizada na parte inferior do abdômen, próximo ao reto, no cólon sigmoide. É uma opção comum para pacientes com obstrução intestinal ou câncer de reto. O estoma nesta região resulta em fezes sólidas e semelhantes às evacuadas naturalmente.

Existe também a colostomia úmida, que permite a eliminação de fezes e urina pelo mesmo local. É indicada quando a incontinência urinária ou necessidade de desvio simultâneo do intestino e da bexiga.

O local de posicionamento da estoma em diferentes alturas ao longo do cólon pode ter um impacto significativo na digestão e na absorção de nutrientes. Essa relação se deve em grande parte ao papel do intestino delgado nesses processos fisiológicos.

Pois o intestino delgado é a porção do trato gastrointestinal onde ocorre a maior parte da absorção de nutrientes dos alimentos digeridos. 

Com estruturas que aumentam consideravelmente a área de absorção disponível, permitindo que os nutrientes sejam absorvidos de maneira eficiente para a corrente sanguínea.

A adaptação após uma cirurgia pode variar de pessoa para pessoa, a dieta, estado de saúde e acompanhamento médico adequado desempenham um papel fundamental na minimização do impacto na digestão.

Ileostomia

Enquanto a colostomia exterioriza uma alça do intestino grosso, a ileostomia faz o mesmo com uma alça do íleo, a parte final do intestino delgado. Essa diferença impacta na consistência das fezes, que são mais líquidas e pastosas na ileostomia.

Durante o procedimento, uma porção do intestino delgado e, às vezes, do cólon, é removida ou desviada, levando à necessidade de uma abertura alternativa para a eliminação de resíduos. 

Existem dois principais tipos de cirurgia de ileostomia: a ileostomia terminal e a ileostomia em alça.

  • Terminal: é removida completamente a parte afetada do intestino delgado, deixando apenas uma extremidade do íleo exposta. Nesse caso, as fezes são direcionadas diretamente para o saco coletor, sem que haja continuidade intestinal além do estoma;
  • Em alça: o intestino delgado é dividido em duas partes, e a parte distal é ligada ao estoma. A parte proximal é então conectada ao intestino grosso, permitindo que o conteúdo intestinal continue fluindo.

Urostomia

Uma urostomia é a exteriorização dos ureteres (canais que transportam a urina dos rins) através da parede abdominal, criando também uma estoma. 

A urina flui constantemente por esse estoma e é coletada em uma bolsa especial. Devido a esse fluxo contínuo, é necessário o uso de um dispositivo coletor equipado com válvula antirrefluxo e torneira de drenagem, o que permite o esvaziamento ao longo do dia.

  • Urostomia de conduto ileal, também chamado de cirurgia de Bricker, é o procedimento onde  uma parte do intestino delgado, especificamente o íleo, é utilizada para formar um canal que conecta os ureteres à parede abdominal, criando assim um estoma;
  • Urostomia de conduto de cólon, essa técnica é muito semelhante à descrita acima, com a diferença de que o canal, nesse caso, é retirado e remodelado do cólon (intestino grosso), para criar um canal que será conectado aos ureteres.
Publicidade
Publicidade

Para que serve a bolsa?

As bolsas são dispositivos projetados para coletar fezes ou urina que foram desviadas do fluxo intestinal ou urinário normal devido a intervenções cirúrgicas que vimos anteriormente.

Essas intervenções cirúrgicas, como colostomia, ileostomia e urostomia, são realizadas em situações de doenças graves, lesões traumáticas, câncer ou outras condições médicas que requerem a remoção total ou parcial de partes desses órgãos.

Uma vez que parte do intestino grosso, delgado ou ureteres são desviados para a superfície abdominal para criar um estoma, a bolsa de estomia é necessária para coletar seus resíduos.

Essas bolsas são projetadas para serem confortáveis e seguras, permitindo que os pacientes continuem suas atividades diárias.

Tipos de bolsa

Existem diversos tipos de bolsas disponíveis no mercado para a coleta de fezes e urina em pacientes que passaram por procedimentos de ostomia. 

Cada tipo de bolsa tem características específicas que atendem às necessidades individuais dos pacientes, levando em consideração o tipo de estomia realizada e as preferências pessoais.

Bolsa de uma ou duas peças

Podem ser compostas por uma peça única, onde a placa e o reservatório são integrados, ou por duas peças separadas, onde a placa é acoplada ao corpo e a bolsa se encaixa nela. 

As bolsas de duas peças permitem a lavagem interna, o que facilita a higienização durante o esvaziamento.

Drenáveis ou não-drenáveis

As bolsas podem ser drenáveis, com uma abertura manual que permite ao paciente esvaziá-la sem remover do corpo, ou não-drenáveis, que precisam ser removidas para esvaziamento. As drenáveis reduzem a ocorrência de lesões na pele e são mais duráveis.

Transparentes ou opacas

Dependendo da visibilidade do conteúdo interno, as bolsas transparentes facilitam a percepção quando estão chegando ao limite e permitem a visualização de qualquer alteração no conteúdo.

Geralmente as pessoas optam por uma opaca, por conta da privacidade e se sentem mais confortáveis em não expor o conteúdo coletado, o que é compreensível.

Com ou sem filtro para gases

O filtro ajuda a reduzir cheiros e a diminuir o tamanho da bolsa em caso de acúmulo de gases. No entanto, pessoas com fezes líquidas podem correr o risco de vazamentos, sendo que bolsas sem filtro podem oferecer mais segurança nesses casos.

Com ou sem encaixe para cinto

Algumas bolsas de ostomia vêm com encaixes para cintos de suspensão que ajudam a ter mais segurança durante o uso.

Publicidade
Publicidade

Quais os cuidados que se deve ter?

Pessoa cuidando e limpando a sua estoma.
Após a cirurgia, os cuidados com o estoma e a bolsa coletora são essenciais para que todo o tratamento dê certo. 

Segue algumas dicas que podem ajudar nos cuidados básicos e as melhores práticas para uma rotina segura e tranquila.

Limpeza

  • Limpe a área ao redor da estoma com água morna e sabão neutro pelo menos duas vezes ao dia, ou sempre que necessário, para remover impurezas e evitar irritações;
  • Evite o uso de produtos irritantes, como álcool, perfumes e cremes, que podem causar irritações;
  • Seque suavemente a área com uma toalha macia, sem esfregar;
  • Manter a região ao redor da estoma depilada facilita a higiene e uma melhor adesão da bolsa.

Cuidados com a bolsa

  • Esvazie a bolsa quando estiver cerca de um terço cheia ou conforme orientação médica para evitar vazamentos;
  • Limpe a bolsa com água morna e sabão neutro após cada esvaziamento;
  • Troque-a regularmente para evitar irritações na pele;
  • Certifique-se de que a bolsa esteja bem aderida à pele para não ter vazamentos. 

Alimentação

  • Mantenha uma dieta equilibrada e de preferência alimentos ricos em fibras;
  • Evite alimentos conhecidos por causar gases, como repolho, feijão e carne vermelha;
  • Evite líquidos com gases;
  • Mastigue os alimentos completamente para facilitar a digestão;

Consulte um nutricionista para ter orientações personalizadas sobre uma dieta.

Quanto tempo a pessoa fica com a bolsa?

O período em que uma pessoa precisa usar uma bolsa de ostomia é geralmente temporário e varia de acordo com diversos fatores, alguns deles que podemos citar são:

  • Motivos da cirurgia;
  • Local da colostomia;
  • Recuperação, como cicatrização e a ausência de complicações;
  • Saúde geral do paciente, como Idade e doenças preexistentes.

Em média, uma pessoa permanece com a bolsa de colostomia por cerca de 4 a 6 semanas após a cicatrização do órgão afetado. 

No entanto, esse período pode variar consideravelmente, podendo estender-se de 3 meses a até 2 anos, dependendo da complexidade do caso e da necessidade individual do paciente.

Após uma recuperação bem-sucedida, é possível que uma nova intervenção cirúrgica seja realizada para reverter a colostomia, restaurando assim o funcionamento normal do sistema digestivo e urinário.

Infelizmente, em situações específicas, como quando o tumor afeta o ânus ou está localizado próximo a ele, a amputação abdomino-perineal pode ser uma opção de tratamento.

Nesse caso, o ânus é removido e a colostomia se torna permanente, sem possibilidade de reversão.

Leia mais: Cicatriz: tipos e como melhorar a aparência da pele cicatrizada. 

Quais são as complicações para quem usa bolsa de ostomia?

A cirurgia de ostomia é considerada um procedimento seguro, porém, como qualquer intervenção cirúrgica, pode apresentar algumas complicações tanto no período pós-operatório imediato quanto em estágios mais tardios. 

Entre as complicações associadas ao uso da bolsa de ostomia, destacam-se:

  • Irritação da pele, como vermelhidão, coceira e descamação ao redor do estoma, geralmente causadas por alergia à bolsa ou má higiene;
  • Hematomas no local da cirurgia, geralmente é leve e reabsorvido naturalmente;
  • Pequeno sangramento no local da cirurgia, geralmente durante a troca da bolsa;
  • Infecções.

Além das complicações pós-cirurgia, também existem complicações tardias que podem surgir após o período de recuperação inicial, incluindo:

  • Obstrução intestinal, que ocorre quando há bloqueio do fluxo intestinal, podendo ser causado por aderências, hérnias ou estenose da ostomia;
  • Estenose da ostomia, uma estreitamento anormal do estoma, o que pode dificultar a passagem dos resíduos;
  • Hérnia parastomática, que é uma hérnia na região ao redor do estoma, resultante do enfraquecimento da parede abdominal;
  • Prolapso da ostomia, quando parte do intestino desliza para fora do estoma;
  • Hemorragia e isquemia, o que pode levar à necrose tecidual;
  • Fístulas que pode resultar em vazamento de fezes ou urina;
  • Necrose no tecido da estoma devido à má circulação sanguínea ou infecção.

Leia mais: Remédios para Necroses com Menor Preço | CR


Utilizar de uma bolsa coletora de estomas pode gerar inúmeros impactos emocionais nas pessoas sujeitas aos tratamentos. 

Mesmo nos dias de hoje, é comum que muitos sintam a necessidade de esconder a bolsa, seja para evitar comentários indesejados ou lidar com a curiosidade alheia. 

Pois apesar de ser um procedimento vital para salvar vidas, ele altera a imagem corporal e desencadear uma série de desafios. A mudança na aparência física e as preocupações com a aceitação social podem gerar sentimentos de vergonha, ansiedade e baixa autoestima. 

Por isso, o suporte emocional e acompanhamento profissional é tão importante no processo de recuperação e adaptação.

Além de participar de programas sobre educação, estomia e recursos para cuidados com a bolsa coletora podem fazer as pessoas se sentirem mais capacitadas e confiantes.

Se este conteúdo foi útil para você, não deixe de acompanhar o Minuto Saudável para obter mais informações sobre saúde e bem-estar!


Imagem do profissional Kayo Vinicius Ferreira Forte
Ícone de verificação
Este artigo foi escrito por:

Kayo Vinicius Ferreira Forte

Formação em Biomedicina. Leia mais artigos de Kayo
Publicidade
Publicidade

Compartilhe

Publicidade
Publicidade
Sobre o Minuto Saudável

Somos uma empresa do grupo Consulta Remédios. No Minuto Saudável você encontra tudo sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e muito mais. Tenha acesso a informações claras e confiáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.

Somos uma empresa do grupo Consulta Remédios. No Minuto Saudável você encontra tudo sobre saúde e bem-estar: doenças, sintomas, tratamentos, medicamentos, alimentação, exercícios e muito mais. Tenha acesso a informações claras e confiáveis para uma vida mais saudável e equilibrada.
Banner anuncie em nosso site
Banner anuncie em nosso site
Nos acompanhe nas redes sociais:
Atenção: O conteúdo do site Minuto Saudável, como textos, gráficos, imagens e outros materiais são apenas para fins informativos e não substitui o conselho médico profissional, diagnóstico ou tratamento. Se você acha que pode ter uma emergência médica, ligue para o seu médico ou 192 imediatamente. Minuto Saudável não recomenda ou endossa quaisquer testes específicos, médicos (profissionais de saúde), produtos, procedimentos, opiniões, ou outras informações que podem ser mencionados no site. A confiança em qualquer informação contida no site é exclusivamente por sua conta e risco. Se persistirem os sintomas, procure orientação do farmacêutico ou de seu médico. Leia a bula.

Minuto Saudável © 2024 Blog de Saúde, Beleza e Bem-estar
Política de Privacidade
Publicidade
Publicidade